Ligada
a evangélicos, produtora do filme sobre Bolsonaro tem contrato de R$ 108
milhões com prefeitura de SP
A dona
da produtora que está filmando ‘Dark Horse’, a cinebiografia do ex-presidente
Jair Bolsonaro, recebeu mais de R$ 100 milhões da prefeitura de São Paulo para
fornecer internet Wi-Fi em comunidades de baixa renda da cidade no último ano.
Parte do valor, R$ 26 milhões, foi transferida sem que o serviço fosse
prestado: dos 5 mil pontos acordados, só 3.200 foram instalados – a maioria
durante a campanha eleitoral de 2024.
A
produtora executiva do filme, Karina Ferreira da Gama, não tinha experiência
nem com Wi-Fi nem com grandes produções cinematográficas. No entanto, a ONG na
qual ela é a presidente, Instituto Conhecer Brasil, fechou o contrato com a
prefeitura liderada por Ricardo Nunes, do MDB, após ser a única a apresentar
proposta para uma licitação de julho de 2024. Como resultado, recebeu no último
ano vários aportes multimilionários da gestão Nunes.
Ao
mesmo tempo, com outro CNPJ, a empresa Go Up Entertainment, a polivalente
Karina se tornou a responsável pela produção da cinebiografia de Bolsonaro,
chamada “Dark Horse” (em português, “O Azarão”), uma superprodução cuja origem
dos recursos não está clara.
Em
2024, uma terceira pessoa jurídica de Karina Ferreira da Gama, a ONG Academia
Nacional de Cultura, ANC, já havia recebido R$ 2,6 milhões em emendas Pix de
deputados bolsonaristas do PL, como Alexandre Ramagem, Carla Zambelli, Bia
Kicis e Marcos Pollon, além de mais uma de R$ 200 mil de Gil Diniz, deputado
estadual pelo mesmo partido. O objetivo era produzir uma série documental
chamada “Heróis Nacionais – Filhos do Brasil que não se rende”, que até agora
não saiu do papel.
As
gravações da cinebiografia de Bolsonaro, por sua vez, seguem a pleno vapor em
São Paulo. Gravado em inglês e com diretor e atores dos Estados Unidos, o filme
está sendo propagandeado como uma produção hollywoodiana – mas é, na verdade,
encabeçado pela Go Up Entertainment, empresa que tem Karina Ferreira da Gama
como única sócia. O nome dela consta também como produtora executiva do filme
em documentos obtidos pelo Intercept.
“Dark
Horse” narra a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência em 2018, em uma
narrativa heroica que pinta o ex-presidente como um guerreiro que combateu o
tráfico de drogas. O roteiro ficou por conta de Mario Frias, ex-secretário de
Cultura do governo Bolsonaro e atual deputado federal pelo PL paulista, que
também tem várias ligações com Karina: além de destinar emendas às ONGs dela,
também já contratou uma de suas empresas na campanha eleitoral de 2022. Em
‘Dark Horse’, Frias interpreta o médico que operou Bolsonaro depois da facada.
O longa
foi gravado no Brasil entre outubro e novembro. O longa é dirigido por Cyrus
Nowrasteh, e Jair Bolsonaro é interpretado por Jim Caviezel, o ator que fez
Jesus em “A Paixão de Cristo”. Heloísa Bolsonaro, mulher de Eduardo, divulgou
uma foto na qual Caviezel aparece caracterizado como Bolsonaro.
Documentos
aos quais o Intercept teve acesso mostram que se trata de uma produção de
grande porte. Com base no material obtido pela reportagem, especialistas em
cinema consultados pela reportagem estimam que a produção deva custar entre R$
8 milhões e R$ 20 milhões.
Mário
Frias é apontado em algumas reportagens como um dos produtores do filme, mas o
nome que consta em documentos de gravação é Karina Ferreira da Gama. O
Intercept apurou que ambos costumam ir ao set de filmagem, que ocupou nesta
semana ruas do centro de São Paulo. A Go Up Entertainment é a empresa
responsável pela produção e contratação dos profissionais.
Apesar
da produção ser em inglês e a Go Up declarar ter um endereço nos EUA, a empresa
é brasileira. E Karina Ferreira da Gama, além de ter profundas conexões com
políticos conservadores, tem longa trajetória em projetos multimilionários com
dinheiro público – e aqui no Brasil.
Procurados
pelo Intercept, Karina Ferreira da Gama, Mário Frias e a Go Up não responderam
às perguntas sobre as ligações entre as empresas e ONGs da produtora do filme
com políticos.
A
prefeitura de São Paulo disse que “considera irresponsável qualquer associação
entre as autorizações mencionadas para filmagens” e o programa WiFi Livre SP,
“tão fundamental que dá acesso à internet a milhares de famílias vulneráveis na
cidade”. Também afirmou que a produção do filme não recebeu recursos da cidade
nem tem parceria com a SPCine, a empresa municipal de cinema. Segundo a
prefeitura, “nunca houve impedimento para a contratação” do Instituto Conhecer
Brasil para instalação dos pontos de Wi-Fi.
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Wi-Fi sem experiência e muito mais caro: os negócios da produtora com Ricardo
Nunes
A Go
Up, que tem Karina Ferreira da Gama como única sócia, foi aberta em 2021 e tem
sede em um coworking na Avenida Paulista. O endereço informado é o mesmo em que
estão registradas a outra empresa e duas ONGs nas quais Karina aparece como
única sócia e presidente.
Uma
destas organizações é o Instituto Conhecer Brasil, o ICB, que assinou em 2024 o
maior contrato de Karina com o poder público: R$ 108 milhões com a Prefeitura
de São Paulo para fornecer o serviço de Wi-Fi na cidade.
O ICB,
como é conhecido, não tinha nenhuma experiência prévia no fornecimento desse
tipo de tecnologia nem em telecomunicações, e foi o único concorrente em um
edital que tinha ao menos 20 irregularidades, segundo o Tribunal de Contas do
Município. O órgão questionou, por exemplo, a escolha de uma ONG para prestação
do serviço com critérios genéricos e recomendou pelo não prosseguimento do
edital.
Mesmo
assim, a gestão Ricardo Nunes decidiu pela contratação do instituto. A
prefeitura diz que “foi realizado chamamento público transparente e sem
contestações”, e que “a organização cumpriu todas as exigências previstas no
edital”.
Karina
Ferreira da Gama assinou em junho de 2024 um Termo de Colaboração com a
Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia, a SMIT, para instalar 5 mil
pontos de Wi-Fi e manter o fornecimento de internet em cada um deles por 12
meses.
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A implantação do ICB custava R$ 1.800 por ponto de internet. Antes, a
prefeitura pagava R$ 230
O valor
total, R$ 108 milhões, foi calculado pela multiplicação do número de pontos
pelo custo mensal de manutenção, R$ 1.800. Além da falta de experiência e
problemas no edital, também chama a atenção o alto preço: pelo serviço, a
gestão Ricardo Nunes pagou pelo menos o dobro do praticado pelo próprio
município.
No fim
de 2023, por exemplo, a Secretaria de Educação contratou a Prodam, uma empresa
municipal, para executar o mesmo serviço: instalar Wi-Fi em unidades
educacionais. A cotação para 10.910 pontos, mais que o dobro do contrato do
ICB, com 36 meses de manutenção, custou R$125 milhões.
A
implantação do ICB custava R$ 1.800 por ponto, enquanto da Prodam era R$ 230. A
manutenção/disponibilização de ponto de acesso custava 1.800 por ponto no caso
do ICB. No da Prodam, R$ 306. Segundo a prefeitura, a contratação da ONG foi
feita porque a “Prodam não pode atuar em ambientes privados”, e “organizações
sociais têm maior expertise em atuação direta às comunidades”.
Pelo
plano de trabalho celebrado pelo ICB com a prefeitura, o segundo semestre de
2024 seria destinado à “fase de estruturação”, e a efetiva instalação dos
roteadores começaria em janeiro de 2025. O cronograma, porém, foi logo
alterado. Segundo o ICB, a pedido da gestão Ricardo Nunes.
A
prefeitura pediu para antecipar a instalação desses pontos, o que permitiu que
mais de mil localidades recebessem Wi-Fi gratuito durante o período eleitoral
do ano passado, no qual Nunes concorria (e acabou reeleito). A prefeitura
afirmou que a antecipação foi feita com “o objetivo de acelerar o atendimento
em regiões que apresentavam demanda social urgente por conectividade”.
No
segundo turno das eleições, no fim de outubro, 1.605 pontos já estavam ativos.
Com Nunes reeleito, o ritmo de instalações desacelerou, atingindo 3,2 mil
pontos em junho de 2025.
Em
troca da antecipação durante a campanha eleitoral, a gestão Nunes acertou
antecipar também o pagamento do fornecimento de internet para antes do efetivo
serviço e considerar o total de 3,2 mil pontos, estabelecendo junho de 2024
como data-base.
Só em
julho e agosto de 2024, o ICB recebeu mais de R$ 11 milhões pelo fornecimento
de internet a 3,2 mil pontos de Wi-Fi, ainda que só seis deles estivessem
funcionando. Nos mesmos meses, o ICB também emitiu duas notas fiscais,
totalizando R$ 1,271 milhão, em que aparece ao mesmo tempo como tomador do
serviço e como pagador.
Considerando
o balanço apresentado pelo ICB, que ainda não prestou contas do serviço
realizado este ano, a prefeitura deveria ter pagado R$ 43 milhões pelos meses
em que houve fornecimento de internet. Pagou R$ 69 milhões – uma diferença de
R$ 26 milhões.
O ICB
disse ao Intercept que não recebeu qualquer valor “a mais” por serviços não
prestados, que a redução do número de pontos de 5.000 para 3.200 ocorreu por
“decisão exclusiva do ente público”, e que cumpriu “rigorosamente o escopo
revisado e determinado”.
O ICB
confirmou que os 1.800 pontos restantes não foram implementados e o plano de
trabalho foi “direcionado para a manutenção, otimização e garantia da qualidade
e funcionalidade” dos pontos que já haviam sido instalados.
Em
junho de 2025, o ICB pediu mais repasses para garantir a manutenção dos 3.200
pontos. O contrato foi prorrogado por mais seis meses, até o fim do ano, e a
SMIT acabou aceitando pagar mais R$ 24 milhões à vista, em julho, para que o
serviço fosse prestado até dezembro – a Junta Orçamentário-Financeira da
prefeitura fez ressalvas e tem liberado o dinheiro a cada dois meses.
Em
troca, ficou combinado que novos pontos serão instalados em 2026 e, para esses,
a “manutenção” só vai começar a contar depois da ativação.
Para a
prestação do serviço, o ICB subcontratou uma série de empresas. Os maiores
contratos, com sete empresas diferentes, somam R$ 98 milhões. O mais caro, de
R$ 36 milhões, foi assinado com uma empresa chamada Make One e é relacionado à
locação de equipamentos – na prestação de contas, consta que R$ 18 milhões
foram efetivamente pagos só em 2024.
O
segundo maior contrato, de R$ 30 milhões, foi assinado pela UltraIP, um pequeno
provedor de internet sediado em Guaianazes, bairro da Zona Leste de São Paulo,
para a instalação dos 5 mil pontos de internet em toda a cidade.
Segundo
a prestação, pelo menos metade do valor já foi repassada a a William Silva Ferreira, dono da empresa,
para “implantação e manutenção da infraestrutura, bem como manutenção do link
de internet ativo”.
Karina
Ferreira da Gama também assinou outro contrato, de R$ 12 milhões, com uma
empresa chamada Favela Conectada, sediada em uma casa residencial, para
instalar pontos de Wi-Fi na zona oeste e sul de São Paulo. Segundo um relatório
da Favela Conectada, o serviço consistiu em “instalações complementares e
expansão de rede”, “monitoramento” e “manutenção”.
O
Instituto Conhecer Brasil ainda subcontratou mais duas empresas de tecnologia
chamadas Complexys e Fast Future. O primeiro contrato, de R$ 8,6 milhões, foi
assinado pelo diretor da Complexys, André Feldman. O segundo, de pouco mais de
R$ 3 milhões, foi assinado Débora Feldman, que é companheira de André, e
assinou como diretora da Fast Future, embora nas redes sociais se apresente
como terapeuta holística.
No
total, os contratos assinados pelo casal e Karina somaram quase R$ 12 milhões.
Segundo uma nota fiscal de R$ 940 mil da Fast Future, os serviços prestados são
“gestão técnica da operação”, que inclui “verificação” e “análise” dos
equipamentos. A nota fiscal da Complexys tem descrição de serviços idêntica:
Em um
relatório, o ICB anexou fotos dos roteadores, instalados em áreas periféricas
da cidade, para mostrar o cumprimento do projeto. No Reclame Aqui, no entanto,
um morador afirma que cedeu a sua casa para a instalação de um ponto, mas a
internet não funciona. “Realizaram a instalação do aparelho (para a comunidade)
em minha residência, e simplesmente sumiram. Já tentei contato através do
Whatsapp e telefone e não tenho nenhum retorno da empresa”, afirmou. Segundo o
ICB, “apenas 10 pontos encontram-se em processo de reparo”.
Antes
do megaprojeto com a prefeitura de São Paulo, o Instituto Conhecer Brasil nunca
tinha atuado no setor de telecomunicações. A ONG, fundada em 1990, atuava
realizando feiras e eventos educacionais e religiosos financiados por meio de
emendas parlamentares.
Em
2018, por exemplo, o instituto – na época, sediado na Vila Brasilândia, zona
norte de São Paulo – realizou o encontro literário IDE, um evento milionário
com autores gospel financiado com emendas de ex-vereadores como Milton Leite,
do União Brasil, a cantora gospel Noemi Nonato e o bispo da Universal Atílio
Francisco, do Republicanos. Quem assinou o contrato foi Karina Ferreira da
Gama, já dirigente da entidade.
Em
2025, o ICB recebeu mais duas emendas gordas, de R$ 1 milhão cada, de um mesmo
autor: Mário Frias. O deputado, aliado de primeira hora e ex-ministro de
Bolsonaro, destinou verbas para que o ICB realizasse dois projetos
completamente diferentes, um de incentivo ao esporte e outro de letramento
digital. Não há informações sobre os projetos no site do ICB.
O
Instituto Conhecer Brasil diz que os projetos financiados pelas emendas de
Frias “não têm relação” com o projeto Wi-Fi Livre SP e “são executados de forma
independente”. A ONG diz que ambos estão em “plena execução” e a divulgação
pública “será feita no momento previsto em seus cronogramas oficiais”.
O ICB
também garante que “não financia projetos ou atividades de outras
organizações”. “Cada recurso recebido possui destinação específica, com
aplicação vinculada exclusivamente ao objeto aprovado”, disse o instituto, por
meio de nota. “Todas as nossas ações seguem rigorosamente os termos
contratuais, a legislação vigente e as diretrizes dos órgãos de controle”.
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Longa trajetória com dinheiro público: as conexões com o mundo evangélico e
políticos conservadores
No
início de 2020, Karina Ferreira da Gama, então dirigente do ICB, iniciou uma
nova empreitada: outra ONG, chamada Academia Nacional de Cultura, a ANC, que
também recebeu emendas parlamentares para fazer eventos religiosos.
Em
fevereiro de 2023, Karina, no cargo de presidente da ANC, foi recebida no
gabinete de Ricardo Nunes em um encontro que contou com a presença da então
secretária de Cultura, Aline Torres.
O
encontro rendeu frutos: no mês seguinte, ela assinou um documento pedindo uma
“parceria” com a secretaria de Cultura e um aporte de R$1,084 milhão para
realizar um evento de dança no Ibirapuera a partir de emendas dos então
vereadores Atílio Francisco, do Republicanos, e Rinaldi Digilio, do União
Brasil. Em maio, menos de um mês depois do pedido, ela recebeu o dinheiro. O
evento Mega Dance Musical é promovido pela Força Jovem Universal, o braço jovem
da Igreja Universal.
Em
outubro de 2025, Karina foi recebida na Casa Civil da prefeitura para uma
reunião com chefes de pasta na qualidade de presidente e CEO da Connect Faith,
uma feira cristã que envolve tecnologia, inovação e criatividade e reúne
palestrantes como o deputado federal Marco Feliciano, do PL paulista.
Outro
CNPJ de Karina Ferreira da Gama é a Conhecer Brasil Assessoria Produção e Mkt
Cultural, fundada em 2005. Foi com essa empresa que, em 2021 – quando Mário
Frias era secretário nacional da Cultura – Karina tentou abrir mais uma fonte
para receber dinheiro público: obteve autorização para captar R$ 4,9 milhões
para produzir uma série sobre atletas cristãos. O projeto acabou cancelado e
não captou nada.
Essa
mesma empresa também prestou serviços para a campanha de Mário Frias a deputado
federal em 2022 no valor de R$ 54 mil, e para a campanha de Felipe Carmona, o
então número 2 da Secretaria de Cultura, no valor de R$ 13 mil.
Outra
empresa de Karina é a GoUp brasileira, que está produzindo o filme de
Bolsonaro. Há ainda uma empresa registrada no exterior com esse mesmo nome
também ligada a Karina, segundo dados da Receita Federal. O endereço informado
no cadastro é o de um centro comercial de Miami, na Flórida, e o e-mail
cadastrado está em nome de Karina Gama.
Dados
do registro de empresas da Flórida mostram que a empresa tem dois sócios:
Karina Ferreira da Gama e um homem chamado Michael Davis, que também é um dos
produtores executivos de “Black Horse”.
No site
da GoUp, cujo logo é o mesmo que aparece na callsheet, um documento que reúne
todas as informações relevantes para um dia de gravação de “Dark Horse”, a
produtora informa um endereço em Los Angeles, na Califórnia. No local funciona
outra produtora, a Damascus Road, que tem no histórico filmes B e já produziu
outro título de Cyrus Nowrasteh.
Nos
últimos dias, Karina Ferreira da Gama pôde ser vista trabalhando diretamente no
set de filmagem de “Dark Horse”. As gravações do filme têm sido marcadas pelo
sigilo e por acusações de violação de regras do audiovisual.
Na
quinta-feira, 4 de dezembro, foi gravada no centro de São Paulo uma de suas
principais cenas: a fatídica facada que o então candidato levou durante um
comício em Juiz de Fora. A gravação envolveu centenas de pessoas e equipamentos
cuja locação chega a milhares de reais por dia.
O
Intercept apurou que a produção pediu autorização em uma série de equipamentos
públicos para gravar, e em pelo menos um deles não deixou claro do que se
tratava o longa – a sinopse divulgada dizia apenas se tratar de um filme sobre
um “soldado”. Os responsáveis pela locação foram surpreendidos, no dia da
gravação, ao descobrirem que se tratava de um filme sobre Bolsonaro.
Uma
reportagem da revista Fórum relatou abusos e agressões no set de filmagem, e
indicou que o filme não cumpriu protocolos comuns na contratação de atores no
caso de produções estrangeiras, como atender as convenções coletivas de
trabalho.
“É
inadmissível a gente lidar com esse volume de denúncias de uma produção que vem
de fora do país, não cumpre a legislação local, não apresenta os contratos de
trabalho para o sindicato de artistas e de técnicos”, disse à revista Fórum
Rita Teles, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de
Diversões no Estado de São Paulo, o Sated.
Representantes
dos trabalhadores de cinema relataram dificuldades em conseguir fazer com que a
produtora – que se apresenta como estrangeira –, cumprisse as regras
brasileiras.
Procuradas,
a GoUP e as outras empresas e ONGs ligadas à Karina não responderam aos
questionamentos do Intercept. A produtora se limitou a enviar as respostas pelo
ICB. O espaço segue aberto.
Fonte:
Por Laís Martins e Tatiana Dias, em The Intercept

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