sábado, 13 de dezembro de 2025

‘Empresário da Fé’ surta e expõe racha e feridas abertas na direita bolsonarista

A guerra interna na direita bolsonarista ganhou novos capítulos nesta quinta-feira (11/12). O empresário da fé Silas Malafaia, uma das vozes mais influentes do conservadorismo evangélico, subiu drasticamente o tom contra o jornalista e influencer Rodrigo Constantino, após o comentarista criticar a posição do religioso sobre a exibição de uma bandeira dos Estados Unidos durante as manifestações de 7 de setembro, na Avenida Paulista.

O estopim do conflito foi a fala de Malafaia, que se disse indignado com a bandeira norte-americana estendida no ato patriótico. Para ele, a presença do símbolo estrangeiro foi um “absurdo” e chegou a afirmar que teve vontade de “arrancá-la” do local, deixando claro que não pretende tolerar tal gesto em futuras manifestações convocadas por setores bolsonaristas. Constantino, que vive nos EUA, não gostou da crítica e rebateu Malafaia, dando início à troca pública de farpas.

A resposta do líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) veio carregada de indignação. Em vídeo e publicações nas redes sociais, Silas disse que Constantino omitiu o contexto central — o fato de o ato ocorrer no Dia da Independência do Brasil, ocasião que, segundo o pastor, deve exaltar a pátria brasileira, “não outra nação”. A reprimenda, porém, abriu espaço para muito mais do que uma divergência simbólica.

Em tom inflamado, Malafaia resgatou mágoas antigas e acusou o jornalista de falta de caráter e desonestidade profissional. Citou especialmente a eleição de 2024 para a Prefeitura de São Paulo, quando Constantino apoiou Pablo Marçal, desafeto declarado dele. O empresário da fé afirma que o então candidato o caluniou publicamente e que Constantino teria permitido os ataques sem oferecer direito de resposta. “Você não tem moral para me criticar… Seu jornalismo carece de verdade”, disparou.

O religioso ainda questionou a coragem do comentarista e sugeriu que Constantino se esconde atrás do conforto de morar no exterior, enquanto ele próprio enfrenta investigações no Brasil. “Pago um auto (sic) preço por minhas posições, não fujo e nem corro com medo. Mesmo Alexandre de Moraes fazendo covardia comigo, voltei para o Brasil”, afirmou, chamando o analista político de “medíocre” e “falastrão”.

A escalada de ofensas culminou em um desafio direto: Malafaia convidou Constantino para um debate público e disse que ajustaria sua agenda para o confronto. “Venha preparado, senão vai passar vergonha”, provocou.

O episódio expõe um racha crescente entre influenciadores, pastores e figuras políticas da direita bolsonarista. O campo, antes mobilizado de maneira coesa contra adversários externos, agora revela disputas internas por protagonismo, narrativa e fidelidade ao bolsonarismo. A treta, amplamente repercutida nas redes sociais, também sinaliza um desgaste maior entre as lideranças conservadoras, num momento em que a própria base tenta reorganizar-se após sucessivas derrotas políticas e judiciais.

Enquanto Malafaia reforça sua posição como um dos porta-vozes mais barulhentos da militância religiosa pró-Bolsonaro, Constantino tenta se manter como referência intelectual e ideológica da direita liberal-conservadora. Mas o embate deixou claro que, por ora, a possibilidade de reconciliação é remota. E, no tabuleiro político da extrema-direita, a disputa por espaço continua cada vez mais aberta — e barulhenta.

<><> Bolsonaro se acovardou e aceitou redução de pena, confirma Malafaia

Guru de Jair Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia confirmou que o ex-presidente se acovardou e deu aval ao filho, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para negociar a redução de pena - o chamado PL da Dosimetria - por saber que não teria os votos do Centrão para aprovar a "anistia ampla, geral e irrestrita", desejada pelo clã e que o colocaria de volta às ruas e às urnas automaticamente.

"Ele aceitou a redução de pena agora, por quê? Porque não tem voto para aprovar a anistia lá no Senado. Grandeza dele. Eu falei com o Flávio, falei com Michelle e é isso que Bolsonaro quis. Então, não venham para cá com nenhuma outra conversa fiada", afirmou o pastor midiático em publicação nesta quarta-feira (10) na rede X, sempre puxando o tom mais agudo em sua gritaria nas redes.

Em seguida, Malafaia cumprimentou o "macho" Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara e seu braço político pela atuação na negociata.

"Eu quero dar parabéns ao deputado Sóstenes Cavalcanti, líder do PL, gigante, macho, que enfrentou, que botou a cara à tapa e aos deputados que aprovaram isso. É o mínimo, gente. Essa é a primeira etapa. Como disse Sóstenes: 'vamos conquistar politicamente, tem que ter estratégia, degrau por degrau. Primeiro redução de pena, mais tarde, no momento certo, anistia geral'", disse, revelando a tática negociada junto ao Centrão.

Malafaia ainda criticou "gente do nosso meio que não sabe porcaria nenhuma e fala um monte de asneira".

"Bolsonaro concordou com isso, mostrando grandeza, mostrando que é líder, que tem compaixão das pessoas. Parabéns, Bolsonaro, e parabéns de novo aos deputados, destacando aqui o papel do deputado Sóstenes Cavalcante".

Arthur Lira: ex-assessora é alvo de operação da PF em suposto esquema de corrupção com emendas

Articulador na Câmara do chamado Orçamento Secreto, esquema de cooptação de deputados por meio de emendas parlamentares criado no governo Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente da Câmara Artur Lira (PP-AL) volta ao centro das investigações da Polícia Federal sobre supostos esquemas de desvios de recursos públicos.

Mariângela Fialek, ex-assessora de Arthur Lira, é um dos alvos da Operação Transparência, desencadeada pela PF nesta sexta-feira (12) com o objetivo de apurar irregularidades na destinação de recursos públicos por meio de emendas parlamentares.

A operação foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal. A investigação teve início a partir de um depoimento prestado pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que acusou Lira de manipular o orçamento secreto.

Segundo a PF foram sendo cumpridos dois mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, em Brasília. O deputado José Rocha (União-BA), ex-presidente da Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, teria prestado depoimento aos investigadores.

"Estão sendo investigados os crimes de peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção", diz a corporação em nota.

Mariângela Fialek atua no setor que organiza a indicação de emendas parlamentares. Atualmente, ela trabalha na liderança do PP, partido de Lira que é presidido pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), na Câmara.

A sala utilizada por Mariângela na Presidência da Câmara foi um dos alvos da busca e apreensão feita pela PF. Segundo as investigações, Mariângela ocupou o local em 2022, na gestão Lira, que seria usado para despachos sobre as emendas.

<><> Ex-assessora de Lira é a mulher bomba do orçamento secreto

Alvo da Operação Transparência, desencadeada nesta sexta-feira (12) pela Polícia Federal (PF), a ex-assessora de Arthur Lira (PP-AL), lotada atualmente na Presidência do PP na Câmara, Mariângela Fialek, a Tuca, ficou conhecida nos bastidores do Congresso como HD do Orçamento Secreto.

O apelido se deu porque Mariângela guarda em planilhas nomes e valores de todos os deputados comprados com emendas parlamentares pelo governo Jair Bolsonaro (PL), dados que são escondidos do público no esquema do Orçamento Secreto.

Os dados, com nomes e valores, são foco da investigação determinada por Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), a partir de denúncias feitas pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que acusa Arthur Lira de ser o maior operador do esquema de corrupção. A ação da PF acontece um dia após o deputado do PSOL salvar seu mandato, que virou alvo de cassação por causa da perseguição imposta pelo cacique alagoano.

Contratada por Lira em fevereiro de 2021, um mês depois que ele assumiu a Presidência da Câmara, Mariângela Fialek tem um longo currículo de prestação de serviços ao Centrão e ao bolsonarismo.

Antes de ser transferida para a Presidência da Câmara, para atuar com Lira, Tuca era chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais do Ministério do Desenvolvimento Regional do governo Jair Bolsonaro (PL), comandada pelo ex-tucano Rogério Marinho (PL-RN), atual líder da bancada do ex-presidente no Senado.

Mariângela também atuou como assessora do então senador Romero Jucá, que ficou conhecido pelo áudio vazado em que diz que "a solução mais fácil era botar o Michel", em um "grande acordo, com o Supremo, com tudo" durante o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff.

Assim que Michel Temer (MDB) foi "botado" na Presidência, Tuca assumiu a secretaria de governo. Ela também foi assessora no escritório de representação do governador paulista João Doria, do PSDB, em Brasília.

Orçamento Secreto

Com vasta experiência legislativa e fino trato, como dizem os parlamentares, Mariângela, que é advogada de formação, foi escalada por Lira para organizar as planilhas e coordenar a distribuição das emendas via orçamento secreto, que omitiam os dados dos beneficiários das emendas.

Na sala da Presidência da Câmara, onde ainda atuava e que foi alvo de busca e apreensão pela PF, a assessora guardava as listas dos parlamentares cooptados pelo esquema, usadas para cobrar as faturas em votação importantes para o grupo político.

A chantagem por meio dos documentos, segundo apurou a Fórum, se estende até os dias atuais com os deputados reeleitos, que temem que a bomba do esquema de corrupção seja detonada nas investigações da Polícia Federal.

Em entrevista ao site The Intercept em 2024, o ex-deputado bolsonarista Waldir Soares de Oliveira, o delegado Waldir - atualmente filiado ao União-GO - revelou a participação de Tuca no esquema de Lira que, segundo ele, chegou a negociar votos para a reeleição na Presidência da Câmara, em 2023, por ao menos R$ 10 milhões em emendas.

“Ela só faz a indicação [das emendas pedidas pelos deputados] para os ministérios, ela não faz o acompanhamento [da execução orçamentária]. Quem faz acompanhamento é a minha assessoria. Se eu tenho R$ 5  milhões, por exemplo, meu assessor técnico faz a indicação dos municípios [a que vou encaminhar os recursos] e manda a listagem para Tuca. E ela manda isso para os ministérios”, disse à época, resumindo a investigação da PF.

A linha da investigação da PF teria detectado ainda dois operadores dentro do Palácio do Planalto, no governo Bolsonaro, responsáveis por efetuar os pagamentos e os acordos prometidos pelo Centrão.

Na secretaria de governo, que era coordenada pela ex-ministra Flávia Arruda (PL-DF), o responsável era Carlos Henrique Sobral, que já passou por gabinetes de figuras como Eduardo Cunha (Republicanos), artífice do golpe contra Dilma, e Geddel Vieira Lima (MDB), preso com malas de dinheiro.

Ex-esposa de José Roberto Arruda, ex-governador do DF também preso por corrupção, Flávia retomou o sobrenome Peres ao casar com Augusto Ferreira Lima, sócio de Daniel Vorcaro, que foi preso nas investigações sobre o Banco Master.

Já na Casa Civil, à época comandada pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) - que era considerado pelos parlamentares como "presidente de fato" no governo Bolsonaro -, a operação ficava à cargo do então secretário-executivo Jônathas Assunção Salvador Nery de Castro.

No fim de novembro, o ex-assessor de Ciro Nogueira - que também atuou como chefe de gabinete de Walter Braga Netto - foi alvo da operação da Receita Federal contra o grupo Refit, onde atua como executivo.

A refinaria Refit, alvo da Operação Poço de Lobato da RF, pertence ao empresário Ricardo Magro, considerado o maior de ICMS do estado de São Paulo. O grupo tem dívidas que superam a marca de R$ 26 bilhões, e a investigação demonstra um modelo estruturado de fraude nacional e internacional.

A ação mobilizou cerca de 600 agentes em cinco estados e no Distrito Federal, cumprindo 126 mandados de busca e apreensão. Além da Receita, atuam no caso o Ministério Público de São Paulo, a PGFN, a Sefaz-SP, a PGE-SP e as forças policiais.

A megaoperação, batizada em referência ao primeiro poço de petróleo perfurado no Brasil, é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, que ligou a atuação da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) à Faria Lima.

<><> Quem é Mariângela Fialek, a ex-assessora de Lira alvo da PF em esquema de emendas

A Polícia Federal colocou a advogada Mariângela Fialek no centro da operação deflagrada nesta sexta-feira (12) sobre desvios de emendas parlamentares. Considerada uma das principais auxiliares de Arthur Lira, ela atuou por anos no gerenciamento interno das indicações de verba na Câmara e hoje integra a liderança do PP.

Formada pela PUC-RS e mestre em Direito do Estado pela USP, Fialek construiu carreira em cargos estratégicos do Executivo e de estatais. É apontada também como assessora parlamentar no quadro pessoal do gabiente de Romero Jucá de 2014.

No governo Michel Temer, foi subsecretária de Assuntos de Governo de São Paulo. Na gestão Bolsonaro, assumiu a assessoria especial de Relações Institucionais do Ministério do Desenvolvimento Regional, então comandado por Rogério Marinho.

Foi nesse período, em 2020, que passou a integrar o Conselho Fiscal da Codevasf por indicação do próprio ministério. Reconduzida em 2021, já atuando no gabinete de Arthur Lira, permaneceu na função. Desde 2022, também ocupa uma cadeira no Conselho Fiscal da Caixa Econômica Federal.

Em 2021, assumiu a chefia da Assessoria Especial da Presidência da Câmara, responsável por organizar solicitações e planilhas internas usadas para a distribuição de recursos do orçamento secreto. Sua atuação apareceu em documentos oficiais, como o ofício do deputado Pedro Lucas Fernandes que lhe atribuiu a tarefa de encaminhar pedidos ao relator-geral do Orçamento — posteriormente substituído por uma versão sem seu nome.

No período em que coordenou o fluxo das emendas, a Codevasf, estatal da qual ela era conselheira fiscal, recebeu R$ 1,6 bilhão em indicações de relator. O Conselho Fiscal acompanhou ainda um acórdão do TCU que apontou falhas estruturais em pregões de pavimentação, que somaram R$ 533,4 milhões, realizados antes de a empresa definir onde as obras ocorreriam.

O acúmulo de funções colocou em debate, em 2023, questionamentos sobre possível conflito de interesses, já que Fialek atuava simultaneamente na distribuição e na fiscalização de recursos.

 

Fonte: Fórum

 

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