Washington
reivindica a gratidão. Pelo que?
Mesmo
ao restringir a migração e favorecer apenas quem considera “aceitável”, o
presidente dos EUA se coloca como salvador do país, cobrando agradecimentos por
medidas que atingem aqueles que sustentam o futuro dos EUA...
O
espetáculo político estadunidense não teve pausa durante o feriado prolongado
do Dia de Ação de Graças, no fim de novembro. Tudo começou com o tradicional
rito oficial em que o presidente da superpotência perdoa a vida de um peru.
Nesta ocasião, porém, a ave não expressou gratidão ao seu “salvador” — ainda
que ele, Trump, acredite que todos
deveriam agradecê-lo por resgatar não apenas um animal, mas todo o país e até o
mundo. (Aliás, onde está seu Nobel?)
Imediatamente
depois, o mandatário proclamou fechado o espaço aéreo sobre a Venezuela e
voltou a advertir que, além de continuar com o que especialistas legais
qualificam como assassinatos extrajudiciais em alto-mar (mais de 20 embarcações
e 80 mortos), em breve iniciará ataques terrestres contra o país. Além de
alguns em Miami, neoconservadores e os que vivem na nostalgia de Monroe e sua
doutrina, não são muitos os que estão agradecidos por mais aventuras bélicas.
Enquanto
ameaçava uma maior intervenção contra a Venezuela, o comandante-chefe interveio
diretamente na política interna de outro país latino-americano. Washington se
metendo nos assuntos exclusivos de outra nação não é novidade, mas há muito
tempo não o fazia de forma tão explícita: o presidente estadunidense deu
instruções ao povo de Honduras para votar no candidato direitista Asfura – sob
a advertência de que, se não o fizessem, castigaria a economia do país.
E não
para por aí. Enquanto Washington justifica a destruição de lanchas como parte
de sua renovada “guerra” contra o narcotráfico, o mandatário anunciou o indulto
ao ex-presidente de Honduras Juan Orlando Hernández, que foi julgado nos
Estados Unidos e cumpre uma condenação de 45 anos por permitir o tráfico de
drogas em seu país rumo aos Estados Unidos, a troco de milhões de dólares em
subornos. É provável que Hernández, sim, esteja agradecido a Washington. Bom,
de fato há o que agradecer: pelo menos essa decisão comprovou, para os que
ainda duvidavam, que os ataques contra a Venezuela e outros países
“desobedientes” não têm nada a ver com o comércio de entorpecentes.
Enquanto
isso, dentro dos EUA, o mandatário anunciou que dará fim à migração e a
concessão de asilo para todos os que provenham de países pobres (e, obviamente,
de “cor”, como dizem aqui). Para isso, Trump usou como pretexto a tragédia em
que um afegão residente legal, que trabalhou para a CIA, disparou contra dois
guardas nacionais em Washington. Pouco antes da declaração, o republicano havia
dado as boas-vindas a “refugiados” brancos da África do Sul – os quais também
estão gratos.
Assim,
o regime persegue e reprime o futuro de seu próprio país: os imigrantes. Aliás,
o Dia de Ação de Graças comemora a chegada dos primeiros imigrantes
indocumentados — os colonos ingleses — a estas terras de povos indígenas no que
depois seria os Estados Unidos. A data celebra a primeira colheita com uma ceia
de agradecimento dos novos imigrantes a seus anfitriões nativos, que os
salvaram da fome – supostamente foi uma ceia de fraternidade e generosidade.
Desde
então, os colonos e seus herdeiros brancos têm expressado sua gratidão
expulsando aqueles que lhes deram as boas-vindas iniciais. É por isso que, para
muitas comunidades indígenas, o Dia de Ação de
Graças é sinônimo de luto.
Hoje em
dia, enquanto os governantes e seus simpatizantes se banquetearam com um menu
indígena de guajolote, milho, batata-doce e abóbora, se dedicam a perseguir,
deter e expulsar aqueles que agora chegam para cultivar o futuro destas mesmas
terras.
É como
resume um meme: a imagem de uma família estadunidense sentada à sua ceia de
Ação de Graças, abençoando o banquete e declarando: “Thank you, Jesus”. Na
imagem seguinte, um trabalhador rural imigrante chamado Jesús, trabalhando nos
campos, responde em espanhol: “De nada.”
É
curioso que, de repente, a cúpula política nos EUA insista que se deve
agradecer pelo que fez, e seu mandatário se queixe de que não lhe agradecem o
suficiente por estar salvando o país e o mundo. Talvez a resposta diplomática,
porém franca, diante disso deva ser: “De nada”.
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União Europeia endurece política migratória e cria
centros de deportação
Após
meses de negociações, os ministros do Interior dos 27 países-membros da União
Europeia chegaram a um acordo sobre um significativo endurecimento da política comum
de asilo.
Em
reunião em Bruxelas, nesta segunda-feira (08/12), eles abriram caminho para os
chamados centros de retorno em países fora do bloco, que receberiam
solicitantes de asilo que tiveram pedidos rejeitados, além de sanções mais
severas para quem se recusar a deixar o território europeu.
As
medidas agora precisam ser aprovadas pelo Parlamento Europeu.
A UE
adotou uma reforma do Sistema Europeu Comum de Asilo em junho de 2024, que os
Estados-membros devem implementar até junho de 2026. Em abril, a Comissão
Europeia anunciou sua intenção de antecipar partes da reforma para permitir que
os Estados-membros agilizem os procedimentos de asilo.
A queda nas entradas irregulares na
Europa — 20% a menos do que no ano anterior — não diminuiu a pressão sobre os
governos para agirem nesta questão politicamente sensível. Pelo contrário.
“É
muito importante que transmitamos aos cidadãos a sensação de que temos o
controle do que está acontecendo”, enfatizou nesta segunda-feira o comissário
europeu Magnus Brunner, arquiteto da mudança restritiva na política migratória
do bloco.
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Devoluções na fronteira
De
acordo com as novas regras, os solicitantes de asilo podem ser devolvidos
diretamente nas fronteiras externas da UE se o seu pedido não tiver perspectiva
de sucesso.
Os
solicitantes rejeitados que não puderem retornar ao seu país de origem podem
ser deportados para centros de retorno em países terceiros. Por exemplo, existe
uma iniciativa holandesa para um centro desse tipo em Uganda. Os críticos, no
entanto, duvidam que tais centros sejam compatíveis com o direito europeu.
Penalidades
Os
ministros do Interior também concordaram com sanções mais severas para pessoas
sem direito de permanência que se recusem a deixar a UE. Os solicitantes de
asilo rejeitados enfrentarão penalidades se não cooperarem ativamente no
processo de deportação ou se não apresentarem documentos de identificação
imediatamente quando solicitados.
As
penalidades podem incluir redução de benefícios, proibição mais longa de
entrada ou em alguns casos, prisão. Além disso, regras mais rigorosas serão
aplicadas a pessoas que forem categorizadas como um risco à segurança.
“Três
em cada quatro migrantes irregulares que receberam uma decisão de retorno na UE
continuam aqui em vez de voltar para casa”, disse o ministro da Imigração
dinamarquês, Rasmus Stoklund, que presidiu as negociações. “Acredito que o novo
conjunto de regras pode ajudar significativamente a melhorar esses números”,
acrescentou.
De
acordo com a Agência Europeia para o Asilo, as autoridades alemãs receberam 70
mil pedidos de recém-chegados no primeiro semestre do ano. Isso coloca a
Alemanha em terceiro lugar na UE, atrás da França (78 mil) e da Espanha (77
mil).
Os 27
Estados-membros também chegaram a um acordo sobre um novo sistema de
distribuição de solicitantes de asilo na Europa.
Para
aliviar a pressão sobre países localizados em importantes rotas migratórias,
como Grécia e Itália, a União Europeia em breve exigirá que outros
Estados-membros acolham solicitantes de asilo em seus territórios. Caso
contrário, terão que contribuir com 20.000 euros (cerca de R$ 124.000) por
solicitante para os países que suportam maior pressão.
Contudo,
persistem dúvidas em alguns países do bloco. A Espanha questiona a eficácia dos
“centros de retorno” após várias tentativas fracassadas em outros países,
enquanto a França contesta a legalidade e a eficácia de certas propostas.
As
medidas também geraram indignação por parte da esquerda e de organizações de
defesa dos exilados, que as denunciam como violações dos
direitos humanos.
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Europa cria ameaça à sua própria existência ao tentar
desgastar a Rússia, diz analista turco
Um
confronto militar direto entre a Europa e a Rússia teria consequências
catastróficas para a própria União Europeia (UE), disse à Sputnik Eyup Arslan,
analista político turco.
Arslan
apontou que a política de Bruxelas, que visa "desgastar" o lado russo, teve o efeito
contrário.
"Estas
abordagens criam a ilusão de uma defesa estratégica, mas, na prática, podem ter
consequências devastadoras para a própria UE", ressaltou.
Conforme
especificou o analista, nas capitais europeias, a Ucrânia é vista como a
"primeira linha de frente" contra a Rússia.
Neste
contexto, o especialista enfatizou que os países europeus seguem uma
política de tentar esgotar Moscou, pois não querem perder a Ucrânia.
Além
disso, Arslan salientou que em determinados cenários, as elites europeias podem
considerar um ataque militar da Polônia contra a Rússia, com o apoio da UE,
como uma medida de "autodefesa da Europa".
Caso
tal cenário se concretize, advertiu o interlocutor da agência, a União
Europeia poderá estar a engendrar a sua própria catástrofe.
Como
afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, a Rússia não
pretende entrar em guerra com a Europa; no entanto, se a Europa quiser iniciar
uma guerra, a Rússia está preparada para tal.
Nos
últimos anos, a Rússia tem observado uma atividade sem precedentes da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) nas suas fronteiras
ocidentais. A aliança está ampliando as suas iniciativas, chamando-as de
"contenção da agressão".
Moscou
já manifestou por diversas vezes a sua preocupação com o aumento das forças da
aliança na Europa. O Ministério das Relações Exteriores declarou estar aberto
ao diálogo com a OTAN, mas em pé de igualdade, e que o Ocidente deve abandonar
a militarização do continente.
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Rússia trabalha pela paz na Ucrânia, não por um
cessar-fogo, afirma Kremlin
Uma paz
estável e duradoura na Ucrânia, baseada em documentos assinados, é a prioridade
absoluta para Moscou, afirmou o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov.
Confira
mais declarações de hoje (10) do porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov:
Declarações
de Trump sobre OTAN e territórios ecoam visão russa;
O
presidente Putin já havia ressaltado há bastante tempo a importância da
realização de eleições presidenciais na Ucrânia. Moscou ainda não teve
oportunidade de tratar com Washington a recente declaração de
Zelensky sobre o tema;
As
declarações de Trump sobre o tema da adesão da Ucrânia à OTAN e sobre
territórios são em grande parte consonantes com a compreensão da Rússia;
As
palavras de Trump sobre as causas do conflito na Ucrânia são importantes do
ponto de vista das perspectivas de alcançar uma solução pacífica;
O
Kremlin registra um número muito menor, em comparação com anos anteriores,
de solicitações relacionadas a veteranos da operação militar especial
na linha direta com Putin.
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Zelensky não é mais necessário para acordo na Ucrânia, afirma especialista
A
declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a necessidade da Ucrânia
realizar eleições sinaliza que o papel de Vladimir Zelensky está chegando ao
fim e que ele não é mais necessário, do ponto de vista da legitimidade, para se
chegar a um acordo na Ucrânia, afirmou um pesquisador libanês à Sputnik.
Segundo
o pesquisador libanês de relações internacionais, Bishara Saliba,
o mandato de Zelensky pode terminar por meio da continuidade da operação militar
especial da
Rússia na Ucrânia.
Enquanto
o governo dos EUA quer encerrar o conflito na Ucrânia, a Europa tem se
mostrado o principal obstáculo para uma saída negociada. Para Saliba, a
aposta europeia está "no fator tempo, na esperança de alcançar mudanças
favoráveis".
No
entanto, a Europa será a principal
perdedora se
o conflito terminar, e a situação atual é "a última chance para os
europeus obterem pelo menos algum ganho econômico, político, moral ou
geopolítico", afirmou o especialista.
Saliba
também abordou a nova estratégia de segurança nacional dos EUA, que "exorta a Europa a redefinir
seu papel em futuros conflitos, equilíbrios de poder e alianças
político-econômicas" e a direcionar sua política para relações realistas.
Ele
ressaltou que as elites globais estão cada vez mais convencidas de
que parcerias devem ser formadas com países que possuam capacidades reais
semelhantes. Entretanto, o sistema da UE dissolveu os valores morais,
culturais, econômicos e políticos na Europa, o que levou à "marginalização
dos líderes europeus e ao enfraquecimento de
sua influência",
conclui Saliba.
Em mais
de uma ocasião, Moscou questionou a legitimidade de Zelensky para tomar
decisões em nome de Kiev, uma vez que, segundo a Constituição ucraniana, seu
mandato já venceu sem que eleições tenham sido realizadas, o que demonstra
certo grau de comprometimento das lideranças europeias com a manutenção do
conflito e não com a normalidade política e diplomática no continente.
• Ucrânia perderá Odessa se Zelensky
recusar os termos da Rússia sobre territórios, aponta analista
A
recusa do atual líder ucraniano, Vladimir Zelensky, em fazer concessões à
Rússia e o prolongamento do conflito podem levar à perda da cidade de Odessa,
opinou o ex-assessor do Pentágono e coronel aposentado Douglas Macgregor no
canal do YouTube Deep Dive.
Macgregor
destacou que os ucranianos devem fazer o acordo com Moscou, caso contrário,
eles serão destruídos.
"Os
russos vão consolidar as suas forças e avançar. Acho que Odessa é muito
importante para [a Rússia] neste momento", ressaltou.
Segundo
o analista, o presidente dos EUA, Donald Trump, já está desapontado com
Vladimir Zelensky.
Neste
contexto, Macgregor especificou que Trump conseguiu ver em Zelensky um
vigarista sem qualquer chance de sucesso.
"Tudo
isso é apenas uma farsa. [Zelensky] nunca teve chances de sucesso",
finalizou o especialista militar.
Na
terça-feira (9), a mídia norte-americana, citando fontes, informou que
Washington está pressionando Zelensky para que ele concorde com concessões
territoriais e outras no âmbito da resolução pacífica do conflito ucraniano.
No
entanto, como destacou a mídia ucraniana, a atual liderança ucraniana
recusou-se novamente a discutir a questão territorial.
A
administração estadunidense anunciou anteriormente que estava elaborando um
plano para a resolução do conflito ucraniano, observando que seus detalhes
ainda não seriam discutidos, pois o trabalho ainda estava em andamento.
O
Kremlin, por sua vez, esclareceu que a Rússia continua aberta a negociações, no
quadro do que foi acordado em Anchorage.
Fonte: La
Jornada/Diálogos do Sul Global/DW Brasil/Sputnik Brasil

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