quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Cardiologistas explicam se temperatura do banho pode afetar o coração

Não é difícil encontrar na internet alegações de que o hábito de tomar banhos gelados traz inúmeros benefícios, como melhora da disposição, redução do estresse e até aumento da imunidade. No entanto, uma prática que parece inofensiva pode ser gatilho para desencadear problemas cardiovasculares, principalmente em pessoas que têm predisposição ou já convivem com condições no coração.

De acordo com o cardiologista Hugo Faria, as mudanças bruscas de temperatura provocam respostas no organismo que podem afetar o coração. Todo o processo começa no cérebro: quando a água muito gelada entra em contato com o corpo, ativa o sistema nervoso simpático, responsável por nos “alertar” sobre situações de perigo.

O aviso libera hormônios estimulantes, como a adrenalina, acelerando o coração e aumentando a pressão arterial rapidamente. Em pessoas saudáveis, a situação não passa de um incômodo pela temperatura da água, mas em pacientes com problemas no coração, um simples ato pode trazer consequências perigosas.

“Em indivíduos com doenças cardíacas, muitas vezes não diagnosticadas, essa reação pode desencadear arritmias, queda de fluxo sanguíneo no coração e, em situações excepcionais, até infarto”, alerta o cardiologista do Hospital Santa Helena, em Brasília.

Para quem gosta de banho frio ou pensa em iniciar a prática, é importante começar aos poucos, reduzindo gradualmente a temperatura para diminuir a resposta de alerta do corpo e o risco de prejuízos no coração. “Extremos nunca são bons aliados do coração. A temperatura do banho deve ser confortável e, principalmente, sem mudanças bruscas”, ressalta Faria.

<><> Banho gelado é o “causador” do infarto?

A principal causa do infarto não é o banho frio: o ataque cardíaco acontece por um acúmulo de fatores ao longo do tempo, incluindo sedentarismo, colesterol elevado e hipertensão descontrolada.

“Os banhos gelados ou quentes, por si só, dificilmente serão os causadores isolados de um evento grave, embora, em pacientes vulneráveis, eles possam ser o gatilho final”, aponta o cardiologista Carlos Nascimento, do Hospital Brasília Águas Claras.

Entre os grupos mais vulneráveis ao “fenômeno cardiovascular” no banho estão pessoas com hipertensão, doenças cardíacas, histórico de infarto, idosos e pacientes com obstruções crônicas das artérias do coração e portadores de arritmias cardíacas.

<><> E os banhos quentes?

Prejuízos no coração também podem ocorrer em banhos muito quentes. O calor excessivo causa a dilatação das artérias, provocando uma queda de pressão. Nessas situações é comum sentir tontura, fraqueza, visão embaçada e, em alguns casos mais graves, até desmaiar.

“Esse rebaixamento rápido da pressão pode comprometer a circulação coronariana em pessoas vulneráveis, gerando mal-estar importante e risco até mesmo de morte”, explica Faria. Para pessoas com condições do coração pré-existentes, banhos muito gelados ou muito quentes não são recomendados.

Sintomas que indicam risco imediato no banho

•        Dor no peito;

•        Falta de ar súbita;

•        Palpitações intensas;

•        Tontura;

•        Sudorese fria;

•        Visão turva;

•        Desmaio.

<><> Evitar banhos com temperaturas extremas previne contra infarto?

Deixar de tomar banho em temperaturas extremamente quentes ou geladas pode ser uma alternativa prática no dia a dia para reduzir o risco de infarto, mas sozinha ela não é garantia de nada. As principais formas de prevenção envolvem o controle da pressão, a manutenção dos níveis seguros de colesterol, boa alimentação e a prática regular de exercícios físicos.

Evitar o tabagismo e ter um sono de qualidade também são boas medidas. A partir dos 40 anos é recomendado frequentar o cardiologista com regularidade, realizando exames e acompanhamento adequado.

“Estas são as principais medidas para evitar o surgimento dos fatores de risco acima e prevenir o infarto”, afirma o cardiologista João Poeys Júnior, do Hospital DF Star.

•        Atenção aos sinais sutis: conheça os sintomas menos óbvios do infarto

O infarto agudo do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco, continua sendo uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo.

Mas o que muitos ainda não sabem é que o corpo emite sinais claros logo no início do infarto e reconhecer esses sintomas pode ser a diferença entre a vida e a morte.

Segundo o médico cardiologista e pesquisador Dr. Rafael Marchetti, os minutos iniciais de um infarto costumam apresentar manifestações específicas e é fundamental não ignorá-las.

“A maioria dos pacientes apresenta sintomas de infarto, mas muitas vezes eles são subestimados, atribuídos ao estresse ou a problemas digestivos e essa interpretação equivocada é extremamente perigosa”, alerta o cardiologista.

<><> O corpo dá sinais

Os sintomas clássicos são mais conhecidos, dor ou pressão intensa no peito, que pode irradiar para o braço esquerdo, costas, pescoço ou mandíbula, mas há outras manifestações menos óbvias que também exigem atenção.

“Sudorese fria, falta de ar, tontura, náuseas e uma sensação repentina de ansiedade intensa são sinais que, juntos ou isoladamente, podem indicar que algo está errado com o coração”, explica o Dr. Rafael Marchetti.

<><> Sinais de alerta? O tempo é decisivo

Em casos de suspeita de infarto, a rapidez no atendimento é fundamental, pois quanto antes o paciente chegar ao hospital, maiores são as chances de minimizar danos ao músculo cardíaco e evitar complicações graves ou fatais.

“Quanto mais rápido o socorro, melhor o prognóstico, por isso, qualquer sintoma suspeito deve ser levado a sério e atendido com urgência”, reforça o Dr.Rafael Marchetti.

<><> Pesquisa e prevenção caminham juntas

Como coordenador de pesquisa clínica do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito, o Dr. Rafael Marchetti destaca que os avanços na detecção precoce e no acompanhamento de risco cardiovascular são parte fundamental da medicina moderna.

Por meio de estudos clínicos, é possível desenvolver estratégias mais eficazes para prevenção, diagnóstico e tratamento.

“A ciência nos permite entender melhor os padrões que antecedem o infarto e como intervir antes que ele ocorra. Investir em pesquisa é investir em vidas”, completa o especialista.

•        Cardiologista lista sintomas graves de infarto além da dor no peito

Reconhecer um ataque cardíaco nem sempre é simples. Embora a forma clássica do infarto agudo do miocárdio envolva uma dor intensa no peito, que vem em forma de aperto e sensação de morte iminente, muitos pacientes apresentam sinais menos óbvios.

Segundo o Ministério da Saúde, o quadro típico inclui dor localizada na região anterior do tórax, irradiando para o braço esquerdo, acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese. Ainda assim, essa descrição não contempla todas as manifestações possíveis — e justamente por isso muitos casos demoram a chegar ao atendimento.

Especialistas afirmam que doenças cardiovasculares se manifestam de forma semelhante em homens e mulheres. A diferença é que, após a menopausa, as mulheres perdem a proteção hormonal e passam a ter risco equivalente ao dos homens para desenvolver problemas cardíacos, tornando-se igualmente vulneráveis a quadros graves.

Além dos aspectos biológicos, mudanças no estilo de vida têm desempenhado papel importante no aumento dos casos, especialmente entre jovens. O cardiologista Eugênio Moraes, do Hospital Sírio-Libanês, destaca o impacto dos alimentos ultraprocessados nesse cenário.

“Existem evidências epidemiológicas consistentes mostrando a associação entre maior consumo de ultraprocessados e aumento de eventos, bem como de fatores de risco cardiometabólicos. Alguns estudos recentes mostram aumento relativo de risco cardiovascular na ordem de 15% a 25% nas pessoas que mais consomem esses produtos”, explica.

Ele reforça que obesidade, hipertensão, colesterol elevado e diabetes — todos agravados por dietas ricas em ultraprocessados — aumentam diretamente a chance de infarto. O especialista também chama atenção para como o estilo de vida contribui para o avanço do problema entre adultos jovens.

“Não é uma causa isolada, mas um conjunto de condições, como consumo de ultraprocessados, sedentarismo, obesidade, drogas ilícitas, combinação de álcool e energéticos e causas não ateroscleróticas (que tenham a ver com o depósito de gordura do corpo), mais frequentes nos jovens. Isso tudo aumenta o risco de infarto nessa população”, afirma.

>>> Sintomas de infarto

•        Dor no peito em aperto ou pressão.

•        Irradiação para braço esquerdo, mandíbula, costas ou ombro.

•        Falta de ar (dispneia).

•        Sudorese intensa.

•        Náuseas e vômitos.

•        Palidez ou pele arroxeada.

•        Tontura, turvação visual ou sensação de desmaio.

•        Cansaço extremo súbito.

Embora a dor no peito continue sendo o sinal mais conhecido, outros sintomas podem ser igualmente graves. O cardiologista Anis Mitri, presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado de São Paulo, alerta que falta de ar, desmaios e alterações na cor da pele também são indicativos importantes.

“O primeiro sintoma é a falta de ar. Desmaios, palidez cutânea ou arroxeamento da pele também são sintomas que merecem atenção, principalmente em pessoas com diabetes, hipertensão ou problemas cardíacos já instalados”, explica.

Mitri acrescenta que sintomas desencadeados após esforço físico — como subir escadas, atividade sexual, exercícios ou situações de estresse — têm alta probabilidade de serem de origem cardíaca. “Quando falta de ar, dor nas costas ou náusea aparecem após esforço, a chance de ser um infarto em andamento é grande”, afirma.

Nas mulheres, o quadro pode ser ainda mais desafiador. “A questão é que a mulher costuma ser mais resistente à dor. Por isso, precisamos valorizar sinais secundários como náuseas, desmaios, falta de ar e palidez”, completa.

Quando socorrer e o que fazer

Ao suspeitar de um infarto, agir rápido pode salvar vidas. Mitri orienta interromper imediatamente qualquer esforço e buscar atendimento urgente, seja pelo SAMU (192) ou na unidade de saúde mais próxima.

“Se a pessoa não tiver contraindicações, pode mastigar três comprimidos de ácido acetilsalicílico (AAS) enquanto aguarda o socorro. Mas isso só deve ser feito por quem não tem alergia, distúrbios de coagulação, sangramentos ou câncer ativo”, reforça.

Moraes explica que a monitorização hospitalar é essencial desde o primeiro momento. “O paciente com suspeita de infarto precisa obrigatoriamente ficar monitorado e em repouso absoluto. Isso permite identificar alterações eletrocardiográficas, progressão do infarto e detectar arritmias potencialmente fatais enquanto os exames estão sendo feitos”, afirma.

Segundo ele, monitorar pressão arterial, frequência cardíaca, oxigenação do sangue e ritmo do coração é fundamental para evitar complicações.

Por que reconhecer sintomas além da dor é tão importante

Muitos infartos começam de forma silenciosa ou com sinais inespecíficos. Falta de ar repentina, suor frio, tontura, náuseas, cansaço extremo e dor irradiada para mandíbula, costas ou braço podem ser manifestações típicas mesmo quando a dor torácica não aparece. Esse padrão é especialmente comum em mulheres, idosos e pessoas com diabetes, tornando a identificação ainda mais desafiadora.

Os especialistas reforçam que qualquer sintoma súbito, estranho ou sem causa aparente deve ser valorizado. O tempo é decisivo: quanto mais rápido o coração recebe tratamento, menor o risco de sequelas e maior a chance de sobrevivência.

 

Fonte: Metrópoles

 

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