Por
que reabrir as investigações sobre a morte de Teori Zavascki
A
relatoria da Lava Jato tinha um enorme valor geopolítico e econômico. Afinal,
estavam em jogo:
• A posição das empreiteiras brasileiras
no mundo. Só contratos de empreiteiras brasileiras no exterior ascendiam a algo
entre US$ 80 a US$ 100 bilhões
• A Lei de Partilha da Petrobras.
• A intervenção do Departamento de Justiça
nas principais empresas brasileiras (Petrobras, Embraer e Eletrobras).
São
inúmeras as demonstrações de simbiose total da Lava Jato com o DoJ, o FBI, o
DHS e a fina flor da plutocracia mundial, como ficou claro na recepção
organizada em Mônaco para saudar Sérgio Moro.
Nos
dias que antecederam sua morte, Teori Zavascki havia anulado atos formais de
processo de homologação anteriores (realizados durante o recesso), e
preparava-se para reavaliar cláusulas consideradas excessivas, definir limites
das colaborações e reorganizar a tramitação por competência.
Teori
vinha demonstrando, em decisões públicas, rejeição a prisões preventivas sem
fundamentação concreta; conduções coercitivas sem prévia intimação; vazamentos
seletivos.
Por
tudo isso, uma perícia verdadeiramente completa e robusta no acidente aéreo que
vitimou o ministro Teori Zavascki teria de ser muito mais ampla do que um
simples laudo técnico de queda de aeronave – como ocorreu. Seria uma perícia de
Estado, no padrão usado para casos sensíveis envolvendo autoridades de alto
escalão, com múltiplas frentes independentes, rastreabilidade total de
evidências e supervisão externa.
Não
bastaria responder “como o avião caiu”, mas se ele caiu apenas por acidente —
ou se alguém ajudou a cair.
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Segundo especialistas, uma perícia completa incluiria:
1. Perícia aeronáutica integral, com análise
dos destroços e recuperação dos sistemas críticos.
2. Aviônica e dados de vôo, com registros da
torre de controle, dados do transponder, logos de manutenção da aeronave.
3. Investigação de sabotagem, uma perícia
completa para detecção de explosivos.
4. Perícia sobre a tripulação, com histórico
de treinamento, exames toxicológicos completos. Não foi realizado sequer um
exame toxicológico no piloto, para saber se foi alvo de algum ataque químico.
5. Cadeia de manutenção da aeronave, com
auditoria retroativa.
6. Investigação de guerra eletrônica, como a
possibilidade de spoofing de GPS, interferência em rádios e falhas induzidas.
7. Governança da próprios investigação, com
a constituição de uma comissão com a FAB, Polícia Federal, peritos civis
independentes, laboratório estrangeiros e observadores do Ministério Público
Federal. Com a garantia de laudos assinados separadamente, cadeia de custódia
auditável e documentação pública completa.
No caso
Teori, nada disso aconteceu.
• Não houve comissão independente
internacional
• Não foram divulgados testes públicos
robustos de explosivos
• Não houve auditoria aberta da cadeia de
manutenção
• O avião não tinha caixa-preta
• A versão oficial rapidamente concluiu
por “condições meteorológicas adversas” e “erro humano”
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Os 10 erros fundamentais
1️ Erro
de enquadramento inicial
O caso
foi administrativamente enquadrado como simples acidente civil — não como
possível crime contra autoridade pública.
Desde o
primeiro minuto não houve reconhecimento institucional do contexto excepcional:
• Morte de ministro-relator de
investigação criminal de alta sensibilidade nacional.
• Nenhum protocolo de “incidente crítico
de Estado” foi adotado.
2️
Escopo restrito de perícia
A
investigação ficou por conta da CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos) que não tem
competência para investigação criminal
Mesmo
assim:
• Recebeu controle absoluto da cena.
• Conduziu apuração focada exclusivamente
em prevenção de acidentes, não em apuração de dolo.
3.
Ausência total de comissão independente
Nenhum órgão externo foi integrado:
• Sem NTSB (EUA)
• Sem BEA (França)
• Sem peritos civis autônomos
Não
houve fiscalização de evidências nem contraditório técnico.
4.
Nenhuma perícia pública de explosivos
Jamais
foram divulgados exames robustos de:
• RDX, PETN ou TNT
• metalografia de micro detonações
A
sabotagem nunca foi cientificamente excluída — apenas ignorada.
5.
Cadeia de custódia opaca
Não há
rastreabilidade pública:
• Quem tocou em quais peças
• Quando
• Onde foram armazenadas
Sem
cadeia transparente, valor forense da prova é reduzido.
6.
Investigação criminal subordinada
PF
aceitou a posição subalterna:
• Não comandou a cena
• Não executou perícia criminal autônoma
O
Estado confundiu investigação técnica de acidente com investigação criminal de
homicídio.
7. MPF
atuou como homologador
• Não requereu novas perícias
• Não abriu força-tarefa própria
• Não exerceu contraditório
O papel
constitucional de controle externo não foi exercido de forma efetiva.
8.
Comunicação pública enviesada
“Clima
ruim + falha humana” …divulgada antes da finalização da perícia.
Criou
pressão política para encerrar o caso rapidamente.
9.
Laudo final sem responsabilização pessoal
Assinatura
institucional diluída:
• Nenhum nome próprio
• Nenhuma responsabilidade técnica
pessoalizada
Sem
assinaturas individuais não existe responsabilização pericial real.
10.
Arquivamento sem contraditório
PF
arquivou:
• Sem perícia revisora
• Sem auditoria externa
• Sem testes específicos de sabotagem
O
arquivamento ocorreu por aceitação de narrativa, não por esgotamento técnico de
hipóteses.
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A necessidade de uma nova investigação
Pode
ser que uma nova investigação acabe corroborando as conclusões da Cenipa. Pode
ser que não. O que não pode é um acidente, com tais repercussões, não ser alvo
de uma investigação profissional, com todos os cuidados dispensados a um
episódio sensível.
Muita
água ainda irá rolar da Lava Jato. Ainda mais quando forem revelados os
conteúdos da tal “caixa amarela”, que conteria as gravações clandestinas
preparadas por Tony Garcia, a mando de Sérgio Moro.
Está-se
frente a uma organização perigosa, com ligações internacionais já sobejamente
conhecidas.
Está na
hora de se abrir, definitivamente, a caixa de Pandora da Lava Jato.
• É hora de investigar
A
constatação de que a tal caixa amarela, na 13a Vara de Curitiba, contém os
vídeos da “festa da cueca” dá outro peso à palavra de Tony Garcia, o empresário
que garantiu ter sido ameaçado por Sérgio Moro para gravar autoridades em cenas
que pudessem ser utilizadas para chantagem.
Explica
a apatia do TRF-4, endossando todas as arbitrariedades de Sérgio Moro. Mas
chama atenção para outras denúncias de Tony, que conviveu intimamente – como
testemunha e como autor – da máquina de chantagem da Lava Jato.
Segundo
ele:
1. Um desembargador, contrário à Lava Jato,
foi sacrificado com base em denúncias falsas.
2. Dois alvos da chantagem da Lava Jato
teriam sido os Ministros Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justica (STJ)
e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal. Barroso em função de
operações no Banestado, nos tempos em que era advogado de Ricardo Teixeira.
Agora,
a ex-juíza Luciana Bauer traz novos detalhes da agressão que diz ter sofrido de
Moro em um elevador. Segundo ela, ele teria agarrado seu pescoço. Depois,
viaturas suspeitas passaram a circular na sua rua.
À luz
dos métodos utilizados pela Lava Jato e dos novos detalhes sobre a
personalidade de Moro – e os métodos da Lava Jato – é hora de se investigar a
fundo o acidente que resultou na morte do ex-Ministro Teori Zavascki, primeiro
relator da Lava Jato no Supremo.
No
depoimento que deu para o documentário do GGN sobre a Lava Jato – em vias de
ser divulgado – o decano Gilmar Mendes lembra que Teori morreu dias depois de
assegurar que enquadraria os abusos da Lava Jato.
Houve o
acidente, a morte e a relatoria foi entregue a Luiz Edson Fachin, tido como
“confiável” pela Lava Jato, nos diálogos captados pela Vaza Jato, embora não há
nada que indique envolvimento maior com a operação.
O que
estava em jogo não eram apenas os bilhões negociados para a Fundação Lava Jato,
mas interesses bilionários afetados pela competição das empreiteiras
brasileiras e pela Lei de Partilha da Petrobras.
Fonte:
Por Luís Nassif, no Jornal GGN

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