sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Álcool ou açúcar: o que é pior para a saúde? Nutricionista responde

O açúcar e o álcool são considerados os grandes vilões para uma vida saudável. A literatura médica e científica já mostrou que esses ingredientes estão relacionados a doenças metabólicas, crônicas e problemas cardiovasculares, além de aumentar o risco para alguns tipos de câncer.

Mas será que um pode ser pior do que o outro? É necessário cortar ambos da dieta para viver bem?

De acordo com a nutricionista Andrezza Botelho, tanto o álcool quanto o açúcar são prejudiciais à saúde na mesma proporção.

"O impacto do álcool a curto prazo na saúde inclui a famosa ressaca e a desidratação. Já o impacto a longo prazo pode causar danos graves, como cânceres, doenças cardíacas, cirrose hepática, problemas cerebrais (incluindo perda de memória e demência), enfraquecimento do sistema imunológico e complicações no pâncreas, como pancreatite e diabetes", explica Botelho.

O consumo de álcool está associado ao risco de câncer de boca, garganta, esôfago, fígado, mama e cólon; ao risco de cirrose hepática; risco aumentado de hipertensão, miocardiopatia e insuficiência cardíaca; danos cerebrais; problemas de fertilidade e inflamação gastrointestinal, segundo a nutricionista.

Em relação ao açúcar, os prejuízos à saúde estão relacionados ao maior risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes e obesidade, além de problemas cardiovasculares, certos tipos de câncer e declínio cognitivo.

"O excesso de glicose pode sobrecarregar o sistema nervoso, prejudicando a aprendizagem e a memória, podendo contribuir para quadros demenciais", afirma a nutricionista. "Outros efeitos incluem inflamação, problemas de pele, alterações digestivas e mudanças de humor", afirma a nutricionista.

<><> Açúcar e álcool prejudicam a dieta

Seja para emagrecimento, seja para ganho de massa muscular, o álcool e o açúcar podem prejudicar a dieta, além de trazer os riscos à saúde já citados. Isso porque são ingredientes altamente calóricos e com poucas propriedades nutricionais.

"Cada grama de álcool contém 7 calorias, valor superior ao dos carboidratos e próximo ao da gordura, contribuindo para ganho de peso, especialmente abdominal", explica Botelho.

Além disso, o organismo prioriza metabolizar o álcool como toxina, reduzindo temporariamente a queima de gordura e o metabolismo de outros nutrientes. "O álcool também interfere na produção de hormônios essenciais para construção muscular (testosterona e GH) e aumenta o cortisol, que é catabólico", afirma.

Já em relação ao açúcar, alimentos açucarados fornecem calorias sem nutrientes essenciais, favorecendo o acúmulo de gordura, além de causarem oscilações glicêmicas que aumentam o apetite e levam a escolhas inadequadas.

<><> É possível incluí-los na dieta de forma equilibrada?

De acordo com Botelho, o açúcar de adição (ou seja, aquele que é adicionado em produtos industrializados) é o maior vilão da alimentação saudável e, por isso, deve ser evitado. O ideal é optar por bebidas e alimentos que contenham o açúcar natural dos ingredientes, como sucos naturais e doces sem açúcar adicionado.

Já o álcool não deve fazer parte de uma rotina de alimentação equilibrada. "Quando há consumo, geralmente prescrevo um suplemento para a saúde hepática antes da ingestão, como silimarina, extrato de alcachofra e laranja moro, para atenuar os danos gerados pelo álcool", finaliza.

•        Como fígado vira "vilão" e transforma metanol em veneno para o corpo

O fígado é o órgão responsável por transformar o metanol contido em bebidas adulteras em um veneno para o corpo humano. Isso porque, embora atue como um protetor do organismo, ele torna a substância ainda mais perigosa.

O metanol é comumente utilizado como solvente, na fabricação de combustíveis, plásticos, tintas e medicamentos, por exemplo. Para esclarecer sobre as mortes confirmadas, a CNN conversou com especialistas, que explicam como o metanol pode afetar o cérebro e a visão.

Feres Chaddad, professor e chefe da Disciplina de Neurocirurgia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e chefe da Neurocirurgia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, detalha o processo que começa no trato gastrointestinal.

"O metanol em si não é altamente tóxico, mas, após a ingestão, é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal e metabolizado no fígado. Nesse processo, ele é convertido primeiro em formaldeído e, posteriormente, em ácido fórmico, que é o principal responsável pela toxicidade. Como o ácido fórmico é metabolizado lentamente, tende a se acumular no organismo, especialmente quando o metanol é ingerido em altas doses ou associado ao álcool etílico", inicia.

Na sequência, o metanol atinge o cérebro. "Por ser uma molécula pequena, o ácido fórmico atinge o cérebro", acrescenta.

O neurologista explica que essa substância age nas mitocôndrias, estruturas dentro das células que produzem sua energia. Desse modo, mesmo havendo oxigênio disponível, há uma falência energética celular.

"Além disso, o acúmulo de ácido no sangue provoca acidose metabólica grave, que acelera a disfunção enzimática e a morte celular. A combinação da falência energética com a acidose resulta em necrose celular", acrescenta.

Segundo Chaddad, "algumas regiões do sistema nervoso são particularmente vulneráveis. O nervo óptico e a retina sofrem lesões nas células ganglionares e na mielina, explicando os distúrbios visuais que podem evoluir para cegueira irreversível."

<><> Quais os sintomas por intoxicação por metanol?

De acordo com a Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (ABNO), sociedade filiada ao Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), os sintomas iniciais da intoxicação aparecem entre 12 a 24 horas após a ingestão da bebida adulterada.

Os sintomas pela intoxicação de metanol incluem:

•        Dor de cabeça;

•        Náuseas e vômitos;

•        Dor abdominal;

•        Confusão mental;

•        Visão turva repentina ou cegueira, em ambos os olhos.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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