quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Jeferson Miola: Candidatura de Flávio entrega a Tarcísio a chave do bolsonarismo sem Bolsonaro

A anistia –ou o indulto– é o único objetivo de Jair Bolsonaro na vida. O criminoso condenado a 27 anos e 3 meses de encarceramento esperneia desesperadamente em busca de uma maneira de escapar da condenação criminal para sair da prisão.

Lançada na Avenida Paulista em 25 de fevereiro de 2024, a pauta da anistia passou a dominar a agenda da Câmara dos Deputados desde então.

Bolsonaro sabe que a única maneira de obter sua impunidade é impedir que o presidente Lula seja reeleito. Flávio Bolsonaro assume isso com todas as letras: “não reeleger Lula é o que vai salvar o Brasil e vai salvar o meu pai da prisão”.

Com exceção de Eduardo Leite, os demais pré-candidatos de direita e extrema-direita –Zema, Caiado, Tarcísio, e Ratinho Jr.– já assumiram o indulto a Bolsonaro como primeiro ato de um eventual governo antidemocrático, ultraliberal e reacionário eleito em 2026.

A candidatura mais competitiva deste bloco anti-Lula e anti-democracia que é apoiado pela Faria Lima e por setores do establishment e da mídia hegemônica é a do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, que agiu para ser ungido por Bolsonaro.

De acordo com todas pesquisas de opinião, nenhum candidato com o sobrenome Bolsonaro conseguiria um desempenho eleitoral equivalente ou superior ao do Tarcísio.

Dentre os gângsteres do clã, a Michelle teria melhores expectativas eleitorais, ao passo que Flávio ficaria no mesmo patamar que Eduardo, cenário em que Lula o venceria com a maior vantagem percentual em todas simulações. E, assim como Flávio e Eduardo, Michelle também tem uma vidraça de proporções oceânicas.

A situação do Bolsonaro é paradoxal. Ele é essencial para aumentar as chances eleitorais de qualquer chapa anti-Lula. Nenhuma opção anti-Lula tem viabilidade eleitoral sem o apoio dele. No entanto, a presença do sobrenome Bolsonaro como vice do Tarcísio teria o efeito de uma âncora eleitoral que afundaria o candidato.

Com a condenação pela trama golpista e a prisão preventiva depois da tentativa bizarra de romper a tornozeleira eletrônica, Bolsonaro se desmoralizou e se descapitalizou muito politicamente.

A prisão definitiva do Bolsonaro não causou nenhuma comoção popular, como imaginavam os bolsonaristas. Ao contrário, a prisão foi normalizada e Bolsonaro é cada vez mais um personagem intranscendente, proscrito progressivamente do debate político nacional. Além disso, ele perdeu o timing das articulações políticas.

É neste contexto que Bolsonaro decidiu lançar a candidatura presidencial do seu filho Flávio, contrariando todas as expectativas de que pudesse ungir Tarcísio.

Parece uma estratégia [errática] de tentar preservar a influência dele no tabuleiro de 2026 para garantir a centralidade da pauta da anistia na eleição. Flávio esclareceu que o “preço” para retirar sua candidatura e apoiar Tarcísio é o compromisso com a anistia ao pai criminoso.

Confiantes no poder de influenciar entre 25% e 28% do eleitorado, índices nada desprezíveis, Bolsonaro e seus gângsteres-mirins jogam uma cartada definitiva, porém insuficiente para assegurar-lhes a conquista do objetivo vital, de anistia ou indulto para Bolsonaro e demais criminosos.

O ostracismo de Bolsonaro preso começa a falar alto. O PP e o União Brasil, satélites do fascismo, por enquanto não aderiram à candidatura do Flávio. O Republicanos, partido do Tarcísio, não participou do jantar com Flávio para tratar do assunto.

Por isso, não surpreenderá quando Flávio renunciar à própria candidatura para apoiar alguma alternativa da aliança da direita com a extrema-direita para enfrentar Lula, numa espécie de rendição política.

Este movimento errático dos gângsteres Bolsonaro deve beneficiar Tarcísio, que ficará livre para ser, de fato, o candidato do bolsonarismo e dos extremismos ideológicos sem, contudo, a imposição de carregar o sobrenome maldito do Bolsonaro na campanha.

Bolsonaro pode estar entregando a Tarcísio a chave do bolsonarismo sem Bolsonaro, o que não deixa de ser um disfarce conveniente para o governador bolsonarista-raiz.

Após colocar "preço", Flávio Bolsonaro diz que candidatura é "irreversível"

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta terça-feira (9) que a sua candidatura presidencial é “irreversível”. Em entrevista na sede da Polícia Federal, o filho “01” do ex-presidente Jair Bolsonaro voltou atrás após afirmar no final de semana que a sua tentativa de concorrer ao Planalto teria um “preço”

O parlamentar falou à imprensa após visitar o pai que segue preso por tentativa de golpe de Estado e está impedido de disputar eleições por decisões do STF e do TSE. Flávio comentou a repercussão de seu anúncio feito na sexta-feira (5) e reforçou que não pretende voltar atrás.

Durante a conversa, o senador destacou que a motivação central de sua postura está diretamente ligada à situação jurídica do pai. “Foi um ato que começou no final da manhã [a declaração], e eu falei até o fim da noite qual era o meu preço. E o meu preço é o Bolsonaro livre, e nas urnas. Ou seja, não tem preço. Essa é a conclusão. Vamos explicar, porque parece que eu estou me colocando à venda, e não é isso”, declarou.

A candidatura de Flávio, lançada oficialmente na sexta-feira, ocorre em meio a tensões na centro-direita e a reações negativas do mercado após o vaivém político do fim de semana. O senador continuou nesta segunda-feira a se reunir com partidos e lideranças para discutir alianças e tentativas de consolidar seu nome na disputa pelo Planalto.

•        Flávio Bolsonaro diz que pode ser candidato sem apoio do centrão e vê Tarcísio fora do jogo

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que sua candidatura à Presidência da República em 2026 é definitiva, mesmo sem o apoio do centrão, e indicou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), está fora da disputa dentro do campo bolsonarista. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada nesta segunda-feira (8), um dia após o próprio senador ter sugerido que poderia desistir mediante um “preço”.

Flávio recuou e agora diz que não há negociação possível: “É irreversível. Minha candidatura não está à venda”, afirmou. Ele havia indicado anteriormente que poderia desistir caso o pai, Jair Bolsonaro, tivesse a situação jurídica revertida e pudesse voltar às urnas. Ao tratar desse ponto, reforçou que considera esse cenário improvável e reiterou: “A única possibilidade de o Flávio Bolsonaro não ser candidato a presidente da República é o candidato ser o Jair Messias Bolsonaro”.

<><> Sobrenome como ativo político e Tarcísio fora da equação

Questionado sobre a preferência de parte da classe política por Tarcísio de Freitas como nome do bolsonarismo, o senador afirmou que também preenche todos os requisitos para concorrer e destacou o peso de sua identidade política: “Eu também atendo a todos os requisitos [para concorrer ao Planalto], com a vantagem de que tenho sobrenome Bolsonaro”.

Flávio ainda considerou improvável uma disputa interna com Tarcísio: “Eu acho que não tem um cenário de eu ser candidato e ele ser. Seria uma ignorância muito grande, e ignorante é tudo o que o Tarcísio não é. Um cara extremamente inteligente, um cara que eu não tenho dúvida: a gente vai estar junto”, declarou.

As falas indicam que, para o senador, a presença de Tarcísio na corrida presidencial deixou de ser um obstáculo.

<><> Candidatura “de protesto”, mas com viabilidade

Flávio Bolsonaro descreveu sua própria candidatura como “de protesto”, mas insistiu que possui força eleitoral: “Além de ser uma candidatura viável, é uma candidatura de protesto contra tudo o que está acontecendo aqui no Brasil”, disse.

Sobre o apoio partidário, afirmou que busca ampliar alianças para além do PL, mirando PP, União Brasil e Republicanos. Ainda assim, ressaltou que não depende do centrão para sustentar sua campanha: o principal ativo, segundo ele, seria a militância bolsonarista, que estaria vendo em sua candidatura “uma luz no fim do túnel”, sobretudo após um período de desânimo.

Com discurso alinhado ao núcleo duro do bolsonarismo, Flávio tenta consolidar-se como herdeiro político direto do pai, reforçando que sua presença na disputa é definitiva — ao menos enquanto Jair Bolsonaro permanecer inelegível.

•        "Bolsonaro destruiu o castelinho de cartas de Tarcísio", aponta político do centrão

O lançamento da candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República, abençoado por Jair Bolsonaro, provocou um abalo imediato no tabuleiro político da direita e expôs o enfraquecimento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). As informações foram publicadas pela coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que ouviu dirigentes de diferentes partidos sobre o impacto da decisão.

Segundo lideranças políticas, o gesto dos Bolsonaro escancarou a falta de autonomia de Tarcísio, que, mesmo sendo governador do maior estado do país e apontado como um dos nomes mais competitivos da direita para 2026, continua subordinado às decisões da família do ex-presidente. O silêncio de Tarcísio após o anúncio apenas reforçou essa percepção.

Uma liderança do Centrão foi direta ao avaliar o estrago provocado pela movimentação: “O Bolsonaro vem e destrói o castelinho de cartas dele. Todo mundo está achando que o Tarcísio é o bobo da corte”, afirmou, enfatizando a frustração com a incapacidade do governador de reagir publicamente.

Outro dirigente descreveu a situação como “humilhante”, sobretudo porque, nos últimos meses, Tarcísio vinha se comportando nos bastidores como candidato a presidente. Em reuniões com banqueiros e conversas com líderes regionais, falava de conjuntura nacional e articulava alianças. “Era como se ele estivesse no comando, costurando tudo”, disse a fonte.

<><> Um político submisso

Um terceiro interlocutor acrescentou que Tarcísio até teria votos para derrotar o presidente Lula em 2026, mas não dispõe de comando político. “As pessoas jogaram três meses de conversa fora e agora percebem que ele não tem liderança alguma, é submisso mesmo.”

Entre apoiadores do governador, cresce a avaliação de que a tentativa da família Bolsonaro de reduzi-lo politicamente é um erro estratégico. Segundo um dirigente próximo a Tarcísio, ele é o único nome da direita com reais condições de vencer Lula — como indicou o Datafolha — e, eleito, poderia até anistiar Bolsonaro. Para esse grupo, a tendência é que Flávio recue, já que não haveria apoio consolidado nem disposição para abrir mão de um mandato de oito anos no Senado.

Mesmo que o recuo ocorra, líderes lembram que o simples fato de Flávio Bolsonaro se manter como pré-candidato pelos próximos meses já prejudica Tarcísio. “Acaba com o palanque dele nos estados”, avaliou um dirigente, destacando que governadores e líderes regionais não vão esperar indefinidamente para saber se Tarcísio terá ou não o apoio da família.

•        Tarcísio diz a aliados que não vai participar da campanha de Flávio Bolsonaro

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), indicou a interlocutores que não pretende participar da campanha presidencial do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em 2026. A movimentação ocorre em meio à tentativa da direita de consolidar um nome competitivo para o pleito do próximo ano. Segundo o UOL, Tarcísio reiterou a aliados sua decisão de não assumir papel de destaque na articulação eleitoral da candidatura escolhida por Jair Bolsonaro (PL).

<><> Pressão por unidade na centro-direita

O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, afirmou nesta segunda-feira (8) que o PL não deveria conduzir sozinho a definição do candidato da centro-direita. “Essa decisão deve ser construída para que consigamos unificar todo o campo político da centro-direita porque senão nós não vamos ganhar a eleição. E, já tinha externado, que os dois que poderiam unificar essa chapa são Tarcísio e Ratinho”, disse.

<><> Resistência familiar e estilo pessoal

Segundo correligionários, Tarcísio tem dito que sua família é contrária à possibilidade de ele disputar o Palácio do Planalto. O governador também reforçou que seu perfil difere do de políticos tradicionais e que não costuma frequentar eventos partidários com assiduidade. Aos fins de semana, afirmou preferir dedicar seu tempo à mulher e aos filhos.

<><> Divergência com discurso de Flávio Bolsonaro

A postura do governador contrasta com a declaração dada por Flávio Bolsonaro no sábado (6). Dois dias após ser anunciado como o escolhido do pai para disputar a Presidência, o senador afirmou que Tarcísio seria “o principal cara do nosso time hoje” na corrida eleitoral.

Ontem, Tarcísio confirmou ter se reunido com o senador na sexta-feira e destacou sua fidelidade a Jair Bolsonaro. Segundo ele, “ele disse, o Flávio, da escolha que o Bolsonaro fez pelo nome dele. O Flávio vai contar com a gente. Flávio tem uma grande responsabilidade a partir de agora”.

<><> Outros nomes da direita para a disputa

Tarcísio também indicou que a direita possui diversas alternativas para 2026. Ele citou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Tarcísio acrescentou que novos nomes devem surgir, entre eles o governador do Paraná, Ratinho Jr. “Todos extremamente qualificados”, afirmou.

 

Fonte: Brasil 247

 

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