Emir
Sader: Um 4º mandato do Lula, para quê?
Parece
mais provável a reeleição do Lula do que a eleição de um Congresso menos ruim
que este, o pior da história. O apoio ao Lula, mesmo nas pesquisas dirigidas
contra ele, aumentou desde o tarifaço, enquanto a direita está cada vez mais
enrolada para ter um candidato.
Dá a
impressão de que estão resignados com a reeleição do Lula. Tarciso, seu
queridinho, além dos erros que comete, entre os quais a fidelidade canina ao
Bolsonaro, hesita entre ser candidato para perder e ficar como o provável
candidato para 2030, mas ficar sem o governo de São Paulo e sem mandato. Ou
buscar a reeleição, ficar como governador de São Paulo em 2030, mas, ainda
assim, ter que lutar contra a provável candidatura de Alckmin.
A
direita parece concentrar-se nas eleições parlamentares, para manter os
obstáculos e as negociações com um eventual quarto mandato do Lula. Sem
lideranças nacionais, prefere se concentrar no que é sua especialidade:
eleições parlamentares.O provável cenário é o de um quarto mandato do Lula,
talvez com um Congresso menos pior que o atual – pior que este seria
impossível. Trazendo para mais próximo setores do próprio centrão, que tem
sempre dificuldades de ficar fora ou longe do governo. E cujos candidatos ao
Congresso precisam do apoio do Lula nos seus estados, onde o prestígio do
presidente é alto.
O
melhor cenário para o Lula seria esse: uma melhor eleição parlamentar e
condições mais favoráveis de negociação com o Congresso. Porque ele terá não
apenas que dar continuidade às políticas atuais do governo, como teria que
avançar para quebrar a força do capital especulativo na economia, impondo ao
país um novo ciclo longo expansivo da economia.
As
eleições estaduais também pesarão no cenário futuro do país. Dá a impressão de
que não se repetirão as eleições anteriores. Em estados importantes como o Rio
de Janeiro e o Rio Grande do Sul, pelo menos, as perspectivas de eleição de
candidatos favoráveis ao governo parecem prováveis, o que já romperia com o
isolamento atual em relação ao governo federal.Lula precisa de novas bandeiras,
além das atuais, como a do imposto de renda, que funciona muito bem. Uma seria
o fim do analfabetismo no Brasil, transformar o país em um território livre do
analfabetismo, condição para que milhões de brasileiros se transformassem
realmente em cidadãos. Sem o acesso mínimo à leitura e à escrita, isto é
impossível. Uma grande mobilização de estudantes para campanhas nacionais de
alfabetização, valendo-se da adaptação dos métodos de Paulo Freire, seria uma
bandeira nova e importante.
Um novo
ciclo de crescimento econômico, por sua vez, exige um novo PAC, um novo projeto
de expansão da economia, com grandes obras em áreas ainda carentes do país.Em
suma, o grande tema de debate para a esquerda deveria ser o quarto mandato do
Lula e o futuro do Brasil. A superação definitiva do neoliberalismo e a
passagem para um pós-neoliberalismo, um novo ciclo de expansão persistente da
economia. O que supõe, por sua vez, uma mudança na política de juros altos do
Banco Central, um entrave para um novo ciclo expansivo da economia.
Uma
campanha presidencial que, além disso, teria que servir para as mobilizações
populares, de que carece hoje a esquerda brasileira. Provavelmente com a
mobilização dos setores mais jovens da população, chegando a eles, como
propostas e com linguagem mais adequada.
Em
suma, 2026 tem desafios enormes, mas, ao mesmo tempo, excelentes perspectivas,
com um provável quarto mandato do Lula. Temos que fazer, desde já, um processo
de campanha presidencial e parlamentar, à altura dos grandes desafios que temos
pela frente.
• Lula anuncia para 2026 “prestação de
contas” aos brasileiros: “a hora da verdade”
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (9) que o
governo fará, no início de 2026, uma grande apresentação pública dos resultados
alcançados desde o início da atual gestão. As declarações foram dadas durante a
cerimônia que regulamentou as novas regras da Carteira Nacional de Habilitação
(CNH).
Durante
o discurso, o presidente destacou que os três primeiros anos de mandato foram
dedicados a reconstruir políticas públicas, desmontadas ou paralisadas
anteriormente, e ressaltou que pretende expor à sociedade um balanço
transparente desse processo. Segundo ele, essa apresentação marcará “a hora da
verdade” sobre o que foi realizado no país desde 2023, conforme noticiado
oficialmente pelo governo.
Lula
afirmou que o governo passou “dois anos preparando a terra” antes de iniciar a
fase de colheita de resultados. “Ainda não completamos três anos de governo e
vamos, no começo do ano, prestar contas à sociedade do que aconteceu neste
país”, disse. O presidente argumentou que a iniciativa servirá para desmontar
informações falsas disseminadas ao longo dos últimos anos. “É preciso
desbaratinar a quantidade de mentiras que foi contada neste país, a quantidade
de coisas que não aconteceram, para que a gente possa mostrar o que foi a
dificuldade de recolocar o Brasil no patamar que ele está hoje”, afirmou.
Ao
retomar o tema da fome, Lula lembrou que o Brasil havia deixado o Mapa da Fome
em 2014 e retornou a ele antes de sua posse em 2023. Ele destacou que, em dois
anos e meio, o país voltou a ser retirado da lista da FAO. “Uma coisa que digo
sempre é que a palavra ‘governar’ não é correta para todo mundo. No fundo, a
palavra correta é que nós somos ‘cuidadores’”, declarou, ao defender a
centralidade das políticas voltadas à população mais vulnerável.
O
presidente também citou o impacto social das mudanças na CNH, ressaltando que,
por muitos anos, milhões de brasileiros trabalharam com motocicletas sem
condições de regularização. “Nós fazemos parte da geração que tirou os jumentos
das ruas desse país para colocar as motos. Na medida em que o Estado não
ofereceu o passo seguinte, que era legalizar a moto, o pessoal viveu na
clandestinidade”, disse. Ele destacou que o alto custo para obter a habilitação
obrigava trabalhadores a escolher entre regularizar o veículo ou garantir
alimentação. “Se custava R$ 4 mil, quem é que tem R$ 4 mil? O povo não tem
emenda parlamentar”, afirmou.
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Nova CNH: barateamento, digitalização e inclusão
A
resolução aprovada na semana passada simplifica o processo de obtenção da CNH,
reduz burocracias e permite uma queda de até 80% no custo total. As medidas
incluem curso teórico gratuito e totalmente digital, flexibilização das aulas
práticas e possibilidade de preparação com instrutores autônomos credenciados
pelos Detrans.
Segundo
a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), 20 milhões de brasileiros dirigem
sem habilitação, enquanto outros 30 milhões têm idade para emitir o documento,
mas não conseguem arcar com os custos — que podem ultrapassar R$ 5 mil. A nova
regulamentação pretende alcançar esse contingente historicamente excluído.
O
ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que o objetivo é promover
inclusão produtiva e ampliar oportunidades de trabalho. “O Brasil tem milhões
de pessoas que querem dirigir, mas não conseguem pagar. Baratear e
desburocratizar a obtenção da CNH é uma política de inclusão produtiva, porque
habilitação significa trabalho, renda e autonomia”, disse. Para ele, o novo
modelo mantém o rigor necessário. “As aulas, por si só, não garantem que alguém
esteja apto a dirigir. O que garante é a prova.”
Renan
destacou ainda que o sistema se aproxima de padrões internacionais adotados em
Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, onde o foco é a avaliação final, e não a
carga de aulas.
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Principais mudanças na regulamentação
• Curso teórico gratuito e digital:
conteúdo on-line disponibilizado pelo governo; quem preferir poderá estudar
presencialmente.
• Apenas 2 horas mínimas de aula prática:
a exigência anterior de 20 horas deixa de existir.
• Opções ampliadas de preparação:
autoescolas, instrutores autônomos credenciados ou modelos personalizados.
• Instrutores autônomos regulados pelos
Detrans: fiscalização e identificação integradas à Carteira Digital de
Trânsito.
• Processos mais simples: etapas
obrigatórias presenciais ficam restritas à biometria e ao exame médico; o
restante poderá ser feito digitalmente.
• Categorias C, D e E incluídas:
motoristas profissionais terão mais opções de formação e menos burocracia.
O
governo destaca que a prioridade continua sendo a segurança no trânsito. As
mudanças devem beneficiar jovens sem recursos para iniciar o processo,
trabalhadores que dependem da habilitação para obter emprego, moradores de
áreas remotas e profissionais que buscam migrar para categorias superiores.
As
novas regras fazem parte do pacote de medidas que, segundo Lula, integrarão a
prestação de contas prevista para o início de 2026 — momento em que o governo
pretende apresentar, de forma consolidada, os resultados alcançados ao longo da
gestão.
• Lula alerta para voto consciente em 2026
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta segunda-feira (8), da
14ª Conferência Nacional de Assistência Social, realizada no Centro de
Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
Durante
o discurso, Lula fez um balanço histórico da construção do SUAS e afirmou que o
sistema enfrentou forte desmonte a partir de 2018. Ele declarou: “vocês sabem o
quanto foi difícil a gente construir o SUAS” e acrescentou que “destruir é
muito fácil, construir é muito difícil”.
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Lula vincula futuro do SUAS às eleições de 2026
Ao
tratar do cenário político, o presidente afirmou que a continuidade das
políticas sociais depende diretamente do resultado das próximas eleições.
“Depende da qualidade dos deputados, das deputadas, dos senadores, dos
governadores e do presidente da República que vocês elegerem”, disse.
Lula
reforçou o alerta com a metáfora: “nunca deu certo colocar raposa para tomar
conta de galinheiro”.
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Defesa das políticas sociais
Lula
abordou críticas frequentes a programas de transferência de renda, lembrando
ataques ao Bolsa Família nos primeiros anos do programa. Segundo ele, “ninguém
gosta de viver de favor” e a garantia de direitos básicos é essencial. Ele
acrescentou: “quando é que uma pessoa quer trabalhar? Pague um salário decente
e melhore a jornada de trabalho”.
O
presidente afirmou que políticas como o Bolsa Família e o Benefício de
Prestação Continuada têm como objetivo minimizar o sofrimento social e garantir
condições mínimas de sobrevivência.
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Reconstrução da assistência social
Lula
afirmou que o país ainda enfrenta desigualdade elevada, mesmo com medidas
recentes de alívio tributário, e defendeu o fortalecimento institucional da
assistência social. Ele disse que o SUAS “possivelmente seja das coisas mais
importantes que nós criamos” e defendeu estudar alternativas para garantir
orçamento permanente ao sistema.
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Violência contra a mulher
O
presidente também abordou a escalada de casos de feminicídio no país. Ele
declarou que o enfrentamento da violência doméstica “é uma responsabilidade
nossa, dos homens” e criticou a naturalização das agressões. Lula relatou
episódios recentes noticiados pela imprensa e afirmou: “nenhum homem tem o
direito de levantar a mão para dar um tapa na mulher”.
Ele
disse que pretende convocar uma reunião com representantes dos Poderes e
setores sociais para organizar um mutirão nacional de conscientização e
educação voltado ao combate à violência.
Fonte:
Brasil 247

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