O
continente africano é a fronteira a ser conquistada pela conectividade
A
facilidade de acesso à internet por meio de redes sem fio, bem como a
praticidade de armazenar e acessar dados em qualquer lugar por meio da nuvem (cloud
computing) nos remete à falsa ideia de que são os satélites que provêm o
acesso à internet. Contudo, mais de quinhentos cabos submarinos de fibra óptica
conectam países e continentes, suportando essa infraestrutura. Atualmente, 99%
dos dados são transmitidos no ciberespaço por meio desses cabos. Além de nossas
mensagens, comunicações sigilosas de governos também trafegam por essa rede
submarina, e por onde US$ 10 trilhões são transferidos em transações
financeiras diariamente.
Da
comunicação ao entretenimento, passando pelas finanças e as questões
relacionadas à defesa, as sociedades são cada vez mais dependentes do
ciberespaço. Essas transmissões viajam em velocidades de milissegundos por
entre os abismos submarinos. No leito dos oceanos, cabos de fibra óptica em
distâncias que podem variar entre 4 mil e 8 mil metros de profundidade, são,
também, um dos vetores da inovação e um elemento necessário para o alcance e
sucesso da economia digital.
No
livro The Undersea Network, Nicole Starosielski diz que as rotas de
cabos foram moldadas pela política territorial e que os laços políticos
estabelecidos facilitaram o desenvolvimento da comunicação internacional.[1] No
entanto, nos últimos anos, a relevância cada vez maior do domínio cibernético e
o aumento do acesso à internet nos países do Sul Global transformaram a rede
submarina em um campo de competição geopolítica, especialmente entre China e
Estados Unidos. Além disso, a inversão nas propriedades dos cabos, a partir dos
anos 2000, transformou empresas de tecnologia como Google, Meta, Microsoft e
Amazon em proprietários ou sócios de consórcios de cerca de 66% dessas
infraestruturas globais.
De acordo com dados do International
Telecommunication Union (ITU), apenas 36% dos africanos têm acesso à
internet, uma taxa significativamente inferior à média mundial de 75%. Contudo,
essa ordem se inverte quando falamos da construção de cabos submarinos no
continente africano. Segundo dados da consultoria
especializada TeleGeography, a África se consolidou como o mercado de crescimento
mais rápido do mundo para conectividade internacional. Entre 2019 e 2023, a
capacidade de largura de banda do continente cresceu a uma taxa anual composta
de 44%, superando todas as outras regiões globais. Esse crescimento foi
impulsionado por um ciclo de investimento estimado em torno de US$ 13 bilhões,
entre 2019 e 2023, em novos sistemas de cabos submarinos, como o 2Africa
(construído pela Meta) e o Equiano (de propriedade do Google), que visam atender a uma demanda
reprimida que cresce mais rápido do que em qualquer outro continente.
Nesse
cenário, a construção de cabos submarinos no continente africano se torna o
palco de um novo jogo de poder que coloca a conectividade no topo dessa
disputa. Desde 2012, quando impediu a HMN Tech (anteriormente chamada Huawei
Marine Networks) de fazer a manutenção de um cabo que conecta Estados Unidos e
Canadá a Londres, a Casa Branca busca dificultar a instalação e operação de
novos cabos por empresas chinesas, alegando questões de defesa nacional.
Contudo, após ser proibida de operar em território estadunidense, a estratégia
chinesa concentrou-se no Sul Global, onde o desejo por conexões alternativas
aos Estados Unidos é crescente desde as revelações de Edward Snowden sobre a
espionagem de Washington em 2013.
O
Brasil, envolvido nos episódios da espionagem e que dependia totalmente da
infraestrutura dos Estados Unidos para acessar a internet, decidiu ampliar suas
conexões, voltando-se para o Sul Global. Nesse contexto, em 2018, foi
construído o cabo SACS (South Atlantic Cable System), interligando o Brasil e
Angola e tornando-se o primeiro cabo sul-sul entre a África e a América do Sul
(a japonesa NEC foi a empresa escolhida para o projeto, superando a chinesa HMN
Tech na disputa). Contudo, a HMN Tech retomou o avanço em 2020, ao construir o
cabo SAIL (South Atlantic Inter Link), uma segunda conexão sul-sul entre o
Brasil e Camarões. O SAIL, com 5.800 km, interligando diretamente a África à
América Latina sem passar pelos Estados Unidos e Europa, reduziu drasticamente
a latência sul-sul, tornando-se um grande marco técnico para a empresa chinesa.
Segundo
Jonathan E. Hillman, autor do livro Rota da Seda Digital,[2] a
construção do cabo SAIL, foi o grande marco técnico da HMN Tech, até aquele
momento. Além disso, o autor considera que o SAIL estabelece um novo componente
estratégico, pois agora, por meio da América do Sul, a China detém uma rota
conectada diretamente à infraestrutura de internet que passa pelos Estados
Unidos.
Neste
sentido, o cabo PEACE é outro marco tecnológico e geopolítico da China.
Construído em 2022, a infraestrutura de 25 mil km conecta Ásia, Oriente Médio,
África e Europa. Os Estados Unidos trabalharam para impedir que o cabo chegasse
até o porto de Marselha, na França, alegando que poderiam estar expostos à
espionagem chinesa. Nesse sentido, os cabos chineses aterrados em locais
estratégicos como no Djibuti representam um desafio significativo para a
transmissão de dados de defesa. Os Estados Unidos possuem uma rede de cabos
exclusiva para uso militar na região, no entanto, são dependentes da iniciativa
privada para o envio desses dados, que podem acabar passando pelos centros de
dados chineses instalados na região. Segundo Hillman, os países dependem cada
vez mais de cabos submarinos para a execução de suas operações militares.
O
interesse da China na África faz parte do seu projeto da Rota da Seda Digital
(Digital Silk Road – DSR), voltado para a conectividade global por meio da
expansão de cabos submarinos, redes 5G e data centers, visando a
coleta de dados e o estabelecimento de seus padrões tecnológicos. É importante
notar que a DSR é o braço de tecnologia e infraestrutura de comunicação da
massiva iniciativa global chinesa Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative –
BRI), que busca integrar economicamente países por meio de projetos de
infraestrutura. Nesse contexto, a África possui pontos estratégicos cruciais
para a internet. O Egito, por exemplo, oferece a rota mais curta para cabos
entre Ásia e Europa, conectando-se também à África e ao Oriente Médio. Dados do think tank Center
for Strategic and International Studies (CSIS) consolidam o
país como um ponto de estrangulamento global (choke point) para os
sistemas de cabos submarinos, sendo responsável por cerca de 17% do tráfego
global. Além disso, 90% das comunicações Ásia-Europa passam pelos cabos que
aterrissam no Egito.
Enquanto
a China busca expandir sua conectividade interligando países do Sul Global, os
Estados Unidos, que não possuem cabos conectados à África, trabalham para
impedir o avanço das redes chinesas no continente. Em 2020, por exemplo, a HMN
Tech apresentou o melhor projeto para o SeaMeWe-6 – um cabo de 21 mil km
ligando Singapura à França, que seria o maior da empresa. No entanto, a Casa
Branca, preocupada com a possibilidade de espionagem, usou sua influência para
transferir o contrato para a estadunidense SubCom. Além disso, o país, por meio
da FCC (Federal Communications Commission), passou a impedir a conexão de cabos
com Hong Kong, bem como a exigir uma análise rigorosa de segurança
(securitização) para aceitar novas conexões em seu território.
Nesse
cenário de competição pela conectividade, fundamental para a economia digital,
o avanço da inteligência artificial e a defesa, os países buscam evitar a
espionagem e a coleta de dados pelos adversários. Dessa forma, os novos cabos
construídos pela China, ao evitarem zonas de influência estadunidense e
estabelecerem seus próprios caminhos para a rede global, podem se tornar um
problema em caso de aumento da polarização entre China e Estados Unidos. Isso
porque os países poderão ser obrigados a escolher qual caminho utilizar para a
internet, o que pode levar à negação de acesso por determinadas redes, no
fenômeno chamado de “fragmentação da internet”.
Por
causa da sua necessidade de conexão, a África é indiferente com essa disputa e
emerge como um ator com poder de barganha crescente ao ser um polo de
investimento para a infraestrutura de conectividade global. Por outro lado,
além do continente possuir os pontos de estrangulamento mais importantes do
planeta, como os já mencionados Djibuti e o Egito, que são vitais para a
conectividade regional, possui uma grande quantidade empresas estatais de
telecomunicações que fazem parte dos consórcios dos maiores cabos que
aterrissam no continente, como a Telecom Egypt, que participa de grandes
projetos como o 2Africa, entre outros que conectam Ásia, Europa e África.
No
Brasil, o mercado de cabos é majoritariamente privado, com o Ministério da
Comunicações e a Anatel atuando na regulação, mas não na operação dessas
infraestruturas. Para se ter um exemplo, a Angola Telecom, uma empresa estatal
angolana, é a principal acionista do consórcio Angola Cables, responsável pelo
cabo SACS, demonstrando o envolvimento de uma estatal africana na
infraestrutura sul-americana. Outros exemplos da América do Sul são a empresa
estatal chilena Desarrollo País que, em parceria com o Google e outras
privadas, está construindo o projeto do cabo Humboldt, que vai conectar o
continente à região Ásia-Pacífico. O Uruguai, com a operadora estatal Antel,
foi parceiro no projeto do cabo Tannat, que liga o Brasil ao Uruguai e à
Argentina e foi construído pelo Google e Telxius. Existem exemplos de Venezuela
e Equador, contudo, são as empresas privadas e gigantes da tecnologia, como
Google e Meta, que são os principais impulsionadores da instalação de novos
cabos na região.
Diante
do cenário de intensa polarização e competição geopolítica submarina entre
China e Estados Unidos, o continente africano emerge como um polo de
investimento crucial para a conectividade global. Apesar dos desafios
persistentes para a universalização da internet em seu território, a África tem
sido o destino dos maiores aportes financeiros em novos sistemas de cabos nos
últimos anos. Essa centralidade impõe ao Brasil a necessidade estratégica de
consolidar e expandir suas conexões para além da tradicional dependência do
eixo Norte Global, priorizando rotas diretas com o Sul Global.
Neste
sentido, a busca por uma maior autonomia digital demanda ações concretas no
âmbito da política e da legislação. O debate sobre o status dos cabos
submarinos como infraestrutura crítica – algo ainda não explícito na legislação
brasileira – torna-se urgente. A aprovação de políticas específicas, como
o Projeto de Lei nº 270/2025 que
institui a Política Nacional de Infraestruturas de Cabos Subaquáticos (PNICS), atualmente
paralisado na Câmara dos Deputados, e a consideração da Tomada de Subsídios do Ministério das
Comunicações sobre
o tema, são passos fundamentais para organizar e proteger o setor.
Em
última análise, as oportunidades do Brasil não se limitam apenas ao
estabelecimento de novas conexões com a África. A vulnerabilidade exposta pela
espionagem e a crescente privatização dessas redes, majoritariamente nas mãos
de big techs, levantam a questão do controle. Para evitar ser
forçado a escolher um lado na crescente polarização e o risco de uma
“fragmentação da internet”, o Brasil pode e deve considerar um maior controle
estatal ou uma participação mais ativa na governança dessas infraestruturas,
garantindo a soberania e a segurança de sua economia digital.
¨
O discurso anti-somali de Trump representa um novo e
chocante nível de baixeza. Por Moira Donegan
Na
semana passada, enquanto agentes do ICE invadiam Minneapolis e St. Paul, as
Cidades Gêmeas de Minnesota, e membros das comunidades migrantes se refugiavam
na clandestinidade, Donald Trump desencadeou uma onda de intolerância
contra a população somali da região, num momento de virulência chocantemente
racista, mesmo para os seus baixos padrões. Animando-se no final de uma reunião
de gabinete televisionada em 2 de dezembro, durante a qual por vezes pareceu
lutar para se manter acordado, o presidente menosprezou os imigrantes somalis,
muitos dos quais refugiados do longo conflito civil do país, chamando-os de
ingratos e inadequados para residir nos Estados Unidos.
“Não os
quero no nosso país”, disse Trump sobre os
somalis étnicos, cerca de 80 mil dos quais vivem na região de Minneapolis. “O
país deles não presta por um motivo.” Os comentários ecoaram publicações
recentes do influente conselheiro do presidente, Stephen Miller, que assumiu
grande parte da responsabilidade pela política de imigração. Referindo-se ao
que chamou de “a mentira da imigração em massa” em uma publicação de 27 de novembro no X , Miller
questionou a possibilidade de assimilação e sugeriu que imigrantes de países
problemáticos contaminariam os Estados Unidos com uma espécie de incapacidade
genética ou ontológica para a governança democrática. “Em grande escala, os
migrantes e seus descendentes representam as condições e os horrores de suas
pátrias destruídas”, escreveu Miller.
Na
reunião de gabinete, Trump passou a menosprezar especificamente a deputada
Ilhan Omar, de Minnesota, que chegou aos EUA ainda criança como refugiada da
Somália e se tornou cidadã há mais de 25 anos. Ao falar de Omar e de pessoas
como ela, Trump se referiu aos imigrantes
somalis como "lixo" e sugeriu que eles não eram adequados para a
América. "Vamos seguir o caminho errado se continuarmos aceitando lixo em
nosso país."
“Essas
são pessoas”, disse o presidente , “que não
fazem nada além de reclamar… Quando vêm do inferno e reclamam e não fazem nada
além de resmungar, não as queremos em seu país. Que voltem para de onde vieram
e resolvam seus problemas”, disse Trump. Ele acrescentou ,
incorretamente, que “essas não são pessoas que trabalham”. JD Vance batia na mesa com um
entusiasmo quase infantil enquanto Trump proferia seu discurso preconceituoso.
Em um comício na terça-feira na Pensilvânia, o presidente continuou sua
diatribe, dizendo sobre Omar : “Deveríamos
expulsá-la daqui”.
Trump
sempre foi abertamente racista, menosprezando imigrantes negros em particular
com termos sarcásticos e frequentemente vulgares. Durante seu primeiro mandato,
ele afirmou que os Estados Unidos não deveriam aceitar imigrantes do que chamou
de "países de merda" – referindo-se ao Haiti e a algumas nações
africanas – e disse que preferiria receber imigrantes da Noruega,
declarações das quais se vangloriou no comício de
terça-feira. Em seu segundo mandato, seu governo reorientou radicalmente a
política americana de reassentamento de refugiados, fechando as portas do país
para pessoas deslocadas de lugares como a Somália e dando preferência, entre o
número bastante reduzido de vagas para refugiados, a africânderes brancos.
Para a
comunidade somali-americana em Minnesota, a repressão tem sido devastadora. O
ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos) tem como alvo imigrantes somalis na
região; relatos sugerem que muitos na
comunidade têm medo de sair de casa, o que significa que os negócios locais estão sofrendo.
Apesar
de toda a seriedade de sua retórica e ações, o ataque racista de Trump pode ser
mais um sinal de sua fraqueza. Trump frequentemente recorre ao racismo em
momentos de fragilidade política, como nos últimos meses, após notícias
econômicas persistentemente ruins, a divulgação repetida de novas informações
de documentos antes confidenciais que evidenciam sua antiga proximidade com o
falecido traficante sexual de menores Jeffrey Epstein, e o surgimento de
fissuras em sua própria coalizão, à medida que alianças se desfazem e
subordinados ambiciosos começam a calcular a melhor forma de garantir seu
futuro após o fim de seu mandato.
Em
tempos políticos tão turbulentos para Trump, o ressentimento supremacista
branco, o sentimento xenófobo e os esforços para mobilizar sua base contra um
inimigo comum têm sido uma estratégia comprovada. Mas talvez estejam produzindo
resultados cada vez menores. Enquanto antes – talvez no início da trajetória de
Trump na vanguarda da política nacional – tais comentários racistas poderiam
ter provocado um ciclo de notícias de indignação liberal que servia para
alimentar conflitos internos e satisfazer o ego da direita, agora, uma década
após o início do trumpismo, os comentários racistas do presidente perderam
parte de sua novidade. Até mesmo Ilhan Omar, alvo da ira de Trump e que
enfrentou sérias ameaças à sua segurança após alguns de seus comentários no passado,
pareceu pouco impressionada. Respondendo à diatribe de Trump em uma postagem nas redes sociais , ela disse:
"Espero que ele receba a ajuda de que tanto precisa".
O ódio
parece ser tudo o que o presidente tem a oferecer aos seus eleitores. Com sua
popularidade em queda livre, a economia ainda cambaleando e sua própria
eficácia diminuindo, ele está recorrendo à fonte de intolerância e
ressentimento que impulsionou seus sucessos anteriores. Ao fazer isso, ele
infligirá indignidade e sofrimento a pessoas inocentes; como sempre faz. Mas
essa profunda fonte de raiva popular da classe trabalhadora branca, que serviu
tão bem a Trump no passado, parece estar secando. Cada vez mais, é o próprio
Trump que as pessoas estão com raiva.
¨
Eleições em Guiné-Bissau: autogolpe visa impedir vitória
da oposição, denunciam entidades
O
Núcleo Internacional da Diáspora Guineense e organizações da sociedade civil
acabam de divulgar uma nota denunciando um autogolpe em Guiné-Bissau. Segundo o
texto, a manobra do presidente cessante, Umaro Sissoco Embaló, visa impedir o
reconhecimento da oposição como vencedora das eleições ocorridas em 23 de
novembro. Os resultados preliminares davam vantagem expressiva a Fernando Dias
da Costa em nove das dez regiões eleitorais.
Então,
em 26 de novembro, véspera da divulgação oficial dos resultados, militares
ligados a Embaló anunciaram a tomada do controle do país, localizado na costa
atlântica ocidental da África, “suspendendo o funcionamento de instituições,
interrompendo o processo eleitoral e declarando medidas de exceção”, afirma a
declaração.
Anteriormente,
para meios internacionais, Embaló alegou ter sido sequestrado por esses mesmos
militares, os quais, por sua vez, afirmaram ter encontrado “armamento de
guerra, um ‘plano de manipulação’ do processo eleitoral […] e tentativas de
subversão da ordem”. As entidades destacam, porém, que não foram apresentadas
evidências para as acusações.
Organizações
internacionais, incluindo a Comunidade Econômica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO), a União Africana (UA), a União
Europeia (UE) e as Organizações das Nações Unidas (ONU), condenaram o suposto
golpe alegado por Embaló. Em 1º de dezembro, a CEDEAO se reuniu com as forças
no poder, mas a tensão social e institucional continuou se agravando. Um dia depois,
um representante da Comissão Nacional de Eleições (CNE), sob possível ameaça
dos militares, declarou como improcedente o processo eleitoral em curso, também
sem justificativas sólidas.
A nota
do Núcleo Internacional da Diáspora Guineense ressalta que a ação dos militares
vai na contramão da Constituição da República da Guiné-Bissau e que “a
interrupção do trabalho da CNE e a retenção de documentação eleitoral, sem um
processo jurisdicional competente, lesa o direito ao sufrágio e a integridade
do processo”. Além disso, a articulação militar ecoa o passado
de instabilidade política no país, onde “sucessivos golpes, tentativas de golpe
e episódios de violência política foram frequentes nas décadas de 1980, 1990,
2000, 2009 e 2012”, acrescenta o documento.
Diante
desse cenário, as entidades exigem a publicação imediata dos resultados, a
libertação dos presos políticos e o afastamento do autointitulado comando
militar, afirmando que o país chegou ao limite entre paz e ruptura.
Fonte:
Por Cícero Araujo Lisboa, no Le Monde/The Guardian/Diálogos do Sul Global

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