terça-feira, 30 de novembro de 2010

QUANTO MAIS CONHEÇO OS HOMENS...


Há um ditado muito conhecido e passado pelos mais antigos que diz: “Quanto mais conheço os homens, mais admiro os cachorros”.
Conclui-se, analisando o conteúdo desta frase, ser uma afirmação que atinge o homem no seu âmago, diante da percepção de quanto somos mesquinhos, levando-nos a admirar os cães. Via de regra, enquanto o animal nos retribui com carinho o bem ou até o mal que lhes façamos o homem ao contrário, é muito comum retribuir com ingratidão a mão estendida.
A situação chegou a tal extremo, que leva-nos a acreditar que o ser humano dorme e acorda, pensando e maquinando planos de maldade, vinganças ou até mesmo estudando meios e métodos de como passar a perna em seu semelhante, utilizando-se da máxima, que é preciso levar vantagem em tudo e todos os seus atos praticados visam alcançar este objetivo, tratando os demais como “otários”.
E porque estamos abordando este tema. É que mal se passaram as eleições, nem sequer os vencedores foram diplomados e já se assiste muitos eleitores se dizerem decepcionados pelo voto que deram em razão da postura apresentada por alguns, hoje bem diferente do período eleitoral.
Quem esperava ouvir nos tempos atuais, que alguém ousaria ressuscitar a famigerada CPMF, que à época foi crida para financiar a saúde e que serviu para tudo menos para a finalidade para que foi estabelecida.
Lembremos ainda, que há os recursos das loterias, são bilhões jogados anualmente, que o brasileiro não sabe para onde se destina. Porque os governadores não brigam por este dinheiro para financiar a saúde? E a famigerada CIDE, imposto embutido todo vez que você abastece o veículo que dizem ter a finalidade de conservar as nossas rodovias. Será mesmo este seu destino? Então porque as nossas rodovias em sua grande maioria têm mais buracos que a lua com suas crateras? E como fica nos trechos privatizados? Haverá a isenção do tal imposto?
É bom que fique esclarecido: o problema da saúde pública do Brasil não é falta de recursos, senão não haveria tanto desvios de dinheiro e políticos acusados, mas sim de incompetência na sua gestão e pela ingerência política na sua administração. E digo por conhecimento de causa.
Quem acreditava que mesmos ainda não diplomados, os nossos “humildes parlamentares” já brigam pelo aumento dos próprios salários, quando a classe trabalhadora é esmagada com um dos piores salários mínimos do planeta, os idosos vêem seus parcos proventos da aposentadoria a cada ano achatar, e eles coitadinhos “humildes e pobretões”, parlamentares dos mais bem pagos do mundo, diante de tantas mordomias que usufruem pelo pouco serviço que prestam à sociedade, estão em luta na busca de aumento dos seus salários. E logo agora que a nova(velha) equipe econômica antes de assumir já fala em cortar os gastos com custeio, congelar salários dos servidores públicos, para a alegria dos governadores e prefeitos, e por aí vai.
Quem imaginaria os nossos distintos governadores ainda candidato afirmando em campanha ser contra a PEC 300 ou mesmo de aumento do funcionalismo público? Você imaginaria governador eleito pelo PT se unindo ao PSDB para derrotar conquistas de trabalhadores? È o que ocorre atualmente, entre o governador reeleito da Bahia e os eleitos pelo PSDB e DEM.
Quem diria que um governador do PT seria contra os trabalhadores?
E olha que existem Estados atravessando um período de guerra civil, inclusive a Bahia.
E por falar em Bahia, seria bom que o governador equipasse bem a sua polícia, pois este será o Estado que com certeza uma das rotas preferidas pelas quadrilhas de traficantes que serão expulsas do Rio de Janeiro, como já vem ocorrendo. A Bahia que paga um dos piores salários aos seus servidores e possui uma das policias mais mal equipadas e desestimuladas, por não confiar no governador que possui, apesar de reeleito.
Hoje, que já alcançaram os seus objetivos eleitoreiros, e de cima do pedestal em que se encontram aboletados, os nossos bravos e patriotas políticos mostram a verdadeira face, destilando mesquinhez e maldades, cujos gestos parecem demonstrar ser um ato de vingança pelos votos obtidos.
Infelizmente esta tem sido a cada eleição a característica e o comportamento dos nossos políticos. E o pior, como masoquistas que somos, a cada pleito eleitoral ainda nos deixamos enganar por estes espertalhões, formados na academia da mentira, do engodo e da malandragem, que não tem em seu vocabulário a verdade como meta a ser perseguida e só sabem conjugar o verbo traição. Aliás, de traidores a história brasileira está recheada, porém àquela época todos sabem o destino que tiveram. Se fosse nos tempos atuais a Justiça estaria ao eu lado, como está do lado dos malandros e espertalhões do colarinho branco.
Apenas para se ter uma idéia, os maiores trambiqueiros, encontram-se incluídos como fichas suja, mas, mesmo diante da nova lei, os partidos mantiveram as suas candidaturas e até brigaram e ainda brigam por elas, por serem estes políticos por incrível que pareça, puxadores de votos para sua legenda. Ou seja, o marginal é pego com mão na butija, é assumidamente malandro e desonesto, mas o partido dele se socorre para eleger uma bancada. São coisas que só acontecem em nosso País.
Infelizmente, este comportamento tem igualado a todos, sendo tratada pela sociedade como a principal característica de nossos políticos, onde a traição ao eleitor já se tornou uma maldade comum em suas vidas, de tal forma, que esta forma de se comportar é entendida pelo cidadão como coisa corriqueira.
E diante da nossa impotência, todos continuam aceitando passivamente, num inexplicável mutismo, sem oferecer a mínima resistência, a não ser de parte de uma pequena minoria, que ainda assim são desacreditados e adivinhem por quem? Pelos mesmos malandros.
Assim, o que se assiste hoje, passadas as eleições, os passos dados pelos eleitos, deixa o eleitor estarrecido, ao observar, as propostas e projetos apresentados agora, sem que tivessem a coragem de apresentá-las durante o período eleitoral, pois sabiam que se assim o fizessem seriam derrotados. São tentativas diabólicas de mais uma vez escorchar a nossa população, com argumentos nada convincentes.
E nós eleitores, estes sim, os verdadeiros otários, que ainda se deixam levar pelos belos discursos e por promessas que não se sustentam sequer sentada em confortáveis e luxuosas poltronas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

TERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE: uma afronta à Carta Magna


Pressupõe-se que em uma república democrática, os recursos públicos arrecadados devem ser colocados à disposição da sua população, garantindo a todos o exercício da cidadania e tratamento digno a todos.
Entre os serviços que deveriam ser colocados à disposição, está a assistência à saúde, e conforme reza a constituição é função típica do Estado, a qual deve ser custeada pela arrecadação de tributos, cuja carga em nosso País é muito elevada.
Assim, saúde pública de qualidade é dever do Estado e direito fundamental do cidadão.
O Estado brasileiro tem entre os seus objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, e estabelecer políticas públicas que visem à erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais, conforme consta no art. 3º da Constituição Federal.
Portanto, é dever e princípio fundamental do Estado.
Como direito social tratou de assegurar a Constituição Federal, dando especial destaque a educação, a saúde, o trabalho, a proteção à infância e a assistência aos desamparados conforme reza o artigo 196: a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação
Assim, fica claro que a vida é um bem indisponível do cidadão. E como é dever do Estado, logicamente que a vida há de ser por ele protegida em toda a sua integridade, garantindo aos cidadãos os meios necessários para a manutenção da saúde física e mental de todos. Portanto, os serviços de assistência à saúde é função típica do Estado, complementarmente é que pode a iniciativa privada explorá-los. Desta forma,o Estado não pode prescindir de prestar esse serviço público essencial, não podendo se dá ao direito de ser substituído pela iniciativa privada. Não é dado o direito ao Estado subverter a ordem constitucional. Assim, a iniciativa privada complementa a atividade do Estado”, e em nenhuma hipótese substituí-lo. Dentro dessa lógica, é permitido ao Estado, desapropriar ou requisitar equipamentos privados, objetivando tornar mais abrangente à prestação do serviço público.
Porém, o contrário legalmente não é permitido, ou seja, o Estado, constitucionalmente não pode ceder equipamentos públicos (recursos materiais e humanos) à iniciativa privada para a prestação de tais serviços.
Não importa qual ideologia impere no governo, se estatizante ou não. O importante é que as funções, atividades ou serviços de interesse público, é dever do Estado. Devemos levar em consideração que vivemos em um regime constitucionalmente republicano, o qual foi adotado pelo Estado brasileiro e que, concretamente, reconhece como essencial o serviço de saúde pública, cabendo a tutela dos serviços ao Estado.
Portanto, discutir sobre saúde pública é trazer para o centro dos debates o Sistema Único de Saúde (SUS), cujos princípios fazem parte da nossa Carta Magna desde 1988. É trazer para a mesa das discussões a defesa da saúde como um direito e não como mercadoria, cabendo a sua construção a uma ação dos movimentos sociais e das pessoas e agentes públicos e políticos comprometidos com a saúde pública de qualidade.
Por outro lado, podemos afirmar que governos, políticos e partidos neoliberais, não estão comprometidos e não defendem a saúde pública como dever do Estado, desta forma, não tem autoridade e nem moral de falar ou defender o modelo constitucional em vigor, já que a concepção que predomina entre os neoliberais é contrária a incorporação de milhões de brasileiros ao sistema de saúde.
É sabido por todos, que foi durante o governo FHC em que houve o incentivo à terceirização de maneira precária no Ministério da Saúde, além de ter estabelecido a política de incentivo aos Estados e Municípios para contratar pessoal através de organizações sociais, de forma a terceirizar os seus serviços.
Como forma de incentivo à terceirização implantou o maior arrocho salarial para os servidores do setor, iniciando o processo por entregar a gestão dos hospitais, construídos, equipados e custeados com recursos públicos, para interesses privados.
Infelizmente, esta é uma política mantida pelos governos que sucederam, seja no âmbito federal, estadual ou municipal. Apesar desta política de saúde pública perversa, estamos observando que a situação vem mudando nos últimos anos, não na velocidade esperada, motivados pela consciência onde cada vez mais as pessoas estão tomando dos seus direitos, passando a exigir do poder público o seu cumprimento.
Cabe ao cidadão exigir que o Estado lhe garanta a saúde, mesmo que para isto tenha que recorrer ao judiciário. Mais do que um ato de defesa de um direito, isso é um ato de cidadania.
É preciso que se entenda, que a população humilde, a qual sobrevive de salário mínimo quando os tem e, portanto, não pode pagar um plano de saúde, mas que, todo ser humano não estão imunes a doenças. Aliás, é nesta classe social onde a doença mais acomete, pelas condições insalubres em que vivem. Portanto, cabe ao Estado oferecer-lhes com dignidade a assistência médica ambulatorial,um dos seus deveres constitucionais, não lhe sendo dado o direito de entregar a iniciativa privada a exploração destes serviços, já que a vida é o bem maior que o ser humano possui.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

JUSTIÇA IGUAL PARA TODOS

A população brasileira em diversas pesquisas tem revelado ser a corrupção o principal motivo de vergonha do nosso povo, superando neste quesito a violência e a pobreza. Sabe-se que em diversos países, o combate a corrupção foi o caminho encontrado para enfrentar o crime organizado e não só isto,também ter sido esta a fórmula encontrada para que as instituições fossem construídas em pilares sólidos.
Devemos reconhecer que o Brasil, principalmente a partir do governo Lula, tem avançado significativamente neste campo. Mas os resultados práticos ainda não estão sendo vistos pela população, em razão da não adesão do nosso judiciário no que se refere a penalizar exemplarmente os envolvidos.
Temos que ser justos e entender a contribuição dada pela Constituição de 88, quando deu aos Procuradores do Ministério Publico poderes de agir de forma independente tanto na fiscalização dos funcionários públicos quanto e principalmente dos políticos, talvez, hoje os maiores envolvidos em atos desabonadores.
Porém, o que tem feito a população acreditar que um dia teremos um país menos injusto e efetivamente o combate a corrupção de forma efetiva e contundente, é o papel e a ação assumida pela Polícia Federal, juntamente com o papel de coadjuvante exercido pela Controladoria Geral da União – CGU. A entrada destes órgãos nesta luta fez com que o combate a corrupção avançasse e a todo o momento a população assiste quadrilhas e organizações criminosas serem desbaratadas.
Os esquemas montados para o desvio de dinheiro público, que em governos de passado recente, consideravam estes “roubos” como aspectos inerentes à burocracia estatal, hoje esta sendo tratado de forma diferente, onde a CGU e PF assumem a investigação, sem poupar seja quem for os envolvidos, empresários, juízes ou políticos.
Hoje a população brasileira está consciente que ninguém estará impune pelos atos errôneos praticados e que mais cedo ou mais tarde, aqueles que o praticaram serão alcançados.
Assim, o papel que cabe à nossa PF está sendo cumprido, ou seja, investigar, identificar e prender todos aqueles envolvidos em falcatruas. Cabe a nossa Justiça o papel de condená-los, aplicando penas duras e rigorosas, até para que sirvam de exemplo às gerações futuras.
Mas neste ponto, a Justiça do Brasil está devendo uma satisfação ao seu povo, pois se desconhece os efeitos práticos e punitivos que alguém envolvido neste tipo de crime tenha sido apenado, muito pelo contrário, a maioria está livre e muitos deles continuam cometendo os mesmos crimes, agora mais bem elaborados e melhor planejado.
E os números não nos deixam mentir, cabe a cada um pesquisar e comprovar o quanto tem sido ineficiente a nossa Justiça em punir com rapidez. Desta forma, estamos avançando no combate a corrupção sim, mas por culpa da lentidão e da ineficiência do judiciário, não avançamos o suficiente de forma que pudéssemos atingir o centro motor que a alimenta: a IMPUNIDADE. E esta, infelizmente a verdade tem que ser dita, está sendo alimentada por aquele que deveria ser o responsável para combatê-la: o JUDICIÁRIO BRASILEIRO.
Apenas para citar como exemplo: de cada cem suspeitos de corrupção, apenas sete vai para cadeia, conforme pesquisa da Revista Época.
Assim, diante deste quadro de impunidade, fica difícil para o corrupto se imaginar ser logo ele o punido pelos delitos contra o povo brasileiro, principalmente contra as nossas crianças e daqueles que necessitam de educação e saúde pública de qualidade.
Ao desviar recursos públicos, e se observarmos que a maioria destes crimes tem ocorrido na área da saúde e da merenda escolar, estão prejudicando milhares de crianças, que muitas delas têm na merenda escolar a sua única refeição de qualidade, e das pessoas que necessitam de atendimento médico. Depois ficam muitos políticos reclamando da qualidade do ensino e dos péssimos atendimentos dos hospitais públicos, esquecendo eles que são os seus maiores responsáveis,ou por estarem participando ou por terem companheiros partidários praticando crimes de desvio dos recursos públicos, sem que tenham o cuidado de cumprirem o seu papel: de FISCALIZADOR DOS ATOS DO EXECUTIVO E DA BOA APLICAÇÃO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS.
Porém, mesmo diante do quadro atual de descrença, esta mesma população reconhece o trabalho executado pela Polícia Federale da Controladoria Geral da União – CGU, como os órgãos exemplares em ações de combate aos crimes organizados de assalto aos cofres públicos.
Estes assaltos são praticados por quadrilhas constituídas de pessoas envolvidas com crimes de falsidade ideológica, concussão, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva e inserção de dados falsos em sistema de informação.
Importante observar, mesmo diante das ações quase que diárias da PF, parecem que estes bandidos, muitos transvestidos de políticos, não temer as consequências e continuam agindo de forma a não considerarem ou terem a certeza que nada acontecerá no âmbito da justiça. Esta nos parece ser a conseqüência maior da IMPUNIDADE.
Está na hora da nossa Justiça também vestir a camisa e se unir no combate ao crime organizado, e não transmitir para a nossa população esta imagem atual, que nos faz acreditar que ela está unicamente do lado das elites, independente de como as pessoas agiram ou fizeram para lá se encontrarem.
Deve o Judiciário proceder para que as ações policiais transcorram dentro da lei e caso haja desvios nas investigações que se proceda a sua correção, porém, diante destas “possíveis falhas” de alguns, não pode e não deve o Judiciário decidir apenas em favor do criminoso, contra a sociedade.
Está na hora de acabar esta máxima de que só temos justiça para pobre e prostituta e o nosso Judiciário assumir a bandeira de uma JUSTIÇA IGUAL PARA TODOS. Independente da conta bancária ou do status social.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

POBREZA NO CAMPO: há crime maior?


Passadas as discussões oriundas da demanda eleitoral, ainda continuam frescas da maioria dos pequenos produtores rurais e dos trabalhadores ligados ao MST, as mortes e perseguições ocorridas na era FHC, como os massacres de Corumbiara em Roraima e do Eldorado dos Carajás no Para, este último ocorrido em 17 de abril de 1996, quando à época era governado por Almir Gabriel do PSDB, cujo partido agora retorna ao governo do Estado, esperando-se que aquele fato, tenha servido de aprendizagem ao futuro governador e que não permita voltar a ocorrer, uma vez que, é sabido por todos, ser o Pará um Estado onde os grandes produtores rurais sempre tiveram os poderes constituídos como aliados, para acobertarem os seus desvios, erros e crimes.
Todos que acompanham a luta dos movimentos sociais, principalmente dos Trabalhadores ligados ao MST, em busca e em defesa dos seus mínimos direitos, ao longo de sua existência sempre sofreram perseguições políticas e policiais e, mesmo assim, após o País alcançar a democracia, estes movimentos continuaram a ser perseguidos, principalmente as organizações camponesas e, por incrível que pareça durante os 08 anos do governo FHC, onde os movimentos sociais sempre foram tratados à base do cassetete.
Em lugar de traçar políticas públicas que visassem a solução dos conflitos sociais, o governo FHC trocou o diálogo pela opção radical de entregar o problema à polícia, com pressões, perseguições e assassinatos.
Aliados à repressão promovida o então governo do PSDB/DEM deixou de promover a tão sonhada reforma agrária, coisa que o governo Lula também não realizou, diga-se de passagem, e em seu lugar, promoveu o maior processo de desarticulação e de destruição da pequena agricultura e da agricultura familiar, que, devemos reconhecer, foram setores que duramente no governo PT, tiveram uma atenção especial.
Quando assistimos comentários técnicos, criticando a produtividade de alguns assentamentos, e analisando o modelo de assentamento implantado na era FHC, passamos a entender o quanto estes comentaristas estão a serviço do agronegócio. Ao criticar, não levam em consideração que o modelo de assentamento implantado pelo governo neoliberal, foi elaborado com o objetivo de prejudicar os movimentos sociais, haja vista que, mesmo sendo uma demanda frutos de enorme pressão social, era planejado de forma que as condições dadas tinham o fim de não dá certo, ou seja, no modelo instituído, o governo se obrigava a comprar terras dos fazendeiros falidos e nela colocar assentamentos sem a mínima infra-estrutura, sem crédito e não era oferecido a mínima condição de comercialização e normalmente distantes de todos os principais centros de comercialização.
Aliado a este crime praticado contra os assentados,o governo FHC como forma de levar o programa ao suicídio, estabeleceu o completo desmonte das políticas públicas existentes que davam o mínimo de sustentabilidade e garantia aos pequenos produtores rurais, ou seja, extinguiu o seguro agrícola, acabou com os estoques reguladores; desmontou o sistema de armazenagem; inviabilizou o acesso ao crédito agrícola, com uma oferta insuficiente e juros escorchantes.
Na realidade, o Brasil ao longo de sua existência através de sucessivos governos, tem praticado políticas antirreforma agrária e criado políticas públicas em que são oferecidas as melhores e maiores condições para o acesso de empresas multinacionais no campo brasileiro. Porém,foi a partir do governo FHC que se implantou de forma rigorosa as bases para o desenvolvimento do agronegócio, cujo modelo é base da sua monocultura em grande áreas de terras, com intensiva aplicação de agrotóxico, com pouca utilização de mão – de – obra e com uma produção voltadas para o mercado externo.
Mesmo após chegar ao poder o PT, através do governo Lula, poucas coisas foram realizadas de forma diferente ao modelo FHC. A engrenagem do agronegócio continuou protegida, sem que ações fossem feitas para desmontá-las. É claro que algumas medidas foram tomadas que vieram a atender as necessidades dos movimentos agrários e dos pequenos produtores rurais. Programa como Luz para Todos, que finalmente saiu do papel e levou energia ao pequeno produtor rural; a criação do seguro agrícola e uma pequena melhora no acesso ao crédito; o incentivo a agricultura familiar e o programa de aquisição de sua produção; a retomada da regulação de estoques, entre outras ações voltadas para o segmento, tem dado um pouco de paz e sossego quem quer da terra tirar o seu pão de cada dia.
Porém, o mais importante foi a retomada da negociação, que mesmo que este diálogo não tenha resultado em conquistas concretas, mas só o fato de deixar de existir a repressão policial no campo, já foi um avanço considerável.
Mas tudo isto ainda é pouco, e o Brasil para se inserir socialmente no sec. XXI precisa que o governo central coloque em sua agenda os problemas do campo como meta a ser priorizada. Precisamos limitar o tamanho das propriedades rurais e junto com a limitação, efetivar a reforma agrária em nosso País, dando terra para quem nela quer trabalhar e dela viver, produzindo alimentos para alimentar o nosso povo. E esta é a nossa hora.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O POVO VENCEU


O povo brasileiro de forma soberana exerceu plenamente a democracia e, enfim, pela primeira vez elegeu uma mulher para comandar os seus destinos. Ao optar por Dilma Roussef, o povo achou por bem dá continuidade ao modelo implantado pelo governo Lula, que se não é o ideal, mas pelo menos projeta um Brasil menos injusto e menos desigual.
Mesmo tendo sido oferecido aos candidatos o segundo turno, porém devemos reconhecer que faltou ao longo da campanha eleitoral, maior debate no campo das idéias, maior clareza das opiniões em torno das propostas e projetos, sobrando intrigas, calúnias e fofocas de ambos os lados, principalmente de parte de aliados, que não estabeleceram limites no que se refere a criar fatos e factóides, buscando com esta tática, denegrir imagens, principalmente da candidata vencedora.
Diante deste cenário criado, onde se buscou usar de artifícios, mentiras e manipulações, com total apoio de setores conservadores religiosos, de facções oriundas da direita neoliberal e das ainda viúvas do antigo regime militar, cujos interesses mostravam claramente a tendência pró José Serra, que apesar do seu passado de luta, aliado que foi da esquerda. Porém, em política tudo acontece.
Hoje, o candidato, não digo derrotado porque em política esta palavra não existe no vocabulário, vencido, é talvez o representante maior dos segmentos de direita ainda existente no Brasil, cujo feudo se encontra ainda enraizado no eixo São Paulo/Minas Gerais, estados onde o conservadorismo político resiste e a tradição comanda, independente dos resultados catastróficos da suas administrações, buscou retomar o comando do País, com propostas que todos sabiam que não sairiam do papel, contando como aliado de grande parte da imprensa nacional, principalmente daqueles setores que dominam grande fatia do mercado jornalístico brasileiro.
O importante é que se encontrava em jogo dois modelos políticos bastante próximos em sua teoria e conteúdo, porém, com práticas diferenciadas. A candidatura PSDB/DEM/PPS representava em síntese o Poder voltado unicamente em benefício das elites; do retorno das privatizações do que ainda resta do patrimônio nacional; do arrocho salarial, aliás política esta praticada pelos estados em que os partidos a ele coligado tão bem praticam; a volta do desemprego por falta de políticas de inclusão e investimentos; da repressão aos movimentos sociais. Aliado a estas ameaças estava em jogo a soberania nacional e os avanços conquistados na política externa, com a diversificação dos mercados e fortalecimento da America Latina e do cone sul, trazendo de volta a subserviência e a velha e nefasta política externa de alinhamento unilateral aos interesses dos Estados Unidos em detrimento dos nossos interesses.
Do outro lado, a candidatura Dilma Roussef acenava para a continuidade do modelo implantado pelo Governo Lula, que mesmo sendo um governo que também aplica os fundamentos neoliberais, porém, sinaliza com a possibilidade de avanços para as mudanças estruturais, através, principalmente, de políticas públicas voltadas para os pobres e para os trabalhadores, utilizando-se da máxima que é possível crescer com divisão do bolo, mesmo que as fatias distribuídas ainda sejam pequenas.
Portanto, diante desta encruzilhada, o eleitor brasileiro optou pelo modelo atual e soberanamente falou e elegeu Dilma Roussef, a primeira mulher presidente do Brasil. E ao elegê-la a sociedade brasileira não deixou de dá um claro sinal de alerta que o nosso povo espera mais e que ainda está longe de alcançar os avanços que ele anseia. Assim, ao rejeitar o modelo que sinalizava pela volta ao passado, o eleitor optou pela esperança que com Dilma o País inicie um processo de desconcentração da riqueza, da renda e da propriedade da terra; que tenhamos uma reforma agrária efetiva e que o estado de forma corajosa limite o tamanho da propriedade rural; que extermine co a desigualdade social; que seja resolvido definitivamente o problema da falta de moradia; que efetivamente seja oferecida uma educação pública de qualidade em todos os seus níveis, com professores bem remunerados, qualificados e motivados para exercer a nobre arte de educar. Que o dinheiro retido através da escorcha praticada pela elevada carga tributária, retorne em forma de serviços de qualidade para o contribuinte, com serviço de saúde digno; que não faltem escolas e universidades para o filho do pobre e para nossos jovens; que seja garantida segurança para todos. Enfim, que opte pela busca de um Brasil mais digno para o seu povo.
E para que estes sonhos venham a se concretizar e seus objetivos possam ser alcançados, torna-se necessário e urgente que mudanças estruturais no atual modelo econômico sejam tomadas, de forma que os atuais problemas possam ser equacionados. Problemas como as altas taxas de juros e a política de superávit primário, este com o único objetivo de pagar os juros do endividamento público, beneficiando unicamente o sistema financeiro precisam e devem ser revistos, de forma que, os recursos provenientes do superávit sejam direcionados para investir na solução dos problemas da educação, saúde, segurança e tantos outros que a administração pública tem se omitido, pela falta de recursos.
Deve o novo governo avançar ainda mais nas conquistas sociais e estimular as lutas e organizações sociais que tenham como objetivos a defesa dos interesses da coletividade e do seu povo, e em especial dos mais pobres e ou excluídos, mobilizando-se na busca de soluços pela sua inclusão e integração na sociedade.
Foi este modelo que o povo brasileiro escolheu e apostou as suas fichas no futuro governo Dilma, rejeitando em sua grande maioria o modelo apresentado pelo PSDB/DEM/PPS, que trazia em seu bojo um conteúdo e uma marca que sinalizava para um governo que não representaria os interesses dos mais pobres e que pela sua prática, seria uma catástrofe para a classe trabalhadora, além da perda da nossa soberania, com a entrega de nosso País aos investidores estrangeiros e esmagando a economia nacional.