sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Thalys Alcântara: Violência de Hugo Motta contra jornalistas começou após pergunta sobre rachadinha

No mesmo dia em que decidiu aprovar a redução de pena de golpistas, a toque de caixa, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, autorizou a Polícia Legislativa a expulsar e agredir jornalistas.

Como demonstram os vídeos que rapidamente se espalharam pelas redes sociais, jornalistas foram agredidos e esculachados no final da tarde de terça-feira, 9, com o objetivo de cumprir a ordem de Motta: censura.

Censura é a única palavra que pode descrever a ordem do presidente da Câmara para desligar o sinal de transmissão ao vivo da TV Câmara e expulsar os jornalistas do plenário Tudo para impedir a cobertura de um protesto do deputado federal Glauber Braga, do PSOL do Rio de Janeiro, que ocupou a cadeira da presidência.

As cenas da expulsão da imprensa aconteceram em clima de estado de exceção: puxão de cabelo, empurrões, murro na barriga e ataque de pânico. “Pega aí porra! Você tem que sair! É uma ordem”, gritou um policial parlamentar durante uma transmissão ao vivo.

“Eu fui empurrada quatro vezes. Puxaram o cabelo de uma colega que estava do meu lado, uma produtora de uma TV levou um soco na barriga. Foi uma situação totalmente desproporcional. Eu nem consegui ver as imagens depois de tão horrível que foi”, me relatou uma das jornalistas agredidas.

Mas a escalada violenta da polícia de Hugo Motta começou ainda em agosto, quando o repórter do site Metrópoles, Manuel Marçal, questionou Motta sobre um esquema de “rachadinhas” que funcionaria dentro de seu gabinete e foi empurrado com truculências por seguranças para longe do parlamentar. O esquema é investigado pelo Ministério Público Federal.

Durante as semanas e meses seguintes, episódios de violência e cerceamento contra a imprensa na mesma linha se repetiram. Entre os casos, o uso de um “paredão” de seguranças impedindo perguntas de jornalistas e até repórter sendo segurada violentamente pelo pulso para impedir filmagem do presidente da Câmara.

<><> Casos eram públicos, mas nenhum veículo quis divulgar ou repudiar os casos. Só o Intercept

Os casos eram públicos e circulavam em grupos de WhatsApp de jornalistas de Brasília. Mas nenhum veículo considerou divulgar ou repudiar os casos. A situação só veio a público quando denunciada pelo Intercept em um reportagem publicada na edição de 9 de setembro da newsletter Cartas Marcadas.

À época, a assessoria de Hugo Motta até lamentou os episódios divulgados pela nossa reportagem e prometeu soluções em comunicados internos. No entanto, em conversas reservadas com outros jornalistas, a equipe do presidente da Câmara culpou as vítimas, sugerindo que os jornalistas teriam se excedido na forma de se aproximar de Motta.

Desde então, os episódios de violência contra jornalistas vinham sendo tratados a portas fechadas em reuniões entre representantes de Hugo Motta, das polícias legislativas e de jornalistas.

Depois do show de horrores contra jornalistas e até deputados que também foram agredidos durante o tumulto, o autoritarismo de Motta continuou evidente. Durante a votação do texto que diminui as penas de golpistas, ironizou falas de parlamentares de esquerda e chegou a dar uma risada após cortar o microfone da deputada Fernanda Melchiona, do PSOL do Rio Grande do Sul, que denunciava justamente as agressões contra a imprensa.

Durante a madrugada de terça-feira, um auxiliar de Hugo Motta disse para o representante dos jornalistas da Câmara que Motta estaria “indignado” com a violência. Colocar panos quentes e tratar as agressões contra jornalistas como pauta interna não intimidou os seguranças do presidente da Câmara. Resta saber o que será feito daqui pra frente diante de um Centrão que não vê problemas em reviver práticas da Ditadura.

•        Motta mandou desligar a TV Câmara para esconder violência policial contra Glauber, parlamentares e jornalistas. Por Jeferson Miola

O presidente da Câmara, Hugo Motta, mandou desligar a TV Câmara e bloquear o acesso de jornalistas ao Plenário para esconder a violência da Polícia Legislativa contra o deputado Glauber Braga, outros parlamentares e profissionais da imprensa.

Motta ordenou a ação policial repressiva para encerrar o protesto político individual e pacífico do deputado Glauber na Mesa da Câmara.

O protesto de Glauber era justo e legítimo. Ele protestava contra a decisão ultrajante de Motta de incluir na pauta de votação a cassação do seu mandato juntamente com a cassação de Carla Zambelli e, também, a votação do projeto de anistia disfarçada de redução da pena de Bolsonaro e comparsas golpistas.

A equiparação entre os casos de Glauber e Zambelli é mais uma canalhice inaceitável de Motta.

Glauber foi submetido a um processo kafkiano após defender sua mãe enferma de agressões de um militante do MBL. Arthur Lira, tutor de Motta, aproveitou a circunstância para fazer represálias e perseguir o deputado do PSOL por denunciar o esquema corrupto do orçamento secreto coordenado pelo ex-presidente da Câmara.

Zambelli, por outro lado, é uma criminosa foragida da Justiça. Ela foi condenada criminalmente pelo STF por invadir o Poder Judiciário e realizar ameaça armada.

Motta está cometendo crimes de responsabilidade nos casos da bolsonarista fugitiva e de Alexandre Ramagem, pois se esquiva de declarar de ofício a perda de mandato, como determinam o artigo 55 da Constituição, nos incisos III e IV.

A atitude do presidente da Câmara em relação a Glauber foi muito diferente da que ele adotou no movimento em manada da horda bolsonarista que fechou a Câmara dos Deputados e impediu seu funcionamento por 48 horas por não aceitar a prisão domiciliar de Bolsonaro decretada pela Suprema Corte no início de agosto passado.

O fechamento da Câmara pelos bolsonaristas, que continuam impunes, é grave, só havia acontecido antes durante a ditadura militar e caracteriza um atentado à democracia e ao funcionamento legislativo.

Ao se explicar sobre o episódio, Motta mentiu descaradamente. Ele justificou a brutalidade contra parlamentares e repórteres dizendo que “adotou o protocolo” e “cumpriu o regimento”.

Hugo Motta abandonou os disfarces. O presidente da Câmara busca se equilibrar simulando equidistância entre governo e oposição, quando, na realidade, age de modo faccional, como operador das pautas bolsonaristas e fascistas e articulador da campanha eleitoral do seu correligionário Tarcísio de Freitas, do Republicanos.

Depois de bancar a derrota do IOF para proteger os super-ricos, a PEC da Bandidagem e a desfiguração do PL Antifacção, Motta articulou com a direita o pagamento do preço da candidatura de Flávio Bolsonaro com o PL de anistia parcial disfarçado de redução de penas.

Motta nunca reuniu condições para presidir a Câmara. Ele é um personagem menor, ridículo, teleguiado por Eduardo Cunha e Arthur Lira no processo de debilitamento do governo e de construção da candidatura de Tarcísio à Presidência.

•        Hugo Motta é denunciado na Câmara por censura e ordenar agressão no plenário

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, foi criticado duramente nesta terça-feira (9) e acusado de promover a censura à imprensa e subsequente agressão a parlamentares de esquerda.

Os ataques ocorreram diante da possível cassação do mandato na Câmara dos Deputados de Glauber Braga (Psol-RJ), que ocupou a mesa da presidência da Câmara em protesto, e desafiou Motta a prendê-lo. O Departamento de Polícia Legislativa (Depol) retirou o parlamentar da mesa à força após sua intervenção, enquanto deputados de esquerda tentaram impedir a ação.

Segundo denunciaram os parlamentares na sessão deliberativa desta noite, seis deputados apanharam, a imprensa foi expulsa e partiu do próprio Motta a ordem de suspender a transmissão da TV Câmara.

"Aconteceu hoje o maior ato de censura de comunicação aos meios de comunicação de imprensa desse país", disse a deputada  federal Maria do Rosário.

"Não é possível continuar a sessão", defendeu a deputada federal Jandira Feghali, ao criticar a inexperiência de Motta.

"Ainda haverá exame de corpo de delito", acrescentou.

O deputado federal Rogério Correia disse que apresentará uma queixa-crime para determinar se Motta ordenou diretamente as agressões.

Por outro lado, deputados da direita acusaram parlamentares da esquerda de confrontar o Depol e destruir os equipamentos da TV Câmara.

Motta prometeu que ainda se pronunciará. Ao final dos pronunciamentos dos parlamentares, Motta afirmou que "não permitirá que as regras sejam rasgadas". Ele ainda acusou Glauber Braga de "extremismo" e "vandalismo institucional".

•        Crises se acumulam e ampliam pressão sobre Hugo Motta na Câmara

A sucessão de conflitos na Câmara dos Deputados, culminando na retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) do plenário na terça-feira (9), aprofundou o desgaste do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A sequência de episódios e decisões inesperadas levou lideranças partidárias a criticar a condução política adotada nos últimos dias, relata o jornal O Globo.

Dirigentes do Centrão e de partidos de direita afirmaram que Motta tem tomado decisões sem comunicação prévia e sem avaliar o efeito de suas ações sobre um ambiente já tenso. O reflexo dessa estratégia emergiu na reação imediata de parlamentares governistas — entre eles Lindbergh Farias (PT-RJ), Erika Kokay (PT-DF) e Tarcísio Motta (PSOL-RJ) — e também em críticas discretas de outras bancadas, que apontaram erro de condução e falta de coordenação política.

<><> Pautas simultâneas e clima imprevisível

A inclusão simultânea do projeto da dosimetria, da proposta sobre o devedor contumaz e o avanço de processos de cassação de grande repercussão formaram, segundo líderes, um pacote explosivo. A avaliação predominante é que Motta tentou agradar simultaneamente governo e oposição, resultando em um cenário imprevisível e difícil de controlar.

A aposta em ampliar a agenda antes do recesso veio acompanhada de pressões nas redes sociais para acelerar as cassações de Carla Zambelli, Glauber Braga, Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro. Nos bastidores da Câmara, parlamentares relataram surpresa ao saberem das pautas “quase ao mesmo tempo que todo mundo”, evidenciando falta de articulação interna.

Um líder próximo à cúpula da Casa resumiu o problema como ausência de construção política e desalinhamento entre a Presidência e os líderes partidários, fatores que ajudaram a inflamar os ânimos e culminaram no episódio protagonizado por Glauber.

<><> A escalada com Glauber Braga

Sob risco de cassação, Glauber Braga ocupou a cadeira da Presidência por cerca de uma hora, em protesto contra o avanço simultâneo dos projetos e dos processos disciplinares. O parlamentar acusou Motta de condução parcial e declarou que permaneceria no posto “até o limite das forças”.

Diante da recusa em deixar a cadeira, Motta ordenou sua retirada. Policiais legislativos carregaram Glauber pelos braços, em meio a empurrões e denúncias de agressões a deputados que tentavam intervir. A TV Câmara teve o sinal cortado, e jornalistas e assessores foram retirados da galeria — medidas que ampliaram a indignação.

A deputada Erika Kokay criticou duramente a ação: “Houve violência contra parlamentares que estão sendo atendidos neste momento, carregando na pele a violência propagada por vossa excelência". Lindbergh Farias também reagiu: “Vossa excelência está perdendo as condições de seguir na presidência desta Casa".

A comparação com agosto, quando bolsonaristas ocuparam a Mesa Diretora sem sofrer resposta semelhante, reacendeu o debate sobre tratamento desigual e alimentou ainda mais o desgaste político de Motta.

<><> Isolamento e fragilidade na condução

A crise reforçou uma percepção disseminada entre líderes desde agosto: apesar do cargo, Motta opera com um núcleo político extremamente restrito. Deputados citam Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e Luizinho (PP-RJ) como os únicos com acesso direto às decisões do presidente da Câmara.

Essa limitação, segundo parlamentares, explica a dificuldade de Motta em lidar com momentos de tensão e decisões precipitadas, como o corte do sinal da TV Câmara e a retirada da imprensa da galeria — medidas classificadas por governistas como “desnecessárias” e “agravadoras do conflito”.

O episódio também reviveu críticas sobre sua atuação anterior, quando enfrentou o motim bolsonarista de agosto. À época, Motta passou mais de 30 horas sem conduzir uma solução, gesto interpretado como demonstração de fragilidade. Em seguida, veio a derrota da PEC da Blindagem no Senado, reforçando a percepção de falta de ritmo político e de uma estratégia consistente de articulação.

Para parlamentares que acompanham de perto as negociações, a sucessão de avanços e recuos sem coordenação demonstra que o presidente da Câmara ainda busca encontrar um modo próprio de conduzir a Casa em meio a crescentes pressões internas e externas.

 

Fonte: The Intercept/Brasil 247

 

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