quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Pré-diabetes: saiba como identificar os sinais da condição

No Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Diabetes, cerca de 20 milhões de pessoas têm diabetes tipo 2. No entanto, estima-se que aproximadamente 40 milhões de brasileiros tenham pré-diabetes, fase que antecede a doença e quando ainda é possível evitar a progressão do quadro.

A pré-diabetes é assintomática e caracterizada pela elevação do nível de açúcar no sangue. Para descobrir a condição, é necessária a realização de exames de sangue: o diagnóstico precoce é essencial para evitar que a situação evolua e passe de pré-diabetes para diabetes.

>>>> Fatores de risco da pré-diabetes

•        Sobrepeso e obesidade.

•        Histórico familiar.

•        Sedentarismo.

•        Hipertensão e doenças cardíacas.

•        Mulheres com histórico de diabetes gestacional ou síndrome dos ovários policísticos.

“É essencial e recomendável que as pessoas com fatores de risco fiquem atentas e realizem exames regularmente”, ressaltou o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, em entrevista anterior ao Metrópoles.

Como é uma condição silenciosa, não é tão fácil diagnosticar a pré-diabetes, porém alguns sintomas podem servir como sinal de alerta para buscar ajuda médica. Entre os principais indicativos estão: escurecimento da pele; aumento da sede, micção e fome; fadiga; visão turva; dormência ou formigamento; infecções frequentes; feridas de cicatrização lenta e perda de peso não intencional.

<><> Como reverter a pré-diabetes

O principal protocolo de tratamento para a pré-diabetes é simples, mas precisa de foco e força de vontade por parte do paciente para funcionar: uma mudança radical na rotina alimentar é essencial. A dieta deve ser combinada com a prática regular de exercícios físicos e, em casos mais graves, pode ser necessária a inclusão de medicamentos para diminuir os níveis de açúcar no sangue.

“Com alimentação balanceada, prática de atividade física regular, controle do peso e acompanhamento médico, é possível impedir que a pré-diabetes evolua para a diabetes tipo 2”, explica a médica Maria Augusta Bernardini, diretora-médica da Merck Healthcare para o Brasil e América Latina.

•        Diabetes tipo 5: entenda a nova classificação da doença

A diabetes relacionada à desnutrição — que afeta principalmente adolescentes e adultos jovens magros em países de baixa e média renda — agora passa a ser oficialmente reconhecido como uma forma distinta da doença: a diabetes tipo 5.

A nova classificação foi anunciada pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) nessa quarta-feira (9/4). Ela é resultado de anos de pesquisa liderados pela professora de Medicina Meredith Hawkins, fundadora do Instituto Global de Diabetes da Faculdade de Medicina Albert Einstein, nos Estados Unidos.

“A diabetes relacionada à desnutrição tem sido historicamente subdiagnosticada e mal compreendida. O reconhecimento da diabetes tipo 5 pela IDF é um passo importante para aumentar a conscientização sobre um problema de saúde tão devastador para tantas pessoas”, afirmou Hawkins em comunicado.

<><> O que é a diabetes?

•        A diabetes uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo.

•        A insulina tem a função de transformar a glicose (açúcar) em energia para o funcionamento das células.

•        Segundo o Ministério da Saúde, a diabetes tipo 1 é uma doença crônica, hereditária e não transmissível. Representa entre 5% e 10% dos casos no Brasil. Costuma se manifestar ainda na infância ou adolescência, mas também pode surgir em adultos.

•        Já a diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. A causa está diretamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão, e hábitos alimentares inadequados.

•        Menos conhecido, o termo “diabetes tipo 3” é usado para descrever uma teoria segundo a qual a resistência à insulina no cérebro pode estar ligada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer.

•        A diabetes tipo 4, por sua vez, é uma forma mais rara, associada à idade avançada. Ela pode surgir mesmo em pessoas com peso moderado.

<><> A falta de comida como origem

Diferentemente do tipo 2 — que está associado ao sobrepeso e representa a maioria dos casos nos países em desenvolvimento — a diabetes tipo 5 tem origem na desnutrição. Estima-se que entre 20 e 25 milhões de pessoas vivam com a condição, especialmente na Ásia e na África.

De acordo com Hawkins, muitos jovens vêm sendo diagnosticados com esse tipo de diabetes, que pouco se parece com as formas mais conhecidas da doença. “Os médicos ainda não têm certeza de como tratar esses pacientes, que muitas vezes não vivem mais de um ano após o diagnóstico”, alerta a pesquisadora.

A condição foi descrita pela primeira vez há cerca de 70 anos e chegou a ser reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma categoria distinta em 1985. No entanto, a designação foi retirada em 1999, por falta de estudos que sustentassem a diferenciação. Foi a partir de 2005, em eventos internacionais de saúde, que Hawkins começou a ouvir de médicos de diversos países relatos semelhantes: pacientes magros, jovens e com sintomas de diabetes que não respondiam bem à insulina.

“A insulina não ajudou os pacientes e, em alguns casos, causou níveis de açúcar no sangue perigosamente baixos”, explicou Hawkins.

<><> Reconhecimento internacional

Em 2010, a pesquisadora fundou o Instituto Global de Diabetes para investigar os mecanismos por trás da doença relacionada à desnutrição.

Um estudo conduzido em 2022 na Índia demonstrou que essa forma de diabetes não é causada por resistência à insulina, como se imaginava, mas sim por um defeito profundo na capacidade do organismo de secretar o hormônio. “A descoberta revolucionou a forma como pensamos sobre essa condição e como devemos tratá-la”, afirmou Hawkins.

O avanço culminou, em janeiro de 2025, em uma reunião internacional na Índia com pesquisadores de diversos países e representantes da IDF e da Associação Americana de Diabetes. O grupo votou unanimemente pelo reconhecimento oficial da diabetes relacionada à desnutrição como uma forma distinta da doença — decisão validada durante o Congresso Mundial de Diabetes da IDF, realizado em Bangkok, na Tailândia.

Com a nova designação, a IDF também anunciou a criação de um grupo de trabalho sobre a diabetes tipo 5, copresidido por Hawkins, que ficará responsável por elaborar diretrizes formais de diagnóstico e tratamento nos próximos dois anos.

“A diabetes relacionado à desnutrição é mais comum que a tuberculose e quase tão comum quanto o HIV/aids, mas a falta de um nome oficial tem dificultado os esforços para diagnosticar pacientes ou encontrar terapias eficazes. Tenho esperança de que esse reconhecimento formal como diabetes tipo 5 leve ao progresso contra essa doença há muito tempo negligenciada, que debilita gravemente as pessoas e muitas vezes é fatal”, afirmou Hawkins.

•        Estudo diz que diabetes possibilita desenvolvimento de superbactérias

Um estudo realizado por pesquisadores norte-americanos descobriu que a diabetes pode estar associada a um desenvolvimento rápido de bactérias muito resistentes a antibióticos. A Staphylococcus aureus, utilizada como foco da pesquisa pelos observadores, é um patógeno que causa infecções recorrentes principalmente em pessoas com diabetes e pode ser fatal ao entrar na corrente sanguínea.

A pesquisa publicada em fevereiro na revista científica Science Advances utilizou camundongos para chegar aos resultados. Primeiramente, os estudiosos provocaram a diabetes em um grupo e o outro se manteve sem a condição crônica. A partir daí, eles testaram a resistência bacteriana nos animais com e sem diabetes e perceberam que a evolução da resistência ocorreu muito mais rapidamente nos diabéticos.

O pontapé inicial para a pesquisa partiu do interesse em entender por que os antibióticos não funcionam da maneira correta em algumas situações. Por exemplo, a bactéria que serviu de objeto de estudo é conhecida por ser perigosa e tem taxa de mortalidade associada a 20% mesmo com a existência de medicamentos para combatê-la. Em diabéticos, a Staphylococcus aureus pode causar infecções graves.

Os pesquisadores esperavam que a diabetes influenciasse a eficácia dos antibióticos, mas a grande surpresa foi que a doença contribuiu diretamente para que a bactéria se tornasse super resistente. Isso aconteceu porque o sistema imunológico debilitado dos diabéticos permite que a bactéria se prolifere sem muito controle, além da glicose extra presente no corpo favorecer o crescimento do microrganismo, tornando-o mais forte e resistente.

<><> Desenvolvimento de superbactérias pode estar ligado a outras doenças

Além da diabetes, os pesquisadores levantaram a hipótese da evolução das bactérias super resistentes também acontecer em pessoas acometidas por outras doenças, como o HIV.

O próximo passo será testar esse fenômeno em seres humanos para entender melhor como ele ocorre e buscar novas estratégias para evitar o agravamento da resistência bacteriana.

 

Fonte: Metrópoles

 

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