sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Bolsonaro comenta na possibilidade de fuga do Brasil em reunião fechada com aliados

Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com aliados na manhã desta quarta-feira (19) para discutir os desdobramentos do inquérito do golpe. Conforme relatado pelo Metrópoles, o ex-mandatário comentou, durante o encontro, sobre a possibilidade de deixar o Brasil antes de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em reunião fechada, que aconteceu no apartamento funcional do deputado Zucco (PL-RS), Bolsonaro teria aproveitado a ocasião para afirmar sua inocência, alegando que sempre “jogou dentro das quatro linhas”. De acordo com o ex-mandatário, se tivesse cometido algum crime, já teria buscado asilo em países como Argentina ou Estados Unidos.

O encontro ocorreu um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar a denúncia contra Bolsonaro e outras 33 pessoas por suposta tentativa de golpe de Estado.

¨      Em delação, Cid reclama de Bolsonaro ter ficado ‘milionário’ enquanto ele próprio ‘perdeu tudo’

Em depoimento recente, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, manifestou insatisfação com a diferença de destinos financeiros entre ele e seu antigo superior. Segundo informações do Estado de S.Paulo, Cid afirmou que, enquanto Bolsonaro se tornou "milionário", ele próprio "perdeu tudo".

As declarações de Cid foram feitas no contexto de um acordo de delação premiada, no qual ele detalhou esquemas de venda de joias e relógios recebidos por Bolsonaro durante seu mandato. De acordo com o G1, Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid, repassaram aproximadamente US$ 86 mil a Bolsonaro, provenientes da venda desses itens nos Estados Unidos. Esses valores teriam sido entregues ao ex-presidente em quatro parcelas entre 2022 e 2023.

Além das questões financeiras, a delação de Cid trouxe à tona detalhes sobre planos para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Cid mencionou a existência de grupos com diferentes níveis de radicalismo dentro do círculo próximo a Bolsonaro, alguns dos quais buscavam encontrar evidências de fraude nas urnas eletrônicas para justificar medidas extremas.

As revelações de Cid ocorrem em meio a investigações abrangentes sobre a conduta de Bolsonaro e seus aliados durante e após seu mandato. A Polícia Federal já apresentou acusações formais contra o ex-presidente e outras 36 pessoas, incluindo militares de alta patente, por suspeita de envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse de Lula. Essas acusações são fundamentadas em uma série de provas, como mensagens de WhatsApp e confissões, que indicam a participação ativa de Bolsonaro no planejamento das ações.

¨      Aliados já calculam prazo para prisão de Bolsonaro

Aliados de Jair Bolsonaro já trabalham com uma data para que ele seja condenado no âmbito do inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para a tentativa de golpe de Estado visando sua permanência no poder após a derrota para Luís Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. Com a tramitação do julgamento prevista para se estender até o fim de novembro, a expectativa do entorno bolsonarista é de que a prisão ocorra em meados de dezembro, às vésperas do Natal, destaca o jornalista Lauro Jardim em sua coluna no jornal O Globo

Diante desse cenário, a estratégia dos aliados será insistir na tese de que Bolsonaro é vítima de uma "perseguição" do Supremo Tribunal Federal (STF) e de que não autorizou a tentativa de ruptura institucional. O objetivo é manter a base mobilizada e ampliar a adesão ao ato convocado para 16 de março, que deverá servir como demonstração de força política e reforço ao discurso de que o ex-presidente estaria sendo alvo de um julgamento político.

Com o avanço das investigações e os depoimentos que indicam o envolvimento direto de Bolsonaro nos planos golpistas, o cerco judicial se fecha contra ele. A defesa do ex-mandatário, por sua vez, busca protelar a tramitação do processo com recursos e tentativas de questionamento jurídico das provas apresentadas.

Em paralelo, aliados tentam sustentar a narrativa de que Bolsonaro ainda teria influência suficiente para reagir a uma eventual prisão, mobilizando sua base contra o Judiciário e o governo Lula. O resultado prático dessa estratégia, no entanto, ainda é incerto, especialmente após os resultados das eleições municipais, que demonstraram um desgaste da direita radical e um enfraquecimento da capacidade de mobilização do bolsonarismo.

Nos bastidores, há também uma avaliação de que a prisão de Bolsonaro pode desencadear novas disputas dentro da extrema direita, com nomes como Michelle Bolsonaro e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas  (Republicanos), ganhando protagonismo na sucessão do ex-mandatário. 

¨      Após denúncia da PGR, Flávio Bolsonaro insiste em candidatura do pai para 2026, mas admite nome alternativo da direita

 Um dia após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que trata Jair Bolsonaro como líder de uma tentativa de golpe para se manter no poder, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que seu pai se manterá como candidato ao Palácio do Planalto em 2026. No entanto, ele reconheceu que a direita poderá ter outros nomes viáveis na disputa. Segundo o senador, mesmo inelegível, o ex-presidente registrará sua candidatura e, "lá na frente, se for necessário", pode apoiar um nome alternativo.

Em entrevista ao jornal O Globo, o senador revelou que partidos do Centrão já trabalham com um cenário no qual o ex-mandatário não poderá concorrer no pleito presidencial de 2026, o que abre espaço para um candidato da direita. Segundo Flávio, presidentes de partidos já procuraram a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), além dele próprio, para uma eventual candidatura presidencial.

"Há diversos nomes com viabilidade política para concorrer. Bolsonaro tem a humildade de, se necessário, apoiar aquele que tiver maior potencial", afirmou o senador. "Presidentes de partidos falam comigo, com Tarcísio, Michelle, Ratinho, Romeu Zema (governador de Minas Gerais), Ronaldo Caiado (governador de Goiás), falam para todo mundo: 'Olha, mantenha a linha que pode ser você'", disse Flávio na entrevista.

Apesar disso, o senador classificou como um "desrespeito" discutir a substituição de Bolsonaro na disputa de 2026. Ele comparou a situação do pai com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de 2018, quando ele estava preso e inelegível, mas ainda assim registrou candidatura. Após a Justiça Eleitoral rejeitar o pedido, Fernando Haddad [atual ministro da Fazenda] assumiu a cabeça de chapa.

Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030 após condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Nesta terça-feira (20), a PGR apresentou denúncia contra ele por liderar uma trama golpista para se perpetuar no poder e impedir a posse de Lula, sendo esta a primeira acusação criminal formal contra o ex-mandatário desde que deixou o cargo.

Flávio Bolsonaro, que também é advogado, criticou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e classificou as acusações como "políticas". "Juridicamente, eu estaria muito tranquilo, mas politicamente vemos que há uma determinação dada ao Gonet. Lamento muito, é uma decepção pessoal para mim o que ele está fazendo", disse.

O senador também tentou desqualificar a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que apontou reuniões e outros elementos como provas contra o ex-mandatário na denúncia da PGR. Flávio afirmou que a "delação é forjada e feita contra a vontade do Cid".

Sobre a possibilidade de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, o senador admitiu que não há garantias de que a medida será aprovada pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). No entanto, ele acredita que a proposta contará com apoio no Congresso.

"Não posso garantir. Nunca houve conversa do tipo 'votamos em você para pautar isso ou aprovar isso'. O que fazemos é sensibilizar as lideranças partidárias e políticas para os excessos que estão acontecendo", concluiu o parlamentar.

¨      Nikolas Ferreira diz que Kassio Nunes pode reverter inelegibilidade de Bolsonaro

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desponta como o nome mais forte da direita para a eleição presidencial de 2026, caso Jair Bolsonaro (PL) permaneça inelegível. Em entrevista à Folha de S.Paulo, na terça-feira (18), o parlamentar declarou que, apesar das restrições legais, não descarta a possibilidade de o ex-presidente recuperar seus direitos políticos.

"O Tarcísio, pela proximidade com o Bolsonaro, pela atuação no Governo de São Paulo e pela sua capacidade, é um nome forte. Óbvio que ele vai enfrentar algumas questões com a direita, como sua relação com [Gilberto] Kassab, mas acho ele uma pessoa extremamente capacitada e com a possibilidade do aval do Bolsonaro", disse.

Horas antes da entrevista, a Procuradoria-Geral da República (PGR) havia apresentado denúncia contra Bolsonaro sob acusação de liderar uma trama golpista. Questionado sobre a possibilidade de prisão do ex-presidente, Nikolas afirmou que "quanto mais honesto você for nesse país, mais chance tem de se ferrar".

<><> Anistia e reação da direita

Nikolas defendeu a anistia para presos e investigados pelos atos de 8 de janeiro e disse que há expectativa de que o Congresso vote a proposta até a metade deste ano. "Acredito que temos votos para aprovar a anistia. As pessoas estão sensibilizadas", declarou.

Ele também criticou a condução das investigações sobre a tentativa de golpe. "São quase mil palavras de 'suposto', 'indícios', e isso enfraquece o indiciamento. Para prender um ex-presidente, tem que ser algo no mínimo [do nível do] mensalão", argumentou.

Sobre o futuro político da direita, Nikolas discordou de propostas para reduzir o tempo de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa. "O crime do Bolsonaro não é comparável ao crime de corrupção, crime de propina. Mas não se pode mudar uma lei toda só para beneficiar uma pessoa", disse.

<><> Caminho para Bolsonaro voltar à disputa?

O deputado mineiro sugeriu que a inelegibilidade de Bolsonaro pode ser revertida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando o ministro Kassio Nunes Marques assumir a presidência da Corte, em 2026. "Se o ministro do TSE decidir, acho que ele tem que estar [na eleição]. Pelo visto, a lei é o juiz, né? Então por que só o Moraes pode [tomar decisões]?", provocou.

Nikolas também minimizou declarações de Bolsonaro que foram interpretadas como uma crítica indireta a ele. "Tem muita gente em volta que vai se sentir ameaçada, vai ter ciúmes. Pouco me importo. Sei que tentam me jogar contra o Bolsonaro, mas temos uma relação aberta", afirmou.

<><> Possível candidatura ao Senado

O deputado admitiu que pode disputar uma vaga no Senado, caso avance a proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz a idade mínima para a Casa. "Seria um privilégio ser o senador mais jovem da história do país. Já conversei com Bolsonaro sobre isso e ele achou excelente", disse.

¨      Tarcísio pode ser candidato com promessa de indulto a Bolsonaro

 A possível candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à presidência da República em 2026, com a promessa de conceder indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi o principal tema das conversas na inauguração do Parlamento, uma casa de relações institucionais aberta na noite de ontem (19) pelo grupo Esfera, do empresário João Camargo.

O evento, que reuniu políticos e empresários, aconteceu em um momento de intensa mobilização da base bolsonarista diante da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro por suposta participação em uma tentativa de golpe. O cenário jurídico adverso reforçou a tese de que o governador paulista poderia assumir o protagonismo da direita na próxima eleição presidencial, com um compromisso claro de garantir a anistia do ex-presidente.

Segundo participantes do encontro, Tarcísio ainda não tomou uma decisão definitiva sobre sua candidatura, mas interlocutores avaliam que ele reúne os elementos necessários para se consolidar como herdeiro político de Bolsonaro. Sua boa relação com setores econômicos, aliada à forte base conservadora que o elegeu, o coloca como um nome viável para unificar a direita em um cenário sem o ex-presidente na disputa.

A presença de figuras influentes do bolsonarismo no evento reforçou essa articulação. Em conversas reservadas, lideranças ressaltaram que o apoio da base bolsonarista a Tarcísio dependeria de um compromisso público com a defesa de Bolsonaro e da promessa de um eventual indulto caso eleito. A estratégia, segundo aliados, serviria tanto para mobilizar o eleitorado mais fiel do ex-presidente quanto para criar um fato político capaz de manter Bolsonaro ativo no debate eleitoral, mesmo sem disputar diretamente.

Tarcísio, até o momento, tem adotado cautela ao tratar do tema, mas sua proximidade com Bolsonaro e seu histórico no governo de São Paulo indicam que a construção dessa candidatura pode ganhar força nos próximos meses. 

 

Fonte: Brasil 247

 

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