quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Sintomas de demência podem variar entre etnias, diz estudo

Os sintomas que antecedem o diagnóstico de demência podem variar de acordo com a etnia de uma pessoa. É o que aponta um estudo liderado pela Queen Mary University, de Londres, que será publicado na quarta-feira (26).

Um dos principais sintomas da demência é a dificuldade de memória, porém os estágios iniciais da doença podem causar outros sintomas, como depressão, perda de peso, pressão arterial baixa e tontura. O maior reconhecimento desses outros sintomas não cognitivos pode ajudar a reduzir as desigualdades no acesso ao diagnóstico precoce de demência, segundo os pesquisadores.

Diante disso, o estudo buscou investigar padrões no atendimento primário antes do diagnóstico de demência em uma população diversificada com proporções substanciais de pessoas identificadas como negras ou sul-asiáticas.

Para isso, a pesquisa usou um estudo de caso-controle aninhado de dados anônimos de registros eletrônicos de saúde de cuidados primários de mais de 1 milhão de pessoas em East London. No total, registros de saúde de 4.137 indivíduos com diagnóstico de demência e 15.754 controles pareados foram examinados.

Os pesquisadores investigaram os dados, observando uma série de sintomas que os pacientes relataram aos médicos até dez anos antes de receberem um diagnóstico de demência e comparando-os com pessoas da mesma idade que não receberam o diagnóstico.

Além das dificuldades de memória, os sintomas observados incluíam depressão, ansiedade, uso de antipsicóticos, insônia, constipação, incontinência, hipotensão, perda auditiva, dor, desequilíbrio e tontura.

A pesquisa também investigou se pessoas de grupos étnicos minoritários eram mais propensas a relatar sintomas não cognitivos ao clínico geral. O estudo encontrou evidências de que vários sintomas eram mais comumente relatados antes de um diagnóstico de demência em pessoas negras e sul-asiáticas do que em pessoas brancas.

Em particular, pacientes sul-asiáticos e negros tinham mais comumente registros de constipação, incontinência, desequilíbrio, tontura, dor musculoesquelética e insônia antes de seu diagnóstico de demência.

“Obter um diagnóstico oportuno de demência requer reconhecimento imediato de sintomas que sugerem que alguém pode estar desenvolvendo demência. Nós tendemos a focar principalmente em problemas de memória como a razão para avaliar alguém para demência, mas isso é um problema porque a condição não afeta apenas a memória, e porque por razões culturais as pessoas podem ser mais ou menos propensas a relatar dificuldades de memória ao seu clínico geral”, afirma Charles Marshall, professor de Neurologia Clínica e líder de pesquisa sobre demência no Queen Mary’s Centre for Preventive Neurology, em comunicado à imprensa.

“Esperamos que este trabalho melhore o reconhecimento justo da possível demência na atenção primária para que todos possam se beneficiar igualmente do diagnóstico, tratamento e tratamentos emergentes para a demência”, completa.

“A demência afeta todas as partes da população e pesquisas mostram que pessoas de origens negras e sul-asiáticas têm um risco maior de desenvolver demência. No entanto, elas são frequentemente sub-representadas em estudos de demência, então é excelente ver esta pesquisa, que é a primeira a explorar como os primeiros sinais de demência são relatados aos clínicos por grupos diversos”, completa Richard Oakley, Diretor Associado de Pesquisa e Inovação da Alzheimer’s Society.

¨      Remédio para dormir pode dificultar limpeza de resíduos do cérebro, diz estudo

Ter uma boa noite de sono é importante não apenas para descansar o corpo e a mente, mas também para eliminar resíduos do cérebro. No entanto, remédios para dormir, como o Zolpidem, podem atrapalhar esse processo de limpeza. É o que sugere um estudo publicado na quarta-feira (8) no periódico científico Cell Press.

De acordo com o trabalho, o sono profundo pode lavar resíduos acumulados no cérebro durante as horas de vigília (estado de consciência em que estamos acordados e em alerta). Esse processo é essencial para a saúde cerebral, mas as descobertas sugerem que pílulas para dormir podem interrompê-lo, afetando potencialmente a função cognitiva a longo prazo.

O sistema responsável por essa limpeza do cérebro é o sistema glinfático, que circula fluido na região cerebral e na medula espinhal para limpar os resíduos. Esse processo ajuda a remover proteínas tóxicas que formam placas relacionadas a distúrbios neurológicos. No entanto, o que impulsiona esse sistema ainda é algo desconhecido, até o momento.

Pesquisadores dinamarqueses descobriram que uma molécula chamada norepinefrina desempenha um papel fundamental na limpeza do cérebro em camundongos. Durante o sono profundo, o tronco cerebral libera pequenas ondas de norepinefrina cerca de uma vez a cada 50 segundos.

A norepinefrina faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, gerando pulsações lentas que criam um fluxo rítmico no fluido circundante para levar os resíduos embora.

No recente estudo, pesquisadores da Universidade de Rochester e da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, investigaram o que acontece no cérebro enquanto camundongos dormem. Eles se concentraram na relação entre norepinefrina e fluxo sanguíneo durante o sono profundo.

Eles descobriram que as ondas de norepinefrina se correlacionam com variações no volume sanguíneo cerebral, sugerindo que a substância desencadeia uma pulsação rítmica nos vasos sanguíneos.

A partir disso, a equipe comparou as mudanças no volume sanguíneo ao fluxo de fluido cerebral. Os pesquisadores descobriram que o fluxo de fluido cerebral flutua em correspondência às mudanças no volume sanguíneo, sugerindo que os vasos agem como “bombas” para impulsionar esse fluido para eliminar os resíduos.

“Você pode ver a norepinefrina como o maestro de uma orquestra”, diz a autora principal Natalie Hauglund do estudo e pesquisadora da Universidade de Copenhague e da Universidade de Oxford, Reino Unido, em comunicado à imprensa. “Há uma harmonia na constrição e dilatação das artérias, que então impulsiona o fluido cerebrospinal através do cérebro para remover os resíduos.”

Para entender a ação de remédios para dormir nesse sistema, os pesquisadores deram Zolpidem para os camundongos, um medicamento comum para tratar insônia. Eles descobriram que as ondas de norepinefrina durante o sono profundo eram 50% menores em camundongos tratados com o remédio do que em camundongos que dormiam naturalmente.

Embora os camundongos tratados com Zolpidem adormecessem mais rápido, o transporte de fluidos para o cérebro caiu mais de 30%. As descobertas sugerem que o auxílio para dormir pode interromper a eliminação de resíduos induzida pela norepinefrina durante o sono.

“Mais e mais pessoas estão usando medicamentos para dormir, e é muito importante saber se isso é um sono saudável”, diz Hauglund. “Se as pessoas não estão obtendo todos os benefícios do sono, elas devem estar cientes disso para poderem tomar decisões informadas.”

Os pesquisadores acreditam que as descobertas possam ser aplicadas a humanos, já que também possuem sistema glinfático. No entanto, mais estudos são necessários para confirmar essas hipóteses. As descobertas do estudo podem oferecer insights sobre como o sono ruim pode contribuir para distúrbios neurológicos como a doença de Alzheimer.

“Agora que sabemos que a norepinefrina está promovendo a limpeza do cérebro, podemos descobrir como proporcionar às pessoas um sono longo e restaurador”, diz Maiken Nedergaard, autor sênior do estudo.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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