quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Censo: parcela de pretos e pardos com ensino superior quintuplica em 22 anos, mas segue metade da de brancos

Em 22 anos, as parcelas de população preta e parda de 25 anos ou mais com ensino superior completo quintuplicaram no Brasil, segundo os novos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (26).

📈A divulgação faz parte dos resultados preliminares do Censo 2022 de Educação. Em 2000, 2,1% dos pretos dessa faixa etária tinham ensino superior completo. Entre os pardos, a porcentagem era de 2,4%, e, entre os brancos, 9,9%. Em 2022, as porcentagens saltaram para 11,7%, 12,3% e 25,8%, respectivamente.

📈Os números mostram que a parcela de brancos com ensino superior é mais que o dobro das de pretos e pardos. Há 20 anos, era quase o quíntuplo.

Segundo o analista de divulgação do IBGE Bruno Mandelli Perez, o progresso pode ser atribuído a uma série de fatores, incluindo a expansão da oferta de ensino superior, tanto público quanto privado, e implantação de políticas públicas de financiamento e bolsas de estudo.

"Você teve expansão da própria rede pública, inclusive em regiões do interior do Norte e interior do Nordeste, que são regiões que têm uma parcela maior da população preta e parda. Você teve uma expansão do setor privado também, que pode ter abarcado uma parcela maior dessa população. E você teve ainda políticas públicas, de financiamento e de bolsa para o setor privado também", disse.

Para o pesquisador, a Lei de Cotas, sancionada em 2012, influenciou na melhora do acesso, mas não foi um fator determinante nos números finais, já que a rede pública é minoritária na oferta de ensino superior.

A população indígena apresentou o menor nível de instrução. Entre os indígenas de 25 anos ou mais, apenas 8,6% possuíam superior completo, enquanto mais da metade (51,8%) não tinham instrução ou possuíam apenas ensino fundamental incompleto.

De modo geral, o nível de instrução e a frequência escolar avançaram no Brasil nos últimos 22 anos. No entanto, desigualdades regionais e de raça permanecem, de acordo com o IBGE.

·        O triplo de formados

No Brasil, em 2022, o nível de instrução estava dividido da seguinte forma:

·        Sem instrução e fundamental incompleto: 35,2%

·        Fundamental completo e médio incompleto: 14%

·        Médio completo e superior incompleto: 32,3%

·        Superior completo: 18,4%

A proporção de pessoas com ensino superior completo no país quase triplicou. Há 22 anos, eram 6,8% da população. Em 2022, eram 18,4%.

Ao analisar por região do país, o Nordeste (13%) e o Norte (14,4%) têm os menores índices de pessoas com diploma universitário. As duas regiões, inclusive, estão abaixo da média brasileira (18,4%). As outras regiões estão acima deste percentual: Sul (20,2%), Sudeste (21%) e Centro-Oeste (21,8%).

Entre as unidades da federação, o Distrito Federal tem a maior proporção de pessoas com 25 anos ou mais e ensino superior completo: 37%. O Maranhão, a menor: 11,1%. Essas são as mesmas posições registradas no Censo 2000, quando o DF tinha 15,3% desta faixa etária formada, e o Maranhão, 1,9%.

📍 Já entre as cidades com mais de 100 mil habitantes, a maior proporção foi registrada em São Caetano do Sul, na Grande SP, 48,2%. A menor, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, com 5,7%.

‍👩🏻‍🎓Os dados mostram ainda que o nível de instrução das mulheres é superior ao dos homens. Em 2022, 20,7% delas tinham nível superior completo. Entre os homens, essa proporção era de 15,8%.

¨      3 em cada 4 formados em medicina no Brasil são brancos; apenas 2,8% são pretos, diz IBGE

Três em cada quatro formados em medicina no Brasil são brancos, revelavam os novos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (26). Os pardos são 19,1% dos diplomados, e os pretos, 2,8%.

A pesquisa faz parte do Censo 2022 de Educação. Em outros cursos, a distribuição por cor ou raça entre os formados também tem grande diferença, como em economia (75,2% dos formados eram brancos), e odontologia (74,4%). 

Já entre as pessoas com graduação concluída em serviço social, a proporção de pessoas brancas era, em 2022, de 47,2%. Os pardos eram 40,2%, e os pretos, 11,8%.

Os pretos e pardos também tinham números mais representativos na área "formação de professores": 8,9% de pretos e 37,5% de pardos.

👩🏻‍🎓 No recorte por sexo, também há grandes discrepâncias. Em engenharia mecânica e metalurgia, por exemplo, 92,6% dos formados são homens. Em ciência da computação, 79,6%.

Já em enfermagem, 86,3% das formadas são mulheres. Em serviço social, o índice é ainda maior: 93%.

¨      Região Norte tem menores taxas de frequência escolar do país, diz IBGE

A região Norte tem os piores índices de frequência escolar do Brasil em quase todas as faixas etárias, revela o Censo 2022 de Educação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quarta-feira (26).

👶🏻 A maior discrepância está nos anos iniciais. Entre as crianças de 0 a 3 anos, 16,6% estão em unidades de ensino na região Norte. No Sudeste, este índice salta para 41,5%. Os estudantes da região Morte apresentam a pior frequência escolar do país até os 17 anos.

Quando se analisa por cor ou raça, os indígenas apresentam os menores índices de frequência escolar, enquanto os amarelos e brancos apresentam os maiores.

Ao olhar para o Brasil, de 2000 a 2022, os dados mostram que as taxas de frequência escolar avançaram em todas as regiões -- e em quase todos os grupos etários. As desigualdades regionais, no entanto, permanecem.

<><> Longe da meta

O aumento da frequência escolar no Brasil foi mais expressivo entre as crianças pequenas. Em 2000, 9,4% das crianças de até 3 anos estavam na escola. Em 2010, este percentual subiu para 23,5%, e para 33,9% em 2022 -- ainda longe do mínimo de 50% da meta do Plano Nacional de Educação (PNE).

Dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 646 superaram a meta de 50% de frequência para crianças de 0 a 3 anos, o que representa apenas 11% do Brasil. Em 325 cidades, esse indicador estava abaixo de 10%.

"Ainda está abaixo da meta que o plano estipulava mas houve uma evolução bem significativa. Em outras faixas que também foram objeto de políticas públicas, como de 4 e 5 anos, também há uma evolução bem grande, afirma o analista de divulgação do IBGE Bruno Mandelli Perez. "Mas a gente ainda tem muito a conseguir, o acesso escolar ainda está distante das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação".

📉 A única faixa que apresentou redução na frequência escolar foi a de 18 a 24 anos, que passou de 31,3% em 2000 para 27,7% em 2022. No entanto, isto aconteceu porque muitos jovens adultos cursavam os ensinos Fundamental e Médio atrasados.

"Nos últimos 20 anos, os jovens foram se formando na idade adequada, foram se formando até 18 anos. A redução é justificada pela adequação do fluxo escolar", explicou a analista de divulgação do IBGE Juliana de Souza Queiroz.

📍Entre as unidades federativas, as menores taxas de frequência escolar para as faixas de 0 a 3 anos e de 4 a 5 anos de idade foram encontradas no Amapá -- 12% e 65%, respectivamente. Já Roraima apresentou as menores taxas para os grupos de 6 a 14 anos (91,5%), 15 a 17 anos (78,8%) e 18 a 24 anos de idade (24%).

 

Fonte: g1

 

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