quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Em reunião do BRICS, Lula diz que “negociar com base na lei do mais forte é um atalho perigoso para a guerra”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, nesta quarta-feira (26), a primeira reunião de Sherpas da presidência brasileira do BRICS com um discurso enfático em defesa do multilateralismo e da busca por soluções construtivas e equilibradas para os conflitos globais. Sem citar diretamente os Estados Unidos, Lula criticou práticas unilaterais e destacou que "negociar com base na lei do mais forte é um atalho perigoso para a instabilidade e para a guerra".

"Neste momento de crise, nossa responsabilidade é buscar soluções construtivas e equilibradas", afirmou Lula, ressaltando o papel central do BRICS na promoção de um mundo multipolar e menos assimétrico. O presidente lembrou que o bloco tem sido fundamental para avanços importantes e continuará sendo peça-chave para o cumprimento de agendas globais, como a Agenda 2030, o Acordo de Paris e o Pacto Para o Futuro.

Lula citou como exemplos positivos as iniciativas do Brasil e da China na criação do grupo de amigos da paz para o conflito na Ucrânia. Sobre a crise em Gaza, o presidente destacou que a solução só será alcançada com o envolvimento dos países da região, reforçando a necessidade de diálogo e cooperação internacional. "A crise em Gaza desperta intensa preocupação e só será resolvida com envolvimento dos países da região", disse.

O presidente também defendeu a reforma da arquitetura multilateral de paz e segurança, classificando-a como "inadiável". Ele criticou o unilateralismo, que, segundo ele, "solapa a ordem internacional", e afirmou que apostar na imprevisibilidade afasta os compromissos coletivos necessários para a humanidade. "Frente à polarização e à ameaça de fragmentação, a defesa consistente do multilateralismo é o único caminho que devemos trilhar", declarou o presidente.

Lula lembrou que, há seis meses, o Brasil lançou um chamado à ação sobre a reforma da governança global no âmbito do G20. Segundo ele, as mudanças vertiginosas no cenário internacional tornam essa convocação ainda mais urgente. O presidente também reforçou a necessidade de reformar as Nações Unidas, incluindo o Conselho de Segurança, para garantir maior representação dos países emergentes.

"As últimas cúpulas dos BRICS foram unânimes em reconhecer a urgência da reforma das Nações Unidas, inclusive do Conselho de Segurança. Adequar a representação dos países emergentes é essencial para uma governança mais eficaz e legítima", afirmou.

A presidência brasileira do BRICS, segundo Lula, terá como prioridade reforçar a vocação do bloco como espaço de diversidade e diálogo, promovendo relações internacionais mais equilibradas e menos assimétricas. O discurso do presidente reflete a posição do Brasil como mediador em conflitos globais e defensor de uma ordem internacional baseada no multilateralismo e na cooperação.

Os sherpas são enviados dos chefes de estado/governo dos integrantes do BRICS, com responsabilidade de conduzir discussões rumo à Cúpula de Líderes, agendada para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro.

Na sessão especial com o presidente Lula, além dos representantes de países-membros do BRICS (Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã), também participaram embaixadores de países parceiros (Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão).

¨         Em meio à discussão sobre desdolarização e pressões de Trump, Lula fala em “aumentar as opções de pagamento”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender, nesta quarta-feira (26), a reforma do sistema monetário internacional. Em discurso durante a primeira reunião de Sherpas da presidência brasileira no BRICS, Lula destacou o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos BRICS, no aprimoramento desse sistema.

“Contribuir para o aprimoramento do sistema monetário financeiro e internacional está na origem dos BRICS. Na Cúpula de Fortaleza, em 2014, decidimos criar um banco, desenhado para ser bem-sucedido, enquanto as instituições de Bretton Woods continuam falhando”, disse.

Baseado no princípio da igualdade de voto e do financiamento alinhado às prioridades nacionais, o Novo Banco de Desenvolvimento completa dez anos de sucesso, com mais de US$33 bilhões investidos em projetos de desenvolvimento sustentável no Sul Global. O contingente de reserva visa ganhar segurança financeira para nossas economias”, completou.

Na sequência, o presidente citou “a atual escalada protecionista”, resultado das políticas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo Lula, é preciso “aumentar as opções de pagamento” para reduzir a vulnerabilidade. “A atual escalada protecionista na área do comércio e investimento reforça a importância de medidas que busquem superar os entraves da nossa integração econômica. Aumentar as opções de pagamento significa reduzir vulnerabilidades e custos. A presidência brasileira está comprometida com o desenvolvimento de plataformas de pagamentos completamente voluntárias, acessíveis, transparentes e seguras”, afirmou.

Por fim, Lula defendeu o aprofundamento da parceria entre os países dos BRICS diante da “nova revolução industrial”. “Diante da rapidez com que a indústria vem se transformando, estão entre nossas prioridades aprofundar a parceria para a nova revolução industrial e promover a necessária atualização da Estratégia para Parceria Econômica dos BRICS para 2030. Precisamos de soluções que diversifiquem e agreguem valor à produção de países em desenvolvimento”, concluiu.

¨         'Sabotar a OMS é um erro com sérias consequências', alerta Lula em reunião dos BRICS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a atuação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em uma reunião do BRICS, realizada nesta quarta-feira (26), em Brasília. "Sabotar os trabalhos da OMS é um erro com sérias consequências. Fortalecer a arquitetura global de saúde, com a OMS em seu centro, é fundamental para garantir justo e equitativo acesso a medicamentos e vacinas necessárias ao desenvolvimento sustentável", disse Lula no primeiro encontro do ano dos "sherpas" – nome dado aos negociadores de cada governo do grupo de países que integram o bloco do BRICS.

A declaração faz uma referência indireta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que logo nos primeiros dias de seu segundo mandato à frente da Casa Branca anunciou a saída de vários órgãos multilaterais, incluindo a OMS.

Ainda segundo Lula, "a cooperação em saúde é uma das maiores urgências do Sul Global. A pobreza, a falta de acesso a serviços básicos e a exclusão social são terreno fértil para doenças como tuberculose, malária e dengue, e outras que, juntas, ameaçam cerca de 1,7 bilhão de pessoas no mundo". "Durante nossa presidência, pretendemos lançar uma parceria para a eliminação de doenças socialmente determinadas e doenças tropicais negligenciadas. A ausência de consenso em torno do Tratado sobre Pandemia, mesmo após a Covid-19 e Mpox, atesta a falta de coesão da comunidade internacional diante de graves ameaças", ressaltou mais à frente.

 

¨         O Brasil de volta aos trilhos do desenvolvimento. Por José Guimarães

Colocar o pobre no orçamento, como diz o Presidente Lula, e investir na infraestrutura é uma âncora para o desenvolvimento sustentável com responsabilidade social e fiscal. Com essa âncora, o Presidente Lula cuida das pessoas, garante direitos, melhora as condições de vida da população e alavanca o crescimento da economia.

No governo Lula, a prioridade não é corte. É investimento na infraestrutura, na nova indústria, na construção civil, na agricultura de exportação e familiar, na micro e pequena empresa, na educação pública de qualidade, na saúde pública e nos programas sociais, para gerar empregos, renda, reduzir a desigualdade e erradicar a pobreza. 

Na reconstrução do país, a partir de 2023, o desemprego despencou para 6,2%, a menor taxa da série histórica - abaixo do índice da Zona do Euro (6,3%). Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2024, o mercado de trabalho formal registrou alta de 16,5% das vagas com carteira assinada. A indústria foi responsável por 76% desse crescimento. O valor do salário aumentou. O rendimento do trabalho mensal médio chegou a R$ 3.314 reais. A massa salarial real bateu em R$ 327,7 bilhões. Crescimento de 12,6% nos últimos dois anos. Em janeiro deste ano, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, registrou a criação de mais de 100 mil novas vagas. Com isso, crescem o poder de compra, o mercado interno e a economia. 

O Presidente Lula assumiu o governo, em 2023, com um déficit no orçamento de R$ 255,2 bilhões, deixado pelo governo anterior. Apesar das dificuldades orçamentárias, conseguimos organizar as contas públicas, aprovar a PEC da Transição, o Novo Regime Fiscal Sustentável, a Reforma Tributária e muitas outras matérias de interesse do governo com articulação e diálogo democrático. 

Em 2024, o Brasil começou a colher o que foi plantado nos últimos dois anos. A média de crescimento do PIB nos anos 2023-2024, foi de 3,35%. Os investimentos na infraestrutura são os maiores em 14 anos. Chegou a R$ 259,3 bilhões, crescimento de 38%, de 2022 a 2024. 

O PAC 1, lançado em janeiro de 2007, ganhou força em 2012, no governo Dilma. Na época, o governo conseguiu mobilizar um volume extraordinário de investimentos públicos e privados, que chegou a R$ 1,5 trilhão, para construção de plataformas de petróleo, ferrovias, rodovias, hidrelétricas, projetos de mobilidade urbana e muitas outras obras de infraestrutura. No PAC 2, os investimentos públicos e privados, mobilizados, chegaram a R$ 1,7 trilhão, até 2026. 

Alguns fatores são fundamentais para o êxito do nosso projeto de governo. Por exemplo, poucos países do mundo dispõem de uma rede de bancos públicos com tamanha capilaridade como a do Brasil: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco do Nordeste (BNB). Bancos que conseguiram escapar da sanha privatista. Tentaram vendê-los, mas não conseguiram. A opinião pública disse “Não”!  

Sem essa rede bancária, os investimentos nos programas sociais, as transferências de recursos para Estados e Municípios, não chegariam na ponta, nas regiões mais remotas. Os beneficiários do Bolsa-Família, do Pé-de-Meia, e de outros programas não conseguiriam receber seus pagamentos não fosse essa rede bancária estatal.  Assim como os investimentos no setor produtivo, como Pronaf, da agricultura familiar, Pronampe, das micro e pequenas empresas, enfim. 

Em 2023-2024, os contratos de empréstimos, com os bancos públicos, para Estados e Municípios dobraram em relação a 2019-2022. Em 2023, bateu R$ 60,3 bilhões. Em 2024, R$ 35,5 bilhões. Ou seja, a função dos bancos públicos, de indutores do desenvolvimento, foi resgatada. Os investimentos fluem. 

O BNDES liberou R$ 276,5 bilhões em créditos, em 2024, segundo balanço do banco. Um recorde em financiamentos. Em 2024, o segmento das micro e pequenas empresas registrou um volume recorde de créditos: R$ 156,3 bilhões liberados. O aumento foi de 119,8%, em relação a 2022. Tudo isso com a menor taxa de inadimplência da história (0,001%). O Ceará foi contemplado com R$ 2.495.611.982 bilhões, para financiamentos de exportações; inovação tecnológica; para a indústria; para adaptação às mudanças climáticas; e para a produtividade, operações para aquisição de máquinas e equipamentos.

Os programas sociais são outras fontes poderosas de investimento, como geradores de empregos e renda, dinamizadores da economia, e provedores de direitos inscritos na Constituição. 

Um desses direitos, o direito à habitação, é garantido pelo programa Minha Casa, Minha Vida, que deu um salto na quantidade de moradias contratadas: o Novo PAC, totalizou 1.095.750. Em 2023, foram contratadas 491.209 moradias. Em 2024, chegou a 604.541. É assim que o Presidente Lula cuida das pessoas, garantindo direitos, melhorando as condições de vida e alavancando o crescimento. 

De um total de R$ 1,3 trilhão do NOVO PAC, foram executados R$ 711 bilhões, 53% do previsto para 2023-2024. São 22,9 mil empreendimentos. Desse total, 2 milhões de unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida. 

Ou seja, o projeto de país do Partido dos Trabalhadores é por demais conhecido e debatido na sociedade brasileira, assim como os resultados dos seus governos.  Os indicadores econômicos e sociais e de desenvolvimento do país são as provas cabais de que nosso projeto é de construção de uma nação democrática, com menos desigualdade, justa e livre.

Neste ano, o Partido dos Trabalhadores faz 45 anos. Sua história também é conhecida. Filho das lutas populares, do campo e da cidade, pelo restabelecimento do Estado democrático de direito no Brasil, depois de uma ditadura criminosa, que censurou, perseguiu, prendeu, torturou, matou, e entregou o Brasil em situação de penúria econômica, com recordes de desemprego, inflação galopante e com a desigualdade esgarçando o tecido social. 

Nossas lutas, junto com outras forças progressistas, viraram essa triste página da nossa história, nos deu a “Constituição Cidadã” com novos direitos, novas instituições republicanas, e cinco mandatos presidenciais, além de governos estaduais e prefeituras, para fazer valer os direitos de cidadãs e cidadãos brasileiros. 

O PT foi construído para transformar a sociedade brasileira e estamos conseguindo, junto com outras forças políticas progressistas. Lutamos pela consolidação da democracia, pela reconstrução do Brasil, e na implementação do projeto nacional de desenvolvimento sustentável com justiça social e ambiental. Comemoramos 45 anos de lutas, conquistas, e resultados extraordinários do nosso projeto de país. O Brasil foi recolocado nos trilhos do desenvolvimento, resgatada a soberania e reposicionado na geopolítica internacional sob a liderança do Presidente Lula.

 

Fonte: Brasil 247

 

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