quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Jair de Souza: Lula depende de mobilização social para "sobreviver"

A partir da divulgação de levantamentos de opinião realizados por alguns institutos de sondagem, acenderam-se várias luzes de alerta prognosticando incertezas para o futuro próximo.

Quanto a isto, julgo de fundamental relevância que tenhamos clareza sobre uma questão: na conjuntura em que estamos no momento, Lula ainda é o mais expressivo trunfo com que o povo brasileiro conta para impedir que a extrema direita bolsonarista, ou alguma de suas variantes limpinha e cheirosa, retorne ao comando do aparelho de Estado no Brasil no próximo pleito eleitoral.

O debilitamento do atual governo no momento e nas condições em que estamos só favorecerá os eternos inimigos viscerais da imensa maioria de nossa população, ou seja, os setores mais reacionários de nossas classes dominantes.

Por isso, é importante que todos os que se sentem vinculados às aspirações populares entendam que contribuir para socavar as bases de sustentação do atual governo equivale efetivamente a ajudar essas forças ultrarreacionárias a alcançar seu propósito.

<><> Lula é indispensável

Por outro lado, também não me parece correto que, visto a indispensabilidade de Lula para que o aparelho de Estado não caia novamente nas mãos do que há de mais retrógrado entre nossas oligarquias entreguistas, a militância de esquerda se veja coagida de tecer críticas à gestão governamental, mesmo nos casos em que são tomadas decisões que contrariam os interesses das massas trabalhadoras.

É que em um governo de frente ampla cada um dos setores que compõem seu amplo espectro tratará de pressioná-lo no sentido de que suas prioridades sejam atendidas ao máximo possível.

Assim, as divergências de enfoques e de objetivos não se extinguem no seio deste bloco de sustentação, ou seja, permanece válida a conhecida luta de classes e suas consequências.

Então, quanto menos pressão houver por parte das forças do campo popular, mais voltado aos anseios dos outros integrantes da frente o governo será.

<><> Não basta um líder

Se partirmos do princípio que nossa proposta é a edificação de uma nova sociedade, na qual os valores e interesses coletivos do conjunto dos trabalhadores sejam predominantes, concluiremos que tal objetivo não poderá ser atingido tão somente em função da genialidade, da boa vontade e da disposição de um líder.

Sem a participação ativa, efetiva e consciente dos principais beneficiários de um projeto desta magnitude, a possibilidade de sua concretização é quase que nula.

Por isso, a constatação de que todas as expectativas de mudanças em favor do povo ainda dependem essencialmente da figura de Lula é um indício de que o trabalho de conscientização e organização das bases não tem sido executado como deveria ser.

A falta de autonomia do campo popular e sua inteira dependência das decisões de seu principal condutor é muito mais um indicativo de debilidade do que de fortaleza.
Evidentemente, algo não foi encaminhado como deveria ter sido.

Esta é a conclusão a extrair ao constatar que nem os principais partidos de esquerda, nem suas entidades sindicais mais combativas, e nem seu mais expressivo dirigente se empenharam em educar, organizar e estimular a população a partir de seus locais de moradia e trabalho com vista a possibilitar que o povo assumisse protagonismo ativo no processo de lutas.

E isto pode ser observado na atuação do atual governo.

<><> A frente não priorizou a esquerda

Assim, ao não priorizar o trabalho de preparação e mobilização das massas populares para que estas pudessem disputar com as outras forças a hegemonia na gestão governamental, seus interesses mais relevantes foram sendo relegados a segundo plano, em benefício dos setores não populares componentes da frente.

É inegável que poder contar com um líder com a habilidade pessoal e o carisma de nosso Lula é uma dádiva que o povo brasileiro precisa se esmerar por preservar e evitar que venha a ser derruída.

Porém, tão somente isto não basta para que se possa de fato mudar os pilares de sustentação da sociedade, com vista a que, em seu lugar, se erijam outros realmente capazes de zelar para que essas maiorias trabalhadoras se tornem a força social hegemônica.

Estou entre os que acreditam que, para defender Lula e seu imprescindível papel no comando da saga do povo trabalhador brasileiro em busca de sua libertação das amarras das classes dominantes, é imperativo que nossa dedicação e nosso apoio lhes sejam proporcionados no intuito de levá-lo a cumprir a função que desejamos que cumpra.

Assim, a crítica construtiva continua sendo uma ferramenta de inestimável valor para gerar condições que permitam que nossos sonhos se materializem.

<><> Só a organização popular salva

Portanto, considero que a tarefa prioritária de Lula para a presente etapa da luta é fazer com que o peso de sua liderança sirva para dotar as massas populares do nível de consciência política e de organização que lhes proporcione condições para seu envolvimento ativo na consecução das transformações que precisam ser efetivadas e sustentadas.

Em decorrência do anteriormente exposto, penso que a mais relevante contribuição que Lula tem a oferecer nestes dois anos que lhe restam para concluir sua atual gestão é preparar e convocar o povo para uma participação ativa e consciente em tudo o que se relaciona com o destino da nação.

Para tanto, é fundamental que Lula e todos os que se identificam com os reais interesses do povo trabalhador se engajem decididamente no trabalho que a empreitada requer. E, temos de entender, passos vigorosos neste rumo devem ser imediatamente dados, uma vez que muito tempo já foi perdido.

Se Lula almeja de verdade a passar para a história não apenas como o mais eficiente gestor do capitalismo brasileiro, e sim como o forjador do caminho que conduzirá os trabalhadores de nosso país a conquistar o direito de viver em um mundo não submetido ao poder e domínio dos capitalistas, sua grandiosidade se verá ressaltada à medida que a força do povo organizado, consciente e mobilizado se fizer sentir de modo inequívoco.

E é essencial que este movimento consiga seguir avançando, mesmo quando o próprio Lula já não puder estar em sua condução.

Em resumo, o grande desafio colocado a Lula e a todos os que querem que nosso povo venha a vencer a eterna barreira imposta pela correlação de forças adversa é confiar muito mais na capacidade das massas em superar essas dificuldades.

Como nos ensina a história, só as grandes mobilizações de massas têm o poder de passar por cima da camisa-de-força imposta por instituições que funcionam voltadas para a manutenção do status quo.

Para tal, investir no trabalho político e de organização popular parece ser o único meio de romper o arcabouço da paralisia em que as classes dominantes querem manter-nos aprisionados.

¨      Pesquisa Quaest assusta aliados e auxiliares de Lula

resultado da pesquisa Genial Quaest sobre a avaliação do governo Lula divulgada nesta quarta-feira (26/2) assustou aliados e auxiliares próximos do presidente.

O levantamento confirmou tendência já apontada por outros institutos de recentemente, como o Datafolha, mostrando uma grande piora na avaliação do governo.

A sondagem foi realizada em oito estados: Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande dos Sul e São Paulo. Em seis, a avaliação negativa cresceu.

No caso de São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás, a avaliação negativa da gestão Lula superou os 50%. A menor avaliação negativa foi em Pernambuco: 37%.

Os resultados foram vistos por aliados de Lula, entre eles, lideranças do PT, como “muito ruim”. A avaliação é de que o petista precisa dar um “cavalo de pau” no governo “urgentemente”.

Para esses aliados, a Quaest indica que Lula tem que investir em marcas novas e populares para tentar melhorar a popularidade do governo a tempo das eleições de 2026.

A pesquisa, na avaliação dos auxiliares presidenciais, também demonstrar a necessidade urgente de Lula fazer mudanças na composição do governo.

Na avaliação de integrantes do PT da Bahia, uma das alas mais influentes do partido, a pesquisa Quaest foi “assustadora” e “péssima” para Lula.

Para integrantes da Secretaria de Comunicação da Social da Presidência (Secom), os números ruins ainda seriam resultados da inflação dos alimentos e da crise no Pix, cujo auge foi em janeiro.

<><> Veja avaliação de Lula nos demais estados pesquisados:

>>> São Paulo

Negativo: 55%

Regular: 27%

Positivo: 16%

Não soube dizer ou não respondeu (NS/NR): 2%

>>> Minas Gerais

Negativo: 51%

Regular: 25%

Positivo: 22%

NS/NR: 2%

>>> Rio de Janeiro

Negativo: 50%

Regular: 30%

Positivo: 19%

NS/NR: 1%

>>> Bahia

Negativo: 38%

Regular: 31%

Positivo: 30%

NS/NR: 1%

>>> Rio Grande do Sul

Negativo: 52%

Regular: 28%

Positivo: 19%

NS/NR: 1%

>>> Goiás

Negativo: 58%

Regular: 22%

Positivo: 18%

NS/NR: 2%

¨      Lula perderia para Bolsonaro em SP, MG, PR, RS e GO, diz Quaest

A pesquisa Genial Quaest, divulgada nesta quarta-feira (25/2), mostra que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria menos votos que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, em uma disputa nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. A pesquisa apurou a informação em outros três estados: Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.

Em um cenário estimulado, ou seja, quando são apresentados os nomes dos candidatos, a Quaest perguntou sobre o possível voto se Lula e Bolsonaro estivessem na disputa pelo segundo turno. Conforme o levantamento, Bolsonaro teria maior porcentual de votos no Paraná, com 51% contra 30% de Lula.

O ex-presidente filiado ao PL teria menos votos, mas ainda se sagraria vencedor nos estados de Goiás (50% a 30%), São Paulo (45% a 36%), Rio Grande do Sul (44% a 38%) e Minas Gerais (42% a 40%).

No estado do Rio de Janeiro, Lula e Bolsonaro empatariam com 41% da preferência dos entrevistados. A vitória mais expressiva de Lula seria na Bahia, com 59% contra 26% de Bolsonaro. Em Pernambuco, Lula teria 57% da preferência contra 31% do adversário.

Ainda conforme a pesquisa da Quaest, Lula teria páreo duro contra o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O placar seria 54% a 30% favorável a Tarcísio. Lula venceria, dentre os oito estados pesquisados, no Rio de Janeiro, na Bahia e em Pernambuco.

Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada na terça também mostrou a força de Bolsonaro, ainda que inelegível, na preferência dos entrevistados. No cenário de intenção de voto estimulado, Bolsonaro teria leve vantagem na disputa do segundo turno contra Lula, com 43,4% ante 41,6% do adversário. Em outra hipótese, o ex-presidente também derrotaria o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), pelo placar de 43,1% a 39,4%.

Bolsonaro está inelegível até 2030. Em junho do ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSEcondenou o ex-mandatário pelo placar de 5 a 2, pelos ataques que fez ao sistema eleitoral brasileiro durante reunião com embaixadores, em julho de 2022.

<><> A pesquisa

O levantamento da Genial Quaest ouviu 10.442 pessoas. A margem de erro é de 3% para mais ou para menos, exceto no estado de São Paulo, onde a margem de erro considerada é de 2%. A coleta das entrevistas foi realizada de 19 a 23 de fevereiro e o nível de confiança é de 95%. Todas as entrevistas foram realizadas “face a face”.

¨      Preço dos alimentos influencia queda de popularidade de Lula, diz pesquisa

Pesquisa Quaest realizada em oito estados-chave para as eleições 2026, que foi divulgada nesta quarta-feira (26), mostra que a queda na popularidade de Lula está sendo influenciada diretamente pelo preço dos alimentos nos supermercados.

Segundo dados da pesquisa, mais de 90% dos entrevistados em todos os estados afirmam que os preços dos alimentos subiram no último mês.

O levantamento foi feito em Pernambuco (92%), Rio de Janeiro (94%), Minas Gerais (94%), São Paulo (95%), Rio Grande do Sul (95%), Bahia (95%), Paraná (96%) e Goiás (96%).

"A sensação de piora na economia pode ser explicada pela quase unanimidade na percepção de aumento no preço dos alimentos nos 8 estados pesquisados. Embora em SP a inflação acumulada de alimentos tenha chegado a 10% em 2024, e em Salvador tenha sido bem menor, 5,84%; nos dois estados, 95% afirmam que os preços de alimentos subiram no último mês", diz Felipe Nunes, diretor da Quaest.

Os dados refletem na queda da popularidade do presidente, que vê a desaprovação superar a aprovação até mesmo na Bahia, onde venceu a eleição de 2022 com 72% dos votos.

Segundo a Quaest, atualmente 51% dos baianos desaprovam o governo, enquanto 47% aprovam. Em Pernambuco, também no Nordeste, o índice também foi revertido desde a última pesquisa, realizada em dezembro: 50% de desaprovação e 49% de aprovação - eram 65% positivos e 33% negativos há dois meses.

Nos dois principais colégios eleitorais, a queda na popularidade de Lula foi alta. Em São Paulo, onde está a maioria dos eleitores, o governo é desaprovado por 69% - 29% aprovam. Em Minas, segundo colégio eleitoral, 63% dizem desaprovar e 35% que aprovam.

Ainda no Sudeste, o governo é reprovado por 64% dos fluminenses - 35% aprovam. 

O maior índice de desaprovação se concentra em Goiás: 70% - contra 28% de aprovação.

A pesquisa ainda levantou dados do Rio Grande do Sul (66% desaprovam e 33% de aprovação) e Paraná (68% de desaprovação e 30% de aprovação).

 

Fonte: Fórum

 

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