Bolsonaro não via diplomação de Lula
como empecilho para golpe, diz general
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não via a
diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), como um empecilho para um eventual golpe de Estado, segundo relatou o
general da reserva Mario Fernandes em áudio divulgado pela Polícia Federal (PF)
no domingo (23).
O material foi extraído de celulares e computadores
apreendidos durante a investigação que resultou na denúncia de 34 pessoas por
atos contra o Estado Democrático de Direito. A denúncia foi apresentada pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A declaração do militar (leia
abaixo), que está preso desde
novembro de 2024,
consta no relatório da PF. O áudio com a mensagem foi encaminhado ao
tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
A diplomação de Lula no TSE ocorreu no dia 12 de
novembro de 2022. Segundo Mario Fernandes, Bolsonaro teria dito que o rito não
seria uma “restrição” e que “qualquer ação” poderia ser tomada até o dia 31 de
dezembro daquele ano.
“Cid, boa noite. Meu amigo, antes de mais nada, me
desculpa estar te incomodando no dia de hoje, mas, porra, a gente não pode
perder oportunidade. São duas coisas. A primeira: durante a
conversa que eu tive com o presidente [Bolsonaro], ele citou que, pô, o dia 12,
pela diplomação do vagabundo [Lula], não seria uma restrição, que qualquer ação
nossa pode acontecer ate 31 de dezembro e tudo… Mas, pô, aí na hora eu disse:
‘Pô, presidente, mas o quanto antes… A gente já perdeu tantas oportunidades'”, disse Mario Fernandes ao ex-ajudante
de ordens de Bolsonaro.
De acordo com o relatório da PF, concluído no final do
ano passado, o general da reserva contatou Cid “evidenciando sua proximidade
com o então presidente da República e as tratativas para consumar o golpe de
Estado”, além de sugerir “uma ação no período mais breve possível”.
¨ Áudios
revelam que general discutiu com Bolsonaro data para golpe de Estado
Um novo áudio divulgado pela
Polícia Federal adiciona mais elementos à investigação sobre a suposta trama
golpista após as eleições de 2022, ao revelar que o general da reserva Mário
Fernandes discutiu possíveis datas para um golpe de Estado com o então
presidente Jair Bolsonaro (PL).
As gravações, segundo a
coluna de Fabio Serapião, do portal Metrópoles, foram enviadas ao
tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então mandatário, em 8 de
dezembro de 2022 – após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.
As mensagens sugerem que Bolsonaro teria mencionado que a diplomação do
presidente eleito, marcada para o dia 12 daquele mês, "não seria uma
restrição" para qualquer ação planejada pelo grupo.
"Mas, porra, a gente
não pode perder oportunidade. São duas coisas. A primeira, durante a conversa
que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do
vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode
acontecer até 31 de dezembro e tudo", diz Fernandes na mensagem enviada a
Cid, de acordo com a reportagem.
O general da reserva, que
ocupava o cargo de secretário-geral substituto da Presidência da República,
demonstra no áudio preocupação com o momento ideal para a ação e pede que Cid
repasse algumas considerações a Bolsonaro. "E aí, depois, meditando aqui
em casa, eu queria que, porra, de repente você passasse para ele dois aspectos
que eu levantei em relação a isso. A partir da semana que vem, eu cheguei a
citar isso para ele", afirma.
Entre os pontos levantados
por Fernandes estava a possibilidade de os protestos que ocorriam em frente aos
quartéis e instalações militares pelo país se intensificarem ou perderem força.
"Das duas, uma. Ou os movimentos de manifestação na rua ou eles vão
esmaecer ou vão recrudescer. Recrudescer com radicalismos. E a gente perde o
controle. Pode acontecer de tudo. Mas podem esmaecer também", explica o
general.
Para a Polícia Federal, as
mensagens são evidências da proximidade entre Fernandes e Bolsonaro e das
articulações para consumar um golpe de Estado. No relatório final do inquérito
da trama golpista, a corporação destaca que o áudio demonstra "sua
proximidade com o então presidente da República e as tratativas para consumar o
golpe de Estado", com Fernandes descrevendo "seu encontro com Jair
Bolsonaro e a sugestão para uma ação no período mais breve possível".
Mário Fernandes foi preso
preventivamente em novembro de 2024 durante a Operação Contragolpe. De acordo
com as investigações, ele estaria envolvido não apenas nas tratativas para
impedir a posse de Lula, mas também em um suposto plano para assassinar o presidente
eleito, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal
Alexandre de Moraes.
Na semana passada, o
general, assim como Mauro Cid e Jair Bolsonaro, foi indiciado pela Polícia
Federal e denunciado formalmente pela Procuradoria-Geral da República (PGR)
pelos crimes de organização criminosa e golpe de Estado. Ao todo, 34 pessoas
foram denunciadas pela PGR por envolvimento na trama golpista.
A denúncia da PGR, aceita
pelo ministro Alexandre de Moraes, representa o primeiro processo criminal
contra o ex-mandatário desde que ele deixou o cargo e marca um capítulo
decisivo nas investigações sobre os eventos que antecederam os ataques de 8 de
janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes. Ainda conforme a reportagem, as
defesas dos envolvidos não se manifestaram sobre o caso.
¨ Decreto do golpe foi despachado com
Bolsonaro, diz general da reserva
Em áudio divulgado pela Polícia Federal (PF) no domingo
(23), o general da reserva Mario Fernandes afirma que a minuta do golpe é
“real” e foi despachada com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quando ele
ainda estava no comando do Palácio do Planalto.
O material foi extraído de celulares e computadores
apreendidos durante a investigação que resultou na denúncia de 34 pessoas por
atos contra o Estado Democrático de Direito. A denúncia foi apresentada pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A declaração do militar, que está preso desde novembro
de 2024, consta no relatório da PF. O áudio com a mensagem foi encaminhado ao
general Luiz Eduardo Ramos, em 7 de dezembro de 2022, que foi ministro da
Secretaria-Geral da Presidência do governo Bolsonaro.
No áudio, Mario Fernandes diz: “Kid Preto, falei
com o Renato. O decreto é real, foi despachado ontem com o presidente. É,
[risos], movimento, eu tô de olho aqui. Se for o caso, eu aciono o senhor para
voltar. Eu nem vou. Eu aciono o senhor para voltar. Força!”
De acordo com o relatório da PF, a mensagem de
Fernandes foi enviada “exatamente no dia em que Jair Bolsonaro se reuniu com os
comandantes do Exército e da Marinha, e com o ministro da Defesa, para
apresentar a minuta de decreto”.
<><> Quem é Mario Fernandes
General da reserva do Exército, foi chefe substituto da
Secretaria-Geral da Presidência.
Ele foi preso preventivamente em novembro passado,
suspeito de arquitetar a morte do presidente Lula (PT), do vice-presidente,
Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF).
Até março do ano passado, Fernandes estava
lotado como assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ).
O militar foi indiciado pela PF e denunciado pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) pela suposta participação na trama
golpista.
¨ Áudios
mostram trama golpista de 2023: ‘Um mecanismo de pressão chamado arma’
Áudios
inéditos sobre a tentativa de golpe que aconteceu em 8 de janeiro de 2023
mostram os bastidores de uma trama que tentou derrubar o governo eleito
democraticamente. Os arquivos foram tirados dos celulares e dos computadores a
partir de apreensões e quebras de sigilo e foram divulgados pelo programa
Fantástico, da TV Globo, neste domingo, dia 23.
Alguns
áudios foram enviados pelo tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, então
lotado no COTER (Comando de Operações Terrestres do Exército): “A gente não sai
das quatro linhas. Vai ter uma hora que a gente vai ter que sair. Ou então eles
vão continuar dominando a gente”, disse a um interlocutor que não foi
identificado.
“Eu
acho que o pessoal poderia fazer essa descida aí, né? E ir atravancando mesmo.
Porque, pô, a massa humana chegando lá, não tem PM [Policial Militar] que
segure. P****, vai atropelar a grade e vai invadir. Depois, não tira mais”,
seguiu.
O
interlocutor desconhecido afirmou na conversa: “Tá com medo de ficar pra
história, de dizer que fomentou um golpe? É a hora da gente, cara”.
Em
outro áudio, Almeida diz: “Se tu tiver alguma possibilidade de influenciar
alguém dos movimentos, eu tô tentando plantar isso nas redes, onde eles estão.
Tô participando de vários grupos civis”. A ideia era usar os grupos de civis
que estavam acampados como massa de manobra para conseguir o que eles queriam.
Muitos
manifestantes mandavam mensagem diretas para os militares. Um deles, chegou a
pedir a liberação de entrada de uma barraca.
“Não
adianta protestar na frente do QG do Exército. Tem que ir pro Congresso. E as
Forças Armadas vão agir por iniciativa de algum Poder. Porque, assim, todo
mundo quer Forças Armadas por quê? Quer um mecanismo de pressão chamado arma.
Para apaziguar, a gente resolve destituir, invalidar a eleição. Colocar voto
impresso e fazer uma nova eleição. Com ou sem Bolsonaro”, seguiu.
Em
outro áudio, enviado pelo general Mario Fernandes, ele diz “Kid preto, o
decreto é real. Foi despachado ontem com o presidente. É. (Risos)”.
Uma
mensagem enviada por um caminhoneiro envolvido nos protestos ao general
Fernandes questiona até quando eles deveriam permanecer no local fazendo as
manifestações. Além disso, foi solicitada a ajuda do ex-presidente Jair
Bolsonaro para que as pessoas que estavam protestando fossem beneficiadas.
Em
áudio enviado pelo general Mario Fernandes para o tenente-coronel Mauro Cid,
ele diz: “Parece que existe um mandado de busca e apreensão do TSE ou do
Supremo, em relação aos caminhões que tão lá. Já andou havendo prisão realizada
ali, pela Polícia Federal. Se o presidente pudesse dar um input ali
pro Ministério da Justiça, pra segurar a PF. Eu tô tentando agir diretamente
junto às Forças, mas pô, se tu pudesse pedir pro presidente ou pro gabinete do
presidente atuar. Pô, a gente tem procurado orientar tanto o pessoal do agro,
como os caminhoneiros que estão lá em frente”.
Em
outra mensagem, Fernandes fala com o general Braga Netto: “Então, p****, se o
senhor puder intervir junto ao presidente, falar com o ministro Anderson,
p****. Segurar a PF, p****, pra esse cumprimento de ordem. Ou com o Comandante
do Exército, pra gente segurar, pô, proteger esses caras ali”.
Mauro
Cid também mando mensagens falando sobre o assunto: “A gente tá recebendo cara
de TI, hacker. Eu não bebo cerveja, mas depois, eu te conto as coisas que a
gente já fez aqui. A gente tem cara infiltrado em tudo quanto é lugar.
Monitorando e passando pra gente as informações. Refutando ou ajudando a
instigar, digamos assim. Matemático, estatístico, PHD. Aquelas denúncias
sigilosas: vai encontrar o cara no mercadinho, vai encontrar o cara na garagem,
o cara passa um pen drive. Tem de tudo, cara. Mas ninguém ainda chegou com uma
coisa que consiga abrir uma investigação”.
O
coronel George Hobert Oliveira Lisboa também mandou áudios confabulando sobre o
golpe: “Tá ficando muito claro que o Alto Comando, e não é o Exército, é o Alto
Comando do Exército, ele tá se fechando em copas. Talvez, com uma maioria
contra a decisão do presidente. Mas, pensando, em primeiro lugar, na
instituição. Pensando, em primeiro lugar, no próprio Exército. Quando deveria
estar pensando, em primeiro lugar, no Brasil. Eu sei quanto o senhor está
comprometido com essas ações. O risco que todos nós estamos correndo,
participando dessa frente”.
A PF
apreendeu 1,2 mil equipamentos eletrônicos dos envolvidos na tentativa de golpe
de estado e tirou 255 milhões de mensagens de áudio e vídeo. Os peritos
federais elaboraram 1.214 laudos que, de acordo com a investigação, revelam
quem foram as pessoas que participaram da tentativa de golpe.
Para
os investigadores, os áudios mostram que integrantes do alto escalão do governo
do ex-presidente agiram para pressionar os comandantes militares a aderirem à
ruptura institucional.
Mauro
Cid falou também aos envolvidos que Bolsonaro teria editado a minuta do decreto
golpista para ganhar apoio dos militares. O documento estaria autorizando o
cancelamento das eleições e daria sustentação jurídica ao golpe. “Ele entende
as consequências do que pode acontecer. Hoje, ele mexeu naquele decreto, ele
reduziu bastante, fez algo muito mais direto, objetivo e curto”, disse.
Mas a
demora de Bolsonaro mexeu com os ânimos. O golpe, de acordo com os áudios, só
não teria acontecido por uma falta de coordenação entre os próprios envolvidos
na trama. “Deu ruim, tá? Acabei de falar com o nosso amigo lá, ele falou que
não vai rolar nada. O Alto Comando não vai topar. A Marinha topa, mas só se
tiver outra Força com ela, porque ela não aguenta a porrada que vai tomar
sozinha”, disse o tenente-coronel Sérgio Cavaliere para o coronel Gustavo
Gomes.
Em áudio
enviado pelo coronel Bernardo Corrêa Netto para o coronel Fabrício Bastos ele
diz: “Ele falou: ó cara, pode esquecer, o decreto não vai sair, presidente não
vai fazer, só faria se tivesse apoio das Forças Armadas, porque ele tá com medo
de ser preso. Falei com ele, agora de manhã”.
A
defesa do general Mario Fernandes disse que ainda não teve acesso completo ao
conteúdo resultante das quebras de sigilo e que a denúncia apresenta apenas
trechos desconexos. Além disso, afirmou que ele prestou relevantes serviços ao
Brasil e que demonstrará a sua inocência.
A
defesa do tenente-coronel Mauro Cid disse que não vai se manifestar. O programa
não conseguiu contato com a defesa dos demais citados.
¨ 'Os áudios
falam alto: 8/1 foi conspiração para derrubar Lula e implantar uma ditadura',
diz Gleisi
A presidente do PT e
deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) repercutiu nesta segunda-feira (24) os
áudios obtidos pela Polícia Federal e divulgados pelo Fantástico, da TV Globo,
de militares e outros aliados do governo Jair Bolsonaro (PL) na reta final de
2022, quando as tratativas para golpe de Estado estavam a pleno vapor. As
conversas gravadas evidenciam que os tumultuosos acontecimentos de 8 de janeiro
de 2023 foram fruto de uma articulação contra o presidente Lula (PT), com o
objetivo de implantação de uma ditadura, pontua Gleisi.
"Não tem nenhum
inocente nessa trama. Todos têm de ser responsabilizados, inclusive quem
permitiu e apoiou os acampamentos contra a democracia nas áreas dos quartéis. É
sem anistia!”, declarou a parlamentar.
Os áudios trazem à tona
diálogos entre militares, policiais militares do Distrito Federal e aliados de
Bolsonaro. Um dos trechos mais contundentes foi enviado pelo tenente-coronel
Guilherme Marques de Almeida, então lotado no Comando de Operações Terrestres
do Exército (Coter). Na mensagem, ele incita os acampados com as seguintes
palavras: “eu acho que o pessoal poderia fazer essa descida. E ir atravancando
mesmo. Porque a massa humana chegando lá, não tem PM que segure. Vai atropelar
a grade e vai invadir. Depois não tira mais”.
Em outra gravação, o general
Mario Fernandes – que na época era o número 2 da Secretaria-Geral da
Presidência – solicita, por meio do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de
ordens de Bolsonaro, que haja uma intervenção para evitar operações da Polícia
Federal contra bolsonaristas acampados em frente ao Quartel-General da Força.
“Se o presidente pudesse dar um input ali para o Ministério da Justiça, para
segurar a PF… Estou tentando agir diretamente junto às Forças, mas se tu
pudesse pedir para o presidente ou para o gabinete do presidente atuar...”.
A pressão sobre os altos
escalões das Forças Armadas também é evidenciada em outra gravação. Nela,
Fernandes dirige-se ao general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e
ex-candidato a vice de Bolsonaro, dizendo: “se o senhor puder intervir junto ao
presidente, falar com o ministro Anderson. Segurar a PF, para esse cumprimento
de ordem. Ou com o Comandante do Exército, para a gente segurar, proteger esses
caras ali”.
Além desses episódios, um
áudio captado de Mauro Cid – que fechou um acordo de delação premiada –
confirma que o ex-presidente Bolsonaro teria editado uma minuta com conteúdo
golpista. Segundo o ex-ajudante de ordens, “ele entende as consequências do que
pode acontecer. Hoje ele mexeu naquele decreto, ele reduziu bastante, fez algo
mais direto, objetivo e curto. E limitado, né?”.
Conforme a denúncia da
Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro estaria envolvido em crimes de
organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado
democrático de direito e dano qualificado por violência contra o patrimônio da
União.
Fonte: CNN Brasil/Brasil 247/Istoé
Independente
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