Por que acidentes
aéreos aumentaram no Brasil — e quais as principais causas
Um avião de pequeno porte caiu no município de
Prado, no sul da Bahia, causando a morte do empresário Fredy Tanos, dono de uma
rede de laboratórios em Minas Gerais.
A aeronave era pilotada pelo também empresário
do mesmo ramo, Mário Gontijo, que sobreviveu ao acidente e foi encaminhado para
o atendimento médico de emergência.
No dia 7 de janeiro, um avião de
pequeno porte caiu por volta das 7h20 da manhã na avenida Marquês de São Vicente, na zona oeste de São Paulo. O
advogado gaúcho Márcio Louzada Carpena e o piloto da aeronave, Gustavo
Medeiros, morreram no acidente.
Durante a queda, em uma área bastante
movimentada da capital paulista, a
aeronave bateu em árvores, placas de trânsito e na traseira de um ônibus, que estava parado para embarque e desembarque de passageiros e
explodiu. Seis pessoas que estavam na avenida ficaram feridas, segundo o Corpo
de Bombeiros.
Relatório do Centro de Investigação e Prevenção
de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) aponta sete acidentes aéreos com vítimas
fatais registrado no Brasil este ano. E, em 2024, o número de acidentes aéreos
bateu um recorde de oito anos.
Aviões particulares, de pequeno porte, como o
do empresário, estão envolvidos em muito mais acidentes fatais do que as frotas
de aeronaves maiores.
Ainda de acordo com o levantamento do órgão, em
2024 foram registrados 44 acidentes aéreos com vítimas fatais no Brasil, esse
número é o maior desde 2016, quando 45 ocorrências desse tipo foram
registradas.
Consequentemente, o número de mortes também
aumentou. A queda do avião da VoePass, em Vinhedo, em que 62 pessoas morreram,
fez com que o número de mortos em 2024 em acidentes aéreos fosse de 152
vítimas, o maior desde 2015, quando começou a série histórica com os dados do
Cenipa.
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Causas mais comuns são falhas humanas
Além disso, os dados apontam que mais da metade
dos acidentes não foram causados por problemas na aeronave ou no aeroporto, mas
sim por questões humanas.
O levantamento aponta que 33,33% das
ocorrências foram causadas por fator humano relacionado ao aspecto psicológico,
que engloba percepção do risco, fadiga, estresse e até mesmo cultura
organizacional.
"Ele faz parte do fator contribuinte
'Fator Humano', que está relacionado ao complexo biopsicossocial do ser humano.
Então, temos questões relacionadas a buscar a compreensão dos condicionantes
individuais, psicossociais, organizacionais e sociotécnicos do desempenho do
indivíduo que por ventura venha a contribuir em uma ocorrência aeronáutica,
compondo o processo de decisão como atitude, percepção e atenção", explica
Joselito Paulo, diretor Presidente da Associação Brasileira de Segurança de
Aviação (Abravoo).
Outras 33,33% das ocorrências com morte tiveram
como motivação o desempenho técnico do ser humano. Nessa categoria estão
englobados indisciplina de voo, problemas na manutenção da aeronave, julgamento
de pilotagem, aplicação de comandos, supervisão gerencial e planejamento de
voo.
"O que precisa ser feito é melhorar a
cultura de segurança de voo. E isso pode ser feito aumentando o treinamento
formal, criando um ambiente de formação nas escolas de aviação e com uma
cultura positiva de segurança e aumentando a fiscalização no setor",
acrescenta Raul Marinho, diretor técnico da Associação Brasileira de Aviação
Geral (Abag).
Para o especialista em segurança aérea e o
mecânico de aeronaves Lito Sousa também há a necessidade de estudos mais detalhados
sobre os acidentes aéreos.
Segundo ele, não houve alterações nas regras e
procedimentos de voo, que pudessem justificar o aumento de acidentes ocorridos
no ano passado e não há, por exemplo, estudos sobre os perfis dos pilotos
envolvidos nesse tipo de ocorrência.
"Apesar de a gente ter os fatores que
causaram os acidentes bem definidos nos relatórios, isso não explica o salto
quantitativo de acidentes em 2024. Então, acho que talvez um estudo mais
aprofundado do porquê, buscando a resposta a essa pergunta tenha que ser feito.
Se existe, por exemplo, uma relação com a idade dos profissionais. Tem que
haver um estudo para esse campo do conhecimento e não existe hoje",
pontua.
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Aviões de pequeno porte lideram os acidentes
A maioria dos acidentes aéreos com vítimas
fatais no acumulado do ano passado aconteceu com aeronaves de pequeno porte
particulares, com 24 ocorrências.
Na sequência, vem a aviação agrícola, com oito
ocorrências e complementam a lista acidentes relacionados a voos experimentais,
de instrução e operações policiais.
Apenas a tragédia de Vinhedo, com a aeronave da
Voepass, foi com um voo comercial de uma companhia aérea.
O Estado de São Paulo liderou o ranking com
maior número de acidentes fatais, com 11 ocorrências. Mato Grosso, ficou em
segundo lugar com sete ocorrências, seguido do Pará e Minas Gerais, com cinco
ocorrências cada.
Dados do painel de frotas de aeronaves civis
brasileiras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que há 15.499
aeronaves em situação regular para voar no país. O número inclui todos os tipos
de aeronaves – executivas, agrícolas e comerciais.
Segundo a Abag, em 2024 houve um aumento de
frota de 5,75% em relação ao ano anterior.
Fonte: BBC News Brasil
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