quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Com cerco se fechando, Bolsonaro pode usar vice de 2026 como 'seguro' e quer nome da família

Com cerco do inquérito da tentativa de golpe de Estado e outras investigações se fechando, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quer repetir a tática de escolher um nome 'seguro' na escolha de candidato à vice-presidência nas eleições de 2026.

Bolsonaro quer esticar a corda e manter seu nome na chapa presidencial até que a Justiça eleitoral rejeite todos os recursos.

Mas o Centrão quer antecipar o debate e já começar a trabalhar o nome de algum candidato de direita que possa capitalizar a rejeição do governo Lula e se tornar mais competitivo. Um dos nomes preferidos é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

A família Bolsonaro, no entanto, não abre mão de um nome do clã na chapa presidencial. Líderes do Centrão avaliam que o ex-presidente vai querer emplacar um dos filhos como vice -- ou até mesmo Michelle Bolsonaro.

A estratégia seria uma espécie de "seguro" de que seus interesses serão defendidos se a chapa for eleita. Entre os interesses, uma eventual anistia a condenações, por exemplo.

·        Repeteco de 2018 em 2022

Como o ex-presidente Jair Bolsonaro tem mania de perseguição e acredita em teorias da conspiração, ter um familiar na vice-presidência é a garantia de que ele não será traído, abandonado ou esquecido se a chapa vencer.

É uma espécie de repetição da fórmula de 2018 (quando emplacou Mourão, um general da reserva do Exército) por não confiar em políticos. Depois, quando Mourão caiu em desgraça porque Bolsonaro não confiava mais no vice, ele procurou um outro seguro para a vice, também um militar: o general Braga Netto.

Uma das preocupações de Bolsonaro era de sofrer um impeachment caso uma crise política se alastrasse durante sua gestão. Ele acreditava que o Congresso não avançaria num impedimento se a saída fosse entregar o Planalto para um militar. Por isso, buscava um vice que o blindasse.

Com 2026, mesmo sem poder concorrer, quer garantir blindagem e avalia que só um familiar poderia exercer esse papel.

·        Bolsonaro é esculachado em visita ao Recife: "Vai ser preso, vagabundo!"

Jair Bolsonaro foi hostilizado durante passagem pelo Recife (PE) nesta segunda-feira (24). Recém-denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente decidiu fazer um giro por Pernambuco e foi recebido no estado por apoiadores, entre eles o ex-ministro Gilson Machado. 

Em dado momento de sua agenda, quando concedia entrevista em uma rua da capital pernambucana, Bolsonaro foi alvo de repúdio por parte de transeuntes. Um homem próximo a Bolsonaro dizia que "todo o mal vai cair sobre a terra" quando uma voz se sobressaiu: "Vai ser preso, vagabundo!". Outras pessoas, então, passaram a gritar: "Vai, bandido". 

¨      Sem clima no Congresso para salvar Bolsonaro

No Congresso Nacional, a avaliação predominante entre parlamentares é de que não há espaço para qualquer medida que possa reverter a situação de Jair Bolsonaro. Com múltiplas investigações e denúncias em curso, o ex-presidente caminha para uma condenação inevitável, sem qualquer chance real de amparo legislativo. Além disso, parlamentares afirmam que a imagem de Bolsonaro está cada vez mais desgastada, o que dificulta ainda mais qualquer tentativa de articulação para protegê-lo.

Mesmo que houvesse uma revisão da inelegibilidade de Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o cenário seguiria desfavorável devido às demais acusações que enfrenta. A recente denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e a perspectiva de novas investigações dificultam ainda mais qualquer tentativa de articulação favorável a Bolsonaro dentro do Congresso. Fontes internas apontam que há um consenso entre líderes partidários de que qualquer esforço para salvá-lo representaria um grande risco político, podendo afetar inclusive parlamentares que hoje compõem sua base.

A possibilidade de aprovar uma anistia é considerada inexistente, tanto pela falta de votos como pelo desgaste político que uma medida desse tipo geraria. Parlamentares de diversas bancadas afirmam que não há apoio suficiente para um movimento de resgate político do ex-presidente. O tema, que em outros momentos foi debatido nos bastidores, já não desperta qualquer adesão significativa entre lideranças do Congresso, que veem a situação de Bolsonaro como um peso morto dentro do cenário político atual.

Até mesmo a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT), que chegou a cogitar estratégias para conter uma eventual tentativa de anistia, abandonou completamente essa hipótese, pois não enxerga risco real de que o tema avance no Legislativo. O governo federal, por sua vez, também não enxerga necessidade de se envolver em discussões sobre anistia, já que considera a situação política de Bolsonaro como um fator desmobilizador dentro da oposição.

Os aliados mais radicais de Bolsonaro, concentrados na extrema direita da Câmara, devem continuar promovendo manifestações e discursos acalorados em sua defesa. No entanto, a influência política do ex-presidente está enfraquecida, e ele não possui capacidade de mobilização suficiente para mudar o cenário a seu favor. Mesmo entre seus apoiadores mais fiéis, há uma percepção de que a agenda bolsonarista perdeu força, e que eventuais tentativas de salvar o ex-presidente do cerco jurídico dificilmente terão sucesso.

O consenso entre parlamentares é de que Bolsonaro, isolado e sem força legislativa, dificilmente conseguirá escapar das consequências jurídicas que se acumulam contra ele. O cenário aponta para um ex-presidente cada vez mais fragilizado, tanto do ponto de vista político quanto jurídico. O enfraquecimento de sua base de apoio e a dificuldade de articulação dentro do Congresso tornam qualquer possibilidade de salvação praticamente inexistente. No ritmo atual das investigações e denúncias, Bolsonaro pode se tornar, nos próximos meses, um dos maiores exemplos de decadência política recente no Brasil.

¨      Novas “exigências” de Bolsonaro para julgamento no STF são inacreditáveis

Para crentes e não crentes, a mensagem contida na bíblia, em Provérbios 16:18, é a mais pura realidade: “A arrogância precede a queda”. Sendo ela verdadeira, então a queda de Jair Bolsonaro (PL) deve estar, de fato, muito próxima, já que o ex-presidente de extrema direita e também sua defesa não cessam os seus rompantes de soberba mesmo diante do cenário judicial catastrófico que ele atravessa.

Denunciado por cinco crimes, sendo três deles muito graves (organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito), num processo que analisará um inquérito primoroso da Polícia Federal com 884 páginas e repleto de provas, de onde teve origem a avassaladora denúncia da PGR que esmiuçou as entranhas de seus crimes num documento de 272 páginas enviado ao STF, Bolsonaro poderá pegar uma pena de até 40 anos de prisão, o que inevitavelmente o colocará no cárcere por uns bons anos. Ainda assim, ele segue desafiador, bradando pelos quatro cantos que está “cagando para a cadeia”.

Mas a coisa não para por aí e ele e seus advogados parecem mesmo dispostos a enfrentar o poder Judiciário, ainda que a atitude seja inequivocamente ridícula, já que o antigo ocupante do Palácio do Planalto é um notório tigre de papel que só berra.

Agora, a defesa do ex-presidente peita de novo o STF e “faz exigências”. Há uma semana, os advogados de Bolsonaro foram ao Supremo e pediram 83 dias para analisar a denúncia da PGR, o mesmo tempo que o procurador-geral Paulo Gonet utilizou para produzir o documento. A lei é clara e estabelece a todos o prazo de 15 dias para a defesa. O pedido, por óbvio, foi negado.

Mas Bolsonaro não se deu por vencido. Ele determinou aos advogados que entrem novamente com o mesmo pedido, solicitando 83 dias, e “exigem” que o mérito da solicitação seja analisado pelo plenário do STF, ou seja, por todos os ministros, algo claramente sem sentido e sem amparo na legislação.

Como se não bastasse, sua defesa pede também que os ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin, indicados por Lula (PT), sejam impedidos de participar do julgamento de Bolsonaro na Primeira Turma do STF, onde o processo correrá quando tiver início, até o veredicto. O próprio Supremo já deixou claro que não vai declarar nenhum de seus integrantes suspeito ou impedido, tendo em vista que essa questão já foi analisada anteriormente e definida.

¨      Bolsonaro dá nova versão sobre golpe e vira piada nas redes

Jair Bolsonaro (PL) cada dia que passa dá mais sinais de que está entrando em desespero e de que já sente o cheiro da cadeia. Denunciado pela PGR ao STF por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, além do crime de organização criminosa, o ex-presidente saiu agora com uma nova versão para os fatos ocorridos entre o final de 2022 e o começo de 2023.

Nesta segunda (24), o líder da extrema direita brasileira deu uma entrevista à rádio CBN Recife e falou sobre tudo o que houve, mas rechaçando totalmente a terminologia "golpe". Segundo ele, o que foi feito chama-se "remédio constitucional" e se traduziria num "estado de sítio" ou "estado de defesa". Até aqui, mesmo sendo a mais absurda e cínica das interpretações, a versão já era conhecida.

Só que agora ele colocou o PL, seu partido, na dança. De acordo com ele, ao ter negado o recurso no TSE para reverter o resultado das eleições, e posteriormente levar uma multa de R$ 22 milhões, o PL "seria multado em R$ 200 milhões" e "teria registro de partido cassado". Diante da invencionice desconexa, o extremista disse que apenas recorreu aos militares, "sempre dentro das quatro linhas", para permanecer no poder.

Ou seja, ele perdeu a eleição e seu partido inventou mentiras para melar o processo eleitoral, sendo multado por isso, mas Bolsonaro acredita que apelando para que militares interviessem e o mantivessem no poder estaria agindo dentro da lei e da Constituição.

 

Fonte: g1/Fórum

 

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