terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Vencedor das eleições na Alemanha quer 'unir Europa' e ser 'independente dos EUA', diz mídia

Friedrich Merz, representante dos democratas cristãos vencedores das eleições na Alemanha, prometeu agir rapidamente para unir a Europa e "alcançar a independência" dos EUA.

Nas recentes eleições na Alemanha, os democratas cristãos de Merz (CDU/CSU) ficaram em primeiro lugar com 28,5% dos votos, necessitando de um parceiro de coalizão para garantir uma maioria parlamentar. A Alternativa para a Alemanha (AfD) ficou em segundo lugar com cerca de 21% dos votos, enquanto os liberais Democratas Livres e a esquerda Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) não conseguiram entrar no Bundestag (Parlamento).

O resultado permite a Merz formar um governo bipartidário com o Partido Social-Democrata (SPD) do chanceler Olaf Scholz, embora com uma pequena maioria. No entanto, a forte presença da AfD pode limitar a capacidade de Merz de aumentar investimentos, incluindo o orçamento de defesa.

Segundo o Financial Times (FT), Merz declarou que a Alemanha precisa refazer seus arranjos de segurança e reduzir a dependência dos EUA, criticando a indiferença do presidente Donald Trump em relação à Europa e a necessidade de fortalecimento do bloco para alcançar esta independência de Washington.

Merz está ansioso para formar um governo rapidamente devido aos desafios enfrentados por Alemanha e Europa. O euro e o índice Dax da Alemanha — índice de ações que representa as 40 maiores e mais líquidas empresas listadas na Bolsa de Valores de Frankfurt — reagiram positivamente aos resultados eleitorais. A diplomata-chefe da União Europeia (UE), Kaja Kallas, expressou a necessidade de um governo alemão estável para decisões europeias.

O provável chanceler alemão questionou ainda o futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e criticou as intervenções de Washington na campanha eleitoral alemã. O presidente norte-americano Donald Trump e seu chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), Elon Musk, apoiaram abertamente a AfD e criticaram políticos alemães por não cooperarem com o partido.

Recentemente, Trump manteve conversas diretas com a Rússia sobre o fim do conflito ucraniano e ameaçou retirar garantias de segurança dos EUA da Europa. Ele descreveu os resultados eleitorais como um sinal de cansaço do povo alemão com políticas de energia e imigração.

A participação eleitoral neste pleito foi a maior desde a reunificação alemã em 1990. Merz deve formar uma coalizão com o SPD, que teve seu pior resultado desde 1887 enquanto os Verdes viram seu capital político minguar, não conseguindo assentos suficientes para serem uma alternativa viável.

O novo governo alemão herdará uma economia estagnada e embora tenha prometido reformas para revitalizar o crescimento no país, ainda não está claro como as reformas de infraestrutura necessárias serão atingidas diante de um parlamento tão rachado.

¨      Musk nega estar orquestrando 'tomada hostil' do governo americano

Elon Musk negou estar liderando uma "tomada hostil" do governo americano, e defendeu seus planos de redução de custos ao fazer uma aparição  na Casa Branca..

O homem mais rico do mundo respondeu a perguntas de jornalistas no Salão Oval, ao lado do presidente Donald Trump, que o encarregou de reduzir o tamanho e os gastos do governo federal.

O bilionário fez a declaração ao ser questionado pelos repórteres sobre acusações de estar orquestrando um aumento de influência no governo de uma maneira não-transparente.

O termo "tomada hostil", ou "aquisição hostil" ("hostile takeover" em inglês), é comumente usado para se referir, no mercado financeiro, à aquisição de uma empresa sem o consentimento ou mesmo sem o conhecimento da companhia alvo, com compras de ações diretamente dos acionistas.

Durante a visita do bilionário à Casa Branca, Trump assinou uma ordem executiva dando ao Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) de Musk mais autoridade para reduzir a força de trabalho federal. Ele instruiu os chefes das agências governamentais a obedecer ao Doge.

O departamento foi criticado pelos democratas, que o acusaram de falta de transparência, e seus esforços também foram prejudicados por contestações legais.

Mas Musk, que foi questionado pelos jornalistas pela primeira vez desde que Trump assumiu o cargo no mês passado, descreveu os cortes governamentais abrangentes como medidas de "bom senso", que não são "draconianas nem radicais".

"O povo votou por uma grande reforma governamental, e é isso que o povo vai receber", ele disse. "É disso que se trata a democracia."

"Espero ser totalmente escrutinado", acrescentou. "Não é que eu ache que posso me safar de alguma coisa."

O empresário bilionário do setor de tecnologia, que foi nomeado e não eleito, descreveu os funcionários federais como um "quarto poder do governo não eleito e inconstitucional" que, segundo ele, tem "mais poder do que qualquer representante eleito".

O dono da Tesla, do X (antigo Twitter) e da SpaceX estava usando um boné preto com o slogan "Faça a América grande novamente" e fazia piadas pontuais com os jornalistas que perguntavam a ele sobre seus críticos. Ele ficou com o filho pequeno, chamado X Æ A-Xii — ou X, para abreviar —, nos ombros durante parte da coletiva de imprensa.

"Não é opcional para nós reduzir as despesas federais", disse Musk. "É essencial. É essencial para que os Estados Unidos permaneçam solventes como país."

Musk também foi questionado sobre uma alegação falsa recente de que o governo dos Estados Unidos estava enviando milhões de dólares em preservativos para Gaza. "Algumas das coisas que eu digo vão ser incorretas, e devem ser corrigidas", respondeu Musk.

Nas primeiras semanas do mandato de Trump, Musk liderou o esforço para reduzir rapidamente o governo federal. Representantes do Doge entraram em vários departamentos para monitorar os gastos, ofereceram a milhões de trabalhadores um plano de saída e se movimentaram para congelar o financiamento federal, assim como o trabalho de agências como USAID, a agência de ajuda internacional dos EUA.

"Encontramos fraudes e abusos", afirmou Trump sobre o trabalho de Musk na terça-feira, sem fornecer evidências. Ele estimou que mais de US$ 1 trilhão em gastos desnecessários seriam descobertos, embora não tenha dado mais detalhes.

A iniciativa abrangente de corte de custos tem sido criticada repetidamente pela oposição, incluindo democratas de alto escalão e aqueles que dizem que a medida vai ter repercussões significativas tanto nos EUA quanto internacionalmente.

"Um governo paralelo não eleito está realizando uma tomada hostil do governo federal", disse recentemente o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer. Ele afirmou que os democratas trabalhariam para impedir os esforços de Musk introduzindo uma linguagem específica nos projetos de lei de gastos.

Mas como os republicanos detêm maioria em ambas as casas do Congresso, a agenda de Trump tem enfrentado obstáculos mais prementes nos tribunais.

"Espero que o sistema judiciário nos permita fazer o que temos que fazer", afirmou Trump na terça-feira, referindo-se a julgamentos recentes que suspenderam temporariamente seus esforços para reduzir o tamanho do governo, inclusive por meio de um programa que oferecia incentivos aos funcionários federais para renunciar voluntariamente.

Os críticos do Doge também apontaram possíveis conflitos de interesse devido aos inúmeros interesses comerciais de Musk. Os democratas o acusaram de se beneficiar pessoalmente de algumas das mudanças que o governo Trump está tentando promover.

Musk disse que o público poderia ter sua própria opinião sobre potenciais conflitos. Trump afirmou então que se a Casa Branca achasse que havia falta de transparência ou conflito de interesses, "não permitiríamos que ele atuasse nesse segmento ou olhasse para essa área".

Trump assinou uma ordem executiva instruindo o Doge a reduzir "significativamente" o tamanho da força de trabalho federal. A medida também pede que os escritórios do governo "realizem planos para reduções em larga escala".

Diz ainda que, quando terminar o congelamento de contratações que Trump assinou em seu primeiro dia no cargo, as agências não devem contratar mais do que uma pessoa para cada quatro que saírem.

Uma pesquisa recente realizada pela rede CBS News, parceira da BBC nos EUA, indicou que a maioria dos americanos é a favor do trabalho de Musk, mas discorda quanto à influência que ele deve ter.

O levantamento sugeriu que os republicanos, em particular, apoiam seus esforços para cortar gastos federais e ajuda internacional.

A pesquisa mostrou avaliações amplamente favoráveis às políticas de Trump, no entanto, cerca de 66% das pessoas disseram que gostariam que ele se concentrasse mais na redução dos preços.

Uma das agências mais afetadas pela iniciativa de corte de custos é a USAID.

Na terça-feira, o inspetor geral da agência foi demitido — um dia depois de divulgar um relatório criticando os planos de colocar a grande maioria dos funcionários da agência em licença, e fechar programas de ajuda apoiados pelos EUA no mundo todo.

¨      A confusão gerada por e-mail de Elon Musk a todos funcionários públicos dos EUA

Os principais departamentos do governo federal nos Estados Unidos orientaram seus funcionários a não responderem a um e-mail enviado no sábado por Elon Musk, no qual são questionados o que realizaram no trabalho na semana passada.

O e-mail é parte de uma iniciativa de cortar gastos e reduzir o número de funcionários do governo federal. A força-tarefa está sendo liderada pelo bilionário Elon Musk à frente do recém criado Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês).

Musk disse no X que caso os funcionários não respondam ao e-mail até segunda-feira à meia-noite, isso será interpretado como um pedido de demissão. O presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não comentou o e-mail.

A reação ao e-mail de Musk foi mista. Alguns departamentos — como o FBI, o departamento de Estado e o Pentágono — estão entre as agências que instruíram seus funcionários a não responderem à mensagem. Alguns departamentos do governo aconselharam os funcionários a cumprirem a ordem. E houve outros que recomendaram esperar por mais orientações antes de responder.

As orientações conflitantes causaram confusão para centenas de milhares de funcionários do governo.

No sábado, Musk havia dito no X que em breve os funcionários do governo federal receberiam um e-mail solicitando informações sobre o que cada um fez na semana passada no trabalho. Em seguida, milhões de funcionários públicos receberam a mensagem.

Em uma cópia do e-mail obtida pela BBC, os funcionários são solicitados a responder explicando suas realizações da semana passada em cinco tópicos — sem divulgar informações confidenciais.

A agência de recursos humanos do governo federal — Office of Personnel Management (OPM, na sigla em inglês) — confirmou que o e-mail é autêntico.

A mensagem não menciona que a pessoa possa ser demitida caso não responda, apesar da afirmação de Musk no X de que "a ausência de resposta será considerada um pedido de demissão".

O recém-confirmado diretor do FBI, Kash Patel, enviou e-mail à sua equipe no sábado dizendo que eles não deveriam responder à mensagem.

"O pessoal do FBI pode ter recebido um e-mail do OPM solicitando informações", escreveu Patel em uma mensagem obtida pela rede americana CBS News.

"O FBI, por meio do gabinete do diretor, é responsável por todos os nossos processos de revisão e conduzirá as revisões de acordo com os procedimentos do FBI."

O departamento de Estado enviou uma mensagem semelhante, dizendo que a liderança responderia em nome da agência.

"Nenhum funcionário é obrigado a relatar suas atividades fora da cadeia de comando do Departamento", afirma um e-mail de Tibor Nagy, subsecretário interino de gestão.

O Pentágono disse à sua equipe: "Quando e se necessário, o Departamento coordenará as respostas ao e-mail que você recebeu do OPM."

O Departamento de Segurança Interna e a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências deram a seus funcionários instruções semelhantes.

Em um sinal de que o e-mail do OPM pode ter pego muitos de surpresa, uma figura sênior do Departamento de Justiça escreveu à equipe na noite de sábado para dizer: "Relatos da mídia indicam que o e-mail foi distribuído a funcionários em todo o governo federal."

A mensagem acrescentou que "neste momento, não temos motivos para acreditar que esta mensagem seja spam ou maliciosa".

Mais tarde, na noite de sábado, um outro e-mail foi enviado esclarecendo que a mensagem do OPM era "legítima" e que "os funcionários devem estar preparados para seguir as instruções conforme solicitado".

A mensagem do departamento de Justiça veio com um aviso à equipe: "Não inclua nenhuma informação sensível ou confidencial em sua resposta. Caso tenha alguma dúvida sobre o conteúdo de sua resposta, entre em contato com seu supervisor.

"Se recebermos orientação ou informações adicionais, atualizarei todos os funcionários, conforme necessário."

Agências como o Departamento de Transporte, o Serviço Secreto e a Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura também incentivaram sua equipe a obedecer à ordem de Musk, segundo relatos.

Outros departamentos, incluindo a Agência de Segurança Nacional, o Serviço de Receita Interna (a receita federal americana) e a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, solicitaram que os funcionários aguardassem mais orientações.

<><> 'Cruel e desrespeitoso'

O OPM não respondeu imediatamente à pergunta da BBC sobre se alguns funcionários poderiam estar isentos de ter que responder ao e-mail.

A Federação Americana de Funcionários do Governo, o maior sindicato que representa funcionários federais, criticou a mensagem como "cruel e desrespeitosa" e ameaçou processar o governo.

Não está claro como o e-mail afetaria os cerca de três milhões de funcionários federais que podem não ter tido acesso aos seus e-mails neste fim de semana.

Outros funcionários do governo, como os do Gabinete de Proteção Financeira do Consumidor, foram colocados em licença no último mês.

A mensagem veio horas depois de Trump elogiar o trabalho de Musk nas redes sociais, acrescentando: "Gostaria de vê-lo ficar mais agressivo".

Na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados), o integrante democrata do Comitê de Supervisão e Reforma Governamental criticou o e-mail de Musk em uma carta ao OPM.

Gerry Connolly, da Virgínia, escreveu que a agência deveria "esclarecer imediatamente que a não resposta dos funcionários federais a este e-mail mal elaborada no fim de semana não constitui renúncia".

"Esta ameaça é ilegal, imprudente e mais um exemplo do caos cruel e arbitrário que Musk está infligindo ao governo do povo e seus dedicados servidores públicos."

A maioria dos membros republicanos do Congresso tem defendido Musk e seus esforços.

O congressista Mike Lawler, de Nova York, disse à ABC no domingo que os esforços de Musk eram uma "auditoria forense abrangente de todos os departamentos e agências do governo federal".

Mas o senador John Curtis, um republicano que representa Utah, criticou os métodos de Musk, apesar de ressaltar que apoia o objetivo final do Doge.

"Se eu pudesse dizer uma coisa a Elon Musk, seria: por favor, coloque uma dose de compaixão nisso. Essas são pessoas reais. Essas são vidas reais. Essas são hipotecas [que precisam ser pagas]", Curtis disse à CBS News.

 

Fonte: Sputnik Brasil/BBC News

 

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