Como
bolsonaristas reagiram à prisão de Bolsonaro: 'Preso por uma oração'
Familiares
e aliados de Jair
Bolsonaro (PL)prisão
preventivadeste sábado (22/11) por ordem de Alexandre de Moraes.
O
ministro do STF revogou a prisão domiciliar de Bolsonaro após o senador Flávio
Bolsonaro (PL-RJ) convocar uma vigília diante da residência do ex-presidente e
ser detectado uma tentativa de violação da tornozeleira eletrônica que ele
usava.
Pouco
depois, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do Partido Liberal na
Câmara, afirmou nas redes sociais que o ex-presidente "sempre será
inocente e não roubou ninguém".
"Podem
fazer o que quiser, @jairbolsonaro sempre será INOCENTE e não roubou
ninguém!!", escreveu no X, antigo Twitter.
Em
outros tuítes publicados em seguida, repetiu a ideia compartilhada por muitos
dos apoiadores de Bolsonaro, de que o ex-presidente é perseguido pela Justiça
brasileira.
"Ele
nunca roubou ninguém, diminuiu impostos pra todos os brasileiros e aumentou a
arrecadação, entregou o comando do país, mesmo tento um presidente do TSE
totalmente tendencioso; a prisão de @jairbolsonaro é a maior perseguição
política da história do Brasil!", disse.
Cavalcante
destacou ainda o que diz serem "coincidências de um psicopata", em
provável referência ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes, que em decisão revogou a prisão preventiva em regime
domiciliar do ex-presidente.
Segundo
o deputado, a "coincidência" envolveria a decretação da prisão no dia
22 de novembro e a aplicação prévia de uma multa de R$ 22 milhões ao PL pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após a legenda acionar a Justiça e pedir a
verificação das urnas usadas na eleição de 2022 sem apresentar indícios e
provas de irregularidades.
Jair
Bolsonaro concorreu à Presidência nas eleições passadas pelo PL, representado
pelo número 22.
Além de
Cavalcante, diversos outros políticos apoiadores de Bolsonaro e membros de seu
partido também se posicionaram contra a sua prisão neste sábado.
Michelle
Bolsonaro (PL), mulher do ex-presidente, publicou uma mensagem nas redes
sociais pouco após a prisão do ex-presidente. Sem mencionar diretamente a
decisão judicial, ela afirmou que "não vai desistir da nossa nação" e
disse confiar na "Justiça de Deus".
Na
publicação, voltou a mencionar o atentado a faca sofrido por Bolsonaro em 2018,
disse que ele ainda enfrenta sequelas do episódio e afirmou acreditar que
"o Senhor dará o escape". Michelle informou ainda que estava no Ceará
e que seguia viagem para Brasília.
O
senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reagiu à prisão de afirmando em transmissão ao
vivo no YouTube que decisão "criminaliza o livre exercício da
crença", manteve a convocação da vigília e acusou Moraes: "Se meu pai
morrer, a culpa é sua".
O
deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não se manifestou publicamente.
O
governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que o ocorrido é uma
"injustiça".
Em
publicação nas redes sociais, Zema declarou que o país "viu hoje o que já
sabíamos: afastaram Jair Bolsonaro do convívio da família, de forma arbitrária
e vergonhosa para nossa história".
Ele
acrescentou que "silenciar opositor não é Justiça, é abuso de poder"
e que divergências políticas "não podem ser motivo para prisão".
Já o
governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou estar junto do
ex-presidente "em mais esse desafio".
"Bolsonaro,
estaremos juntos em mais esse desafio, sem perder a esperança de viver o ideal
de Deus, Pátria, Família e Liberdade! Brasil acima de tudo e Deus acima de
todos!", disse no X.
"O
país amanheceu triste. A prisão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, homem
honesto, deixa claro o quanto ainda precisamos evoluir como nação e como
democracia. Um presidente que sempre viveu o simples, ao lado do povo,
mereceria um mínimo de deferência", escreveu também.
O
aliado de Bolsonaro deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), que disse que estava
na casa de Bolsonaro de madrugada para orar, também criticou a prisão.
"Que
país é esse em que você convoca a população para orar e você recolhe a pessoa,
porque corre um risco ", disse Lopes em entrevista à BBC Brasil,
acrescentando que "o Brasil está passando por seu momento mais sombrio, de
uma guerra espiritual do bem contra o mal".
Em nota
divulgada em suas redes, o senador Rogério Marinho (PL-RN) afirmou que a
decisão do STF "ultrapassa limites constitucionais e ameaça pilares
essenciais do Estado de Direito".
"A
prisão decretada tem caráter nitidamente punitivo, antecipando pena sem
demonstração concreta de ato típico, ilícito ou doloso. Conceitos vagos como
"risco democrático" e "abalo institucional" substituem
exigências objetivas do artigo 312 do CPP, em contradição com a própria
jurisprudência do STF", disse o bolsonarista, que também é lider da
oposição no Senado.
A nova
prisão preventiva foi decretada pelo STF a pedido da Polícia Federal, que
apontou risco concreto de fuga. Segundo a decisão do Supremo, esse risco foi
identificado após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocar uma vigília em
apoio ao pai nas proximidades da residência onde o ex-presidente cumpria prisão
domiciliar.
O
despacho relata que a convocação poderia gerar aglomerações capazes de
dificultar a fiscalização policial e a aplicação de decisões judiciais. Para a
Polícia Federal, a vigília poderia criar um ambiente favorável à tentativa de
fuga e à obstrução do cumprimento da prisão domiciliar.
Além
disso, ainda segundo a decisão, o sistema de monitoramento registrou, na
madrugada deste sábado, uma ocorrência de violação da tornozeleira eletrônica
usada por Bolsonaro, o que reforçou o entendimento de que havia risco iminente
de evasão.
"A
imparcialidade objetiva, fundamento do juiz natural, é comprometida por
manifestações anteriores que indicam pré-julgamento. A presunção de inocência é
invertida, e o processo passa a validar uma narrativa já estabelecida, não a
esclarecer fatos", diz a nota de Marinho.
"Trata-se,
na prática, da adoção de um Direito Penal do Inimigo, em que não se julga a
conduta, mas a pessoa. Esse modelo corrói garantias fundamentais e ameaça todos
os cidadãos, não apenas o investigado."
Do lado
de fora da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, em
Brasília, onde Bolsonaro deve permanecer em local de custódia especial, a
deputada federal Bia Kicis (PL-DF) também questionou a decisão e disse que a
tese de que haveria risco de fuga é "mentira".
"Como
é que ele ia fazer alguma coisa, gente? O homem está com a saúde dele super
debilitada. E outra: quando ele podia nem voltar para o Brasil, ele fez questão
de voltar. [...] Antes mesmo dele ser condenado, ele falou que nunca ia sair do
Brasil", disse a deputada a jornalistas.
"Ele
escolheu ficar aqui e lutar pela justiça."
Em suas
redes, Kicis disse ainda que Bolsonaro é inocente "e a sua prisão põe em
risco a vida do maior líder da direita".
O
senador Marcos do Val (Podemos-ES), outro apoiador de Bolsonaro, classificou a
prisão como revoltante.
"Jair
Bolsonaro preso por causa de uma oração. Uma das maiores aberrações já vistas
no Brasil, um ataque direto à liberdade. Estou com você, presidente",
escreveu no X.
Jorge
Seif (PL-SC) afirmou que Bolsonaro foi preso "sem crime, sem sentença e
sem justificativa aceitável".
"O
que estamos vendo hoje é um país onde a mão pesada do Estado cai sempre sobre o
mesmo lado. Minha solidariedade ao presidente Bolsonaro e à sua família. O
Congresso não pode assistir calado a esse tipo de abuso", escreveu o
senador bolsonarista no X.
Bolsonaro
foi condenado em setembro deste ano a 27 anos e três meses de prisão. Ele foi
considerado pelo STF como líder de uma organização criminosa, com militares,
policiais e aliados, que atuou para impedir a transição de poder após as
eleições de 2022, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O
ex-presidente foi declarado culpado de cinco crimes: organização criminosa
armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe
de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de
patrimônio tombado.
Além de
Bolsonaro, os outros sete réus na ação penal também foram condenados: Alexandre
Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo
Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
O
vice-líder da oposição na Câmara, deputado Mauricio Marcon (Podemos-RS),
repetiu a ideia de que Bolsonaro foi preso por conta de uma oração.
"Enquanto
Lula foi preso por ROUBAR, Bolsonaro está preso por ORAR", disse no X.
"Primeiro
ser humano na história a ser preso por causa de uma vigília! Quem trata Moraes
como uma pessoas normal, é tão fora da órbita quanto ele", escreveu.
Já o
deputado Gustavo Gayer (PL-GO) disse que determinar a prisão preventiva para
garantia da ordem pública seria um "pretexto".
"Após
uma mobilização para ORAR por Bolsonaro, o devorador tirano avançou",
escreveu. Que ameaça à ordem pública há num ato de oração pela vida de um idoso
com a saúde debilitada? Querem matar Bolsonaro com requintes de
crueldade."
Evair
de Melo (PP-ES), outro deputado apoiador do ex-presidente, afirmou ainda que as
justificativas contidas na decisão do STF que autorizou a prisão são
"conversa para boi dormir".
"Mesmo
doente, fragilizado e cumprindo prisão domiciliar, Bolsonaro é alvo de mais uma
ação de humilhação, de constrangimento, de intimidação, de crueldade!
Justificar a prisão por causa de uma vigília? Conversa para 'boi dormir'",
disse.
"Seguimos
firmes, indignados e vigilantes. Estamos com você Bolsonaro! O Brasil da
família, da liberdade, da pátria e de Deus, está com você!"
¨
Vizinhos de Bolsonaro celebram sua prisão: "vai ter
churrasco!"
Nas
primeiras horas da manhã deste sábado (22), o clima no condomínio onde mora o
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília, era de aparente silêncio. Com o
passar das horas, no entanto, mensagens trocadas no grupo de WhatsApp do
condomínio começaram a revelar um ambiente mais descontraído. Entre os
vizinhos, surgiram comentários em tom de celebração, ainda que de forma
indireta. Um morador escreveu: “Bom dia. Tem lenha na minha casa”. Outro
respondeu em seguida: “Hoje tá bom pra fazer churrasco”.
Na
sequência, um vizinho do ex-presidente acrescentou: “Hoje é véspera do meu
aniversário. Adoro comemorar antes. Vamos fazer uma festa aqui em casa. Espero
não incomodar os vizinhos”. As interações, embora breves, indicaram que parte
dos moradores enxergou o momento como propício para confraternizações.
Pouco
depois, um participante do grupo compartilhou a música “É hoje”, conhecida na
voz de Caetano Veloso, destacando o trecho “Diga, espelho meu, se há na avenida
alguém mais feliz que eu” — gesto interpretado por alguns como uma referência
direta ao novo cenário político após a detenção de Bolsonaro.
Segundo
relatos obtidos pelo Metrópoles, apesar de não haver
comemoração coletiva nas áreas comuns do condomínio, a movimentação nas
residências aumentou ao longo da manhã, sugerindo pequenas reuniões privadas.
Moradores afirmaram que o medo de tensionar o ambiente ainda existia, mas que o
clima geral era de alívio.
¨
Tornozeleira de Bolsonaro teve de ser trocada na
madrugada em razão de violação "grave"
A
tornozeleira eletrônica usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) precisou
ser substituída na madrugada deste sábado (22) após uma violação considerada
grave por investigadores. A ocorrência se tornou um dos principais fundamentos
da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
que determinou a prisão preventiva do ex-presidente. As informações foram
divulgadas originalmente pelo G1.
De
acordo com o relato enviado ao ministro pelo Centro de Integração de
Monitoração Integrada do Distrito Federal, o equipamento apresentou violação às
0h08. Na decisão, Moraes registrou que "a informação constata a intenção
do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua
fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu
filho".
A
Polícia Federal recolheu o aparelho e vai submetê-lo a perícia para determinar
as circunstâncias da ruptura. A troca do equipamento ocorreu ainda na
madrugada, enquanto Bolsonaro seguia em prisão domiciliar — medida vigente
desde agosto.
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Risco de fuga
Moraes
também destacou que o condomínio onde Bolsonaro residia fica a cerca de 13
quilômetros do Setor de Embaixadas Sul, em Brasília, distância que, segundo o
ministro, pode ser percorrida em menos de 15 minutos de carro. Para o
magistrado, essa proximidade aumentava o risco de que o ex-presidente buscasse
abrigo diplomático.
O
despacho relembra que, em fevereiro de 2024, Bolsonaro passou duas noites na
Embaixada da Hungria após ser alvo de operação da PF. As investigações também
apontaram que o ex-presidente teria planejado uma fuga para a Embaixada da
Argentina com o objetivo de solicitar asilo político.
Moraes
observou ainda que embaixadas são locais invioláveis conforme a Convenção de
Viena, de 1961 — o que significa que uma eventual prisão dentro de missão
diplomática dependeria de autorização expressa do país anfitrião.
O
ministro mencionou, como precedentes, a saída do país dos deputados Alexandre
Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, citando os três como exemplos de
tentativas de escapar da Justiça e reforçando o risco de fuga no caso do
ex-presidente.
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Vigília como cobertura
A
decisão também aponta que a vigília convocada na sexta-feira (21) pelo senador
Flávio Bolsonaro (PL-RJ), realizada nas proximidades do condomínio, poderia
criar um cenário favorável à fuga. Moraes escreveu que "o tumulto nos
arredores da residência do condenado, poderá criar um ambiente propício para
sua fuga, frustrando a aplicação da lei penal".
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Dever legal de preservação do equipamento
A Lei
de Execução Penal determina que pessoas monitoradas eletronicamente devem zelar
pelo funcionamento do dispositivo e “abster-se de remover, de violar, de
modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
eletrônica ou de permitir que outrem o faça”.
Caso
haja falha ou dano, o monitorado deve receber equipes de fiscalização. Se o
problema não puder ser solucionado, o juiz responsável é comunicado para adoção
de medidas judiciais — como a que resultou, agora, na prisão preventiva de
Bolsonaro.
A
defesa do ex-presidente classificou a decisão como perplexa, mas, até o
fechamento desta matéria, não havia apresentado detalhes sobre sua estratégia
jurídica. A PF confirmou que o equipamento será analisado tecnicamente e que
todos os procedimentos foram adotados por determinação do STF.
Fonte:
BBC News Brasil/Brasil 247

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