Atípicos
e sutis: por que os sintomas de infarto são diferentes nas mulheres? Entenda
O
sintoma clássico é bem conhecido: uma dor aguda no peito que pode irradiar para
o braço esquerdo e gera um alerta quase que imediato – sinal de infarto. Mas
nem sempre os indícios de que algo não vai bem com o coração são tão claros,
especialmente no caso das mulheres.
🫀Para o gênero feminino, os sintomas
podem ser atípicos, mais sutis e muitas vezes não associados, em um primeiro
momento, a um infarto. Eles incluem:
• Enjoo
• Falta de ar
• Cansaço inexplicável
• Desconforto no peito
• Arritmia
➡️Um estudo publicado em 2018 na revista
científica "Circulation", da American Heart Association, mostrou que
62% das mulheres envolvidas no estudo apresentaram três ou mais sintomas
associados ao infarto, independentemente de relatarem dor no peito. A
porcentagem foi consideravelmente maior do que o apresentado pelos homens
(55%).
Segundo
o médico cardiologista e presidente do Conselho Diretor do InCor HCFMUSP,
Roberto Kalil, há uma distinção nos sintomas principalmente por conta das
diferenças hormonais e estruturais entre os sistemas cardiovasculares de homens
e mulheres. (entenda mais abaixo)
"Além
disso, fatores psicossociais, como o estresse emocional, a dupla jornada de
trabalho e o acúmulo de responsabilidades, impactam de forma distinta a saúde
cardíaca feminina", acrescenta.
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Homens x mulheres: quais as diferenças nos sintomas?
Os
especialistas explicam que os homens normalmente tendem a apresentar os
sintomas mais considerados mais típicos.
Eles
tendem a surgir de forma súbita e causar grande desconforto, o que leva o
paciente a procurar atendimento médico com rapidez.
"São
sinais mais intensos e localizados, que facilitam o reconhecimento do
problema", explica Kalil.
♂️Entre os sinais mais comuns entre os homens
estão:
• Dor forte no peito, geralmente do lado
esquerdo ou no centro, com sensação de aperto ou pressão
• Irradiação da dor para o braço esquerdo,
costas, mandíbula ou ombro
• Falta de ar, suor frio, náuseas ou
vômitos
Já no
caso das mulheres, a manifestação do problema costuma ser mais discreta, o que
contribui para que o quadro seja confundido com outras condições de saúde –
como crises de ansiedade, problemas digestivos ou enxaquecas.
Cristina
Milagre, médica cardiologista do Hcor e membro do Grupo de Estudos de Doenças
Cardiovasculares na Mulher, pontua que desvalorizar um sintoma acreditando que
é somente um quadro emocional pode levar a complicações muito graves.
"O
cansaço, por exemplo, é um sintoma muito comum e é menosprezado. Mas ele já
pode ser um indicador de que algo não vai bem no coração", alerta.
♀️Entre os sintomas de infarto mais presentes
em mulheres estão:
• Dor ou desconforto abdominal, muitas
vezes confundido com má digestão
• Cansaço excessivo e sem explicação
• Falta de ar, mesmo em repouso
• Enjoos e vômitos
• Palpitações ou sensação de coração
acelerado
• Tontura ou desmaio
• Dor nas costas, pescoço ou mandíbula,
sem a clássica dor no peito
Kalil
comenta que muitas mulheres não sentem dor no peito durante um infarto, o que
faz com que o diagnóstico seja mais difícil e, consequentemente, mais tardio.
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Por que os sintomas são diferentes?
Há
diversos fatores que explicam a diferença dos sinais de infarto entre homens e
mulheres. O principal deles é que há distinções entre os sistemas
cardiovasculares feminino e masculino.
"Mulheres
tendem a ter o batimento cardíaco mais elevado do que homens e artérias um
pouco mais finas. Além disso, costumam apresentar mais sintomas, mesmo que
sutis, ainda que com menos obstrução nos vasos", compara Milagre.
➡️De forma geral, as principais diferenças
entre homens e mulheres nesse aspecto são:
• Tamanho
O
coração feminino é menor e as artérias coronárias são mais finas. Com isso, a
obstrução parcial pode ser mais comum, levando a sintomas não necessariamente
tão intensos.
Isso
aumenta a complexidade do diagnóstico e pode levar a uma associação mais tardia
ao quadro de infarto.
• Hormônios
Os
estrogênios – grupo de hormônios sexuais responsáveis pela regulação do ciclo
menstrual e pela saúde reprodutiva – também têm um papel fundamental na saúde
cardiovascular.
Eles
têm um efeito protetor, o que garante certa manutenção na integridade
cardiovascular até a menopausa. Por isso, após essa fase, o risco de infarto
cresce significativamente.
• Tendência à microangiopatia
As
mulheres são mais propensas a desenvolver uma condição chamada de
microangiopatia coronariana. Esse tipo de obstrução acontece nos pequenos vasos
do coração, o que provoca sintomas mais atípicos e de difícil detecção em
exames convencionais.
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Riscos do diagnóstico tardio
Por, em
geral, se tratarem de sintomas mais sutis ou não tão comumente associados ao
infarto, muitas vezes há uma demora no diagnóstico desse problema em mulheres,
o que pode levar a complicações cardíacas.
"Mulheres
tendem a minimizar esse sintomas ou associá-los a outros fatores, como estresse
ou cansaço. No entanto, essa hesitação pode ser perigosa, pois o tempo é um
fator crítico no tratamento de um ataque cardíaco", alerta Kalil.
Milagres
afirma que essa demora é um dos fatores que pode contribuir para que,
atualmente, mulheres morram mais por doenças cardíacas do que por câncer de
mama, por exemplo.
A
cardiologista ainda complementa que o acúmulo de funções e o estresse muitas
vezes fazem com que os sintomas sejam ignorados. Mas isso pode custar a vida de
uma paciente.
"A
gente tem que prestar atenção no nosso corpo, ele fala por nós, quase sempre dá
sinais", recomenda.
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Como se prevenir
Os
especialistas voltam ao ponto de que, sendo homem ou mulher, a prevenção é
essencial para reduzir os riscos de ataques cardíacos.
"Mudanças
no estilo de vida e exames regulares são estratégias recomendadas para proteger
a saúde cardiovascular", lembra Kalil.
Entre
as medidas fundamentais para a proteção cardiovascular, eles destacam:
• Prática regular de exercícios físicos:
exercícios cardiovasculares ajudam a manter o coração saudável.
• Dieta balanceada: alimentos ricos em
fibras, frutas e vegetais, e o consumo moderado de gorduras saudáveis, podem
diminuir o risco de infarto.
• Controle do estresse: técnicas como
meditação, ioga e atividades que aliviam o estresse ajudam na saúde do coração.
• Exames de rotina: manter exames
regulares, como os de colesterol, glicose e pressão arterial, pode prevenir
complicações cardíacas.
A
cardiologista Cristina Milagres ainda acrescenta que, no caso das mulheres, há
outros fatores de risco que devem ser levados em consideração para um
acompanhamento cardíaco mais constante.
"A
maior incidência de doenças autoimunes, pressão alta ou diabetes gestacional e
tratamentos oncológicos para câncer de mama também se tornam condições de risco
específicas que podem levar a problemas cardíacos no caso das mulheres.
Pacientes que passaram por essas situações devem ficar ainda mais
atentas", recomenda.
Eles
ainda alertam que qualquer alteração ou princípio de sintoma não deve ser
menosprezado.
Ainda
que se realize exames de rotina com frequência, os desconfortos sutis podem
indicar um problema que, se atendido rapidamente, pode ser solucionado.
"Os
serviços de emergência devem ser acionados imediatamente ao perceber os
sintomas, e o indivíduo deve informar que suspeita de um problema cardíaco.
Receber atendimento imediato aumenta significativamente as chances de
sobrevivência e recuperação", enfatiza Kalil.
Fonte:
g1

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