Modo
de vida ocidental estimula acúmulo de gordura no fígado
Casos
de esteato-hepatite não alcoólica aumentam no mundo todo. Doença silenciosa
geralmente é diagnosticada tardiamente, quando já há danos hepáticos graves.
Europa autoriza primeiro medicamento para adultos.
Uma
pressão incômoda na parte superior direita do abdômen, uma sensação ocasional
de inchaço após as refeições, por vezes cansaço, dificuldades de concentração
ou simplesmente fadiga em geral. Muitos pacientes atribuem tais sintomas ao
estresse ou à alimentação – mas a causa, geralmente, é o fígado, que já se
encontra aumentado e inflamado.
A
esteato-hepatite não alcoólica ou metabólica (EHNA) pode se tornar uma das
doenças mais subestimadas do nosso tempo. A inflamação do fígado com acúmulo de
gordura, geralmente um reflexo do estilo de vida, está se espalhando
rapidamente – não mais apenas nos EUA e na Europa, mas agora também na Índia e
em outros países emergentes.
Os
especialistas alertam: o número de afetados está aumentando de forma tão veloz
a ponto de colocar os sistemas de saúde em todo o mundo sob pressão.
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O que é esteato-hepatite não alcoólica
A
esteato-hepatite não alcoólica (EHNA) é a variante agressiva da doença hepática
gordurosa não alcoólica (DHGNA). Ela se desenvolve quando a gordura se deposita
no tecido hepático, resultando em inflamação crônica.
Quando
o fígado é permanentemente danificado, células individuais começam a morrer –
os médicos chamam isso de "morte do tecido". O fígado tenta reparar
esse dano, mas substitui cada vez mais células hepáticas funcionais por tecido
conjuntivo resistente, um processo conhecido como fibrogênese. Essa formação de
cicatrizes inicialmente não causa sintomas, mas quanto mais elas se
desenvolvem, pior é o fluxo sanguíneo e menos o fígado é capaz de desempenhar
suas funções.
À
medida que o processo avança, toda a arquitetura do fígado muda. Ele encolhe,
ganha um aspecto nodular e gradualmente perde suas funções – um estágio final
que os médicos chamam de cirrose. Isso pode levar a complicações graves, como
insuficiência hepática, sangramento, ascite (acúmulo de líquido na cavidade
abdominal) e um maior risco de câncer de fígado.
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Como diagnosticar a doença hepática gordurosa
O
problema da EHNA é que ela costuma passar despercebida por muito tempo, já que
inicialmente não apresenta sintomas claros.
Fadiga, pressão no abdômen, redução no desempenho de atividades
cotidianas ou flutuações de peso sem motivo aparente são frequentemente
ignoradas ou atribuídas a outras causas.
Valores
hepáticos elevados, que podem ser indício de inflamação hepática, geralmente só
são descobertos durante exames de rotina. Técnicas de imagem como ultrassom ou
Fibroscan ajudam a avaliar o tamanho e a rigidez do fígado e, assim, detectar
sinais precoces de fibrose, ou seja, cicatrizes. O diagnóstico final geralmente
é feito por meio de uma biópsia hepática, na qual uma amostra de tecido é
coletada.
Como
resultado, a EHNA geralmente só é diagnosticada tardiamente, quando já há danos
hepáticos graves. A detecção precoce, portanto, é essencial para pacientes em
risco.
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Causa costuma estar no estilo de vida
Indivíduos
com sobrepeso são os principais afetados pela EHNA: cerca de 70 a 80% de todos
os pacientes sofrem de obesidade. Comorbidades como diabetes tipo 2 e pressão
alta também são comuns.
É na
combinação de alguns fatores que residem as causas da EHNA: dieta ruim, falta
de exercício e predisposição genética. Um fator particularmente crucial é uma
ingestão calórica consistentemente acima das necessidades diárias – muitas
vezes independentemente da idade, e agravada pela alta ingestão de açúcar em
refrigerantes e gordura saturada. Tal estilo de vida promove resistência à
insulina, na qual as células do corpo param de responder adequadamente ao
hormônio metabólico, levando ao armazenamento de gordura nas células do fígado.
Mas os
afetados não são apenas pessoas com sobrepeso: magros com alto percentual de
gordura corporal, fisicamente inativas ou com histórico familiar da doença
também podem desenvolver EHNA. Outros fatores que podem favorecer a doença
incluem alta ingestão de frutose por meio de refrigerantes, níveis elevados de
lipídios no sangue e diabetes mellitus tipo 2.
O risco
é maior sobretudo entre homens, pessoas de meia-idade e moradores de áreas
urbanas – indivíduos cujos estilos de vida e hábitos alimentares ocidentais
costumam fazer parte do dia a dia.
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Esteatose hepática: um desafio global
Nos
Estados Unidos, até 6,5% dos adultos sofrem de EHNA – algo entre 9 e 15 milhões
de pessoas – e a incidência está
aumentando. Na Índia, os números também têm aumentado rapidamente nos últimos
anos. Estimativas recentes sugerem que 30 a 38% das pessoas têm esteatose
hepática. O fato de obesidade, sedentarismo e diabetes estarem igualmente em
ascensão também contribui para a alta de casos de EHNA.
Na
Europa, os números variam entre 6% e 18%, dependendo do país e do grupo de
risco. A América Latina, Oriente Médio e Norte da África apresentam taxas de
incidência semelhantes, com valores acima de 12%. No resto da África, a EHNA
ainda é rara, mas os casos estão aumentando nas regiões urbanas.
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Qual é o tratamento indicado para a EHNA
A
prescrição de medicamentos só costuma acontecer em casos isolados. Para reduzir
a inflamação, recomenda-se uma mudança do estilo de vida, com mais exercícios,
uma dieta rica em fibras, com menos açúcar e menos gordura, e perda de peso.
Intervenções
alimentares, como o jejum intermitente ou a dieta 5:2, também podem ajudar a
tratar a doença hepática gordurosa existente e prevenir a EHNA. A dieta 5:2
consiste em comer normalmente cinco dias por semana e reduzir
significativamente a ingestão calórica nos dois dias restantes, geralmente para
cerca de 500 a 600 calorias diárias.
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Novo medicamento liberado na Europa
A
Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou em meados deste ano a concessão
de autorização condicional de comercialização na União Europeia (UE) para o
Rezdiffra, o primeiro tratamento autorizado para adultos com EHNA, desde que
seja utilizado em conjunto com dieta e exercícios físicos.
O
princípio ativo do Rezdiffra, o resmetirom, atua estimulando um receptor
específico do hormônio tireoidiano no fígado, reduzindo tanto o acúmulo de
gordura quanto a inflamação e a fibrose hepática.
A
decisão baseia-se nos resultados preliminares de um ensaio clínico de fase
avançada com 917 pacientes. Após um ano de tratamento, 30% dos pacientes que
receberam 100 miligramas de resmetirom apresentaram resolução da EHNA sem
agravamento da fibrose, em comparação com apenas 10% no grupo placebo. Além
disso, aproximadamente 29% desses pacientes apresentaram melhora significativa
na fibrose hepática, sem progressão da doença.
Os
efeitos colaterais mais comuns observados no estudo foram diarreia, náusea e
prurido, embora o medicamento tenha sido geralmente bem tolerado.
A
autorização concedida pela EMA é condicional, uma via regulatória criada para
permitir o acesso precoce a medicamentos que atendam a uma necessidade médica
urgente, mesmo que os dados clínicos ainda não estejam completos. A empresa
farmacêutica responsável deve continuar a fornecer resultados à medida que os
estudos em andamento forem concluídos.
• Novo exame de sangue revela a idade real
dos órgãos
O corpo
humano envelhece continuamente ao longo da vida, mas isso não ocorre de forma
sincronizada. Alguns órgãos podem envelhecer mais cedo ou mais tarde do que
outros.
O
envelhecimento dos órgãos depende de vários fatores. Por exemplo, órgãos com um
metabolismo mais acelerado, como coração, fígado ou rins, geralmente são
expostos a um estresse maior e podem envelhecer mais rapidamente.
Os
órgãos que são adequadamente supridos com sangue têm um desgaste mais lento,
pois uma boa circulação sanguínea fornece nutrientes e oxigênio e remove as
toxinas. Doenças, lesões ou infecções, por outro lado, podem levar à
degeneração acelerada.
Os
fatores ambientais também influenciam no processo, por exemplo, se a pele e os
pulmões forem expostos a forte radiação UV, fumaça ou poluição ambiental,
envelhecem mais rápido. Além da genética, a capacidade regenerativa, ou seja, a
capacidade de curar a si mesmo, também desempenha um papel importante. O
sistema nervoso central, por exemplo, só pode se regenerar de maneira limitada.
Para
determinar a idade real dos órgãos, anteriormente era necessário extrair
custosas amostras de tecido. Entretanto, pesquisadores da Universidade de
Stanford desenvolveram um exame de sangue muito simples e barato que pode
determinar a idade real de onze órgãos importantes, como coração, rins,
cérebro, pulmões e fígado, com base em
determinados grupos de proteínas no sangue.
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A idade dos órgãos importa?
Mas do
que adianta eu saber que meu rim ou meu cérebro já está bem velho? Muito! Dessa
forma, as opções de tratamento preventivo podem ser desenvolvidas muito antes
do órgão envelhecido se tornar um problema.
Um
cérebro envelhecido, por exemplo, tem mais risco de desenvolver demência. Um
rim mais velho aumenta o risco de diabetes e pressão alta. E um coração muito
envelhecido pode falhar muito mais rápido.
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Como funciona o novo exame de sangue?
São
analisadas proteínas específicas de órgãos no sangue das pessoas testadas. Após
a coleta de sangue, um algoritmo se baseia nas proteínas encontradas para
determinar a idade da pessoa testada e a idade dos onze órgãos mais
importantes.
Ao
analisar dados de 5.676 adultos de diferentes faixas etárias, pesquisadores
descobriram que quase 20% da população apresenta envelhecimento mais acelerado
de um órgão.
A
análise também mostrou que o envelhecimento precipitado dos órgãos aumenta o
risco de mortalidade de 20% a 50%. Pessoas com um coração envelhecido têm um
risco 250% maior de sofrer insuficiência cardíaca. E foi demonstrado que o
envelhecimento acelerado do cérebro e dos vasos sanguíneos é responsável pela
rápida progressão da doença de Alzheimer. Estudos futuros devem mostrar até que
ponto essa abordagem também pode ser transferida para outros órgãos, como os
órgãos reprodutivos.
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Terapias para preservar ou "rejuvenescer" um órgão
Quando
se sabe a idade de um órgão, torna-se possível usar terapias ou medidas
preventivas para evitar ou retardar a progressão do seu envelhecimento.
Medicamentos
que influenciam o metabolismo e suplementos alimentares, como antioxidantes que
reduzem o dano celular causado por radicais livres, por exemplo, podem ser
usados para desacelerar o envelhecimento.
Abordagens
promissoras da medicina regenerativa e na terapia com células-tronco podem ser
usadas para reparar ou regenerar tecidos danificados ou envelhecidos.
A análise precisa da idade do órgão e de
outros fatores individuais de saúde também pode colaborar para desenvolver uma
medicina personalizada, a chamada medicina de precisão, que é adaptada às
necessidades específicas de um órgão e de um paciente individual – um
procedimento evidentemente caro.
Além
disso, vários tratamentos e tecnologias antienvelhecimento já estão
disponíveis, desde o uso de hormônios até novas tecnologias, como a crioterapia
– uma terapia para remover tecidos doentes – ou o uso da nanotecnologia para
reduzir a velocidade do processo de envelhecimento.
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Como posso preservar meus órgãos?
Além de
toda a parafernália da medicina de alta tecnologia, um estilo de vida saudável
pode ajudar a retardar o processo de envelhecimento dos órgãos. Isso inclui:
atividade física regular, uma dieta equilibrada, não beber muito álcool, não
fumar, dormir o suficiente e minimizar o estresse.
São medidas gratuitas, mas de grande valor
para manter os órgãos em forma.
Fonte:
DW Brasil

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