Moraes
rejeita pedido de prisão domiciliar humanitária para Bolsonaro: quais são os
problemas de saúde do ex-presidente
O
ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou o pedido
apresentado pela defesa de Jair
Bolsonaro (PL) para que ele fique em prisão domiciliar por
motivo humanitário.
Moraes
disse que a solicitação está prejudicada, ou seja, é inválida após o ministro
determinar sua prisão
preventiva neste sábado (22/11) por avaliar que havia risco de
fuga, após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocar uma vigília na porta do
condomínio onde o ex-presidente estava em prisão domiciliar.
Bolsonaro
foi transferido para a Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal,
onde deve permanecer em local de custódia especial.
Sua
defesa apresentou o pedido na sexta-feira (21/11) porque há a expectativa de
que Moraes determine em breve o cumprimento da pena de Bolsonaro e de outros
réus condenados, entre outros
crimes, por golpe de Estado e participação em organização criminosa armada. O
ex-presidente recebeu pena de 27 anos e três meses em regime inicial fechado.
Os
advogados de Bolsonaro argumentam que, pelas condições de saúde dele, a cadeia
pode representar um "risco à vida" do ex-presidente — que, segundo
eles, sofre de "doença grave de natureza múltipla (cardiológica, pulmonar,
gastrointestinal, neurológica e oncológica)".
O
documento da defesa se dirige ao ministro , relator da ação no STF que condenou
Bolsonaro em setembro.
Os
advogados Celso Sanchez Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Bettamio
Tesser dizem que uma eventual prisão em regime fechado teria "graves
consequências" pois Bolsonaro tem vários problemas de saúde, precisa
cumprir tratamentos rotineiros e pode necessitar de atendimento emergencial.
Eles
apontam para a "absoluta incompatibilidade entre tais condições e o
ambiente prisional, que não dispõe da infraestrutura necessária para manejo
clínico e emergencial adequado".
O
documento lista várias doenças e males que acometem Bolsonaro, como o refluxo,
que pode ter consequências para o pulmão; "soluços
incoercíveis"; câncer de
pele; hipertensão; e apneia do sono grave.
Destacam
também a idade dele, 70 anos.
Algumas
dessas condições, diz a peça, são "complicações
permanentes" da facada sofrida por Bolsonaro em 2018.
A
defesa apresentou junto ao pedido vários exames de Bolsonaro e citou seu
histórico de hospitalizações.
"[Os
exames] mostram que um mal grave ou súbito não é uma questão de 'se', mas de
'quando'", sentencia o documento.
A
defesa de Bolsonaro solicita a "prisão domiciliar em caráter
humanitário", como é conhecida a prisão domiciliar concedida a condenados
acometidos por doença grave, algo previsto em lei.
Os
advogados trazem exemplos de decisões anteriores do STF e do ministro Alexandre
de Moraes que concederam prisão domiciliar a pessoas com problemas de saúde,
como o ex-presidente Fernando Collor.
Condenado
por corrupção, Collor foi autorizado a cumprir pena em sua casa, em Alagoas,
devido ao diagnóstico de Parkinson.
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Bolsonaro pode começar a cumprir pena em breve?
Bolsonaro
ainda não começou a cumprir oficialmente sua pena porque é preciso que sua ação
passe pelo chamado trânsito em julgado, quando a possibilidade de recurso
contra uma decisão se esgotam. Isso pode ocorrer em breve.
Na
terça-feira (18/11), foi publicado o acórdão oficializando o julgamento da
Primeira Turma que rejeitou, por unanimidade, um recurso apresentado por
Bolsonaro contra sua condenação, os chamados embargos de declaração.
A
defesa tem até este domingo (23/11) para apresentar um segundo recurso,
conhecido como embargos dos embargos.
Segundo disse à BBC
News Brasil a criminalista Marina Coelho Araújo, professora do
Insper e vice-presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo, esse segundo
recurso pode ser julgado mais rapidamente, apenas por Moraes, caso ele
considere que se trata de uma manobra da defesa para adiar o cumprimento da
pena.
Nesse
caso, é possível que o ministro determine o fim do processo e defina onde
Bolsonaro deve ser preso.
Outra
opção é Moraes levar o caso novamente ao plenário virtual da Primeira Turma, o
que demandaria mais dias para o julgamento do recurso.
A
defesa ainda pode tentar apresentar outro tipo de recurso, os embargos
infringentes, que servem para questionar decisões tomadas sem unanimidade.
No
entanto, é provável que o Supremo rejeite esse recurso sem nem analisar seu
conteúdo. A jurisprudência atual da Corte estabelece que apenas decisões das
Turmas que tenham ao menos dois votos divergentes podem ser contestadas por
embargos infringentes. E, no caso de Bolsonaro, o placar ficou em 4 votos a 1
por sua condenação.
Bolsonaro
já está preso preventivamente em sua casa, em Brasília, desde o início de
agosto. Na ocasião, Moraes considerou que o ex-presidente descumpriu medidas
cautelares que lhe haviam sido impostas.
Caso a
prisão em regime fechado seja ordenada para Bolsonaro, um dos possíveis
destinos é o Complexo
Penitenciário da Papuda, em Brasília. O local é alvo de denúncias de
superlotação e estrutura precária.
Outra
possibilidade é que ele fique preso em uma sala da Superintendência da PF no
Distrito Federal, como ocorreu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
quando condenado na Operação Lava Jato.
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'Se meu pai morrer, a culpa é sua': Flávio Bolsonaro
acusa Moraes e mantém vigília de apoiadores em Brasília
Em
transmissão ao vivo em seu canal no YouTube, o senador Flávio Bolsonaro
comentou a prisão
preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Polícia Federal
(PF), ocorrida na manhã deste sábado (22/11).
A
medida foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF).
Segundo
Flávio, a decisão "criminaliza o livre exercício da
crença".
A
decisão determinou a revogação da prisão preventiva em regime domiciliar, que
estava em vigor desde o início de agosto, e atendeu a um pedido da Polícia
Federal, que apontou risco concreto e iminente de fuga.
O texto
descreve que o risco foi identificado após o senador Flávio Bolsonaro convocar
uma "vigília" em apoio ao pai nas proximidades da residência do
ex-presidente e ser detectada uma tentativa de violação da tornozeleira que ele
usava.
"O
que está escrito aqui nessa sentença é que eu não posso orar pelo meu pai, que
eu não posso orar pelo meu país, que eu não posso pedir a um padre para rezar
um pai nosso em cima de um carro de som, porque isso seria um subterfúgio e uma
fuga do Bolsonaro", diz Flávio.
"Se
o Bolsonaro quisesse fugir, ele nem voltado pro Brasil tinha."
O
senador também disse que o pedido de prisão do pai foi
"pré-fabricado" e feito para ocorrer no dia 22 para provocar, porque
é o número do PL.
"Queria
humilhar o Bolsonaro, no dia 22, que é o líder do partido. Isso aqui não tem
nada de jurídico. Isso é uma perseguição a direita brasileira, um partido
político, o maior partido político desse país."
E diz
que Moraes fez "perseguição religiosa" por "criminalizar um ato
religioso".
Flávio
disse que a vigília convocada por ele seria para pedir saúde para o pai.
"Se acontecer alguma coisa com o meu pai, Alexandre de Moraes, a culpa é
sua. Se meu pai morrer lá dentro, a culpa é sua", disse. "Você quer
matar o Bolsonaro, Alexandre de Moraes?"
Flávio
também afirmou que se trata de perseguição contra a direita. E disse que vai
manter a vigília. "Eu quero convidar todo mundo para estar hoje às 19h,
onde a gente vai fazer esse grande ato religioso, essa vigília pela saúde do
meu pai, por justiça nesse Brasil."
Ele
também leu um trecho da Bíblia, puxou um salmo de provérbios e chorou no final.
Jair
Bolsonaro foi transferido para a Superintendência da Polícia Federal no
Distrito Federal, onde deve permanecer em uma Sala de Estado, local de detenção
especial reservado para autoridades.
A
decisão ainda será submetida ao referendo da Primeira Turma do STF, que deve
realizar uma sessão virtual extraordinária na segunda-feira, das 8h às 20h.
Moraes
também rejeitou o pedido da defesa de Bolsonaro para que ele fique em prisão
domiciliar por motivo humanitário. Seus advogados argumentam que, pelas
condições de saúde dele, a cadeia pode representar um "risco à vida"
do ex-presidente — que, segundo eles, sofre de "doença grave de natureza
múltipla (cardiológica, pulmonar, gastrointestinal, neurológica e
oncológica)".
O
ex-presidente foi considerado pelo STF como líder de uma organização criminosa,
com militares, policiais e aliados, que atuou para impedir a transição de poder
após as eleições de 2022, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT).
A
investigação também levou à imposição de uma série de medidas cautelares ao
longo do processo, à medida que o tribunal entendeu haver risco concreto à
ordem institucional e à aplicação da lei penal.
Bolsonaro
foi declarado culpado de cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa
de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano
qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
As
condenações resultaram em um endurecimento progressivo de sua situação
jurídica, com restrições cada vez mais severas de liberdade.
Fonte:
BBC News Brasil

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