Luís
Nassif: Alcolumbre, o Reizinho candidato a dono do Brasil
país vive de humilhação em humilhação. Poucas
tem o condão de desmoralizar mais ainda a auto-estima nacional do que o poder
político de Davi Alcolumbre, presidente do Senado.
É
inacreditável que o brucutu, sem limites, sem noção de qualquer
institucionalidade, pode se arvorar no poder de indicar Ministro do Supremo
Tribunal Federal ou de propor pautas-bombas.
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Vamos a um pequeno histórico politico do nosso Reizinho, o político que
sequestrou o país:
<><> 1. A super-rachadinha de RF$ 2 milhões
Segundo
uma reportagem da Veja, seis mulheres foram contratadas no gabinete de
Alcolumbre como assessoras, com salários entre R$ 4 mil e R$ 14 mil, mas
receberam apenas pequena fração, cedendo os cartões e senhas bancárias a
pessoas de confiança. A matéria aponta que o esquema teria durado cerca de
cinco anos. As beneficiárias afirmam nunca ter trabalhado de fato e recebiam
simbólica “ajuda de custo” — enquanto o restante era sacado pelo gabinete.
Parte
do suposto esquema coincidiu com a ocupação da presidência do Congresso por ele
— quando exercia grande influência institucional. Ele nega envolvimento pessoal, afirma ser
vítima de “campanha difamatória” e diz que contratações eram responsabilidade
de seu então chefe de gabinete. Algumas ex-assessoras entraram com ações
judiciais pedindo indenização, pagamento de direitos, verbas rescisórias etc.
(detalhe citado na reportagem de 2021).
<><> 2. As emendas e as suspeitas de contrabando
# 1. O
Programa Mais Visão e as Emendas Parlamentares – Entre 2023 e 2024, Alcolumbre
destinou R$ 15 milhões em emendas parlamentares para a Secretaria de Saúde do
Amapá, que contratou empresas para executar o Programa Mais Visão. A própria
empresa Saúde Link afirma em seu site que o Programa teve início em 2021 com a
iniciativa do senador Davi Alcolumbre em parceria com o Governo do Estado do
Amapá.
# 2. A
Tragédia Sanitária
Em 4 de
setembro de 2023, durante um mutirão de cirurgias de catarata, 104 dos 141
pacientes operados contraíram endoftalmite, uma grave infecção ocular. Pelo
menos 40 pacientes tiveram complicações graves, como olhos perfurados, com
indicação de transplante de córnea. Alguns casos resultaram na perda
irreversível da visão e até na remoção do globo ocular. O fungo Fusarium foi
identificado como causador da infecção, e o programa foi suspenso em 6 de
outubro de 2023. O Ministério Público do Amapá recomendou a suspensão do termo
de fomento com o Centro Capuchinhos, destacando que o espaço físico não possuía
condições sanitárias nem licenças para funcionamento.
3. A
Aeronave PR-MGD e a Apreensão por Contrabando
Em 22
de julho de 2022, um jatinho da Saúde Link, modelo Hawker Beechcraft 400A com
prefixo PR-MGD, foi apreendido pela Polícia Federal em Ponta Porã (MS) na
fronteira com o Paraguai. A ocorrência registrou apreensão de mercadoria de
origem estrangeira no valor estimado de R$ 50 mil, além de R$ 30 mil em espécie
e US$ 20 mil (cerca de R$ 100 mil). O MPF propôs como pena o pagamento de 10
salários-mínimos (cerca de R$ 13,2 mil) ao dono da empresa, Luciano André
Goulart, que concordou e o jatinho foi liberado.
# 4.
Uso do Jatinho e Investigação Eleitoral
Documentos
da FAB mostram que uma aeronave da Saúde Link (bimotor Raytheon BE58, prefixo
PR-BDC) pousou em 16 de agosto de 2022 no Hangar Comandante Salomão Alcolumbre,
aeródromo da família do senador na zona rural de Macapá, retornando no dia
seguinte. A aeronave apreendida em julho (PR-MGD) foi a mesma registrada pela
FAB em Macapá um mês depois, em agosto de 2022, durante a campanha de reeleição
de Alcolumbre. O TRE-AP investiga se o senador usou jatos particulares da Saúde
Link para deslocamentos entre Brasília e o Amapá durante a campanha eleitoral
de 2022. Segundo o processo, há pedido de cassação do mandato do senador.
# 5.
Desdobramentos Processuais
A
empresa Saúde Link informou à Justiça que não possui lista de passageiros das
aeronaves no período investigado, argumentando que aviões particulares não
estão sujeitos a requisitos de documentação e registro de passageiros da Anac.
A defesa de Alcolumbre argumenta falta de provas. O MPF apura possíveis atos de
improbidade administrativa em relação ao programa Mais Visão, em procedimento
sigiloso que segue em curso.
Informações
extra-oficiais dão conta de que o verdadeiro proprietário do avião seria o
próprio Alcolumbre. Em suas viagens políticas, um dos passageiros preferenciais
era o senador Randolphe Rodrigues, principal articulador de sua candidatura à
presidência do Senado, nos tempos em que trabalhava pela Lava Jato. Atualmente
é líder do PT.
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O caso expõe uma teia de relações entre:
•
Emendas parlamentares bilionárias direcionadas a programas de saúde
• Uma
empresa privada (Saúde Link) beneficiada por essas verbas
• Uma
tragédia sanitária com mais de 100 vítimas
• Uso
de aeronaves da empresa pelo parlamentar que direcionou os recursos
•
Atividades ilícitas envolvendo a mesma aeronave (contrabando). As investigações
seguem em andamento tanto na esfera da improbidade administrativa (MPF) quanto
na esfera eleitoral (TRE-AP), enquanto Alcolumbre assumiu a presidência do
Senado Federal, tornando-se uma das figuras políticas mais poderosas do país.
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3. A família Alcolumbre e o histórico de grilarem de terras
A
família se estabeleceu no Amapá há cerca de 130 anos — ou seja, ao longo de
várias gerações já se enraizou profundamente na região.
Os
Alcolumbre teriam sido dos primeiros a substituir o sistema de trocas por
comércio mercantil, na época da borracha. Com o tempo, diversificaram: postos
de combustíveis, comércio, mídia e posse de terras figuram entre os seus
ativos.
Um dos
episódios mais graves atribuídos à família data de 1981: segundo relatório da
Polícia Federal citado num dossiê recente, dois membros da família (irmãos
chamados Salomão Alcolumbre e Alberto Alcolumbre) teriam figurado entre
suspeitos de comandar um esquema de contrabando de minérios (ouro e outros
metais) no então Território Federal do Amapá — transportando ilegalmente
minérios em escala, por aviões particulares, para portos e capitais sem
fiscalização.
A
grilagem de terras públicas é outra mancha. A família chegou a declarar à
Justiça Eleitoral a posse de áreas pertencentes à União — em especial terras da
reserva do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que
deveriam ser destinadas a assentamentos de camponeses. Um primo de Davi,
“Salomãozinho”, foi candidato a suplente ao Senado em 2014 e declarou como bens
essas áreas.
Essas
propriedades foram alvo de embargo ambiental: uma área de 108 hectares —
conhecida como “Fazenda São Miguel” — foi embargada a partir de 2016 por ordem
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), por devastação de vegetação nativa. A família teria criado um rebanho
de búfalos na área e construído benfeitorias, apesar de o local compor área
pública, o que agrava a acusação.
As
multas ambientais acumuladas pelos Alcolumbre superam R$ 1 milhão — sinal de
múltiplas infrações ambientais registradas ao longo de anos.
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4. Os R$ 500 mil do irmão de Alcolumbre
Três
anos atrás, a Polícia Militar de Sâo Paulo parou um carro e encontrou nele R$
500 mil. O carro pertencia ao irmão de Alcolumbre.
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Conclusão
Está em
pleno curso a disputa entre a institucionalidade brasileira e o crime
organizado. É uma batalha feroz, onde está em jogo o próprio futuro do país,
como Nação.
Não há
poder político que possa manter incólume uma figura com a ficha de Alcolumbre.
O país espera que o Supremo, a Procuradoria Geral da República e a Polícia
Federal cumpram com suas responsabilidades.
• STF: Os bastidores da sucessão. Por
Rômulo Paes de Sousa
Há
semanas que valem por anos. A passada foi uma daquelas. Trump suprimiu o
tarifaço de 40% para vários produtos de nossa pauta de exportação que estavam
causando pressão inflacionária em seu país. A COP30 entrou em sua semana
decisiva com a obrigação de lidar com as pendências de sua agenda climática. O
fogo na Zona Azul, que foi rapidamente debelado, não é nada frente ao fogo
lento das divergências entre os presentes sobre transição energética e o
financiamento da adaptação climática. Dois executivos do Banco Master foram
presos. O banco está em regime de liquidação e conta com um passivo de 56
bilhões de reais. Um dos presos, o banqueiro Daniel Vorcaro, que é o dono do
Master, possui uma extensa rede de amizades em Brasília, sobretudo dentre os
mais influentes políticos de direita. O ex-presidente Bolsonaro foi submetido a
prisão preventiva. Ninguém sabe prever ao certo como e quanto do direitismo
brasileiro reagirá a essa aguardada prisão. E se isso fosse pouco: o presidente
Lula confirmou publicamente que Jorge Messias é o seu indicado para ocupar a
vaga de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora
não domine o noticiário por causa da concorrência com a página policial, a
sucessão no STF terá grande repercussão sobre o governo do presidente Lula.
Afinal, ela coloca o governo momentaneamente em rota de colisão com o
presidente do Senado Davi Alcolumbre e outros atores políticos relevantes.
Predominam
três críticas à escolha de Jorge Messias para a suprema corte. Os grandes
jornais o acusam de ser leal demais ao presidente. Alguns juristas clamam por
um luminar do direito na suprema corte. O nome de mais um homem branco trairia
a diversidade outrora praticada por Lula e sempre esperada de um governante de
esquerda.
São
críticas que partem de agendas distintas, mas que esbarram na alternativa que
estará subjacente quando o nome do ministro Jorge Messias for apreciado pelo
Senado. Não é segredo que o senador Rodrigo Pacheco é o nome in pectore de Davi
Alcolumbre para o lugar vago no Supremo. O senador Pacheco, por sua vez, não
seria um ministro isento de compromissos, não teve tempo de se configurar como
uma referência jurídica no país e é mais próximo do arquétipo de elite branca
do que seu concorrente imediato.
Os
parlamentares cresceram demais no domínio do orçamento da União. O controle da
alocação desses recursos dá uma excepcional vantagem nas disputas eleitorais
para si e para os seus. E ainda, muitas emendas apresentam problemas diversos
em sua execução. As ações dos órgãos de controle e do STF têm tirado o sono de
muita gente no Congresso. Não é à toa que na Câmara muita gente quer reduzir o
poder de fogo da Polícia Federal e no Senado viceja a queixa contra o rigor do
ministro Flávio Dino, que tem cobrado transparência e qualidade dos gastos na
execução das emendas.
No seu
terceiro mandato, o presidente Lula resolveu adotar o critério usado pelos
chefes de Estado em todo o mundo na indicação para a alta corte. Um dos mais
influentes ministros do STF, Gilmar Mendes, ocupava função semelhante à que
hoje ocupa Jorge Messias quando foi indicado por Fernando Henrique para o STF.
Dessa forma, ele retorna ao padrão de escolha para quem poderá vir a julgá-lo,
quando descer a rampa do Palácio do Planalto.
Davi
Alcolumbre, em outra passagem como presidente do Senado, também se opôs à
indicação de André Mendonça para o STF pelo então presidente Bolsonaro.
Mendonça havia ocupado a cadeira de ministro da AGU antes de migrar para a
pasta da justiça. Alcolumbre adiou a apreciação do nome por quatro meses. Ao
final, Mendonça foi aprovado no plenário com 47 votos favoráveis e 32 votos
contrários.
É
esperado que parte desse roteiro se repita. Tem instado a bancada oposicionista
a rejeitar a indicação. Novamente, o presidente da Casa terá dificuldades em
vencer esta queda de braço com o Palácio. Em primeiro lugar, a condição de
evangélico de Jorge Messias lhe dá algum trânsito com os oposicionistas. Nada
menos que André Mendonça e Silas Malafaia saíram em sua defesa.
Em
segundo lugar, Alcolumbre tem sido bem recompensado pelo apoio dado às agendas
do governo no Senado. É responsável pela indicação de dois ministros e vários
cargos no alto escalão. Uma guerra prolongada com o Palácio lhe traria
prejuízos. Em terceiro lugar, caso eleito, o presidente Lula ainda poderá
indicar mais três ministros. Isso lhe dá uma boa margem para contemplar todos
os grupos em disputa por uma vaga na suprema corte.
Por
fim, o senador Pacheco não é o candidato dos sonhos da bancada oposicionista.
Não são poucos os que avaliam que o senador Alcolumbre tenha acumulado poder
demais com os aproximadamente dez senadores que lhe são fiéis e que manejam com
competência o pêndulo das votações na Casa. Há uma nova temporada na relação
com o Senado, que pode tornar a vida do governo mais difícil no parlamento.
Contudo, não há enganos. Todas as agendas por trás das indicações estão
devidamente postas. A sorte está lançada para o governo, para o centrão e para
o senador Alcolumbre.
Fonte:
Jornal GGN/Outras Palavras

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