domingo, 30 de novembro de 2025

Trump garante que EUA irá suspender migração de 'países do Terceiro Mundo'

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou intensificar seu combate aos imigrantes, prometendo "interromper permanentemente a imigração" para os Estados Unidos de pessoas de todos os "países do Terceiro Mundo", ao se manifestar contra o "ônus dos refugiados" do seu país.

Trump postou nas redes sociais depois de anunciar a morte de um membro da Guarda Nacional americana após um tiroteio na capital do país, Washington DC. Um cidadão do Afeganistão foi acusado como responsável.

O presidente não forneceu mais detalhes, nem indicou quais países poderão ser afetados. O plano poderá ser questionado na Justiça e já gerou reações contrárias das agências das Nações Unidas.

O anúncio de Trump, após o ataque mortal de quarta-feira, representa um endurecimento ainda maior da sua posição em relação aos migrantes, durante seu segundo mandato.

Entre outras medidas, Trump procurou realizar deportações em massa de migrantes que entraram no país ilegalmente, reduzir drasticamente o número de refugiados e eliminar os direitos à cidadania automática que se aplicam atualmente a quase todos os nascidos em território americano.

Após o ataque de quarta-feira (26/11), Trump prometeu retirar dos Estados Unidos qualquer estrangeiro "de qualquer país que não pertença aqui".

No mesmo dia, os Estados Unidos suspenderam o processamento de todos os pedidos de imigração de cidadãos afegãos, afirmando que a decisão foi tomada aguardando uma análise de "protocolos de segurança e vetos".

Na quinta-feira, o Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS, na sigla em inglês) declarou que iria reexaminar os green cards emitidos para indivíduos que migraram de 19 países para os Estados Unidos. A agência não mencionou explicitamente o ataque de quarta-feira.

Questionado pela BBC sobre quais países estariam na lista, o USCIS indicou uma proclamação emitida em junho pela Casa Branca, que incluiu o Afeganistão, Cuba, Haiti, Irã, Somália e Venezuela. Mas não houve mais detalhes sobre como ocorreria a reavaliação.

Trump usou linguagem forte em uma postagem em duas partes na noite de quinta-feira, prometendo "eliminar todos os subsídios e benefícios federais aos não cidadãos".

O presidente americano escreveu, na rede Truth Social, que isso "permitiria a total recuperação do sistema americano" de políticas que haviam reduzido os "ganhos e as condições de vida" de muitos cidadãos dos Estados Unidos.

<><> 'Países do Terceiro Mundo'

Na postagem, o presidente também culpou os refugiados por causarem "distúrbios sociais na América" e se comprometeu a retirar "todos os que não sejam patrimônio líquido" para os Estados Unidos.

Trump iniciou o texto, repleto de expressões anti-imigrantes, como uma "saudação pelo Dia de Ação de Graças".

Ele afirmou que "centenas de milhares de refugiados da Somália tomaram totalmente conta do até então grande Estado de Minnesota" e se dirigiu especificamente aos legisladores democratas daquele Estado.

"Interromperei permanentemente a migração de todos os Países do Terceiro Mundo para permitir a total recuperação do sistema dos Estados Unidos", escreveu o presidente.

A expressão "terceiro mundo" era usada no passado para descrever nações mais pobres e em desenvolvimento.

A Casa Branca e o USCIS ainda não forneceram mais detalhes sobre os planos do presidente Trump, que não os relacionou diretamente, na sua postagem, ao ataque de quarta-feira.

O presidente já havia imposto proibições de viagens aos cidadãos do Afeganistão e de mais 11 países, principalmente na África e na Ásia, no primeiro semestre do ano.

Outra proibição de viagem, dirigida a uma série de países de maioria muçulmana, foi estabelecida durante seu primeiro mandato.

A ONU respondeu às palavras de Trump pedindo ao seu governo que observe os acordos internacionais referentes aos solicitantes de asilo.

"Esperamos que todos os países, incluindo os Estados Unidos, respeitem seus compromissos com base na Convenção dos Refugiados de 1953", declarou à agência de notícias Reuters o vice-porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas.

A reação de Trump representa a transformação dos migrantes nos Estados Unidos em "bodes expiatórios", segundo o presidente da Associação Americana de Advogados de Imigração, Jeremy McKinney.

Ele declarou ao programa de rádio Newsday, do Serviço Mundial da BBC, antes dos recentes comentários de Trump, que o motivo do responsável pelo ataque era desconhecido.

"Este tipo de questão não conhece a cor da pele, nem a nacionalidade", declarou ele.

"Quando uma pessoa se radicaliza ou sofre de algum tipo de doença mental, ela pode vir de qualquer origem."

<><> O suspeito é afegão

A onda de anúncios surgiu depois que autoridades declararam que o suspeito do tiroteio em Washington DC, Rahmanullah Lakanwal, chegou aos Estados Unidos em 2021.

Ele viajou com base em um programa que oferecia proteção especial à imigração aos afegãos que tivessem trabalhado com as forças americanas, após a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão naquele ano.

Continuam a surgir informações sobre o trabalho de Lakanwal ao lado dos americanos. Ele trabalhou anteriormente ao lado da CIA, segundo o diretor atual da agência.

Lakanwal ajudou a proteger as forças americanas no aeroporto da capital afegã, Cabul, quando milhares de pessoas lutavam para fugir do país antes que o Talebã tomasse o poder, segundo contou à BBC um ex-comandante militar que serviu ao lado dele.

Pai de cinco filhos, Lakanwal havia sido recrutado para a Unidade 3 da Força de Ataque de Kandahar, nove anos antes.

Sua unidade era conhecida localmente como Forças Escorpião. Ela operava inicialmente subordinada à CIA, mas também, eventualmente, para o departamento de inteligência afegão conhecido como Diretoria Nacional de Segurança.

Lakanwal era especialista em rastreadores de GPS, segundo o ex-comandante. Ele o descreveu como um "personagem alegre e esportivo".

Lakanwal teria sido vetado pelos Estados Unidos duas vezes, na época em que começou ao trabalhar ao lado da CIA e quando viajou para os Estados Unidos, segundo uma alta autoridade americana, em entrevista à rede de TV CNN.

Um de seus amigos de infância também declarou ao jornal The New York Times que Lakanwal havia sofrido problemas de saúde mental, depois de trabalhar na sua unidade.

Lakanwal pediu asilo em 2024. Seu pedido foi concedido no início deste ano, supostamente depois da posse de Trump para seu segundo mandato.

Mas seu pedido de green card, relacionado à concessão de asilo, segue pendente, segundo declarou uma autoridade de Segurança Doméstica à rede de TV CBS, parceira da BBC nos Estados Unidos.

O suspeito foi preso após o ataque. Afirma-se que ele não estaria cooperando com as autoridades.

Trump descreveu o incidente como "ato de terror". Ele anunciou no dia seguinte a morte de um dos dois membros da Guarda Nacional atingidos pelos tiros.

Sarah Beckstrom era da Virgínia Ocidental e tinha 20 anos de idade. Ela trabalhava na capital como parte do deslocamento de membros da Guarda Nacional ordenado por Trump, para combater a criminalidade.

Ela havia se voluntariado para trabalhar em Washington durante o feriado de Ação de Graças, segundo a procuradora-geral americana Pam Bondi.

Trump informou que o segundo membro da Guarda Nacional, Andrew Wolfe, de 24 anos, segue "lutando pela vida".

¨      Casa Branca ameaça não cooperar com Honduras caso esquerda vença eleição

O presidente dos EUA, Donald Trump, interveio diretamente nas eleições hondurenhas na quarta-feira (26/11), expressando seu apoio ao candidato do Partido Nacional, Nasry “Tito” Asfura, intensificando a interferência de Washington antes das eleições do próximo domingo (30/11).

Em uma mensagem publicada em sua rede social Truth Social, Trump descreveu Asfura como “o único verdadeiro amigo da liberdade em Honduras” e alertou contra uma possível vitória de Rixi Moncada, candidata do partido governista Liberdade e Refundação (Libre).

“Tito foi um prefeito bem-sucedido de Tegucigalpa, onde levou água potável a milhões de pessoas e pavimentou centenas de quilômetros de estradas”, enfatizou Trump, acrescentando: “Tito e eu podemos trabalhar juntos para combater os narcocomunistas e fornecer a ajuda necessária ao povo hondurenho”.

O presidente dos EUA delineou um cenário de alinhamento ideológico, afirmando que, se Moncada vencer, “os supostos narcoterroristas do presidente venezuelano Nicolás Maduro assumirão o controle de outro país, como fizeram com Cuba, Nicarágua e Venezuela”. Nesse contexto, reiterou que “Tito Asfura é quem defende a democracia e luta contra Maduro”.

Trump também se referiu ao terceiro colocado nas pesquisas, Salvador Nasralla, do Partido Liberal, a quem acusou de tentar “dividir os votos de Asfura”. “Nasralla não é amigo da liberdade. Quase um comunista, ele ajudou [a atual presidente] Xiomara Castro candidatando-se como seu vice-presidente. Ele venceu e ajudou Castro a vencer. Depois, renunciou e agora finge ser anticomunista”, afirmou o presidente americano, concluindo que “não se pode confiar nele”.

A mensagem de Trump representa a intervenção mais contundente de Washington na campanha eleitoral hondurenha, embora não seja a primeira. Anteriormente, o Secretário de Estado Adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Christopher Landau, alertou que o governo Trump responderia “rápida e firmemente a qualquer ataque à integridade do processo democrático em Honduras”.

Além disso, dias atrás, a congressista americana Maria Elvira Salazar, representando a Flórida, alertou Honduras sobre os riscos à sua democracia e pediu aos cidadãos que “não votassem no comunismo” durante uma sessão do Congresso dos Estados Unidos.

<><> Rixi Moncada rejeita a interferência de Trump

Nesse contexto, a candidata do Partido Libre, Rixi Moncada, rejeitou na quarta-feira (26/11) as acusações de ser “comunista” feitas por Donald Trump e alertou para uma possível “armadilha” na transmissão dos resultados preliminares do Conselho Nacional Eleitoral de Honduras.

“Eles me chamam de comunista para esconder a verdade: temem a democratização da economia, estão apavorados com a Lei de Justiça Tributária; e querem que o dinheiro continue sendo um privilégio de dez famílias e não um direito do povo”, disse o candidato e ex-secretário de Defesa Nacional de Honduras.

Além disso, Rixi Moncada apelou ao povo hondurenho para que proteja o seu voto e afirmou que o sistema bipartidário de Honduras está derrotado.

Mais de seis milhões de hondurenhos estão aptos a votar para eleger um presidente, vice-presidentes, prefeitos, deputados nacionais e representantes para o Parlamento Centro-Americano. Não há segundo turno em Honduras, portanto, o candidato com o maior número de votos assumirá o poder em 27 de janeiro de 2026.

Conspiração eleitoral

Antes das eleições de 30 de novembro, sete gravações de áudio vazaram para o público, expondo conversas entre Cossette López (conselheira eleitoral do Partido Liberal), representantes dos partidos Nacional e Liberal (oposição, direita) e empresários, com o objetivo de negar a eventual vitória da candidata de esquerda, Rixi Moncada, que era a favorita nas pesquisas, e proclamar Salvador Nasralla presidente utilizando o sistema TREP (Sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares).

O conteúdo, divulgado pela mídia, revela uma rede de pressões, negociações irregulares e coordenação ilegal para boicotar as eleições, alterar os resultados e impedir uma nova vitória popular que aprofundaria a refundação do país, iniciada pelo Partido Liberdade e Refundação (Libre) e seus seguidores.

O vazamento confirma a existência de uma rede político-empresarial que já havia sido sinalizada semanas atrás com base em 26 gravações de áudio atualmente sob investigação. Entre as vozes mais implicadas nas gravações está a de Cossette López, que aparece como figura-chave conectando parlamentares, militares, empresários e outros funcionários do sistema eleitoral. A autenticidade dessas gravações foi confirmada por uma análise de especialistas internacionais.

¨      África do Sul reage a Trump e afirma ser membro do G20 ‘por direito próprio’

Em resposta ao anúncio dos Estados Unidos de que a África do Sul não será convidada para a cúpula do G20 em 2026, na Flórida, Pretória declarou nesta quinta-feira (27/11) que é membro do grupo “por direito próprio” e que “não tolera insultos de outros países”.

Em publicação na última quarta-feira (26/11) na rede Truth Social, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que Washington não participou da cúpula das 20 maiores economias do mundo realizada no último final de semana na África do Sul porque o governo africano “se recusa a reconhecer ou abordar as terríveis violações dos direitos humanos sofridas pelos afrikaners”.

O republicano faz referência à suposta violência sofrida pelos descendentes de colonos holandeses, franceses e alemães no país africano. “Para ser mais direto, eles estão matando pessoas brancas e permitindo que suas fazendas sejam tomadas”, afirmou, em mais uma acusação sem provas.

“No final do G20, a África do Sul se recusou a entregar a Presidência do grupo a um representante sênior da nossa embaixada, que participou da cerimônia de encerramento. Portanto, sob minha orientação, a África do Sul NÃO receberá um convite para o G20 de 2026, que será sediado na grande cidade de Miami, Flórida, no próximo ano”, anunciou.

Trump acrescentou que a África do Sul “não é um país digno de ser membro em lugar algum” e que todos os “pagamentos e subsídios” norte-americanos enviados ao país

Por sua vez, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, declarou por meio de um comunicado que seu país é membro do G20 “em seu próprio nome” e que a participação no grupo “se dá por exigência dos demais membros”.

“A África do Sul é um país soberano, constitucional e democrático, e não tolera insultos de outros países quanto à sua condição de membro e à sua legitimidade para participar de plataformas globais”, declarou.

Classificando as declarações de Trump como “lamentáveis”, Pretória lembrou que a “Cúpula de Líderes do G20 África do Sul 2025, que contou com a presença de diversos chefes de Estado e de Governo, foi considerada por todos os membros presentes como uma das cúpulas mais bem-sucedidas”.

“A África do Sul sempre valorizou o espírito de consenso, colaboração e parceria que define o G20 como o principal fórum para a cooperação econômica internacional. Em consonância com essa abordagem, esperava-se que os EUA participassem de todas as reuniões do G20 durante a Presidência sul-africana, mas, infelizmente, optaram por não comparecer à Cúpula de Líderes do G20 em Joanesburgo por vontade própria”, lamentou o presidente.

Apesar da ausência de Trump, diversas entidades dos EUA, como empresas e organizações da sociedade civil, participaram “em grande número de atividades relacionadas ao G20”.

“A África do Sul valoriza essa participação”, afirmou Ramaphosa, ressaltando que seu país “respeita a soberania de todos os países e jamais insultará ou menosprezará outro país, sua posição ou sua importância na comunidade das nações”.

Diante das acusações de Trump, Pretória afirmou que continuará “a participar como membro pleno, ativo e construtivo do G20” e apelou aos demais membros que “reafirmem o seu funcionamento contínuo no espírito do multilateralismo”.

“É lamentável que, apesar dos esforços e das inúmeras tentativas da África do Sul para restabelecer as relações diplomáticas com os EUA, o presidente Trump continue a ser vingativo e a procurar aplicar medidas punitivas”, concluiu, afirmando que as denúncias de violência contras brancos no país são “desinformação e distorções”.

 

Fonte: BBC News/Opera Mundi

 

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