Trump
garante que EUA irá suspender migração de 'países do Terceiro Mundo'
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou
intensificar seu combate aos imigrantes, prometendo
"interromper permanentemente a imigração" para os Estados Unidos de
pessoas de todos os "países do Terceiro Mundo", ao se manifestar
contra o "ônus dos refugiados" do seu país.
Trump
postou nas redes sociais depois de anunciar a morte de um membro da Guarda
Nacional americana após um tiroteio na capital do país, Washington DC. Um
cidadão do Afeganistão foi acusado como responsável.
O
presidente não forneceu mais detalhes, nem indicou quais países poderão ser
afetados. O plano poderá ser questionado na Justiça e já gerou reações
contrárias das agências das Nações Unidas.
O
anúncio de Trump, após o ataque mortal de quarta-feira, representa um
endurecimento ainda maior da sua posição em relação aos migrantes, durante seu segundo
mandato.
Entre
outras medidas, Trump procurou realizar deportações em massa de migrantes
que entraram no país ilegalmente, reduzir drasticamente o número de refugiados
e eliminar os direitos à cidadania automática que se aplicam atualmente a quase
todos os nascidos em território americano.
Após o
ataque de quarta-feira (26/11), Trump prometeu retirar dos Estados Unidos
qualquer estrangeiro "de qualquer país que não pertença aqui".
No
mesmo dia, os Estados Unidos suspenderam o processamento de todos os pedidos de
imigração de cidadãos afegãos, afirmando que a decisão foi tomada aguardando
uma análise de "protocolos de segurança e vetos".
Na
quinta-feira, o Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS, na
sigla em inglês) declarou que iria reexaminar os green cards emitidos
para indivíduos que migraram de 19 países para os Estados Unidos. A agência não
mencionou explicitamente o ataque de quarta-feira.
Questionado
pela BBC sobre quais países estariam na lista, o USCIS indicou uma proclamação
emitida em junho pela Casa Branca, que incluiu o Afeganistão, Cuba, Haiti, Irã,
Somália e Venezuela. Mas não houve mais detalhes sobre como ocorreria a
reavaliação.
Trump
usou linguagem forte em uma postagem em duas partes na noite de quinta-feira,
prometendo "eliminar todos os subsídios e benefícios federais aos não
cidadãos".
O
presidente americano escreveu, na rede Truth Social, que isso "permitiria
a total recuperação do sistema americano" de políticas que haviam reduzido
os "ganhos e as condições de vida" de muitos cidadãos dos Estados
Unidos.
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'Países do Terceiro Mundo'
Na
postagem, o presidente também culpou os refugiados por causarem
"distúrbios sociais na América" e se comprometeu a retirar
"todos os que não sejam patrimônio líquido" para os Estados Unidos.
Trump
iniciou o texto, repleto de expressões anti-imigrantes, como uma "saudação
pelo Dia de Ação de Graças".
Ele
afirmou que "centenas de milhares de refugiados da Somália tomaram
totalmente conta do até então grande Estado de Minnesota" e se dirigiu
especificamente aos legisladores democratas daquele Estado.
"Interromperei
permanentemente a migração de todos os Países do Terceiro Mundo para permitir a
total recuperação do sistema dos Estados Unidos", escreveu o presidente.
A
expressão "terceiro mundo" era usada no passado para descrever nações
mais pobres e em desenvolvimento.
A Casa
Branca e o USCIS ainda não forneceram mais detalhes sobre os planos do
presidente Trump, que não os relacionou diretamente, na sua postagem, ao ataque
de quarta-feira.
O
presidente já havia imposto proibições de viagens aos cidadãos do Afeganistão e
de mais 11 países, principalmente na África e na Ásia, no primeiro semestre do ano.
Outra
proibição de viagem, dirigida a uma série de países de maioria muçulmana, foi estabelecida
durante seu primeiro mandato.
A ONU
respondeu às palavras de Trump pedindo ao seu governo que observe os acordos
internacionais referentes aos solicitantes de asilo.
"Esperamos
que todos os países, incluindo os Estados Unidos, respeitem seus compromissos
com base na Convenção dos Refugiados de 1953", declarou à agência de
notícias Reuters o vice-porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas.
A
reação de Trump representa a transformação dos migrantes nos Estados Unidos em
"bodes expiatórios", segundo o presidente da Associação Americana de
Advogados de Imigração, Jeremy McKinney.
Ele
declarou ao programa de rádio Newsday, do Serviço Mundial da BBC,
antes dos recentes comentários de Trump, que o motivo do responsável pelo
ataque era desconhecido.
"Este
tipo de questão não conhece a cor da pele, nem a nacionalidade", declarou
ele.
"Quando
uma pessoa se radicaliza ou sofre de algum tipo de doença mental, ela pode vir
de qualquer origem."
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O suspeito é afegão
A onda
de anúncios surgiu depois que autoridades declararam que o suspeito do tiroteio
em Washington DC, Rahmanullah Lakanwal, chegou aos Estados Unidos em 2021.
Ele
viajou com base em um programa que oferecia proteção especial à imigração aos
afegãos que tivessem trabalhado com as forças americanas, após a retirada dos Estados Unidos do
Afeganistão naquele
ano.
Continuam
a surgir informações sobre o trabalho de Lakanwal ao lado dos americanos. Ele
trabalhou anteriormente ao lado da CIA, segundo o diretor atual da agência.
Lakanwal
ajudou a proteger as forças americanas no aeroporto da capital afegã, Cabul,
quando milhares de pessoas lutavam para fugir do país antes que o
Talebã tomasse o poder, segundo contou à BBC um ex-comandante militar que
serviu ao lado dele.
Pai de
cinco filhos, Lakanwal havia sido recrutado para a Unidade 3 da Força de Ataque
de Kandahar, nove anos antes.
Sua
unidade era conhecida localmente como Forças Escorpião. Ela operava
inicialmente subordinada à CIA, mas também, eventualmente, para o departamento
de inteligência afegão conhecido como Diretoria Nacional de Segurança.
Lakanwal
era especialista em rastreadores de GPS, segundo o ex-comandante. Ele o
descreveu como um "personagem alegre e esportivo".
Lakanwal
teria sido vetado pelos Estados Unidos duas vezes, na época em que começou ao
trabalhar ao lado da CIA e quando viajou para os Estados Unidos, segundo uma
alta autoridade americana, em entrevista à rede de TV CNN.
Um de
seus amigos de infância também declarou ao jornal The New York Times que
Lakanwal havia sofrido problemas de saúde mental, depois de trabalhar na sua
unidade.
Lakanwal
pediu asilo em 2024. Seu pedido foi concedido no início deste ano, supostamente
depois da posse de Trump para seu segundo mandato.
Mas seu
pedido de green card, relacionado à concessão de asilo, segue
pendente, segundo declarou uma autoridade de Segurança Doméstica à rede de TV
CBS, parceira da BBC nos Estados Unidos.
O
suspeito foi preso após o ataque. Afirma-se que ele não estaria cooperando com
as autoridades.
Trump
descreveu o incidente como "ato de terror". Ele anunciou no dia
seguinte a morte de um dos dois membros da Guarda Nacional atingidos pelos
tiros.
Sarah
Beckstrom era da Virgínia Ocidental e tinha 20 anos de idade. Ela trabalhava na
capital como parte do deslocamento de membros da Guarda
Nacional ordenado
por Trump, para combater a criminalidade.
Ela
havia se voluntariado para trabalhar em Washington durante o feriado de Ação de
Graças, segundo a procuradora-geral americana Pam Bondi.
Trump
informou que o segundo membro da Guarda Nacional, Andrew Wolfe, de 24 anos,
segue "lutando pela vida".
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Casa Branca ameaça não cooperar com Honduras caso
esquerda vença eleição
O
presidente dos EUA, Donald Trump, interveio diretamente nas eleições
hondurenhas na quarta-feira (26/11), expressando seu apoio ao candidato do
Partido Nacional, Nasry “Tito” Asfura, intensificando a interferência de
Washington antes das eleições do próximo domingo (30/11).
Em uma
mensagem publicada em sua rede social Truth Social, Trump descreveu Asfura como
“o único verdadeiro amigo da liberdade em Honduras” e alertou contra uma
possível vitória de Rixi Moncada, candidata do partido governista Liberdade e
Refundação (Libre).
“Tito
foi um prefeito bem-sucedido de Tegucigalpa, onde levou água potável a milhões
de pessoas e pavimentou centenas de quilômetros de estradas”, enfatizou Trump,
acrescentando: “Tito e eu podemos trabalhar juntos para combater os
narcocomunistas e fornecer a ajuda necessária ao povo hondurenho”.
O
presidente dos EUA delineou um cenário de alinhamento ideológico, afirmando
que, se Moncada vencer, “os supostos narcoterroristas do presidente venezuelano
Nicolás Maduro assumirão o controle de outro país, como fizeram com Cuba,
Nicarágua e Venezuela”. Nesse contexto, reiterou que “Tito Asfura é quem
defende a democracia e luta contra Maduro”.
Trump
também se referiu ao terceiro colocado nas pesquisas, Salvador Nasralla, do
Partido Liberal, a quem acusou de tentar “dividir os votos de Asfura”.
“Nasralla não é amigo da liberdade. Quase um comunista, ele ajudou [a atual
presidente] Xiomara Castro candidatando-se como seu vice-presidente. Ele venceu
e ajudou Castro a vencer. Depois, renunciou e agora finge ser anticomunista”,
afirmou o presidente americano, concluindo que “não se pode confiar nele”.
A
mensagem de Trump representa a intervenção mais contundente de Washington na
campanha eleitoral hondurenha, embora não seja a primeira. Anteriormente, o
Secretário de Estado Adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Christopher
Landau, alertou que o governo Trump responderia “rápida e firmemente a qualquer
ataque à integridade do processo democrático em Honduras”.
Além
disso, dias atrás, a congressista americana Maria Elvira Salazar, representando
a Flórida, alertou Honduras sobre os riscos à sua democracia e pediu aos
cidadãos que “não votassem no comunismo” durante uma sessão do Congresso dos
Estados Unidos.
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Rixi Moncada rejeita a interferência de Trump
Nesse
contexto, a candidata do Partido Libre, Rixi Moncada, rejeitou na quarta-feira
(26/11) as acusações de ser “comunista” feitas por Donald Trump e alertou para
uma possível “armadilha” na transmissão dos resultados preliminares do Conselho
Nacional Eleitoral de Honduras.
“Eles
me chamam de comunista para esconder a verdade: temem a democratização da
economia, estão apavorados com a Lei de Justiça Tributária; e querem que o
dinheiro continue sendo um privilégio de dez famílias e não um direito do
povo”, disse o candidato e ex-secretário de Defesa Nacional de Honduras.
Além
disso, Rixi Moncada apelou ao povo hondurenho para que proteja o seu voto e
afirmou que o sistema bipartidário de Honduras está derrotado.
Mais de
seis milhões de hondurenhos estão aptos a votar para eleger um presidente,
vice-presidentes, prefeitos, deputados nacionais e representantes para o
Parlamento Centro-Americano. Não há segundo turno em Honduras, portanto, o
candidato com o maior número de votos assumirá o poder em 27 de janeiro de
2026.
Conspiração
eleitoral
Antes
das eleições de 30 de novembro, sete gravações de áudio vazaram para o público,
expondo conversas entre Cossette López (conselheira eleitoral do Partido
Liberal), representantes dos partidos Nacional e Liberal (oposição, direita) e
empresários, com o objetivo de negar a eventual vitória da candidata de
esquerda, Rixi Moncada, que era a favorita nas pesquisas, e proclamar Salvador
Nasralla presidente utilizando o sistema TREP (Sistema de Transmissão de
Resultados Eleitorais Preliminares).
O
conteúdo, divulgado pela mídia, revela uma rede de pressões, negociações
irregulares e coordenação ilegal para boicotar as eleições, alterar os
resultados e impedir uma nova vitória popular que aprofundaria a refundação do
país, iniciada pelo Partido Liberdade e Refundação (Libre) e seus seguidores.
O
vazamento confirma a existência de uma rede político-empresarial que já havia
sido sinalizada semanas atrás com base em 26 gravações de áudio atualmente sob
investigação. Entre as vozes mais implicadas nas gravações está a de Cossette
López, que aparece como figura-chave conectando parlamentares, militares,
empresários e outros funcionários do sistema eleitoral. A autenticidade dessas
gravações foi confirmada por uma análise de especialistas internacionais.
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África do Sul reage a Trump e afirma ser membro do G20
‘por direito próprio’
Em
resposta ao anúncio dos Estados Unidos de que a África do Sul não será
convidada para a cúpula do G20 em 2026, na Flórida, Pretória declarou nesta
quinta-feira (27/11) que é membro do grupo “por direito próprio” e que “não
tolera insultos de outros países”.
Em
publicação na última quarta-feira (26/11) na rede Truth Social, o presidente
dos EUA, Donald Trump, disse que Washington não participou da cúpula das 20
maiores economias do mundo realizada no último final de semana na África do Sul
porque o governo africano “se recusa a reconhecer ou abordar as terríveis
violações dos direitos humanos sofridas pelos afrikaners”.
O
republicano faz referência à suposta
violência sofrida pelos descendentes de colonos holandeses,
franceses e alemães no país africano. “Para ser mais direto, eles estão matando
pessoas brancas e
permitindo que suas fazendas sejam tomadas”, afirmou, em mais uma acusação sem
provas.
“No
final do G20, a África do Sul se recusou a entregar a Presidência do grupo a um
representante sênior da nossa embaixada, que participou da cerimônia de
encerramento. Portanto, sob minha orientação, a África do Sul NÃO receberá um
convite para o G20 de 2026, que será sediado na grande cidade de Miami,
Flórida, no próximo ano”, anunciou.
Trump
acrescentou que a África do Sul “não é um país digno de ser membro em lugar
algum” e que todos os “pagamentos e subsídios” norte-americanos enviados ao
país
Por sua
vez, o presidente
da África do Sul, Cyril Ramaphosa, declarou por meio de um comunicado que seu
país é membro do G20 “em seu próprio nome” e que a participação no grupo “se dá
por exigência dos demais membros”.
“A
África do Sul é um país soberano, constitucional e democrático, e não tolera
insultos de outros países quanto à sua condição de membro e à sua legitimidade
para participar de plataformas globais”, declarou.
Classificando
as declarações de Trump como “lamentáveis”, Pretória lembrou que a “Cúpula de
Líderes do G20 África do Sul 2025, que contou com a presença de diversos chefes
de Estado e de Governo, foi considerada por todos os membros presentes como uma
das cúpulas mais bem-sucedidas”.
“A
África do Sul sempre valorizou o espírito de consenso, colaboração e parceria
que define o G20 como o principal fórum para a cooperação econômica
internacional. Em consonância com essa abordagem, esperava-se que os EUA
participassem de todas as reuniões do G20 durante a Presidência sul-africana,
mas, infelizmente, optaram por não comparecer à Cúpula de Líderes do G20 em
Joanesburgo por vontade própria”, lamentou o presidente.
Apesar
da ausência de Trump, diversas entidades dos EUA, como empresas e organizações
da sociedade civil, participaram “em grande número de atividades relacionadas
ao G20”.
“A
África do Sul valoriza essa participação”, afirmou Ramaphosa, ressaltando que
seu país “respeita a soberania de todos os países e jamais insultará ou
menosprezará outro país, sua posição ou sua importância na comunidade das
nações”.
Diante
das acusações de Trump, Pretória afirmou que continuará “a participar como
membro pleno, ativo e construtivo do G20” e apelou aos demais membros que
“reafirmem o seu funcionamento contínuo no espírito do multilateralismo”.
“É
lamentável que, apesar dos esforços e das inúmeras tentativas da África do Sul
para restabelecer as relações diplomáticas com os EUA, o presidente Trump
continue a ser vingativo e a procurar aplicar medidas punitivas”, concluiu,
afirmando que as denúncias de violência contras brancos no país são
“desinformação e distorções”.
Fonte: BBC
News/Opera Mundi

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