segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Elias Jabbour: Xi Jinping sobre 2024 - "crescemos na tempestade"

Em um forte discurso em decorrência do ano novo o presidente chinês, Xi Jinping, renovou a confiança de continuidade da trajetória de desenvolvimento da China. Tratou-se de um verdadeiro, mas sintético balanço de um ano que marcou tanto o 75º aniversário de fundação da República Popular da China quanto a 3ª sessão plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China, ressaltando que os resultados desta reunião serão marcados pelo aprofundamento das reformas e abertura de um caminho mais promissor.

Mesmo em meio a mudanças e turbulências jamais vistas nos últimos anos, a China avançou em todos os aspectos. Desde a economia até a questões relativas a mudanças na governança e a promoção da paz mundial e a rápida promoção de energia baseada em baixo carbono. Segundo o líder chinês:

“Lidamos ativamente com os impactos causados pelas mudanças nos ambientes interno e externo através de um conjunto de políticas, promovendo com passos firmes o desenvolvimento de alta qualidade. A economia do país voltou a crescer e apresenta uma tendência otimista, com a previsão de que o PIB superará 130 trilhões de yuans neste ano. A produção de grãos ultrapassou 700 milhões de toneladas. O desenvolvimento regional obteve progresso coordenado, consolidando as realizações que já alcançamos. A nova urbanização e o revigoramento rural alcançaram o desenvolvimento integrado com uma perfeita sinergia. O desenvolvimento verde e de baixo carbono foi expandido a níveis mais profundos, revelando assim um cenário de uma bela China”.

Um estudo aprofundado do discurso de Xi Jinping demonstra que uma série de esforços empreendidos pelo país, principalmente no 14º Plano Quinquenal que se encerrará em 2025. Nos últimos quatro anos a China avançou de forma surpreendente na construção de sua soberania alimentar com a elevação constante das colheitas. Trata-se de um projeto prioritário para que o país dependa menos do exterior e resultado de políticas de sucesso como o de “revitalização rural”. A economia chinesa está passando por uma grande transição marcada pelo advento de “novas forças produtivas de qualidade”, contribuindo para uma dinâmica mais centrada na inovação tecnológica e na promoção de cadeias produtivas baseadas em baixa emissão de carbono.

O presidente chinês nos trouxe alguns dados fundamentais para entender este novo cenário: “A produção anual de veículos de nova energia bateu a casa de 10 milhões de unidades, e novos resultados foram alcançados nos setores de circuito integrado, inteligência artificial e comunicação quântica. A missão Chang’e-6 coletou pela primeira vez amostras do lado oculto da Lua, o navio Mengxiang explorou as profundezas do oceano, a Ligação Shenzhen-Zhongshan conecta as duas cidades através do mar, e a estação de pesquisa Qinling foi erguida no campo de gelo na Antártica”.

Os dados demonstram o que já é muito claro para o público especializado: a China avança no rumo de sua autossuficência tecnológica apesar da tentativa desesperada dos Estados Unidos em impedir este avanço. Muitos especialistas não percebem que a China construiu ao longo das últimas décadas um grande edifício industrial e financeiro que serve de base a um sistema nacional de ciência e tecnologia capaz de lidar com os maiores desafios. A economia chinesa, baseada na propriedade pública da grande produção e do sistema financeiro, vai demonstrando superioridade. Superioridade esta que vai além da competição com outros países. É a superioridade do socialismo com características chinesas.

Neste contexto de elevação do poderio econômico chinês, as contribuições do país para a estabilidade mundial ocorrem de forma concreta. Neste discurso de ano novo, o presidente Xi Jinping nos lembra de uma série de iniciativas chinesas no exterior, conforme suas próprias palavras, “aprofundando a solidariedade e a cooperação com o Sul Global”. Trata-se, principalmente do papel cumprido pela China com a Iniciativa Cinturão e Rota que se trata atualmente do maior programa de investimentos em infraestruturas e cooperação em vários níveis jamais vistos na história humana. São milhares de projetos conjuntos entre a China e mais de 100 países do mundo de promoção de ligações por terra e mar, levando possibilidades novas de desenvolvimento econômico aos países mais pobres e vulneráveis. Trata-se de uma globalização promovida pela China baseada em princípios de solidariedade e respeito mútuo em detrimento da escalada de guerras, sanções, cercos e bloqueios promovidos pelas potências ocidentais contra países que buscam seus próprios caminhos para a promoção do desenvolvimento.

O discurso de ano novo é um ato que ocorre em todo último dia do ano. O que percebemos de diferente neste discurso em 2024 é a demonstração de adiantamento de resultados promissores do 14º Plano Quinquenal e apontando que a China tem construído seu próprio caminho para enfrentar as grandes adversidades do cenário externo. Como já dissemos mais acima, poucos percebem, mas a governança chinesa preparou-se muito bem nas últimas décadas para a chegada de um momento onde seu desenvolvimento iria passar por grandes provas e testes. O discurso de ano novo de Xi Jinping é uma matéria a ser lida e estudada pelos interessados no presente e no futuro da China.

¨      China anuncia aumento de financiamento com títulos para estimular crescimento em 2025

A China aumentará drasticamente o financiamento de títulos do tesouro ultralongos em 2025 para estimular o investimento empresarial e as iniciativas de estímulo ao consumidor, disse um funcionário do planejamento estatal na sexta-feira, conforme Pequim aumenta o estímulo fiscal para revitalizar a economia.

Os títulos especiais do tesouro serão usados para financiar atualizações de equipamentos em larga escala e trocas de bens de consumo, disse Yuan Da, secretário-geral adjunto da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), em uma coletiva de imprensa.

"O tamanho dos fundos de títulos públicos especiais ultralongos será aumentado drasticamente este ano para intensificar e expandir a implementação das duas novas iniciativas", disse Yuan.

De acordo com o programa lançado no ano passado, os consumidores podem trocar carros ou eletrodomésticos antigos e comprar novos com desconto, e um programa separado subsidia atualizações de equipamentos em larga escala para empresas.

As famílias também terão direito a subsídios para comprar três tipos de produtos digitais este ano, incluindo telefones celulares, tablets, relógios e pulseiras inteligentes, disse Yuan.

Em dezembro, a NDRC disse que Pequim havia alocado todos os recursos de 1 trilhão de iuanes (136,68 bilhões de dólares) em títulos do tesouro especiais ultralongos em 2024, com cerca de 70% dos recursos financiando "dois grandes projetos" e o restante indo para as novas iniciativas.

Os líderes chineses prometeram impulsionar "vigorosamente" o consumo este ano, aumentando as expectativas de mais medidas para estimular a demanda e combater os riscos de deflação.

Milhões de funcionários públicos em toda a China receberam aumentos salariais surpresa nesta semana, segundo pessoas afetadas pela medida.

A China também aumentará o financiamento de títulos especiais do tesouro e ampliará o escopo de outro programa que se concentra no apoio a setores estratégicos importantes, disse Zhao Chenxin, vice-chefe do planejador estatal, na coletiva de imprensa.

O governo aprovou antecipadamente projetos para 2025 no valor de 100 bilhões de iuanes sob esse esquema, disse ele.

Os principais programas referem-se a projetos como a construção de ferrovias e aeroportos, o desenvolvimento de terras agrícolas e a construção de capacidade de segurança em áreas importantes, de acordo com documentos oficiais.

A segunda maior economia do mundo tem enfrentado dificuldades nos últimos anos devido a uma grave crise imobiliária, alta dívida do governo local e fraca demanda do consumidor. As exportações, um dos poucos pontos positivos, poderiam enfrentar mais tarifas dos EUA em um segundo governo de Donald Trump.

A Reuters informou no mês passado que as autoridades concordaram em emitir títulos do tesouro especiais no valor de 3 trilhões de iuanes em 2025, o que seria o maior valor já registrado.

EXPECTATIVA DE FORTE ESTÍMULO FISCAL

É provável que a China permita que os governos locais aumentem a emissão de títulos especiais para 4,7 trilhões de iuanes este ano, ante 3,9 trilhões de iuanes em 2024, disse Zhang Ming, economista sênior da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um importante think tank estatal.

A combinação de títulos do tesouro especial e títulos locais e o déficit orçamentário anual pode chegar a 13 trilhões de iuanes este ano, ou 9-10% do Produto Interno Bruto, disse Zhang em um artigo publicado no site do China Chief Economist Forum.

"Esse nível de déficit de base ampla seria raro na história", disse Zhang.

A Reuters noticiou no mês passado que os líderes chineses concordaram em aumentar o déficit orçamentário para 4% do PIB em 2025, o maior já registrado na China, enquanto mantêm uma meta de crescimento econômico de cerca de 5%.

¨      Sanções da China atingem empresas dos EUA após vendas de armas para Taiwan, diz mídia

A China sancionou dez empresas de defesa dos EUA nesta quinta-feira (2) devido à venda de armas para Taiwan, na segunda rodada de medidas em menos de uma semana contra empresas norte-americanas.

Segundo o Ministério do Comércio da China, várias subsidiárias da Lockheed Martin, General Dynamics e Raytheon que "participaram da venda de armas para Taiwan" foram adicionadas à "Lista de Entidades Não Confiáveis" por Pequim.

De acordo com o South China Morning Post (SCMP), ao todo, a China proibiu a exportação de produtos de dupla utilização para 28 empresas de defesa dos EUA, uma medida retaliatória em função do comércio de armas entre Washington e Taipé — uma atividade condenada por Pequim, pois considera Taiwan parte inalienável de seu território nacional em conformidade com o princípio de Uma Só China, princípio ao qual os EUA aderiram.

A General Dynamics, a Lockheed Martin Corporation e a Boeing Defence, Space & Security foram adicionadas "para salvaguardar a segurança e os interesses nacionais e cumprir as obrigações internacionais como a não proliferação" de armas, disse o ministério segundo a apuração.

Ainda no dia 27 de dezembro, a China anunciou sanções a sete empresas militares-industriais dos EUA, incluindo a subsidiária da Boeing Insitu, também relacionada à assistência militar norte-americana, cuja última venda foi de US$ 571,3 milhões (cerca de R$ 3,5 bilhões) a Taiwan.

De acordo com Pequim, tais movimentos "interferem nos assuntos internos da China e minam a soberania e a integridade territorial da China", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês em uma coletiva de imprensa no dia 27 de dezembro.

Exército da China adverte que a inteligência artificial não pode substituir humanos

Os militares chineses alertam que a inteligência artificial não pode substituir a tomada de decisões por humanos no campo de batalha porque a IA não assume responsabilidade por seus atos.

"A IA deve operar em conjunto com os humanos que tomam decisões para otimizar a eficácia do comando, melhorando mas não substituindo as ações humanas", indica um artigo publicado no diário do Exército da China (ELP), citado pelo South China Morning Post.

Destaca-se que a IA pode ser usada para aumentar as capacidades humanas - através da análise de dados, simulações ou planejamento - mas não pode substituí-las.

"À medida que a IA evolui, ela deve permanecer uma ferramenta guiada pelo julgamento humano, garantindo que responsabilidade, criatividade e adaptabilidade estratégica permaneçam no primeiro plano da tomada de decisões militares", ressalta a mídia.

Uma vez que a IA opera dentro de limites algorítmicos predefinidos e suas respostas muitas vezes não têm originalidade, a autonomia e a criatividade humanas são indispensáveis no campo de batalha.

O ELP aponta que prefere uma estrutura onde as máquinas analisam dados, fornecem informações e sugerem ações potenciais. No entanto, "as decisões finais ficam com os comandantes humanos, protegendo contra erros decorrentes da natureza de caixa preta da IA".

O artigo acrescenta que outra fraqueza da tecnologia é sua incapacidade de refletir sobre suas próprias ações ou assumir a responsabilidade por suas decisões, ao contrário dos comandantes humanos que podem refinar seus planos em resposta às circunstâncias.

¨      Moscou: Ocidente e Kiev são responsáveis pela interrupção do fornecimento de gás russo via Ucrânia

Moscou considera Washington e Kiev responsáveis pela interrupção do fornecimento de gás à Europa pelo gasoduto russo que passa pela Ucrânia, disse a representante do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova nesta quinta-feira (2).

"A responsabilidade pelo término do fornecimento de gás russo recai inteiramente sobre os Estados Unidos, o regime fantoche em Kiev e as autoridades dos Estados europeus, que sacrificaram o bem-estar de seus cidadãos em prol do apoio financeiro à economia norte-americana", disse ela em comunicado.

A Ucrânia interrompeu o trânsito de gás russo por razões geopolíticas. O principal beneficiário das mudanças no mercado de energia europeu são os Estados Unidos, acrescentou Zakharova.

"A interrupção do fornecimento de energia russa competitiva e ecologicamente limpa não apenas enfraquece o potencial econômico da Europa, mas também tem um impacto mais negativo no padrão de vida dos cidadãos europeus", argumentou a representante.

O fornecimento de gás russo via Ucrânia terminou às 08h00 da manhã, horário de Moscou (02h00 no horário de Brasília), nesta quarta-feira (1º), após o encerramento do contrato entre a Gazprom e a Naftogaz. A empresa também disse que foi privada da capacidade de fornecer gás à Ucrânia devido à "recusa repetida e explícita da parte ucraniana em estender esses acordos".

¨      Especialistas alertam para crise energética na UE após interrupção de gás da Rússia via Ucrânia

Após o fim do trânsito de gás russo barato e confiável pela Ucrânia, os custos de energia devem aumentar, fortalecendo as pressões inflacionárias e ampliando a crise do custo de vida, alertam especialistas.

O fornecimento de gás russo via Ucrânia terminou às 08h00 da manhã, horário de Moscou (02h00 no horário de Brasília), nesta quarta-feira (1º), após o encerramento do contrato entre a Gazprom e a Naftogaz.

Kiev já havia feito declarações sucessivas sobre não ter intenção ou interesse de estender o acordo, o que reacendeu o medo de uma nova crise energética na Europa, alertaram especialistas citados pela Xinhua.

"Se houver uma crise no fornecimento de energia, a Europa será a mais afetada e isso enfraquecerá ainda mais seu poder econômico", observou o analista político croata Robert Frank.

A cessação do trânsito de gás russo "provavelmente intensificará as pressões de custo para as indústrias eslovenas e, por extensão, aumentará os preços ao consumidor", enfatizou Joze P. Damijan, professor de economia na Universidade de Liubliana.

A Europa ainda não se recuperou de sua atitude míope de cortar drasticamente sua dependência do gás russo, o que desencadeou um aumento maciço na inflação e desaceleração econômica.

O gasoduto Urengoy-Pomary-Uzhgorod transportou cerca de 15,5 bilhões de metros cúbicos de gás no ano passado, respondendo por aproximadamente 4,5% do consumo total de gás na União Europeia (UE), de acordo com a Gazprom. Moldávia e quatro países da UE — Eslováquia, Áustria, Itália e República Tcheca — receberam gás russo por esta rota.

O Balkan Stream, alimentado pelo gasoduto Turkish Stream, continua sendo agora a única fonte de gás russo para a Europa — garantindo fornecimento para Romênia, Grécia, Macedônia do Norte, Sérvia, Bósnia e Herzegovina e Hungria.

 

Fonte: Brasil 247/Sputnik Brasil/Reuters

 

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