Guerras Culturais e a ilusão da
Política sem Cultura
Muitos enxergam a guerra cultural – termo popularizado
para descrever disputas ideológicas que se manifestam em valores, costumes e
narrativas sociais -, como algo superficial, um truque, uma distração que
desvia a atenção da sociedade das chamadas “questões reais” — econômicas e
institucionais. Contudo, essa perspectiva chega com um vício subjacente:
subestima o papel central da cultura na disputa pelo poder. A cultura nunca foi
um detalhe: ela estrutura os valores de uma sociedade, delimita o que é
aceitável e enquadra o que deve ser combatido. Em toda disputa política, a cultura
é o ponto de partida e o terreno onde as percepções de realidade são definidas,
elaboradas, reelaboradas e questionadas.
A guerra cultural não se resume a um embate de ideias;
ela é um método projetado para desarticular o debate público. Seu objetivo não
é persuadir pelo argumento, mas transformar discordâncias em ameaças
existenciais. Nesse contexto, a identidade ocupa o lugar do pensamento crítico,
e o ódio substitui a argumentação. Nada disso ocorre por acaso: trata-se de uma
estratégia deliberada, que prospera na radicalização e na simplificação dos
problemas, inviabilizando qualquer possibilidade de mediação.
Mais do que um ruído periférico da política, a guerra
cultural é um mecanismo cuidadosamente estruturado para reorganizar o poder.
Grupos conservadores compreenderam que a cultura não é apenas uma expressão da
sociedade, mas um campo ativo de disputa, onde significados são produzidos,
valores negociados e relações de poder naturalizadas. Ao deslocarem suas
batalhas das urnas e dos tribunais para o campo cultural, trataram a cultura
como um território estratégico para consolidar hegemonias e reconfigurar a
percepção pública.
Compreender esse fenômeno exige ir além da superfície
das manchetes ou dos embates cotidianos. É necessário investigar suas raízes
históricas, seus métodos e suas estratégias para revelar como a guerra cultural
transforma as prioridades políticas e reconfigura o próprio exercício do poder.
Somente com essa compreensão será possível construir respostas que ultrapassem
o imediatismo e enfrentem a centralidade da cultura no jogo político. Vamos
tentar.
·
A tradição das Guerras
Culturais
As disputas culturais atravessam os séculos, assumindo
diferentes formas e intensidades, mas sempre refletindo os embates mais
profundos de uma sociedade. Embora o termo “guerra cultural” pareça recente,
suas raízes remontam a momentos históricos muito anteriores à sua formalização
como conceito sociológico. No século XIX, por exemplo, a Alemanha vivenciou o
Kulturkampf, um conflito entre o Estado prussiano e a Igreja Católica pelo
controle da educação, da moral e da identidade nacional. Essa disputa
demonstrou que a cultura não é apenas um reflexo passivo da sociedade, mas um
campo dinâmico de poder e conflito.
O Kulturkampf evidenciou que, desde o século XIX, a
cultura já era tratada como um espaço central de poder. Essa lógica foi
intensificada nos Estados Unidos, especialmente a partir dos anos 1960. O
avanço dos direitos civis, do feminismo e da contracultura foi percebido por
setores conservadores como uma ameaça à estabilidade da ordem social. Em
resposta, estruturou-se uma ofensiva moral que não apenas resistia às
transformações sociais, mas buscava ativamente reverter os avanços
conquistados.
Nos anos 1990, o sociólogo James Davison Hunter consolidou
a noção de guerra cultural em sua obra Culture
Wars: The Struggle to Define America. Inserido em uma tradição
sociológica que explora as transformações culturais como arenas de disputa
política e de poder, Hunter argumentou que a guerra cultural não era apenas um
embate ideológico, mas uma luta entre visões de mundo incompatíveis. Ele
demonstrou como esses conflitos moldavam legislações, direcionavam o sistema
educacional e influenciavam decisões judiciais, transformando a cultura em um
campo estratégico para redefinir hegemonias.
Andrew Hartman, em A
War for the Soul of America, deu continuidade a essa análise ao
situar os conflitos culturais dos anos 2010 como parte de um ciclo histórico
contínuo de disputas ideológicas nos Estados Unidos. Hartman destacou que, ao
deslocar o foco para questões de moralidade e costumes, as guerras culturais
funcionavam como mecanismos para obscurecer crises estruturais mais amplas,
como as do modelo econômico, permitindo que hegemonias conservadoras em
declínio encontrassem novas bases de sustentação. Essa tradição sociológica,
especialmente influente nos Estados Unidos, se desenvolveu em um contexto
marcado pela pluralidade de valores em uma sociedade multicultural e pelas
crescentes divisões políticas e ideológicas.
Wendy Brown, em Undoing
the Demos, argumenta que o neoliberalismo não apenas reconfigura
economias, mas também transforma profundamente a cultura e a política,
submetendo-as à lógica do mercado. Nesse cenário, as guerras culturais
desempenham um papel estratégico: ao mobilizar pautas identitárias e morais,
muitas vezes urgentes e legítimas, o neoliberalismo desloca o debate público de
questões estruturais, como desigualdades econômicas, para conflitos culturais
que fragmentam solidariedades coletivas. Essas disputas não são desvios do
projeto neoliberal, mas parte integrante de sua dinâmica, pois enfraquecem a
organização de resistências e criam um ambiente em que o individualismo e a
competição prevalecem. Assim, as guerras culturais não apenas refletem conflitos
ideológicos, mas também operam como mecanismos que reforçam as desigualdades e
limitam as possibilidades de transformação social.
Enquanto nos Estados Unidos as guerras culturais
emergiram como reação a transformações sociais e à crise da hegemonia conservadora,
no Brasil elas foram concebidas deliberadamente como estratégia política. Como
destaca João Cezar de Castro Rocha em sua obra Guerra Cultural e Retórica do Ódio: Crônicas de um Brasil
Pós-Político, a guerra cultural brasileira não emergiu espontaneamente,
mas foi estruturada como uma ferramenta de mobilização de setores
conservadores. Seu objetivo era reconfigurar o debate público, deslocando-o
para temas culturais e morais, como forma de consolidar um projeto de poder.
Dessa forma, a guerra cultural no Brasil tornou-se um instrumento central para
deslocar o debate público e minar a construção de uma sociedade democrática, ao
instrumentalizar questões morais como ferramentas de controle político.
·
A disputa cultural no
Brasil: construção e estratégias
Nos Estados Unidos, a guerra cultural emergiu como uma
reação aos avanços dos direitos civis e das pautas progressistas, marcando um
momento de crise para hegemonias conservadoras. No Brasil, no entanto, essa
dinâmica não foi apenas uma adaptação local do fenômeno norte-americano. Seu
surgimento deve ser entendido no contexto das transformações políticas, sociais
e econômicas que se intensificaram a partir da primeira década do século XXI,
marcadas pela polarização ideológica e pela crise de legitimidade das
instituições democráticas.
Com o avanço das redes sociais e o impacto global de
movimentos conservadores, setores da direita brasileira passaram a adotar
estratégias de guerra cultural para reorientar o debate público e criar
inimigos internos. Além disso, o desgaste do sistema político tradicional,
agravado pelos protestos de 2013 e pela Operação Lava Jato, forneceu o terreno
fértil para a emergência de narrativas que deslocavam o foco das questões
estruturais para disputas culturais e morais. Nesse cenário, como aponta Castro
Rocha em seu Guerra Cultural e Retórica
do Ódio, consolidou-se um movimento coordenado para transformar a
guerra cultural em uma estratégia deliberada de poder, voltada a minar
instituições de conhecimento e fortalecer uma hegemonia conservadora.
Olavo de Carvalho (1947–2022) tornou-se uma figura
central na articulação da guerra cultural no Brasil, especialmente a partir dos
anos 2000. Inicialmente conhecido nos círculos intelectuais conservadores como
ensaísta e crítico da modernidade, Olavo ganhou maior projeção pública com a
ascensão das redes sociais e o fortalecimento de movimentos de direita. Nos
anos 1990, seus textos já abordavam temas como a crítica ao marxismo cultural,
mas foi na década seguinte, com o uso massivo do YouTube e a disseminação de
suas ideias em comunidades digitais, que se consolidou como o principal
ideólogo da nova direita brasileira.
Seu discurso, profundamente anti-intelectualista e
conspiracionista, rejeitava a academia tradicional, que acusava de estar
dominada por uma “hegemonia marxista”. Inspirado por autores conservadores como
Roger Scruton e Eric Voegelin, Olavo desenvolveu uma narrativa que combinava
referências filosóficas e religiosas para atacar as bases do pensamento
progressista. Seus escritos e vídeos serviram como ponto de encontro ideológico
para grupos conservadores, apresentando professores, jornalistas e artistas
como agentes de uma suposta revolução cultural de esquerda. Esse discurso foi
instrumental para moldar o imaginário de uma nova geração de lideranças
políticas e militantes digitais.
O impacto desse discurso foi amplificado por estruturas
digitais sofisticadas. Isabela Kalil, em O
Ódio como Política: A Reinvenção das Direitas no Brasil, destaca
como a segmentação comunicacional foi usada de forma estratégica, combinando
microtargeting digital e discursos inflamados contra supostos “inimigos
internos”. Redes sociais como WhatsApp, Facebook e YouTube desempenharam um
papel central ao mobilizar diferentes grupos — de militares e religiosos a
empresários — em torno de narrativas comuns.
Outro elemento central nesse cenário foi a produção
audiovisual revisionista, que teve na produtora Brasil Paralelo, fundada em
2016, um de seus principais pilares. Seus conteúdos reinterpretam a história
brasileira sob uma perspectiva conservadora e conspiracionista, frequentemente
simplificando debates complexos para reforçar uma narrativa alinhada à guerra
cultural. Como destacam Salgado e Jorge, no artigo publicado na Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em
Ciências Sociais, essa estratégia não apenas descredibiliza
instituições como a mídia e a academia, mas também busca moldar a memória
coletiva em torno de versões distorcidas do passado, como no documentário 1964: O Brasil entre armas e livros, que
minimiza os crimes da ditadura militar.
Essa estratégia também incluiu uma revisão da memória
nacional sobre a ditadura militar. Rodrigo Patto Sá Motta, em A Construção da Verdade Autoritária: A Ditadura
Militar Brasileira e a Formação da Memória Social, analisa como
essas narrativas revisionistas ressignificaram o regime, promovendo uma visão
segundo a qual os militares “salvaram” o país do comunismo. Essa
reinterpretação tornou-se dominante em determinados círculos conservadores,
contribuindo para a reabilitação simbólica do regime e de figuras como Carlos
Alberto Brilhante Ustra.
Apesar de a moralidade ocupar um lugar central nesse
processo, Frederico Rios observa em Neoliberalismo
como Tragédia e Farsa: Crônicas da Guerra Cultural no Brasil que
a guerra cultural brasileira não se limitou a questões religiosas ou de
costumes. Ela também incorporou um forte viés econômico e corporativo, com
empresários e grupos de mídia conservadores investindo na construção de
narrativas que vinculam o “livre mercado” à modernização do país, enquanto
demonizam movimentos sociais e acadêmicos como inimigos da sociedade.
A guerra cultural no Brasil avançou não apenas pela
força do discurso conservador, mas também pela ausência de uma estratégia
articulada por parte dos setores progressistas. Como Antonio Gramsci aponta
em Cadernos do Cárcere, o
poder não se mantém apenas pelo controle do Estado, mas também pela ocupação de
espaços culturais e pelo convencimento das massas. A direita compreendeu essa
lógica e investiu maciçamente em redes sociais, influenciadores digitais e
plataformas audiovisuais, enquanto a esquerda concentrou suas energias na
política institucional.
A virada digital da guerra cultural transformou o
embate político ao favorecer discursos polarizados e conspiratórios.
Plataformas como YouTube e Twitter fortaleceram bolhas informativas que
alimentam ressentimentos e criam inimigos fictícios, sequestrando o debate
público com narrativas simplificadas. Nesse ambiente, qualquer discordância é
tratada como uma ameaça existencial.
Enfrentar a guerra cultural exige mais do que reações
pontuais ou denúncias das estratégias da direita. É necessário compreender a
cultura como um terreno central de disputa, onde valores e símbolos moldam o
imaginário coletivo e a percepção da realidade. Apenas uma estratégia
propositiva e de longo prazo, que combine ação política e ocupação cultural,
será capaz de reverter os avanços dessa hegemonia conservadora e criar novas
possibilidades para um debate público mais democrático.
·
A cultura como território de disputa
A cultura sempre foi um campo central de embate
político, estruturando valores, identidades e percepções de poder. No debate
público, ela é frequentemente relegada a um papel periférico, tratada como um
reflexo das relações econômicas ou como mera expressão simbólica, sem impacto
estrutural. Essa visão desconsidera que é na cultura que os significados são
gerados, as relações de poder se tornam naturais e as subjetividades políticas
são construídas.
A guerra cultural não criou essa dinâmica — apenas
evidenciou sua raiz estrutural. Raymond Williams, em Marxism and Literature, demonstrou que a
cultura não é um reflexo passivo das estruturas sociais, mas um espaço onde as
ideologias disputam hegemonia. Com seu conceito de Materialismo Cultural,
Williams rompeu com a visão tradicional de que a cultura seria apenas um
subproduto da economia, mostrando como ela organiza a experiência vivida e
orienta o que pode ser legitimado ou excluído. Essa perspectiva foi enriquecida
pelo historiador E. P. Thompson, em sua obra clássica A Formação da Classe Operária Inglesa, na
qual revelou que as classes sociais não emergem apenas das condições materiais,
mas também da forma como experiências históricas e narrativas coletivas
conferem sentido à identidade política.
Stuart Hall, em textos como The Hard Road to Renewal: Thatcherism and the Crisis
of the Left, dialogou com essas ideias ao explorar como a hegemonia
é construída através do consenso cultural antes de se consolidar no poder institucional.
Para Hall, quando uma ideia se torna senso comum, significa que a batalha
cultural já foi vencida, mesmo sem mudanças explícitas nas estruturas
políticas. Essa interação entre o simbólico e o estrutural torna a cultura não
apenas um reflexo, mas um campo de contestação e transformação, onde as visões
de mundo são negociadas e naturalizadas.
Compreender a centralidade da cultura na disputa pelo
poder exige considerar sua relação com as estruturas de controle e
legitimidade. É nesse ponto que as ideias de Antonio Gramsci se tornam
fundamentais. Gramsci, ao tratar da hegemonia em seus Cadernos do Cárcere, destacou que o poder
não se sustenta apenas pela coerção estatal, mas pelo convencimento. Esse
convencimento ocorre principalmente no campo cultural, onde valores e crenças
são internalizados e naturalizados, tornando-se aparentemente neutros e
incontestáveis.
Essa lógica é visível no Brasil contemporâneo, onde a
guerra cultural reorganiza os marcos da legitimidade, redefine quais discursos
são aceitáveis e desloca o debate público para questões conservadoras que
consolidam novas hegemonias. A disputa pela hegemonia cultural pode ser
observada na reinterpretação da história nacional, na reabilitação simbólica da
ditadura militar e no embate sobre o papel da educação na formação crítica dos
cidadãos. O que está em jogo não é apenas o controle de narrativas, mas a
construção de uma visão de mundo dominante que configura o imaginário político.
O problema, então, não é que a guerra cultural tenha
esvaziado a cultura como campo de disputa — ao contrário, ela a tornou ainda
mais central, mas sob a lógica da direita. Enquanto a esquerda concentrou seus
esforços na política institucional e econômica, a direita investiu na cultura
como espaço estratégico, compreendendo que é ali que se consolidam valores, se
reorientam percepções e se estabelecem os limites do que pode ou não ser
contestado. Ao transformar a guerra cultural em uma estratégia de hegemonia, a
direita redirecionou o debate público para suas pautas, consolidando sua agenda
sem depender exclusivamente de vitórias eleitorais.
A virada digital da guerra cultural amplificou ainda
mais seu alcance e alterou profundamente seu funcionamento. Com as redes
sociais, a guerra cultural deixou de depender dos veículos tradicionais e
passou a operar em ciclos de viralização instantânea. O engajamento algorítmico
favorece discursos polarizados, transformando indignação em capital político.
No Brasil, a guerra cultural digital consolidou-se com a ascensão de influenciadores
políticos e o uso massivo de fake news para manipular narrativas e mobilizar
eleitores.
A cultura não é um elemento acessório na luta política;
ela é o campo onde se constroem as bases da hegemonia. Quem controla a cultura
não apenas domina narrativas, mas define os limites do possível, orienta
valores e molda a percepção da realidade. Enfrentar a guerra cultural,
portanto, exige mais do que reação ou denúncia: é necessário um esforço
estratégico e de longo prazo que trate a cultura como o principal território de
disputa política. Apenas ao disputar a cultura de forma propositiva e
estruturada será possível reverter a hegemonia conservadora e resgatar a
capacidade de a cultura funcionar como uma ferramenta crítica, capaz de ampliar
os horizontes do debate público e transformar a sociedade.
·
Conclusão
A guerra cultural não é um desvio da política real, mas
uma de suas formas mais sofisticadas de disputa pelo poder. Ela opera no longo
prazo, reconfigurando percepções, deslocando os termos do debate público e
redefinindo o que é socialmente aceitável ou inaceitável. Enquanto a direita
utilizou esse mecanismo para consolidar sua influência, a esquerda demorou a
reconhecer a cultura como um território central na luta política.
O resultado é um cenário onde o debate público foi
capturado por discursos que naturalizam desigualdades, reforçam hierarquias e
deslegitimam o pensamento crítico. Nesse ambiente, toda oposição é transformada
em inimiga e todo questionamento, em ameaça. O apelo moral, frequentemente mobilizado,
não se apresenta apenas como uma justificativa conservadora, mas como um
recurso eficaz para interditar debates, deslocar o foco de questões estruturais
e fortalecer narrativas reacionárias. A guerra cultural não se limita ao
enfrentamento direto de ideias políticas; ela transforma valores e
comportamentos em campos de batalha permanentes, onde o que está em disputa não
é apenas a argumentação, mas os próprios limites do que pode ser imaginado,
dito e aceito na sociedade.
Se a guerra cultural consegue deslocar a política para
onde lhe convém, enfrentá-la exige mais do que reações pontuais ou denúncias. É
necessário ocupar o campo cultural de maneira propositiva e estrutural,
disputando valores, símbolos e espaços de influência. Isso demanda pensar a
longo prazo, evitando o imediatismo que apenas responde às condições impostas
pela própria guerra cultural.
A força da guerra cultural não reside apenas no que ela
impõe, mas no que ela torna invisível ou impensável. Ela não precisa censurar
ideias diretamente — basta torná-las irrelevantes, ridículas ou impossíveis de
serem levadas a sério. Seu impacto não se mede apenas pelo que é dito, mas
também pelo que é silenciado.
A política não acontece exclusivamente no parlamento ou
nas urnas. Ela se constrói na cultura, nos afetos, nas memórias e na forma como
as pessoas percebem o mundo ao seu redor. Como a hegemonia se consolida na
cultura, qualquer resistência efetiva deve emergir a partir dela. O erro da
esquerda foi tratar a cultura como algo secundário, permitindo que a direita
ocupasse esse espaço estratégico.
Fonte: Por Ricardo Queiroz Pinheiro, em Outras Palavras
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