sábado, 25 de janeiro de 2025

Luís Nassif: Começam as reações a Trump nos EUA

Depois do primeiro dia de governo, com Donald Trump batendo seus tambores, começam a aparecer rapidamente as contraindicações. Nas últimas eleições, Trump levou os 40 votos de delegados do Texas, ao conquistar 56,1% dos votos diretos.

Agora, há um temor generalizado no estado em relação a duas propostas de Trump: a guerra comercial com a China e o fim dos incentivos à energia verde. E, ainda, há o risco de retaliação comercial do México – alvo de uma tarifa de 25% nas suas exportações -, maior comprador da carne do Texas.

Os agricultores do Texas têm expressado preocupações em relação aos planos de Donald Trump sobre a China e a energia verde, principalmente devido ao impacto que essas políticas podem ter em suas operações e na economia agrícola como um todo.

<><> Aqui estão alguns pontos-chave de preocupação:

1. **Guerra Comercial com a China**: Durante sua presidência, Trump implementou tarifas sobre produtos chineses, o que levou a China a retaliar com tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA, incluindo soja, milho e carne suína. Os agricultores do Texas, que dependem fortemente das exportações para a China, sofreram perdas significativas de mercado e redução nos preços das commodities. A preocupação é que uma nova escalada nas tensões comerciais possa repetir esse cenário, prejudicando ainda mais o setor.

2. **Acesso ao Mercado Chinês**: A China é um dos maiores importadores de produtos agrícolas dos EUA, e qualquer interrupção no acesso a esse mercado pode ser devastadora para os agricultores. Eles temem que políticas agressivas ou imprevisíveis em relação à China possam resultar em barreiras comerciais adicionais, afetando negócios de longo prazo.

3. **Energia Verde e Combustíveis Renováveis**: O Texas é um grande produtor de energia, incluindo petróleo, gás natural e, cada vez mais, energia eólica. Muitos agricultores também estão envolvidos na produção de biocombustíveis, como o etanol. Políticas que desfavoreçam a energia verde ou que não apoiem a transição para fontes renováveis podem afetar negativamente esses setores. Além disso, a incerteza em relação aos subsídios e incentivos para energias renováveis pode desencorajar investimentos em infraestrutura verde.

4. **Impacto no Custo de Produção**: Políticas energéticas que priorizam combustíveis fósseis em detrimento de energias renováveis podem levar a aumentos nos custos de energia para os agricultores, especialmente se houver volatilidade nos preços do petróleo e gás. Isso pode pressionar ainda mais as margens já estreitas dos agricultores.

5. **Sustentabilidade e Mudanças Climáticas**: Muitos agricultores estão cada vez mais conscientes dos impactos das mudanças climáticas em suas operações, como secas e tempestades mais intensas. Políticas que não priorizem a sustentabilidade e a redução das emissões de carbono podem ser vistas como um retrocesso, especialmente para aqueles que estão tentando adotar práticas mais sustentáveis.

Em resumo, os agricultores do Texas estão preocupados com a possibilidade de novas tensões comerciais com a China, que poderiam fechar mercados importantes, e com políticas energéticas que não apoiem a transição para fontes renováveis, o que poderia aumentar custos e desincentivar práticas sustentáveis. Essas incertezas podem ter um impacto significativo na viabilidade econômica de suas operações a longo prazo.

¨      O que aconteceria no caso de guerra comercial EUA x China

O que ocorreria com o mundo com uma guerra comercial entre China e Estados Unidos promovida por Donald Trump?

As conclusões abaixo foram produzidas por Inteligência Artificial em cima de estudos do Peterson Institute for International Economic, Brooking Institution, CEBRI (Conselho Empresarial Brasil-China), Banco Mundial, FAO, USDA, IPEA entre outros

A guerra teria impactos profundos e complexos na distribuição do comércio e dos investimentos globais, com efeitos em cadeia em economias, cadeias de suprimentos e relações geopolíticas. 

<><> Abaixo estão os principais cenários e tendências que poderiam emergir:

1. Reconfiguração das Cadeias de Suprimentos Globais

Diversificação de Fornecedores: Empresas buscariam reduzir a dependência da China e dos EUA, acelerando a desglobalização ou friendshoring (relocalização para países aliados). Países como Vietnã, Índia, México, Indonésia, Bangladesh e nações do Leste Europeu ganhariam relevância na produção industrial.

Setores Afetados: Tecnologia (como semicondutores), têxteis, eletrônicos, automotivo e produtos agrícolas seriam os mais impactados, com realocação para regiões de menor risco geopolítico.

Custos Mais Altos: A fragmentação das cadeias aumentaria custos de produção e preços ao consumidor, especialmente em setores estratégicos.

2. Redirecionamento de Investimentos

Fuga de Capital de Risco: Investidores priorizariam mercados estáveis e neutros. Países com infraestrutura política e jurídica confiável (ex.: UE, Canadá, Austrália) atrairiam mais investimentos diretos (IDE).

Investimentos Estratégicos:

  – EUA: Ampliariam parcerias com aliados (ex.: Acordos com Índia via Quad ou fortalecimento do USMCA na América do Norte).

  – China: Intensificaria investimentos na Nova Rota da Seda (BRI), focando em África, Ásia Central e Oriente Médio para garantir acesso a recursos e mercados.

– Tecnologia e Segurança: Ambos os países aumentariam subsídios a setores estratégicos (ex.: semicondutores, energia limpa), levando a uma bipolarização tecnológica (ex.: redes 5G Huawei vs. alternativas ocidentais).

 3. Regionalização do Comércio

– Blocos Econômicos Competitivos:

  – Bloco Ocidental: EUA, UE, Japão e aliados fortaleceriam acordos como o IPEF (Indo-Pacific Economic Framework) para limitar a influência chinesa.

  – Bloco Sino-Cêntrico: China aprofundaria laços com Rússia, Paquistão, ASEAN e países da BRI, usando o RCEP (maior acordo de livre comércio asiático) como plataforma.

  – Neutralidade Pragmática: Países como Arábia Saudita, Turquia e Índia poderiam equilibrar relações com ambos os blocos para maximizar benefícios.

– Comércio Bilateral Reduzido: Tarifas e sanções entre EUA e China reduziriam drasticamente o fluxo comercial direto, com substituição por intermediários (ex.: exportações chinesas via Vietnã para evitar tarifas dos EUA).

 4. Impacto em Países Emergentes

– Oportunidades e Riscos:

  – Países com mão de obra barata e políticas abertas (ex.: Vietnã, México) atrairiam fábricas relocalizadas.

  – Exportadores de commodities (ex.: Brasil, Argentina, África do Sul) enfrentariam volatilidade, dependendo da demanda chinesa por recursos naturais.

  – Economias dependentes de investimento chinês (ex.: Paquistão, Etiópia) sofreriam com a redução de financiamentos caso a China priorize segurança econômica.

– Pressões Inflacionárias: Custos logísticos elevados e escassez de produtos poderiam afetar economias menos diversificadas.

 5. Guerra Tecnológica e Decoupling

– Separação de Sistemas:

  – Tecnologia: EUA restringiriam exportações de chips e equipamentos de ponta para a China, acelerando a busca chinesa por autossuficiência (ex.: empresas como SMIC e Huawei).

  – Padrões Diferentes: Concorrência entre sistemas de 5G, inteligência artificial e moedas digitais (ex.: digital yuan vs. projetos ocidentais).

– Investimento em Inovação: Ambos os lados aumentariam gastos em P&D, mas a duplicação de esforços reduziria a eficiência global.

 6. Enfraquecimento de Instituições Multilaterais

– WTO em Crise: A Organização Mundial do Comércio perderia relevância, com EUA e China ignorando regras em favor de medidas unilaterais.

– Fragmentação Financeira: Possível uso de sanções financeiras (ex.: exclusão do sistema SWIFT) e expansão de alternativas (ex.: CIPS chinês).

 7. Efeitos Geopolíticos

– Alianças Reforçadas:

  – EUA: Aproximação com Taiwan, Coreia do Sul e Filipinas para conter a China.

  – China: Parcerias com Rússia (energia) e países do Golfo (petróleo em yuan).

– Conflitos Secundários: Tensões em regiões como Mar da China Meridional, Estreito de Taiwan e África poderiam intensificar-se.

 Conclusão: Um Mundo Mais Dividido

Uma guerra comercial prolongada entre EUA e China aceleraria a fragmentação da economia global em blocos concorrentes, reduzindo a eficiência econômica e aumentando riscos de estagnação. Países que conseguirem manter neutralidade e flexibilidade (ex.: Índia, Emirados Árabes) podem se beneficiar, enquanto economias menores e dependentes enfrentariam desafios significativos. A longo prazo, o cenário favoreceria a regionalização em detrimento da globalização, com impactos duradouros no crescimento e na estabilidade internacional.

<><> A situação do Brasil

O Brasil, como uma das maiores economias do mundo e um importante player global no comércio de commodities, seria significativamente afetado por uma guerra comercial entre China e Estados Unidos. Os impactos seriam complexos e variados, dependendo da intensidade e da duração do conflito, bem como da capacidade do Brasil de se adaptar às novas dinâmicas globais. Abaixo estão os principais cenários e implicações para o Brasil:

 1. Impactos no Comércio Exterior

 Oportunidades:

– Aumento da Demanda por Commodities:

  – A China é o maior parceiro comercial do Brasil, especialmente para commodities como soja, minério de ferro, petróleo e carne. Em um cenário de guerra comercial, a China poderia aumentar suas importações do Brasil para reduzir a dependência dos EUA.

  – O Brasil poderia se beneficiar de preços mais altos para suas exportações agrícolas e minerais, especialmente se a China buscar diversificar suas fontes de suprimento.

– Substituição de Exportações Americanas:

  – Produtos brasileiros, como soja e carne, poderiam substituir exportações dos EUA para a China, caso tarifas ou sanções tornem os produtos americanos menos competitivos.

 Riscos:

– Redução da Demanda Global:

  – Uma guerra comercial prolongada poderia desacelerar o crescimento econômico global, reduzindo a demanda por commodities e pressionando os preços.

  – Setores exportadores brasileiros poderiam sofrer com a queda nos preços internacionais, especialmente se houver uma recessão global.

– Dependência Excessiva da China:

  – O Brasil já é altamente dependente da China como destino de suas exportações. Um aprofundamento dessa relação poderia aumentar a vulnerabilidade do Brasil a mudanças na política econômica chinesa ou a eventuais retaliações.

 2. Investimentos e Relações Econômicas 

 Oportunidades:

– Atração de Investimentos:

  – Empresas multinacionais poderiam considerar o Brasil como uma base de produção alternativa para evitar tarifas e sanções entre EUA e China, especialmente em setores como manufatura, tecnologia e agroindústria.

  – O Brasil poderia se beneficiar de investimentos chineses em infraestrutura, energia e mineração, já que a China busca garantir acesso a recursos naturais.

 Riscos:

– Pressões Geopolíticas:

  – O Brasil poderia enfrentar pressões para “escolher lados” entre EUA e China, o que poderia complicar suas relações diplomáticas e comerciais.

  – Sanções ou restrições impostas pelos EUA a países que aprofundam laços com a China poderiam afetar empresas brasileiras que operam em setores sensíveis, como tecnologia e defesa.

 3. Impactos na Indústria e Tecnologia

 Oportunidades:

– Desenvolvimento de Cadeias Locais:

  – A guerra comercial poderia acelerar a necessidade de o Brasil desenvolver cadeias de suprimentos mais resilientes e menos dependentes de importações, especialmente em setores estratégicos como semicondutores, fármacos e tecnologia.

 Riscos:

– Acesso a Tecnologia:

  – O Brasil poderia enfrentar dificuldades para acessar tecnologias de ponta, especialmente se os EUA impuserem restrições à exportação de produtos tecnológicos para países que mantêm laços estreitos com a China.

  – A dependência de insumos industriais e tecnológicos importados poderia aumentar custos e reduzir a competitividade da indústria brasileira.

 4. Impactos Macroeconômicos

 Oportunidades:

– Valorização do Real:

  – Um aumento nas exportações para a China poderia gerar um influxo de dólares, fortalecendo o real e reduzindo a pressão inflacionária.

 Riscos:

– Volatilidade nos Mercados Financeiros:

  – A incerteza global gerada pela guerra comercial poderia levar à fuga de capitais de mercados emergentes, incluindo o Brasil, pressionando o câmbio e aumentando os custos de financiamento.

  – A dívida pública e privada brasileira, em grande parte denominada em dólares, poderia se tornar mais onerosa com a desvalorização do real.

 5. Impactos Geopolíticos e Diplomáticos

 Oportunidades:

– Posição Estratégica:

  – O Brasil poderia se posicionar como um mediador ou “terceiro polo” em um mundo bipolarizado, buscando parcerias com outros países emergentes (ex.: Índia, África do Sul) para fortalecer sua influência global.

 Riscos:

– Pressões Diplomáticas:

  – O Brasil poderia ser forçado a tomar partido em disputas geopolíticas, o que poderia prejudicar suas relações com um dos lados. Por exemplo, uma aproximação excessiva com a China poderia gerar atritos com os EUA, e vice-versa.

 6. Setores Específicos

 Agronegócio:

– Benefícios: Aumento das exportações de soja, carne e outros produtos agrícolas para a China.

– Riscos: Dependência excessiva do mercado chinês e vulnerabilidade a mudanças na demanda.

 Mineração:

– Benefícios: Aumento da demanda por minério de ferro, especialmente se a China buscar alternativas aos fornecedores australianos.

– Riscos: Volatilidade nos preços das commodities.

 Energia:

– Benefícios: Aumento das exportações de petróleo e biocombustíveis, especialmente se a China reduzir importações dos EUA ou do Oriente Médio.

– Riscos: Pressões ambientais e geopolíticas relacionadas à produção de energia.

 Conclusão: Um Cenário de Oportunidades e Desafios

O Brasil teria tanto oportunidades quanto riscos em um cenário de guerra comercial entre China e EUA. Por um lado, poderia se beneficiar do aumento das exportações de commodities e da atração de investimentos. Por outro, enfrentaria desafios como a dependência excessiva da China, pressões geopolíticas e volatilidade nos mercados financeiros.

A capacidade do Brasil de se adaptar a esse cenário dependeria de:

1. Diversificação de Parcerias: Reduzir a dependência de um único mercado (China) e buscar novos parceiros comerciais.

2. Investimento em Tecnologia e Inovação: Desenvolver cadeias produtivas mais resilientes e menos dependentes de insumos estrangeiros.

3. Diplomacia Equilibrada: Manter relações estratégicas com ambos os lados, evitando alinhamentos que possam prejudicar seus interesses.

Em resumo, o Brasil teria um papel importante no cenário global, mas precisaria de políticas econômicas e diplomáticas ágeis e bem planejadas para maximizar os benefícios e minimizar os riscos.

 

Fonte: Jornal GGN

 

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