Luís Nassif:
Começam as reações a Trump nos EUA
Depois do primeiro
dia de governo, com Donald Trump batendo seus tambores, começam a aparecer
rapidamente as contraindicações. Nas últimas eleições, Trump levou os 40 votos
de delegados do Texas, ao conquistar 56,1% dos votos diretos.
Agora, há um temor
generalizado no estado em relação a duas propostas de Trump: a guerra comercial
com a China e o fim dos incentivos à energia verde. E, ainda, há o risco de
retaliação comercial do México – alvo de uma tarifa de 25% nas suas exportações
-, maior comprador da carne do Texas.
Os agricultores do
Texas têm expressado preocupações em relação aos planos de Donald Trump sobre a
China e a energia verde, principalmente devido ao impacto que essas políticas
podem ter em suas operações e na economia agrícola como um todo.
<><> Aqui
estão alguns pontos-chave de preocupação:
1. **Guerra Comercial
com a China**: Durante sua presidência, Trump implementou tarifas sobre
produtos chineses, o que levou a China a retaliar com tarifas sobre produtos
agrícolas dos EUA, incluindo soja, milho e carne suína. Os agricultores do
Texas, que dependem fortemente das exportações para a China, sofreram perdas
significativas de mercado e redução nos preços das commodities. A preocupação é
que uma nova escalada nas tensões comerciais possa repetir esse cenário,
prejudicando ainda mais o setor.
2. **Acesso ao
Mercado Chinês**: A China é um dos maiores importadores de produtos agrícolas
dos EUA, e qualquer interrupção no acesso a esse mercado pode ser devastadora
para os agricultores. Eles temem que políticas agressivas ou imprevisíveis em
relação à China possam resultar em barreiras comerciais adicionais, afetando
negócios de longo prazo.
3. **Energia Verde
e Combustíveis Renováveis**: O Texas é um grande produtor de energia, incluindo
petróleo, gás natural e, cada vez mais, energia eólica. Muitos agricultores
também estão envolvidos na produção de biocombustíveis, como o etanol.
Políticas que desfavoreçam a energia verde ou que não apoiem a transição para
fontes renováveis podem afetar negativamente esses setores. Além disso, a
incerteza em relação aos subsídios e incentivos para energias renováveis pode
desencorajar investimentos em infraestrutura verde.
4. **Impacto no
Custo de Produção**: Políticas energéticas que priorizam combustíveis fósseis
em detrimento de energias renováveis podem levar a aumentos nos custos de
energia para os agricultores, especialmente se houver volatilidade nos preços
do petróleo e gás. Isso pode pressionar ainda mais as margens já estreitas dos
agricultores.
5.
**Sustentabilidade e Mudanças Climáticas**: Muitos agricultores estão cada vez mais
conscientes dos impactos das mudanças climáticas em suas operações, como secas
e tempestades mais intensas. Políticas que não priorizem a sustentabilidade e a
redução das emissões de carbono podem ser vistas como um retrocesso,
especialmente para aqueles que estão tentando adotar práticas mais
sustentáveis.
Em resumo, os
agricultores do Texas estão preocupados com a possibilidade de novas tensões
comerciais com a China, que poderiam fechar mercados importantes, e com
políticas energéticas que não apoiem a transição para fontes renováveis, o que
poderia aumentar custos e desincentivar práticas sustentáveis. Essas incertezas
podem ter um impacto significativo na viabilidade econômica de suas operações a
longo prazo.
¨ O que aconteceria no caso de guerra comercial EUA x
China
O que ocorreria com
o mundo com uma guerra comercial entre China e Estados Unidos promovida por
Donald Trump?
As conclusões
abaixo foram produzidas por Inteligência Artificial em cima de estudos do
Peterson Institute for International Economic, Brooking Institution, CEBRI
(Conselho Empresarial Brasil-China), Banco Mundial, FAO, USDA, IPEA entre
outros
A guerra teria
impactos profundos e complexos na distribuição do comércio e dos investimentos
globais, com efeitos em cadeia em economias, cadeias de suprimentos e relações
geopolíticas.
<><> Abaixo
estão os principais cenários e tendências que poderiam emergir:
1. Reconfiguração
das Cadeias de Suprimentos Globais
Diversificação de
Fornecedores: Empresas buscariam reduzir a dependência da China e dos EUA,
acelerando a desglobalização ou friendshoring (relocalização para países
aliados). Países como Vietnã, Índia, México, Indonésia, Bangladesh e nações do
Leste Europeu ganhariam relevância na produção industrial.
Setores Afetados:
Tecnologia (como semicondutores), têxteis, eletrônicos, automotivo e produtos
agrícolas seriam os mais impactados, com realocação para regiões de menor risco
geopolítico.
Custos Mais Altos:
A fragmentação das cadeias aumentaria custos de produção e preços ao consumidor,
especialmente em setores estratégicos.
2. Redirecionamento
de Investimentos
Fuga de Capital de
Risco: Investidores priorizariam mercados estáveis e neutros. Países com
infraestrutura política e jurídica confiável (ex.: UE, Canadá, Austrália)
atrairiam mais investimentos diretos (IDE).
Investimentos
Estratégicos:
– EUA:
Ampliariam parcerias com aliados (ex.: Acordos com Índia via Quad ou
fortalecimento do USMCA na América do Norte).
–
China: Intensificaria investimentos na Nova Rota da Seda (BRI), focando em
África, Ásia Central e Oriente Médio para garantir acesso a recursos e
mercados.
– Tecnologia e
Segurança: Ambos os países aumentariam subsídios a setores estratégicos (ex.:
semicondutores, energia limpa), levando a uma bipolarização tecnológica (ex.:
redes 5G Huawei vs. alternativas ocidentais).
3.
Regionalização do Comércio
– Blocos
Econômicos Competitivos:
– Bloco
Ocidental: EUA, UE, Japão e aliados fortaleceriam acordos como o IPEF
(Indo-Pacific Economic Framework) para limitar a influência chinesa.
– Bloco
Sino-Cêntrico: China aprofundaria laços com Rússia, Paquistão, ASEAN e países
da BRI, usando o RCEP (maior acordo de livre comércio asiático) como
plataforma.
–
Neutralidade Pragmática: Países como Arábia Saudita, Turquia e Índia poderiam
equilibrar relações com ambos os blocos para maximizar benefícios.
– Comércio
Bilateral Reduzido: Tarifas e sanções entre EUA e China reduziriam
drasticamente o fluxo comercial direto, com substituição por intermediários
(ex.: exportações chinesas via Vietnã para evitar tarifas dos EUA).
4. Impacto em
Países Emergentes
– Oportunidades
e Riscos:
–
Países com mão de obra barata e políticas abertas (ex.: Vietnã, México)
atrairiam fábricas relocalizadas.
–
Exportadores de commodities (ex.: Brasil, Argentina, África do Sul)
enfrentariam volatilidade, dependendo da demanda chinesa por recursos naturais.
– Economias
dependentes de investimento chinês (ex.: Paquistão, Etiópia) sofreriam com
a redução de financiamentos caso a China priorize segurança econômica.
– Pressões
Inflacionárias: Custos logísticos elevados e escassez de produtos poderiam
afetar economias menos diversificadas.
5. Guerra
Tecnológica e Decoupling
– Separação de
Sistemas:
– Tecnologia:
EUA restringiriam exportações de chips e equipamentos de ponta para a China,
acelerando a busca chinesa por autossuficiência (ex.: empresas como SMIC e
Huawei).
– Padrões
Diferentes: Concorrência entre sistemas de 5G, inteligência artificial e moedas
digitais (ex.: digital yuan vs. projetos ocidentais).
– Investimento
em Inovação: Ambos os lados aumentariam gastos em P&D, mas a duplicação de
esforços reduziria a eficiência global.
6.
Enfraquecimento de Instituições Multilaterais
– WTO em Crise: A
Organização Mundial do Comércio perderia relevância, com EUA e China ignorando
regras em favor de medidas unilaterais.
– Fragmentação
Financeira: Possível uso de sanções financeiras (ex.: exclusão do sistema
SWIFT) e expansão de alternativas (ex.: CIPS chinês).
7. Efeitos
Geopolíticos
– Alianças
Reforçadas:
– EUA:
Aproximação com Taiwan, Coreia do Sul e Filipinas para conter a China.
–
China: Parcerias com Rússia (energia) e países do Golfo (petróleo em yuan).
– Conflitos
Secundários: Tensões em regiões como Mar da China Meridional, Estreito de
Taiwan e África poderiam intensificar-se.
Conclusão: Um
Mundo Mais Dividido
Uma guerra
comercial prolongada entre EUA e China aceleraria a fragmentação da economia
global em blocos concorrentes, reduzindo a eficiência econômica e aumentando
riscos de estagnação. Países que conseguirem manter neutralidade e
flexibilidade (ex.: Índia, Emirados Árabes) podem se beneficiar, enquanto
economias menores e dependentes enfrentariam desafios significativos. A longo
prazo, o cenário favoreceria a regionalização em detrimento da globalização,
com impactos duradouros no crescimento e na estabilidade internacional.
<><> A
situação do Brasil
O Brasil, como uma
das maiores economias do mundo e um importante player global no comércio de
commodities, seria significativamente afetado por uma guerra comercial entre
China e Estados Unidos. Os impactos seriam complexos e variados, dependendo da
intensidade e da duração do conflito, bem como da capacidade do Brasil de se
adaptar às novas dinâmicas globais. Abaixo estão os principais cenários e
implicações para o Brasil:
1. Impactos
no Comércio Exterior
Oportunidades:
– Aumento da
Demanda por Commodities:
– A
China é o maior parceiro comercial do Brasil, especialmente para commodities
como soja, minério de ferro, petróleo e carne. Em um cenário de guerra
comercial, a China poderia aumentar suas importações do Brasil para reduzir a
dependência dos EUA.
– O
Brasil poderia se beneficiar de preços mais altos para suas exportações
agrícolas e minerais, especialmente se a China buscar diversificar suas fontes
de suprimento.
– Substituição de
Exportações Americanas:
–
Produtos brasileiros, como soja e carne, poderiam substituir exportações dos
EUA para a China, caso tarifas ou sanções tornem os produtos americanos menos
competitivos.
Riscos:
– Redução da
Demanda Global:
– Uma
guerra comercial prolongada poderia desacelerar o crescimento econômico global,
reduzindo a demanda por commodities e pressionando os preços.
–
Setores exportadores brasileiros poderiam sofrer com a queda nos preços internacionais,
especialmente se houver uma recessão global.
– Dependência
Excessiva da China:
– O
Brasil já é altamente dependente da China como destino de suas exportações. Um
aprofundamento dessa relação poderia aumentar a vulnerabilidade do Brasil a mudanças
na política econômica chinesa ou a eventuais retaliações.
2.
Investimentos e Relações Econômicas
Oportunidades:
– Atração de
Investimentos:
–
Empresas multinacionais poderiam considerar o Brasil como uma base de produção
alternativa para evitar tarifas e sanções entre EUA e China, especialmente em
setores como manufatura, tecnologia e agroindústria.
– O
Brasil poderia se beneficiar de investimentos chineses em infraestrutura,
energia e mineração, já que a China busca garantir acesso a recursos naturais.
Riscos:
– Pressões
Geopolíticas:
– O
Brasil poderia enfrentar pressões para “escolher lados” entre EUA e China, o
que poderia complicar suas relações diplomáticas e comerciais.
–
Sanções ou restrições impostas pelos EUA a países que aprofundam laços com a
China poderiam afetar empresas brasileiras que operam em setores sensíveis,
como tecnologia e defesa.
3. Impactos
na Indústria e Tecnologia
Oportunidades:
– Desenvolvimento
de Cadeias Locais:
– A
guerra comercial poderia acelerar a necessidade de o Brasil desenvolver cadeias
de suprimentos mais resilientes e menos dependentes de importações,
especialmente em setores estratégicos como semicondutores, fármacos e
tecnologia.
Riscos:
– Acesso a
Tecnologia:
– O
Brasil poderia enfrentar dificuldades para acessar tecnologias de ponta,
especialmente se os EUA impuserem restrições à exportação de produtos
tecnológicos para países que mantêm laços estreitos com a China.
– A
dependência de insumos industriais e tecnológicos importados poderia aumentar
custos e reduzir a competitividade da indústria brasileira.
4. Impactos
Macroeconômicos
Oportunidades:
– Valorização do
Real:
– Um
aumento nas exportações para a China poderia gerar um influxo de dólares,
fortalecendo o real e reduzindo a pressão inflacionária.
Riscos:
– Volatilidade nos
Mercados Financeiros:
– A
incerteza global gerada pela guerra comercial poderia levar à fuga de capitais
de mercados emergentes, incluindo o Brasil, pressionando o câmbio e aumentando
os custos de financiamento.
– A
dívida pública e privada brasileira, em grande parte denominada em dólares,
poderia se tornar mais onerosa com a desvalorização do real.
5. Impactos
Geopolíticos e Diplomáticos
Oportunidades:
– Posição
Estratégica:
– O
Brasil poderia se posicionar como um mediador ou “terceiro polo” em um mundo
bipolarizado, buscando parcerias com outros países emergentes (ex.: Índia,
África do Sul) para fortalecer sua influência global.
Riscos:
– Pressões
Diplomáticas:
– O
Brasil poderia ser forçado a tomar partido em disputas geopolíticas, o que
poderia prejudicar suas relações com um dos lados. Por exemplo, uma aproximação
excessiva com a China poderia gerar atritos com os EUA, e vice-versa.
6. Setores
Específicos
Agronegócio:
– Benefícios:
Aumento das exportações de soja, carne e outros produtos agrícolas para a
China.
– Riscos:
Dependência excessiva do mercado chinês e vulnerabilidade a mudanças na
demanda.
Mineração:
– Benefícios:
Aumento da demanda por minério de ferro, especialmente se a China buscar
alternativas aos fornecedores australianos.
– Riscos:
Volatilidade nos preços das commodities.
Energia:
– Benefícios:
Aumento das exportações de petróleo e biocombustíveis, especialmente se a China
reduzir importações dos EUA ou do Oriente Médio.
– Riscos: Pressões
ambientais e geopolíticas relacionadas à produção de energia.
Conclusão: Um
Cenário de Oportunidades e Desafios
O Brasil teria
tanto oportunidades quanto riscos em um cenário de guerra comercial entre China
e EUA. Por um lado, poderia se beneficiar do aumento das exportações de
commodities e da atração de investimentos. Por outro, enfrentaria desafios como
a dependência excessiva da China, pressões geopolíticas e volatilidade nos
mercados financeiros.
A capacidade do
Brasil de se adaptar a esse cenário dependeria de:
1. Diversificação
de Parcerias: Reduzir a dependência de um único mercado (China) e buscar novos
parceiros comerciais.
2. Investimento em
Tecnologia e Inovação: Desenvolver cadeias produtivas mais resilientes e menos
dependentes de insumos estrangeiros.
3. Diplomacia
Equilibrada: Manter relações estratégicas com ambos os lados, evitando
alinhamentos que possam prejudicar seus interesses.
Em resumo, o Brasil
teria um papel importante no cenário global, mas precisaria de políticas econômicas
e diplomáticas ágeis e bem planejadas para maximizar os benefícios e minimizar
os riscos.
Fonte: Jornal GGN
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