sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Florestan Fernandes Jr.: Bolsonaro e Trump - como dói amar sozinho

Revelador o desprezo com que Trump trata os latinos. Em resposta à pergunta da correspondente Raquel Krähenbühl, sobre como será a relação do governo estadunidense com o Brasil e a América Latina, Trump, com ar blasé, disse que os EUA não precisam de nós, mas que nós, os latinos, é que precisamos deles. Eis o ídolo da extrema-direita brasileira, por quem Bolsonaro declarando amor eterno, gastou todo o seu vocabulário em inglês, ao dizer "I love you". Pelo abandono da comitiva bolsonarista na posse de Trump, fica claro que o amor do “mito” não é correspondido. O filho e a mulher do ex-presidente sequer tiveram acesso à cerimônia de posse, no Capitolio. Os dois tiveram que se contentar em assistir a posse de Trump em um telão, instalado num estádio de basquete e hóquei. Fico só imaginando quantas lágrimas Bolsonaro teria derramado, se Moraes tivesse liberado o passaporte para ele viajar aos EUA. 

Aliás, o ex-presidente deveria agradecer ao Xandão. Não fosse ele, Bolsonaro iria pagar o maior mico de ficar andando no frio de menos 14 graus em Whashington, tentando ser penetra na festa para qual não foi convidado. Mais que claro que o tal convite era lorota. Também muito claro que o desprezo de Trump pelos latinos inclui Bolsonaro e a elite do gado bolsonarista. Alguém tem notícias de fotos do Mito desfrutando Mar-a-lago no período em que esteve na Flórida? Nunca vi. 

Tenho cá pra mim que Marco Rubio, o secretário de estado do governo Trump 2, tem informações da inteligência estadunidense de que Bolsonaro deve ser preso e que não tem qualquer chance de ser candidato. Além disso, Bolsonaro, por ter arrastado parte dos militares para a tentativa de um golpe mequetrefe, não é mais visto com toda a simpatia dentro das Forças Armadas brasileiras. As intrigas golpistas contaminaram a relação dele com os principais comandantes das três armas. Isso é fato.

Ao colocar o boné de campanha na cabeça, comemorando em um post no X, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, correu a se apresentar como um nome viável e fiel ao líder maior do chamado tecnofeudalismo. Para Bolsonaro, restou encarar, com muitos lamentos e lágrimas nos olhos, ao lado dos seus aliados golpistas, o julgamento no STF por tentativa de golpe de estado.  Se depender do decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, o julgamento deverá acontecer ainda em 2025, evitando assim “tumultos” desnecessários na eleição presidencial de 2026. 

Se condenado, como é o esperado, restará a Bolsonaro, covarde que é, viajar sem passaporte para um país vizinho ao Brasil e, quem sabe, implorar ao seu ex-amor um pedido de asilo como imigrante cucaracha nos Estados Unidos. 

E a espera é difícil, são vários inquéritos, além da tentativa de golpe, Bolsonaro responde pela fraude nos cartões de vacinação e da venda ilegal de joias da Arábia Saudita. 

A coragem que o “mito” demonstrava quando estava no poder, deu lugar a um homem frágil, que chora em público e tem insônia só de pensar nas condenações que virão. O próprio Bolsonaro declarou nessa quarta-feira (22/01) que: “Eu acordo todo dia com a sensação da PF na porta. Qual acusação? Não interessa”. Ao invés de passear na terra do Pateta, Bolsonaro deveria arrumar uma receita de sonífero. Vai precisar agora e no futuro próximo.

 

¨      Elenira Vilela: crise do capitalismo faz com que a sociedade acredite que quer líderes como Hitler

Nesta quarta-feira (22), a professora e sindicalista Elenira Vilela concedeu entrevista ao Fórum Onze e Meia para comentar sobre a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o cenário que se estabelece com um governo que se mostra extremista e autoritário. A professora debateu comparações entre a eleição de Trump e os governos nazista fascista de Adolf Hitler na Alemanha e Benito Mussolini na Itália.

Um episódio que chamou atenção e repercutiu nos últimos dias foi justamente o gesto nazista do bilionário Elon Musk, que foi escolhido por Trump para assumir o Departamento de Eficiência Governamental e tem uma relação muito próximo com o presidente extremista. O discurso de Trump durante a posse, em que proferiu uma série de ataques a minorias sociais, principalmente contra a população LGBTQIAPN+ e imigrantes, além de ter reforçado o excepcionalismo americano, também repercutiu entre comparações com o governo do republicano e outros governos autoritários como nazismo e o fascismo. 

Na entrevista à Fórum, Elenira foi questionada por uma telespectadora se a eleição de Trump significava que a humanidade queria um novo Hitler no poder. Para a professora, esse cenário não é um reflexo do desejo da humanidade, mas do capitalismo. Elenira explica que a crise do capitalismo, gerada pela extrema concentração de renda, leva as pessoas a acharem que a solução para esse problema é a escolha de líderes autoritários. 

"A gente precisa lembrar que Hitler e Mussolini foram eleitos, eles não foram empossados em golpes de estado. Eles foram eleitos como muitos outros líderes autoritários. A gente precisa sempre olhar para quando Marx diz que a base é olhar para a economia. Ele não está dizendo que os problemas se resolvem em nível econômico, mas eles se criam lá", explica a professora. 

"Você tem hoje uma das maiores concentrações de riqueza da história da humanidade, você nunca teve tão poucas pessoas donas de patrimônios tão gigantescos", acrescenta Elenira. Essa concentração de renda provoca desigualdades profundas e extrema pobreza para a maioria da população, como é mostrado em estudos e pesquisas

A professora também destaca a influência e o poder das redes sociais na ascensão dos extremismos no contexto atual. Elenira afirma que as redes sociais foram construídas a partir da lógica da misoginia, do racismo, da exploração capitalista e da quebra de relações sociais.

"Elas foram feitas por jovens brancos que tinham problemas de relacionamento social, que eram excluídos, que tinham dificuldades nas relações com as mulheres", diz. "Ao contrário do que as pessoas dizem sobre facas, de que a faca pode ser muito boa para cortar o alimento e pode matar uma pessoa, as redes sociais foram feitas para o mal, elas foram feitas para o racismo, para o ódio, para desarticulação, para mentira. Elas foram estruturalmente organizadas e isso está impresso no código", acrescenta a professora.

"Então, não é a humanidade que precisa. É o capitalismo que está munido de instrumentos que facilitam para que as pessoas sejam convencidas de que elas não querem, mas precisam de lideranças equivalentes ao Hitler", conclui Elenira.

 

¨      Por que Bolsonaro mandou Michelle e não o filho Eduardo para representa-lo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mandou um recado claro a seus eleitores, no momento em que foi levar, aos prantos, a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, ao aeroporto, para representa-lo na posse do presidente americano Donald Trump:

Ele era a sua representante e não seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, secretário de Relações Institucionais e Internacionais do PL.

Bolsonaro foi impedido de ir pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Ele está com o passaporte retido.

Aliados do ex-presidente consideraram um erro a escolha de Michelle e não de Eduardo para ser seu representante na posse, segundo a coluna de Lauro Jardim, no Globo.

Previsível

Certa ou errada, a atitude é bem previsível. Bolsonaro disputa até com a própria sombra. Seu filho Eduardo levou um grande puxão de orelha público do pai ao afirmar em um evento de extrema direita no início do ano, em Buenos Aires, que "pode ser" o plano B para representar a extrema direita na disputa presidencial de 2026.

"Tem um provérbio que diz que o inteligente também pensa na morte. Imagina se Bolsonaro morre amanhã? Pode acontecer. O que você acha que vai acontecer no movimento da direita? Acha que vai ter uma convergência em torno de um nome para 2026? Acha que o pau vai quebrar? Acha que vai ter uma estratégia dentro do Congresso Nacional? Ou vai ser caos?", provocou Eduardo em declaração durante o evento.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Eduardo ainda reforçou: "O plano A é [Jair] Bolsonaro, posso ser o plano B", reafirmando sua posição como um possível sucessor político dentro do bolsonarismo.

No dia seguinte, bem no seu estilo, Bolsonaro respondeu:

“O plano A sou eu, o plano B sou eu também e o plano C sou eu”, disse em entrevista à Rádio Gaúcha. “A não ser depois da minha morte física ou política em definitivo, que eu vou pensar em um possível nome.”

¨      A reação de Léo Índio ao descobrir que pode ser o primeiro preso da família Bolsonaro

Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro e uma das pessoas mais próximas do vereador Carlos Bolsonaro, pode ser o primeiro membro da família do ex-presidente a ir para a prisão pela tentativa de golpe de Estado deflagrada no Brasil entre o final de 2022 e início de 2023.

Isso porque a Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu denúncia contra o bolsonarista ao Supremo Tribunal Federal (STF), abrindo caminho para que ele se torne oficialmente réu e seja alvo de uma ação penal da Corte, cujo desfecho deve ser sua condenação à cadeia. 

Nesta quarta-feira (22), após a denúncia da PGR ser tornada pública, Léo Índio reagiu em entrevista ao site de extrema direita "Revista Oeste", negando as acusações de que participou da depredação das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. 

Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Léo Índio, além de ter incitado atos golpistas, "destruiu e concorreu para a destruição, inutilização e deterioração de patrimônio da União, ao avançar contra a sede do Congresso Nacional, fazendo-o com violência à pessoa e grave ameaça, emprego de substância inflamável e gerando prejuízo considerável para a União". 

O sobrinho de Jair Bolsonaro confirma que esteve no ato golpista de 8 de janeiro de 2023, mas nega que tenha participado de qualquer depredação. 

"Não fiz isso; estive em mais uma manifestação, como estive em diversas. Era apenas mais uma manifestação, que infelizmente teve esse desfecho muito ruim. Assim que começou aquele caos, retirei-me do local", disse Léo Índio. 

Na denúncia, entretanto, a PGR sustenta que há provas suficientes de que o extremista participou do levante golpista e praticou atos de vandalismo. Ele foi denunciado por 5 crimes: associação criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.

Em 2023, o sobrinho de Bolsonaro foi um dos alvos da 19ª fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, e teve apreendidos pela PF seu celular, passaporte e um pendrive. Ao site de extrema direita, Léo Índio afirma questiona a utilização de imagens em que ele aparece no levante golpista como prova. 

“A imagem que eles têm é a imagem minha ali naquela parte mais elevada do palácio, onde a gente se abrigou, porque começou a ter lançamento de gás lacrimogêneo e bomba de efeito moral”, declarou. 

<><> Quem é Léo Índio 

Sem curso superior e profissão definida, Léo Índio disse em depoimento ao STF que era vendedor. Ele realmente vendia caças jeans antes da ascensão do clã na política, quando passou a orbitar principalmente a esfera do primo, Carlos Bolsonaro, de quem chegou a ser assessor.

No início do governo Bolsonaro, ele atuava como uma espécie de olheiro do primo Carlos frequentando o Palácio do Planalto sem ter sido nomeado para cargo algum.

Flho de Rosemeire Nantes Braga Rodrigues, irmã de Rogéria Nantes, ex-mulher de Jair Bolsonaro e mãe dos três filhos mais velhos do ex-presidente, Léo Índio foi nomeado em abril de 2019 como assessor no gabinete do do vice-líder no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), com salário de R$ 22 mil.

Ele deixou o cargo em outubro de 2020 quando o senador foi pego em flagrante pela PF (Polícia Federal) com dinheiro nas nádegas. Após a demissão, ele passou a pedir emprego, mas seguiu ajudando o tio presidente.

Em agosto de 2021, ele atuou na arrecadação de dinheiro para viabilizar o ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista, em que Bolsonaro chamou Alexandre de Moraes de "canalha". 

Juntamente com o atual deputado Marcos Gomes, o Zé Trovão, Léo Índio foi articulador do movimento que tinha como "pauta principal" retirar os 11 ministros do Supremo. Um mês depois, ele passou a ser investigado pela atuação.

Léo Índio também atuou como assessor da liderança do PL no Senado, mas foi exonerado por não trabalhar. Ele tentou se eleger deputado distrital em 2022 com a alcunha de Léo Bolsonaro, mas não obteve sucesso, terminando a eleição com 1.801 votos.

<><> Bolsonaro é o próximo? 

A denúncia oferecida pela PGR contra Léo Índio, um membro da família Bolsonaro, marca a finalização da investigação e sinaliza que o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como militares envolvidos na trama golpista, podem ser os próximos a serem denunciados. 

A expectativa é que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresente denúncia contra Bolsonaro e outros indiciados pela tentativa de golpe de Estado até o final de janeiro ou início de fevereiro, abrindo caminho para que o ex-presidente vá a julgamento e seja preso. 

 

Fonte: Brasil 247/Fórum

 

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