Florestan Fernandes Jr.: Bolsonaro e
Trump - como dói amar sozinho
Revelador
o desprezo com que Trump trata os latinos. Em resposta à pergunta da
correspondente Raquel Krähenbühl, sobre como será a relação do governo
estadunidense com o Brasil e a América Latina, Trump, com ar blasé, disse que
os EUA não precisam de nós, mas que nós, os latinos, é que precisamos deles.
Eis o ídolo da extrema-direita brasileira, por quem Bolsonaro declarando amor
eterno, gastou todo o seu vocabulário em inglês, ao dizer "I love
you". Pelo abandono da comitiva bolsonarista na posse de Trump, fica claro
que o amor do “mito” não é correspondido. O filho e a mulher do ex-presidente
sequer tiveram acesso à cerimônia de posse, no Capitolio. Os dois tiveram que
se contentar em assistir a posse de Trump em um telão, instalado num estádio de
basquete e hóquei. Fico só imaginando quantas lágrimas Bolsonaro teria
derramado, se Moraes tivesse liberado o passaporte para ele viajar aos
EUA.
Aliás,
o ex-presidente deveria agradecer ao Xandão. Não fosse ele, Bolsonaro iria
pagar o maior mico de ficar andando no frio de menos 14 graus em Whashington,
tentando ser penetra na festa para qual não foi convidado. Mais que claro que o
tal convite era lorota. Também muito claro que o desprezo de Trump pelos
latinos inclui Bolsonaro e a elite do gado bolsonarista. Alguém tem notícias de
fotos do Mito desfrutando Mar-a-lago no período em que esteve na Flórida? Nunca
vi.
Tenho
cá pra mim que Marco Rubio, o secretário de estado do governo Trump 2, tem
informações da inteligência estadunidense de que Bolsonaro deve ser preso e que
não tem qualquer chance de ser candidato. Além disso, Bolsonaro, por ter
arrastado parte dos militares para a tentativa de um golpe mequetrefe, não é
mais visto com toda a simpatia dentro das Forças Armadas brasileiras. As
intrigas golpistas contaminaram a relação dele com os principais comandantes
das três armas. Isso é fato.
Ao
colocar o boné de campanha na cabeça, comemorando em um post no X, o governador
de São Paulo, Tarcísio de Freitas, correu a se apresentar como um nome viável e
fiel ao líder maior do chamado tecnofeudalismo. Para Bolsonaro, restou encarar,
com muitos lamentos e lágrimas nos olhos, ao lado dos seus aliados golpistas, o
julgamento no STF por tentativa de golpe de estado. Se depender do decano
do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, o julgamento deverá
acontecer ainda em 2025, evitando assim “tumultos” desnecessários na eleição
presidencial de 2026.
Se
condenado, como é o esperado, restará a Bolsonaro, covarde que é, viajar sem
passaporte para um país vizinho ao Brasil e, quem sabe, implorar ao seu ex-amor
um pedido de asilo como imigrante cucaracha nos Estados Unidos.
E a
espera é difícil, são vários inquéritos, além da tentativa de golpe, Bolsonaro
responde pela fraude nos cartões de vacinação e da venda ilegal de joias da
Arábia Saudita.
A
coragem que o “mito” demonstrava quando estava no poder, deu lugar a um homem
frágil, que chora em público e tem insônia só de pensar nas condenações que
virão. O próprio Bolsonaro declarou nessa quarta-feira (22/01) que: “Eu acordo
todo dia com a sensação da PF na porta. Qual acusação? Não interessa”. Ao invés
de passear na terra do Pateta, Bolsonaro deveria arrumar uma receita de
sonífero. Vai precisar agora e no futuro próximo.
¨ Elenira Vilela: crise do capitalismo faz com que a
sociedade acredite que quer líderes como Hitler
Nesta quarta-feira
(22), a professora e sindicalista Elenira Vilela concedeu entrevista
ao Fórum Onze e Meia para comentar
sobre a posse de Donald Trump como
presidente dos Estados Unidos e o cenário que se estabelece com um governo que
se mostra extremista e autoritário. A professora debateu comparações entre a
eleição de Trump e os governos nazista e fascista de Adolf Hitler na
Alemanha e Benito Mussolini na Itália.
Um episódio que
chamou atenção e repercutiu nos últimos dias foi justamente o gesto nazista
do bilionário Elon Musk, que foi escolhido por Trump para assumir o
Departamento de Eficiência Governamental e tem uma relação muito próximo com o
presidente extremista. O discurso de Trump durante a posse, em que proferiu uma
série de ataques a minorias sociais, principalmente contra a população
LGBTQIAPN+ e imigrantes, além de ter reforçado o excepcionalismo
americano, também repercutiu entre comparações com o governo do republicano e
outros governos autoritários como nazismo e o fascismo.
Na entrevista
à Fórum, Elenira foi questionada por uma telespectadora se a eleição de
Trump significava que a humanidade queria um novo Hitler no poder. Para a
professora, esse cenário não é um reflexo do desejo da humanidade, mas do
capitalismo. Elenira explica que a crise do capitalismo, gerada pela
extrema concentração de renda, leva as pessoas a acharem que a solução para
esse problema é a escolha de líderes autoritários.
"A gente
precisa lembrar que Hitler e Mussolini foram eleitos, eles não foram empossados
em golpes de estado. Eles foram eleitos como muitos outros líderes
autoritários. A gente precisa sempre olhar para quando Marx diz que a base é
olhar para a economia. Ele não está dizendo que os problemas se resolvem em
nível econômico, mas eles se criam lá", explica a professora.
"Você tem hoje
uma das maiores concentrações de riqueza da história da humanidade, você nunca
teve tão poucas pessoas donas de patrimônios tão gigantescos", acrescenta
Elenira. Essa concentração de renda provoca desigualdades profundas e extrema
pobreza para a maioria da população, como é mostrado em estudos e
pesquisas.
A professora também
destaca a influência e o poder das redes sociais na ascensão dos extremismos no
contexto atual. Elenira afirma que as redes sociais foram construídas a partir
da lógica da misoginia, do racismo, da exploração capitalista e da quebra
de relações sociais.
"Elas foram
feitas por jovens brancos que tinham problemas de relacionamento social, que
eram excluídos, que tinham dificuldades nas relações com as mulheres",
diz. "Ao contrário do que as pessoas dizem sobre facas, de que a faca pode
ser muito boa para cortar o alimento e pode matar uma pessoa, as redes sociais
foram feitas para o mal, elas foram feitas para o racismo, para o ódio, para
desarticulação, para mentira. Elas foram estruturalmente organizadas e isso
está impresso no código", acrescenta a professora.
"Então, não é
a humanidade que precisa. É o capitalismo que está munido de instrumentos que
facilitam para que as pessoas sejam convencidas de que elas não querem, mas
precisam de lideranças equivalentes ao Hitler", conclui Elenira.
¨ Por que Bolsonaro mandou Michelle e não o filho Eduardo
para representa-lo
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mandou um
recado claro a seus eleitores, no momento em que foi levar, aos prantos, a
ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, ao aeroporto,
para representa-lo na posse do presidente americano Donald Trump:
Ele era a sua
representante e não seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, secretário de
Relações Institucionais e Internacionais do PL.
Bolsonaro foi
impedido de ir pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre
de Moraes. Ele está com o passaporte retido.
Aliados do
ex-presidente consideraram um erro a escolha de Michelle e não de Eduardo para
ser seu representante na posse, segundo a coluna de Lauro Jardim, no
Globo.
Previsível
Certa ou errada, a
atitude é bem previsível. Bolsonaro disputa até com a própria sombra. Seu filho
Eduardo levou um grande puxão de orelha público do pai ao afirmar em um
evento de extrema direita no início do ano, em Buenos Aires, que "pode
ser" o plano B para representar a extrema direita na disputa presidencial
de 2026.
"Tem um
provérbio que diz que o inteligente também pensa na morte. Imagina se Bolsonaro
morre amanhã? Pode acontecer. O que você acha que vai acontecer no movimento da
direita? Acha que vai ter uma convergência em torno de um nome para 2026? Acha
que o pau vai quebrar? Acha que vai ter uma estratégia dentro do Congresso
Nacional? Ou vai ser caos?", provocou Eduardo em declaração durante o
evento.
Em entrevista à
Folha de S. Paulo, Eduardo ainda reforçou: "O plano A é [Jair] Bolsonaro,
posso ser o plano B", reafirmando sua posição como um possível sucessor
político dentro do bolsonarismo.
No dia seguinte,
bem no seu estilo, Bolsonaro respondeu:
“O plano A sou eu,
o plano B sou eu também e o plano C sou eu”, disse em entrevista à Rádio
Gaúcha. “A não ser depois da minha morte física ou política em definitivo, que
eu vou pensar em um possível nome.”
¨ A reação de Léo Índio ao descobrir que pode ser o
primeiro preso da família Bolsonaro
Leonardo Rodrigues de
Jesus, conhecido como Léo Índio, sobrinho do
ex-presidente Jair Bolsonaro e uma das pessoas
mais próximas do vereador Carlos Bolsonaro, pode ser
o primeiro membro da família do ex-presidente a ir para a prisão pela
tentativa de golpe de Estado deflagrada no Brasil entre o final de 2022 e
início de 2023.
Isso porque a
Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu denúncia
contra o bolsonarista ao
Supremo Tribunal Federal (STF), abrindo caminho para que ele se torne
oficialmente réu e seja alvo de uma ação penal da Corte, cujo desfecho deve ser
sua condenação à cadeia.
Nesta quarta-feira
(22), após a denúncia da PGR ser tornada pública, Léo Índio reagiu em
entrevista ao site de extrema direita "Revista Oeste", negando as
acusações de que participou da depredação das sedes dos Três Poderes em 8 de
janeiro de 2023.
Segundo o
procurador-geral da República, Paulo Gonet, Léo Índio, além de ter incitado
atos golpistas, "destruiu e concorreu para a destruição, inutilização e
deterioração de patrimônio da União, ao avançar contra a sede do Congresso
Nacional, fazendo-o com violência à pessoa e grave ameaça, emprego de
substância inflamável e gerando prejuízo considerável para a União".
O sobrinho de Jair
Bolsonaro confirma que esteve no ato golpista de 8 de janeiro de 2023, mas nega
que tenha participado de qualquer depredação.
"Não fiz isso;
estive em mais uma manifestação, como estive em diversas. Era apenas mais uma
manifestação, que infelizmente teve esse desfecho muito ruim. Assim que
começou aquele caos, retirei-me do local", disse Léo Índio.
Na denúncia,
entretanto, a PGR sustenta que há provas suficientes de que o
extremista participou do levante golpista e praticou atos de vandalismo. Ele
foi denunciado por 5 crimes: associação criminosa armada; tentativa de
abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano
qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, com
considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.
Em 2023, o sobrinho
de Bolsonaro foi um dos alvos da 19ª fase da Operação Lesa Pátria, da
Polícia Federal, e teve apreendidos pela PF seu celular, passaporte e um
pendrive. Ao site de extrema direita, Léo Índio afirma questiona a utilização
de imagens em que ele aparece no levante golpista como prova.
“A imagem que eles
têm é a imagem minha ali naquela parte mais elevada do palácio, onde a gente se
abrigou, porque começou a ter lançamento de gás lacrimogêneo e bomba de efeito
moral”, declarou.
<><> Quem
é Léo Índio
Sem curso superior
e profissão definida, Léo Índio disse em depoimento ao STF que era vendedor.
Ele realmente vendia caças jeans antes da ascensão do clã na política, quando
passou a orbitar principalmente a esfera do primo, Carlos Bolsonaro, de quem
chegou a ser assessor.
No início do
governo Bolsonaro, ele atuava como uma espécie de olheiro do primo Carlos
frequentando o Palácio do Planalto sem ter sido nomeado para cargo algum.
Flho de Rosemeire
Nantes Braga Rodrigues, irmã de Rogéria Nantes, ex-mulher de Jair Bolsonaro e
mãe dos três filhos mais velhos do ex-presidente, Léo Índio foi nomeado em
abril de 2019 como assessor no gabinete do do vice-líder no Senado, Chico
Rodrigues (DEM-RR), com salário de R$ 22 mil.
Ele deixou o cargo
em outubro de 2020 quando o senador foi pego em flagrante pela PF (Polícia
Federal) com dinheiro nas nádegas. Após a demissão, ele passou a pedir emprego,
mas seguiu ajudando o tio presidente.
Em agosto de 2021,
ele atuou na arrecadação de dinheiro para viabilizar o ato de 7 de Setembro na
Avenida Paulista, em que Bolsonaro chamou Alexandre de Moraes de
"canalha".
Juntamente com o
atual deputado Marcos Gomes, o Zé Trovão, Léo Índio foi articulador do
movimento que tinha como "pauta principal" retirar os 11 ministros do
Supremo. Um mês depois, ele passou a ser investigado pela atuação.
Léo Índio também
atuou como assessor da liderança do PL no Senado, mas foi exonerado por não
trabalhar. Ele tentou se eleger deputado distrital em 2022 com a alcunha de Léo
Bolsonaro, mas não obteve sucesso, terminando a eleição com 1.801 votos.
<><> Bolsonaro
é o próximo?
A denúncia
oferecida pela PGR contra Léo Índio, um membro da família Bolsonaro, marca a
finalização da investigação e sinaliza que o próprio ex-presidente Jair
Bolsonaro, bem como militares envolvidos na trama golpista, podem ser os
próximos a serem denunciados.
A expectativa é que
o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresente denúncia contra
Bolsonaro e outros indiciados pela tentativa de golpe de Estado até o final de
janeiro ou início de fevereiro, abrindo caminho para que o ex-presidente vá a
julgamento e seja preso.
Fonte: Brasil
247/Fórum
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