segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Trump escala 'máfia do PayPal' para três missões: cortar gastos, incentivar IA e tomar Groenlândia

Três objetivos importantes de Donald Trump em seu retorno à Casa Branca estão nas mãos de executivos que têm, como ponto em comum, a participação na criação da empresa de pagamentos pela internet PayPal, em 2000.

Elon MuskDavid Sacks e Ken Howery serão responsáveis, respectivamente, por aconselhar o presidente sobre corte de gastos públicos, desenvolver políticas para inteligência artificial e criptomoedas, e tomar o controle da Groenlândia.

A chamada “máfia do PayPal” agrega fundadores e primeiros investidores que atuaram na plataforma no início de seu desenvolvimento e depois fizeram sucesso com seus próprios negócios. Os três empresários estão nesse grupo.

No novo governo, Musk comanda o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês). Sacks é o “czar de inteligência artificial e criptomoedas”, como definiu Trump. E Howery foi indicado para ser embaixador dos EUA na Dinamarca – seu nome ainda precisará ser confirmado pelo Senado.

Todos também estão ligados a outra figura importante para Trump: Peter Thiel, que, em 1998, fundou a Confinity – empresa que daria origem ao PayPal dois anos depois, com a entrada de sócios como Musk e Howery. Ele também foi um dos primeiros investidores externos do Facebook.

Thiel não tem cargo no governo, mas é apoiador antigo de Trump e doou dinheiro para suas campanhas em 2016 e 2020. Sua influência sobre o presidente ajudou a emplacar J.D. Vance como vice de Trump. O empresário foi mentor de Vance no setor da tecnologia, segundo o Washington Post.

<><> Saiba mais sobre os integrantes da 'máfia do PayPal' que estarão no governo:

·       Elon Musk

O dono do X, da Tesla e da SpaceX tem se tornado uma das principais vozes do novo governo, principalmente devido ao alcance de seu perfil na rede social X.

Musk foi um dos cofundadores do PayPal, onde se manteve como maior acionista até ele ser comprado pelo eBay em 2002.

Na época, ele chegou a ser diretor-geral da empresa e foi substituído justamente por Peter Thiel. Anos depois, os dois estariam juntos no grupo de primeiros investidores da OpenAI, criadora do ChatGPT.

Figura central na campanha republicana, gastou cerca de US$ 200 milhões em apoio a Trump, de acordo com a Associated Press

departamento comandado pelo bilionário não é um órgão oficial e funcionará como uma comissão externa, semelhante a uma consultoria.

Ele disse que, no DOGE, pretende "expor o desperdício insano e a corrupção governamental" e que a missão do departamento é acabar com "as carreiras de políticos enganadores e egoístas".

Na prática, Musk e os demais integrantes darão sugestões de cortes de gastos, mas não terão autoridade para tirá-los do papel porque essas mudanças exigem aprovação do Congresso. O que pode ajudá-los é o fato de que Trump tem maioria tanto na Câmara quanto no Senado.

·       David Sacks

Diretor de operações nos primeiros anos do PayPal e fundador da rede de contatos profissionais Yammer, Sacks é amigo próximo de Musk, segundo o The New York Times, e incentivou a entrada do bilionário da Tesla no campo da política.

Sua influência no conservadorismo norte-americano também aumentou com o lançamento do podcast de sucesso “All-In”, em 2020.

De acordo com a agência Reuters, Sacks foi um defensor pioneiro das criptomoedas. Em entrevista à CNBC, em 2017, ele disse que a ascensão do bitcoin, a principal criptomoeda do mundo, estava revolucionando a Internet.

“David orientará as políticas de governo em IA e criptomoeda, duas áreas críticas para o futuro da competitividade americana", anunciou Trump, em dezembro passado. "David se concentrará em tornar a América a líder global em ambas as áreas.”

O presidente tem mostrado que prioriza os dois temas em sua gestão. No primeiro dia de governo, ele revogou uma medida de Joe Biden que estabelecia padrões de segurança para a inteligência artificial.

No segundo dia, anunciou um investimento de até US$ 500 bilhões para construção de uma infra-estrutura para IA no Texas.

Na quinta (23), Trump determinou a criação, em até 180 dias, de um plano de ação de inteligência artificial para desenvolver políticas que possam “sustentar e aprimorar o domínio global de IA dos EUA”.

No mesmo dia, ordenou a criação de um grupo de trabalho de criptomoedas encarregado de propor novas regulamentações sobre ativos digitais e explorar a criação de um estoque nacional de moedas eletrônicas, segundo a Reuters.

·       Ken Howery

Outro cofundador do PayPal, Ken Howery é sócio de Peter Thiel na empresa de capital de risco Founders Fund e amigo próximo de Musk – que costuma frequentar sua casa em Austin, no Texas, segundo o The New York Times.

Ele não é um novato na política: foi embaixador dos EUA na Suécia entre 2019 e 2021, durante o primeiro governo Trump.

Agora, no entanto, a missão como embaixador do país na Dinamarca pode ser bem mais complicada.

Howery terá a árdua tarefa de conseguir que os EUA, de alguma maneira, assumam o controle da Groenlândia – um território com governo próprio, mas sob a Constituição da Dinamarca.

Ao anunciar Howery, ainda em dezembro, Trump escreveu que “os EUA têm o sentimento de que, para o propósito de segurança nacional e liberdade em todo o mundo, a propriedade e o controle da Groenlândia são uma necessidade absoluta”.

Autoridades dinamarquesas e europeias, no entanto, já disseram que a Groenlândia não está à venda e que sua integridade territorial deve ser preservada, o que representa um desafio para qualquer investida norte-americana sobre a ilha.

¨      Trump diz a premiê da Dinamarca estar 'determinado a tomar Groenlândia' e ouve que ilha não está à venda, afirma jornal

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, disse estar "determinado em tomar a Groenlândia" em ligação telefônica tensa para a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, de acordo com o jornal inglês "Financial Times".

A premiê respondeu que a ilha no Ártico, parte autônoma da Dinamarca, "não está à venda", apesar do "grande interesse" dos EUA. A Casa Branca não confirmou a existência da ligação.

O "Financial Times" cita ainda que cinco autoridades de alto escalão da Europa comentaram que a "conversa seguiu por um caminho muito ruim", com o presidente americano sendo agressivo e confrontando Frederiksen.

A premiê, ainda segundo o jornal, ofereceu uma maior cooperação nas bases militares na ilha, além de parcerias na exploração de recursos minerais.

Antes da posse, Donald Trump afirmou em uma entrevista coletiva que deseja tomar o Canal do Panamá e a Groenlândia. O republicano também declarou que pretende mudar o nome do Golfo do México e sugeriu a incorporação do Canadá aos EUA.

Durante a coletiva, Trump afirmou que pretende usar a força econômica para atingir seus objetivos, como a aplicação de sanções ou o aumento de tarifas.

>>> Atualmente, as áreas que Trump deseja impor controle americano são administradas da seguinte forma:

·        Canal do Panamá: é controlado totalmente pelo governo do Panamá desde 1999, mas já foi administrado pelos Estados Unidos. O canal foi construído no início do século 20, possibilitando o tráfego de navios entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

·        Groenlândia: território com governo próprio, mas sob a Constituição da Dinamarca. A ilha está localizada no Atlântico Norte, entre a América do Norte e a Europa.

·        Canadá: país independente com governo próprio. A região já foi controlada pelo Reino Unido e faz fronteira com o norte dos Estados Unidos.

·        Golfo do México: área que banha os Estados Unidos, México e Cuba. Não existe um único país responsável pelas águas da região, cuja administração segue tratados internacionais.

No caso do Canal do Panamá e da Groenlândia, Trump afirmou que não descarta o uso de força militar para controlar as duas regiões. O presidente eleito justificou que ambas são importantes para a economia e a segurança dos Estados Unidos.

Já sobre o Canadá, Trump disse que os Estados Unidos gastam muito para proteger o país vizinho. Ele defendeu que uma espécie de fusão seria mais simples e ameaçou aplicar tarifas sobre produtos canadenses.

¨      Trump planeja iniciativa para 'limpar' Gaza e levar palestinos para Egito e Jordânia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou no sábado (25) uma iniciativa para "limpar" a Faixa de Gaza e disse querer que Egito e Jordânia recebam os palestinos deste território como forma de alcançar a paz no Oriente Médio.

"Estamos falando de 1,5 milhão de pessoas, e simplesmente limparemos tudo isso", disse Trump à imprensa, referindo-se a Gaza como um "local de demolição". Ele disse que a medida poderia ser "temporária ou de longo prazo".

O republicano afirmou que havia conversado com o rei Abdullah II da Jordânia e esperava falar com o presidente egípcio Abdel Fatah al Sissi no domingo.

"Gostaria que o Egito levasse as pessoas e gostaria que a Jordânia levasse as pessoas", disse Trump a bordo do Air Force One.

A maioria dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foi deslocada, alguns deles várias vezes, devido à guerra na Faixa de Gaza iniciada em 7 de outubro de 2023.

Publicidade

A ideia foi aplaudida pelo ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich.

"A ideia de ajudá-los a encontrar outros lugares para começar uma vida melhor é uma excelente ideia. Após anos de glorificação do terrorismo, (os palestinos) poderão estabelecer vidas novas e boas em outros lugares", disse Smotrich em comunicado.

"Durante anos, os políticos propuseram soluções inviáveis, como a divisão da terra e a criação de um Estado palestino, o que colocou em risco a existência e a segurança do único Estado judeu do mundo", acrescentou o ministro, cujo partido é uma parte essencial do governo de coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

¨      Declarações de Trump sobre gêneros criam divisão ideológica entre EUA e UE, diz filósofo russo

A divisão ideológica entre os EUA e os países da UE está ligada às declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre gênero, afirma o filósofo russo Aleksandr Dugin.

Segundo Dugin, Trump está provocando uma séria colisão entre norte-americanos e europeus após dizer tudo o que ele pensa sobre os temas de justiça social, racial e sexual.

"Haverá um confronto muito sério entre a Europa e os EUA com Trump, porque os principais líderes dos principais países europeus são liberais de esquerda e globalistas convencidos. Exatamente convencidos. Eles são fanáticos pela censura liberal, apoiadores da cultura 'woke' [a cultura que considera as questões de justiça social, racial e sexual], apoiadores da política de 'diversidade, igualdade e inclusão [DEI, na sigla em inglês]'", ressalta o filósofo na sua entrevista à Sputnik.

No entanto, Dugin sublinhou que Trump também tem seus apoiadores na Europa, não apenas adversários. Entre eles o filósofo menciona o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e alguns políticos de movimentos populistas de direita.

Anteriormente, o presidente dos EUA, Donald Trump, cancelou a chamada política de DEI do governo dos EUA, chamando-a de discriminatória. Durante seu discurso de posse, Trump declarou que a política oficial dos EUA a partir de agora reconhece apenas dois gêneros – masculino e feminino.

 

Fonte: AFP/g1

 

Nenhum comentário: