sábado, 25 de janeiro de 2025

Lula convida Sheinbaum a visitar o Brasil para ‘fortalecer relações’ após posse de Trump

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conversou por telefone com sua homóloga mexicana Claudia Sheinbaum, em ligação realizada nesta quinta-feira (23/01).

Em mensagem publicada em suas redes sociais, o mandatário brasileiro disse que convidou a presidenta do México a visitar o Brasil, e que enfatizou a necessidade de seus dos países “fortalecerem suas relações” diante do atual cenário regional.

“Convidei a Presidenta do México para uma visita de Estado ao Brasil, para darmos impulso adicional ao excelente momento do relacionamento bilateral entre nossos países”, relatou.

Na postagem, Lula contou que o novo governo dos Estados Unidos, agora liderado pelo magnata de extrema direita Donald Trump, foi um dos temas da conversa com Sheinbaum.

“Reafirmamos o propósito de cultivar relações produtivas com todos os países das Américas, incluindo a nova administração dos Estados Unidos, a fim de manter a paz, fortalecer a democracia e promover o desenvolvimento da região”, frisou o presidente.

Em seguida, Lula falou sobre o fortalecimento da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e outros foros regionais.

Também através das redes sociais, Sheinbaum respondeu a mensagem do brasileiro, dizendo “obrigado ao Presidente Lula por sua ligação, vamos fortalecer as relações culturais e educativas com a república irmã do Brasil”.

<><> Brasil vai lançar em fevereiro novo plano para alavancar desenvolvimento ferroviário, diz ministro

Com mais de 30 mil km de trilhos, conforme a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o Brasil não vê avanços no tamanho da malha ferroviária há quase 100 anos. Em 2024, o governo chegou a afirmar que investimentos no setor seriam prioridade.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, confirmou nesta quinta-feira (23) que o governo vai lançar um novo plano nacional para o desenvolvimento ferroviário na primeira quinzena de fevereiro.

"Tive uma primeira conversa com o presidente [Luiz Inácio Lula da Silva], apresentando a ele a carteira de projetos. O presidente aprovou e nós estamos organizando para fazer o lançamento nos primeiros dias de fevereiro", afirmou em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro.

Conforme Renan Filho, entre os principais objetivos está a retirada das ferrovias que passam dentro das cidades no Brasil. "Vamos divulgar os projetos, discutir com o mercado e os investidores. Vai ser super relevante porque é muito necessário que a gente retire carga e coloque nas ferrovias para evitar os conflitos rodoviários que o Brasil ainda vive", acrescentou.

Entre os exemplos, o ministro citou o caso de São Paulo, cujos trens de uma das principais empresas de logística ferroviária do país passa na região central da capital. "Aquilo é incongruente com uma cidade da dimensão de São Paulo. A gente precisa, cada vez mais, revisar isso", pontua.

Além disso, o ministro lembrou que a atual estrutura foi construída há muitas décadas e que é necessária uma modernização. "Não dá para mudar totalmente porque elas [as ferrovias] foram construídas em outro momento, fazem muitas curvas e, com essas curvas, não dá para aumentar a velocidade. Se não tem velocidade, não compete com ônibus, caminhão e van. É um trabalho complexo, precisa de investimento público pesado, de massa."

Investimentos de quase R$ 100 bilhões no Brasil

No ano passado, o governo federal chegou a anunciar que a expectativa de investimentos para ampliar o modal ferroviário brasileiro é de R$ 94,2 bilhões até 2026 (R$ 6 bilhões em recursos públicos e R$ 88,2 bilhões em investimento privado), através do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).

A densidade da malha ferroviária no Brasil é de 30,81 mil km, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). Se comparada à dos EUA, país de extensão territorial similar, a densidade ferroviária brasileira chega a ser quase dez vezes menor, uma vez que os norte-americanos contam com 293,56 mil quilômetros de linhas férreas.

No primeiro ano do governo Lula, de acordo com o Ministério dos Transportes, intervenções importantes foram feitas no setor ferroviário. Houve, por exemplo, a retomada das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), que corta sete municípios no sul da Bahia, entre Ilhéus e Aiquara. As obras da Ferrovia Norte-Sul (FNS), que liga Estrela D'Oeste (SP) e Açailândia (MA), também foram concluídas.

¨      México anuncia criação de 35 mil empregos para deportados dos EUA

presidenta do México, Claudia Sheinbaum, anunciou nesta sexta-feira (24/01) que o país pretende oferecer cerca de 35 mil empregos para os mexicanos que forem deportados pelo governo dos Estados Unidos.

Segundo a mandatária, a iniciativa será coordenada pelo Conselho de Coordenação Empresarial (CCE), uma entidade governamental dedicada a dialogar com o setor empresarial e colocar em práticas políticas nascidas desse diálogo.

Durante a coletiva de apresentação da nova política de apoio aos deportados, Sheinbaum evitou utilizar o termo “deportados”, preferindo chamá-los de “repatriados”. Ela explicou que uma das tarefas do Conselho será criar uma fórmula para que os mexicanos repatriados sejam realocados às mesmas áreas de trabalho que ocupavam nos Estados Unidos.

O líder do CCE, Francisco Cervantes Díaz, disse que já foram realizadas reuniões com a Confederação Patronal do México (Coparmex) e com diversas organizações de pequenos e médios empresários e comerciantes, na qual já teriam recebido a adesão de mais de 50 líderes dos setores empresariais mexicanos.

T-MEC

Na coletiva, Sheinbaum também falou sobre as relações e acordos com os Estados Unidos, e enfatizou a polêmica sobre o Acordo Comercial México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC), surgida das declarações do presidente estadunidense Donald Trump sobre revisar os termos desse tratado.

Segundo a mandatária mexicana, “o que foi assinado (por Trump, nos decretos da última segunda-feira, 20/01) sobre essa questão (T-MEC) estabelece que seja iniciado um processo de revisão, como deve ser, ou melhor, um processo de consulta, dentro dos Estados Unidos para a revisão do tratado em 2026”.

A presidenta do México que seu país seguirá “trabalhando para fortalecer o acordo comercial que ajudou as economias dos três países”.

Sheinbaum também assegurou que tanto a postura do México com relação ao T-MEC, quanto o programa para ajudar os mexicanos vindos dos Estados Unidos não visam confrontar o presidente Trump.

 “O apoio aos repatriados não é um plano temporário, mas de longo prazo, para além deste sexênio. O objetivo é garantir um crescimento econômico com desenvolvimento equitativo e sustentável do país”, disse a presidenta.

Vale lembrar que “sexênio” é o termo com o qual os mexicanos se referem aos mandatos presidenciais de seis anos do país – sem direito a reeleição. Assim, Claudia Sheinbaum, que assumiu seu “sexênio” em outubro de 2024, deve continuar no cargo até meados de 2030.

<><>  Governo do México quer proibir milho transgênico na Constituição

A presidenta do México Claudia Sheinbaum apresentou quinta-feira (23/01) um projeto para introduzir na Constituição do país a proibição do cultivo de milho transgênico e declarar o milho nativo patrimônio da identidade nacional.

O objetivo é conservar e proteger o milho nativo do país que apresenta a maior diversidade genética desse produto no mundo. São mais de 59 tipos diferentes só entre os cultivados comercialmente, sem contar os silvestres.

“A diversidade de milhos nativos e seus parentes silvestres no México representa um acervo genético incalculável e insubstituível, fundamental para a agricultura e a segurança alimentar mundial. É responsabilidade do Estado resguardar essa diversidade para as gerações futuras”, destacou a presidenta na declaração de motivos do projeto.

Segundo especialistas, a variabilidade genética é elemento chave para que um cultivo se adapte a mudanças no meio ambiente, como as decorrentes do aquecimento global.

O milho é considerado um dos alimentos mais utilizados pelos mexicanos, que consomem em média 328 gramas do produto por dia, o que corresponde a 39% das suas necessidades diárias de proteínas, 45% das calorias e 49% do cálcio.

Incorporar os agricultores ao desenvolvimento nacional

O projeto encaminhado à Câmara dos deputados propõe incluir no artigo 4 da Constituição que “o milho é elemento de identidade nacional, cujo cultivo deve ser livre de transgênicos, priorizando seu manejo agroecológico”.

Também propõe que o artigo 27 estabeleça como responsabilidade do Estado “fornecer as condições para o desenvolvimento rural integral, garantindo que os agricultores se incorporem ao desenvolvimento nacional”. Estabelece também que o Estado fomentará a atividade agropecuária e florestal para o uso ótimo dos recursos da terra “livre de cultivos e sementes para cultivo de milho transgênico”.

A variedade de tipos de milho do México é resultado da diversidade de ambientes naturais aos quais o produto se adaptou e foi adaptado por dezenas de povos originários da região. Há indícios de que o produto é cultivado no país há quase 8 mil anos. Atualmente, mais de 80 povos originários e famílias camponesas o cultivam com técnicas de manejo próprias.

 “A semeadura das próprias sementes e a experimentação de novos materiais obtidos por através das trocas entre esses grupos mantêm vivos os processos de evolução e diversificação da cultura”, destaca o projeto.

>>> Proteção do milho nativo irritou os Estados Unidos

A opção pelo caminho constitucional para proibir o milho transgênico decorre das anteriores tentativas de fazê-lo por lei. O ex-presidente Andrés Manuel López Obrador apresentou decretos, em 2020 e em 2023, com o mesmo objetivo de proteger a biodiversidade de milhos nativos.

A modificação genética feita no milho o torna resistente ao glifosato, agrotóxico que mata todas as outras plantas do entorno e que é considerado por muitos estudiosos como cancerígeno. Os projetos de lei de Obrador centravam seus argumentos nos danos que esse produtos faz à saúde humana e ao meio ambiente.

A iniciativa gerou tensão com os Estados Unidos, devido aos efeitos que essa proibição poderia causar às suas exportações. Durante o governo de Joe Biden (2021-2025), o país vizinho argumentou que a medida buscada pelo México violaria o Acordo Comercial entre México, Estados Unidos e Canadá (o T-MEC).

O parecer final entregue por três especialistas do T-MEC em dezembro de 2024, impugnou os aspectos dos decretos mexicanos que restringiam o milho transgênico e o uso do glifosato, com o argumento de que era de que a proibição não se baseava em evidências científicas.

O governo do México alegou que não concordava com a medida, pois suas políticas estariam “perfeitamente alinhadas com os princípios de proteção à saúde pública e dos direitos dos povos indígenas”. Porém, acabou acatando a determinação do T-MEC.

>>> Banco de sementes para preservar variedades

De acordo com a proposta de emenda constitucional apresentada por Sheinbau, existem diversas disposições no marco regulatório mexicano e internacional que permitem proteger as espécies nativas.

Na quarta-feira (23/01), a prefeita da Cidade do México, Clara Brugada assinou um decreto que implementa a mesma proibição na capital do país. Ela também anunciou que criará de bancos de germoplasma (sementes) de milho nativo para garantir que nenhuma de suas variedades se extinga.

¨      Trump volta a atacar imigração e anuncia mais soldados na fronteira com México

Em uma entrevista ao canal conservador Fox News, nesta quarta-feira (22/01), Donald Trump disse que vai intensificar ainda mais as medidas contra a imigração, dois dias após seu retorno à Casa Branca. O republicano, que prometeu deportar milhões de estrangeiros sem documentos dos Estados Unidos, alegou que “milhares de terroristas” estavam presentes no país e acusou a política adotada pelo governo Biden de “permissiva”.   

Trump conversou ao vivo do Salão Oval com Sean Hannity, um dos principais apresentadores do canal. De acordo com o presidente, países como a Venezuela “tiraram suas gangues das ruas e as transferiram para os Estados Unidos”, disse. “Nós vamos cuidar disso”, ressaltou. “Chegamos bem a tempo”.     

Pouco antes da entrevista, a porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, anunciou que o Exército norte-americano enviaria “1.500 soldados adicionais para a fronteira sul” com o México, além dos 2.000 que já estão no local.

O novo governo dos EUA também suspendeu até nova ordem todas as entradas nos Estados Unidos de milhares de refugiados de todo o mundo que solicitaram asilo, incluindo aqueles que tiveram o pedido aceito.  

O Departamento de Justiça norte-americano ameaçou entrar com ações contra as autoridades locais que não implementarem as políticas anti-imigração de Donald Trump.     

O Congresso também aprovou nessa quarta-feira o primeiro projeto de lei da Presidência de Trump sobre imigração ilegal. A medida, que deve ser sancionada pelo presidente em breve, exige a detenção automática pela polícia federal de imigrantes indocumentados que foram condenados ou acusados de certos crimes.     

Cerca de quarenta membros do Partido Democrata votaram a favor da lei, o que demonstra um endurecimento da classe política norte-americana em relação ao tema, incluindo a ala mais moderada.

Durante a entrevista à Fox News, Trump também foi questionado sobre seu perdão às mais de 1.500 pessoas indiciadas pelo ataque ao Capitólio, inclusive as que foram condenadas por violência contra a polícia. “A maioria era absolutamente inocente. Houve apenas pequenos incidentes. A maioria deles foi fabricada por pessoas da CNN“, justificou, acusando o canal de TV norte-americano.

<><> Desmantelamento de políticas pró-diversidade

As primeiras decisões anunciadas por Trump também incluem o desmantelamento das políticas para promover a diversidade dentro do governo federal. Todos os funcionários que atuam nos programas DEIA (Diversidade, Equidade, Inclusão e Acessibilidade) serão colocados em licença forçada.

O termo “DEI”, que no vocabulário dos recursos humanos se refere aos objetivos de recrutar pessoas de minorias raciais ou sexuais, tornou-se um dos principais alvos da extrema direita americana.

Em um comunicado na noite de terça-feira (21/01), a Casa Branca lembrou da “promessa constitucional de igualdade racial neutra” e a promoção do “mérito”.    

Após a eleição do republicano, várias grandes empresas norte-americanas encerraram seus programas de diversidade e inclusão, em particular Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp), McDonald’s, a fabricante Ford e os supermercados Walmart.      

<><> Dois gêneros reconhecidos   

Donald Trump também assinou uma ordem executiva após sua posse que limita os gêneros reconhecidos pelo estado a “masculino e feminino”, negando assim a existência oficial de pessoas transgênero.

A bispa episcopal de Washington, Mariann Budde, ficou comovida com essa virada ultraconservadora. Durante um culto na igreja, ela expressou preocupação com o medo que as políticas do presidente semearam entre imigrantes e membros da comunidade LGBT +.

 

Fonte: Opera Mundi/Sputnik Brasil

 

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