A luta histórica da Rússia contra o
terrorismo
O ataque terrorista
ocorrido na última sexta-feira (22), no Crocus City Hall, em Moscou, causou
enorme comoção internacional. Vale lembrar que como um dos principais países na
linha de frente contra o terrorismo, a Rússia detém um longo histórico de luta
contra esse que é um dos fenômenos mais nefastos dos nossos tempos.
Para a Federação da
Rússia, conforme rege a Lei Federal nº 35 de 2006 (Artigo 3.1), o terrorismo é
caracterizado como o uso ilegal da violência e intimidação direta da população
destinado a influenciar órgãos do governo, autoridades locais ou organizações
internacionais em seu processo de tomada de decisão. Ataques terroristas, como
foi o caso do triste episódio de sexta no Crocus City Hall, direcionam-se
tradicionalmente contra civis indefesos, no intuito de ceifar o maior número
possível de vítimas e de chocar a opinião pública doméstica e internacional.
No entanto, apesar de
ter sido o ataque terrorista mais brutal vivenciado pela Rússia nos últimos
anos, desde a década de 1990 que o país vem sendo vítima de atentados
terroristas covardes, especialmente em suas principais cidades, Moscou e São
Petersburgo. Pouco antes de Vladimir Putin chegar ao poder em 2000, por
exemplo, ataques terroristas em Moscou culminaram na explosão de diversos
apartamentos residenciais, matando cerca de 200 pessoas e deixando pelo menos
180 feridos. Na época, os ataques foram perpetrados por rebeldes separatistas
chechenos. Pouco tempo depois, após o 11 de Setembro de 2001 nos Estados
Unidos, a Rússia passou a ser considerada uma aliada do Ocidente no combate ao
terrorismo internacional. Vale lembrar que o presidente Putin foi o primeiro
líder mundial a telefonar para George W. Bush após os ataques às Torres Gêmeas,
estendendo-lhe condolências pelas vítimas do atentado. Para além disso, a
Rússia consentiu com o estacionamento de tropas americanas no Afeganistão para
o combate à Al-Qaeda de Osama bin Laden, gesto impensável no período da Guerra
Fria.
Ainda assim, apesar da
colaboração internacional no combate ao terrorismo da Al-Qaeda, no plano
doméstico a Rússia continuou a ser vítima de sucessivos ataques. Em 2002, um
grupo de sequestradores ligados ao separatismo checheno invadiu o teatro
Dubrovka, também em Moscou, antes da apresentação de um espetáculo musical,
fazendo 912 reféns. Passados três dias do sequestro, uma operação-relâmpago de
resgate envolvendo as Forças Especiais russas invadiram o local após ventilarem
um gás de efeito tóxico não identificado pela tubulação de ar, eliminando os
cerca de 40 sequestradores. O resgate, no entanto, não pôde impedir
infelizmente com que 130 reféns perdessem sua vida.
Dois anos depois, em
setembro de 2004, um novo grupo de aproximadamente 35 rebeldes invadiram uma
escola primária em Beslan, ao norte do Cáucaso, culminando a morte de mais de
340 pessoas, entre elas, 186 crianças. Na ocasião, outras 700 pessoas terminaram
feridas. Ainda em 2004, um mês antes do atentado em Beslan, dois voos
comerciais de passageiros sofreram um ataque terrorista perpetrado por
mulheres-bomba, provocando a morte de 90 pessoas. O incidente foi então
reclamado pelo grupo terrorista Al-Qaeda, contra o qual uma coligação de
potências internacionais havia sido formada logo após o 11 de Setembro.
Já no começo de 2010,
uma série de atentados terroristas envolvendo a detonação de explosivos em
trens de Moscou matou cerca de 60 pessoas, ocasionando ferimentos a outras 200.
O grupo Caucasus Emirate (ou Emirados do Cáucaso), organização nacionalista sunita
formada em 2007, reclamou a autoria dos ataques provocando novos atentados
terroristas em Volgogrado (antiga Stalingrado) em 2011 e 2013. Ainda em 2011,
um ataque suicida praticado por um dos membros desse grupo na área de
desembarque do aeroporto Domodedovo, em Moscou, causou a morte de 37 pessoas,
deixando outras 168 feridas. Todos esses episódios servem para demonstrar o
quanto a luta da Rússia contra o terrorismo é histórica e, infelizmente, muitas
vezes ignoradas pelo Ocidente.
No contexto da guerra
contra terrorismo na Síria, aliás, a Rússia foi a principal potência a combater
as formações do Daesh, que se autodenominava "Estado Islâmico", no
Oriente Médio, grupo que ameaçava ganhar predominância regional em meio ao contexto
de profunda instabilidade política provocada pela intervenção ocidental nos
países árabes. Como uma espécie de retaliação às ações russas no auxílio à
Síria e à Bashar al-Assad, o Daesh reclamou a autoria da explosão em outubro de
2015 na região do Sinai de um voo comercial de passageiros operado pela
companhia russa Metrojet, que voava do aeroporto internacional Sharm el-Sheikh,
no Egito, causando a morte de todos os tripulantes. O incidente, no entanto,
não impediu que a Rússia comprimisse sua missão de praticamente eliminar as
forças do Daesh na Síria, mantendo assim a integridade territorial do país
árabe.
Em suma, seja no
aspecto doméstico, regional ou internacional, a Rússia tem lutado contra o
terrorismo no decorrer de décadas. Mesmo sendo vítima de sucessivos ataques ao
longo desse tempo, a força do povo russo e a resiliência de seu governo nunca
foram abaladas por essas ações covardes. Pelo contrário, mais do que proteger
os seus próprios cidadãos de futuros atentados, Moscou continuará a empreender
esforços para vencer — de uma vez por todas — o terrorismo internacional, onde
quer que ele se manifeste. Enquanto isso, a Rússia não renunciará a outras
lutas igualmente importantes, como a defesa de sua soberania política, a
integridade territorial e o afastamento da interferência externa em seus
assuntos domésticos. Por fim, há determinados aspectos que ainda não estão
muito claros quanto aos responsáveis pelo ataque ao Crocus City Hall na última
sexta. Mas o que está claro desde já é que a Rússia não será abalada por essa
tragédia. Afinal, diante das dificuldades e da dor, os russos geralmente
terminam ainda mais unidos, solidários e fortes.
Ø
Como notório terrorista do Daesh conseguiu
viver tranquilamente na Ucrânia durante meses?
Embora Kiev rejeite
publicamente as acusações de ser "hospitaleiro" ao terrorismo internacional,
até os jornalistas ucranianos admitem que as autoridades do país
"estranhamente" fazem vista grossa à questão.
O membro do alto
escalão do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros
países), Caesar Tokhosashvili, também conhecido como al-Bara al-Shishani, viveu
"discretamente" com sua esposa e três filhos na cidade ucraniana de
Belaya Tserkov por mais de um ano antes de ser rastreado e detido pela Agência
Central de Inteligência (CIA) em 2019, revelaram relatórios.
A notícia mina a
posição oficial da Ucrânia de oposição ao terrorismo e indica que o país
continua sendo um porto seguro para esses agentes.
A operação da CIA para
capturar Tokhosashvili — que é de origem georgiana — foi conduzida em
colaboração com o Ministério do Interior da Geórgia e o Serviço de Segurança da
Ucrânia (SBU, na sigla em ucraniano). Até a mídia ocidental se perguntou na
época: "Por que escolheram não o prender antes?"
·
O que se sabe sobre o notório terrorista do
Daesh?
# Em agosto de 2017,
acreditou-se que Tokhosashvili e a sua família tinham sido mortos em um ataque
aéreo na província síria de Deir ez-Zor. No entanto, mais tarde descobriu-se
que a sua morte foi encenada para desviar a atenção da sua mudança para a Ucrânia;
# É importante notar
que Tokhosashvili foi para Belaya Tserkov com um passaporte genuíno, de modo
que a SBU estava ciente de sua afiliação ao Daesh;
# O SBU admitiu que,
quando esteve na Ucrânia, Tokhosashvili continuou a recrutar radicais para as
fileiras do Serviço de Segurança do Daesh;
# É importante
ressaltar que o SBU ocultou cuidadosamente o fato de a CIA ter detido
al-Shishani para evitar a propagação de informações sobre o papel do SBU no
fornecimento de refúgio seguro aos terroristas do Daesh em território
ucraniano;
# Tokhosashvili está
atualmente cumprindo pena na Geórgia sob a acusação de terrorismo.
A sua prisão há cinco
anos ganhou as manchetes globais, com o The Independent citando Philip Ingram,
um antigo oficial de inteligência britânico, admitindo que o governo
"frouxo" de Kiev tinha criado "uma vulnerabilidade óbvia ao
terrorismo internacional", algo que, segundo ele, "Kiev não parece
totalmente interessada em abordar".
O ex-oficial foi
ecoado por Vera Mironova, especialista em jihad e pesquisadora visitante da
Universidade de Harvard, que disse ao The Independent que "centenas"
de ex-militantes do Daesh haviam "fugido para a Ucrânia".
"Quando estes
terroristas chegam à Ucrânia, raramente encontram problemas com as
autoridades", segundo Mironova.
Um tom semelhante foi
adotado pela jornalista Katerina Sergatskova, radicada em Kiev, que sublinhou
que as autoridades ucranianas permanecem "estranhamente relaxadas em
relação ao assunto".
"Sempre que
escrevi sobre o assunto, funcionários do governo me acusaram de inventar o
problema. Mas a prisão de um dos principais comandantes do Daesh aqui em Kiev,
mesmo debaixo dos nossos narizes, sugeriria certamente que muitos dos homens
mais perigosos do mundo pensam na Ucrânia como uma casa segura. A corrupção em
todos os órgãos do Estado — polícia, tribunais e procuradores — abre portas ao
abuso", destacou.
O SBU rejeitou
repetidamente as alegações de que Kiev "era de alguma forma hospitaleira
ao terrorismo internacional". Mironova alertou que as autoridades
ucranianas teriam "um grande problema nas mãos" se mais membros do
Daesh baseados na Ucrânia "ficassem aterrorizados com a possibilidade de
serem presos".
Ø
Kremlin sobre ataque ao Crocus: cooperação
internacional é necessária na luta contra o terrorismo
A cooperação
internacional é necessária quando se trata de luta contra o terrorismo, mas o
diálogo está atualmente suspenso devido à escalada das tensões no mundo, disse
o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta segunda-feira (25).
"A luta contra o
terrorismo é um processo constante que exige cooperação internacional em grande
escala, mas você vê que agora, devido ao período de confronto muito tenso, essa
cooperação não está sendo realizada na íntegra, não está sendo realizada de
forma alguma", disse o porta-voz aos repórteres.
Um tiroteio ocorreu na
noite de sexta-feira (22) na sala de concertos Crocus City Hall, na cidade de
Krasnogorsk, nos arredores de Moscou, seguido por um grande incêndio. Um
correspondente da Sputnik que testemunhou o ataque relatou que pelo menos três
homens camuflados invadiram a sala de shows, atirando nas pessoas à
queima-roupa e jogando bombas incendiárias. As autoridades russas afirmaram que
pelo menos 137 pessoas morreram em decorrência direta do ataque.
·
Sem ajuda de outros países
Os serviços especiais
da Rússia estão trabalhando de forma independente no ataque terrorista em
Crocus City Hall, e não se fala de qualquer ajuda de outros países, disse o
porta-voz do Kremlin.
"Nossos serviços
[especiais] trabalham de forma independente, não se fala de qualquer ajuda aqui
agora", disse Peskov aos repórteres quando questionado sobre detenções de
países ocidentais.
·
Putin vai presidir reunião sobre segurança
e combate ao terrorismo
O presidente russo,
Vladimir Putin, presidirá uma reunião para discutir as medidas tomadas após o
ataque terrorista mortal na sala de concertos perto de Moscou, disse o
porta-voz do Kremlin.
"À noite [de
segunda-feira], o presidente pretende realizar uma reunião para discutir as
medidas tomadas após o ataque terrorista. A reunião contará com a presença dos
chefes do departamento de segurança, do departamento social e dos chefes de
duas regiões – Moscou e região de Moscou. Esperamos que [a reunião] tenha
início. Repito mais uma vez, será em algum momento mais próximo da noite",
disse Peskov aos repórteres.
Putin continua a
receber relatórios de todos os serviços sobre o ataque terrorista, acrescentou
o responsável.
·
Kremlin não está discutindo pena de morte
O Kremlin não está
participando de discussão sobre a abolição da moratória à pena de morte na
Rússia neste momento, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta
segunda-feira.
"Atualmente não
estamos participando desta discussão", disse Peskov.
Ø
Cada vez mais ucranianos duvidam da vitória
de Kiev no conflito, diz mídia norte-americana
O Politico fala de um
ceticismo cada vez maior entre a população ucraniana, com o anterior
"fervor patriótico" desaparecendo em meio à realidade do conflito
armado.
Cada vez mais pessoas
na Ucrânia estão começando a duvidar da capacidade de Kiev de vencer o conflito
com a Rússia, disse nesta segunda-feira (25) o jornal norte-americano Politico.
De acordo com a mídia,
o "fervor patriótico" na Ucrânia está enfraquecendo ante uma
realidade de crescentes baixas militares e ânimos pessimistas sobre o futuro do
conflito.
Cada vez mais pessoas
estão "questionando se a Ucrânia será capaz de derrotar as forças de
Moscou", escreve o Politico.
Dados de uma pesquisa
realizada pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev em fevereiro de
2024 mostram que mais de 70% dos ucranianos acreditam que é necessário buscar
uma maneira diplomática de resolver o conflito no país, o que é um número superior
aos que defendiam esta opção em maio de 2022.
Moscou tem indicado
repetidamente que está pronta para negociações, mas que a Ucrânia proibiu tal
opção a nível legislativo, e que o Ocidente ignora as constantes recusas de
Kiev de dialogar. O Kremlin declarou anteriormente que não coloca pré-condições
para uma solução de paz na Ucrânia, mas que agora a prioridade absoluta da
Rússia é atingir os objetivos da operação especial, e atualmente isso só é
possível por meios militares.
Fonte: Sputnik Brasil
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