Na Argentina, as lutas crescem em escolas,
hospitais, metalúrgicos e aeroportos
Em 100 dias, Milei e
os patrões tomaram muitas "medidas de força" contra os trabalhadores
argentinos. Destruição de salários, despejos, fome, repressão. As centrais CGT
e as CTAs fizeram uma greve nacional e algumas medidas isoladas, mas empurradas
de baixo para cima e pela arrogância dos patrões. Alguma coisa começa a se
movimentar. Os conflitos nos locais de trabalho aumentaram 71% em relação ao
mês anterior, diz estudo. Como parar Milei e os donos da Argentina?
"A CGT [principal
central sindical da Argentina] está avaliando uma nova greve, mas uma greve que
não impeça as negociações com os deputados que votariam contra o DNU, porque
eles já disseram que se houver uma greve, as negociações serão interrompidas.
Portanto, não haverá greve enquanto o assunto não for tratado na Câmara dos
Deputados."
Essas foram as
palavras de Abel Furlán, secretário geral da UOM e dirigente da central
sindical CGT, a um delegado de base que propôs que o congresso dos siderúrgicos
pedisse à CGT que convocasse uma nova greve geral.
Furlán nem sequer se
deixa convencer pelo ataque dos “patrões do aço” que estão congelando os
salários dos trabalhadores. Prevê continuar com medidas isoladas, por ramo e
separadas dos restantes sindicatos que também sofrem ataques.
Mas não existe nenhuma
“negociação” pela burocracia da CGT que possa encobrir a raiva que continua a
fermentar em muitas escolas, empresas, agências estatais e bairros. Façamos um
rápido tour pelos últimos dias na Argentina:
Na mesma empresa
Tenaris Siderca, de onde “saiu” Furlán, mil metalúrgicos (efetivos, contratados
e terceirizados) lideraram uma marcha massiva que perdurou por mais de 72
horas. “Paolo, não iremos repetir / pague o aumento / que o quilombo vai se
armar” gritavam os operários.
É a raiva que
atravessa centenas de empresas metalúrgicas em todo o país. Eles têm um salário
básico de 400 mil pesos (cerca de 2.300 reais) que está congelado. Na Terra do
Fogo, já suspenderam milhares de pessoas. Em Acindar fecharam por um mês. Os
patrões querem guerra.
Um dos conflitos mais
duros começou em Río Negro. Os governadores (peronista e radicais) “brigam” com
Milei para ver como repartir o ajuste, mas coincidem em quem descarregá-lo. Na
terça-feira (19), começou uma greve de 72 horas por aumento salarial no setor
da Saúde. Uma das coisas mais interessantes é a força que contagiam os setores
auto-organizados das assembleias, acampamentos e manifestações nas portas dos
hospitais.
Nesse mesmo dia,
começou em Neuquén o primeiro dia de uma greve de 72 horas convocada pelas
professoras. 95% de adesão e mobilização massiva. O núcleo da Capital, liderado
pela esquerda, exige "uma greve provincial de todos os sindicatos até que
caia o decreto de atualização salarial". Em Tucumán há um processo de
mobilizações "auto-organizadas", através de redes e nas escolas.
Muitos votaram em Jaldo e Milei, mas já se "esquentaram". Protestaram
em frente à Casa do Governo e, depois, no sindicato (ATEP), que assinou um
acordo salarial de 12,6% até maio, enquanto os salários estão defasados mais de
150% desde 2023.
As escolas também
estão se mobilizando em Santa Fé. Vêm de uma série de greves com adesão
integral em todas as escolas públicas da província. Córdoba, com o núcleo
Capital recuperado pela esquerda, tem sido a protagonista das jornadas de luta
desde o início de março. La Marrón e outras agrupações estão pedindo ao CTERA
uma greve nacional, embora a burocracia ainda siga em modo "recreio".
Paremos por um momento
para abrir o foco. De acordo com o Observatório do Trabalho e dos Direitos
Humanos da UBA, “em fevereiro, o conflitos trabalhistas e sociais quase
duplicaram em relação ao mês anterior. Foram 71% mais elevados do que em
janeiro". O estudo identificou 130 conflitos trabalhistas (e sociais) de
diferentes tipos.
Vamos seguir com os
acontecimentos. Em Mendoza assistimos a dois conflitos difíceis. Os
trabalhadores municipais denunciam que um funcionário com 30 anos de trabalho
ganha 180 mil pesos (cerca de mil reais). O governador Cornejo enviou a Polícia
de Mendoza para reprimir, disparando balas de borracha e gás lacrimogêneo
contra os trabalhadores municipais de Godoy Cruz que realizavam uma
manifestação. Mas eles não desistiram e vão vencer. Uma medida mais contundente
é a dos petroleiros que gerem as grandes refinarias da província. Na madrugada
desta quarta-feira (20) começou uma forte greve. Denunciam o sucateamento e a
devastação de Javier Milei e do governador Cornejo, que querem vender os campos
da YPF para empresas privadas. Protestam contra as suspensões, demissões e
maior precarização.
O ataque às empresas
petroleiras argentinas vai mais longe. Os caminhoneiros denunciaram que a YPF
planeja suspender e depois demitir 2.000 trabalhadores. Avisaram que, se este
plano não for revertido, realizarão ações em Neuquén e nas refinarias de todo o
país.
A semana passada
começou agitada na região metropolitana de Buenos Aires. Desde as 7h da
segunda-feira, a Avenida Costanera foi cortada por trabalhadores aeronáuticos
demitidos da GPS, a principal empresa terceirizada da Aerolíneas Argentinas.
Eles foram acompanhados por assembleias de bairro, organizações estudantis,
sociais e políticas. A luta pela reintegração é a primeira batalha para impedir
o esvaziamento e a privatização da companhia aérea estatal. O governo Milei
lançou 8.000 demissões voluntárias na Aerolíneas e congelou os salários. Já
houve uma greve que cancelou 340 voos e, para a semana da Páscoa, os pilotos
anunciaram outra. É aí que se verá quem move um país.
Nesse mesmo dia, uma
jornada nacional de ação unificada contra a fome percorreu todo o país vizinho.
"Querem nos matar de fome", disseram os cozinheiros ao La Izquierda
Diario, portal da rede do Esquerda Diário na Argentina. "E não vamos permitir.
Vamos seguir nas ruas". Nesse dia, a operação repressiva de Bullrich
lançou gás, balas de borracha e voltou a prender manifestantes.
Um dos setores que
pode se tornar um barril de pólvora são as agências estatais, não só nacionais
mas também nas administrações locais, onde muitos governadores e intendentes
também têm seus “projetos motosserras”. As greves dos professores universitários,
no Conicet e algumas medidas da ATE (quase sempre mornas) também se refletem
“de baixo”, com assembleias e preparativos para enfrentar milhares de
demissões. Terça-feira, 26, parece ser o primeiro "Dia D".
Muitos destes
conflitos não aparecem em nenhum lugar na mídia, exceto para “demonizar” quem
protesta. E quem faz funcionar os meios de comunicação também é atacado: a rede
pública de TV Télam está fechada devido aos ataques do presidente, mas em seus
dois prédios existem acampamentos que recebem solidariedade todos os dias. “A
Télam não fecha. Eles não vão nos silenciar”, dizem os cartazes. Outro ataque
brutal foi sofrido pelos trabalhadores da América TV. Primeiro foram suspensos
porque os milionários Vila e Belocopitt não gostam de greves. Depois, demitiram
30. Na quarta (20) houve uma assembleia na porta do local. O SiPreBA e a
FATPREN também realizam greves e outras medidas contra o congelamento salarial
(na verdade, querem lhes entregar um vale de supermercado como era na época de
Menem).
• Qual o caminho na Argentina?
Poderíamos continuar
cobrindo os conflitos. Há ações na justiça, nas minas de carvão do Rio Turbio,
em vários gabinetes do Estado, entre os pescadores e a indústria alimentícia em
Chubut, nos yerbales de Misiones, bem como conflitos "isolados" em
diferentes sindicatos. E, sobretudo, o surgimento de assembleias de bairro,
especialmente na área metropolitana, que é um espaço incipiente de
auto-organização dos trabalhadores, dos jovens e do povo castigado pela crise.
Tiveram o seu "batismo de fogo" nas jornadas contra a lei Omnibus, o
que não é pouco.
É preciso levantar
algumas reflexões:
A primeira é que,
diante dos planos “motoserra” e a “liquidificadora” de Milei, crescem as lutas
setoriais, empurradas de baixo para cima ou por ataques que levam as direções a
sair à rua.
Em segundo lugar,
longe de unificar estes conflitos, as direções da CGT e da CTA continuam
“combatendo” separadamente. Uma atitude criminosa. Essa trégua, não se sabe por
quanto tempo, é um grande favor para Milei, os governadores e os empresários.
Imagine quanto tempo duraria o ajuste fiscal com uma paralisação ativa, com
piquetes e mobilizações até arrancar uma greve geral? Os ataques de Milei
cairiam.
A terceira é que há
outra alternativa. A partir do PTS e da Frente de Esquerda na Argentina, nós da
Fração Trotskista propomos coordenar unitariamente todos os setores que começam
a resistir. Além disso, também atuamos para que se organizem a partir de baixo,
de forma democrática e militante, em espaços onde os trabalhadores possam se
reunir com aqueles que estão sofrendo o ajuste fiscal em seus bairros, escolas,
movimentos. É por isso que, ao mesmo tempo que apoiamos todas as lutas,
propomos a convocação de um grande Encontro Nacional de organizações sindicais
e de piqueteiros, militantes, assembleias de bairro, organizações culturais,
feministas, estudantis e ambientais, com a participação da esquerda. Um
encontro que possa ser preparado, com mandatos de base, que reúna milhares de
delegados, delegadas e lutadores de todos estes setores em luta na Argentina e
que levante a exigência de uma greve geral ativa até à queda do plano de Milei.
Esse é o caminho a seguir.
Argentina: 2 milhões saíram às ruas
contra Milei e a ditadura militar. Por Bruno Falci
A manifestação ocorre
todos os anos em todo o país. Em Buenos Aires aconteceu na Plaza de Mayo, em
frente à Casa Rosada, sede do governo, foi enorme, e uma das maiores dos 40
anos de democracia. No momento em que um governo negacionista e admirador dos crimes
cometidos pelos militares argentinos se encontra no poder.
No quadro da chegada à
Casa Rosada de um governo negacionista, organizações de direitos humanos, a CGT
e os dois centros da CTA, movimentos sociais, grupos políticos e estudantes
mobilizaram-se em praças de todo o país para comemorar o Dia da Memória, da
Verdade e da Justiça. O epicentro foi na Plaza de Mayo. 48 anos depois do golpe
de Estado, foi uma das maiores marchas dos 40 anos que se passaram desde a
restauração da democracia.
O objetivo desta
comemoração é construir coletivamente um dia de reflexão e análise crítica da
história recente. Nas escolas, propõe-se como um dia para que as crianças e os
jovens, em conjunto com os gestores, os professores e todos os membros da
comunidade educativa e local, compreendam a dimensão das graves consequências
económicas, sociais e políticas da última ditadura militar e sejam ativamente
empenhadas em defender a vigência dos direitos e garantias estabelecidos pela
Constituição Nacional e pelo regime político democrático.
Logo cedo, pela manhã,
uma grande marcha saiu da ESMA (Escola Superior de Mecânica da Armada),
patrimônio mundial da humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura) e marcharam por quilômetros até o
centro da capital onde uma multidão de mais de 1 milhão de pessoas estavam
protestando contra o governo negacionista histórico.
Em 24 de março de
1976, os comandantes das três armas, Jorge Rafael Videla, Emilio Massera e
Orlando Agosti (Junta Militar), através de um golpe de estado cívico-militar
derrubaram o governo constitucional de María Estela Martínez de Perón, que
assumiu a presidência após a morte do General Juan Domingo Perón, em 1º de
julho de 1974.
Este golpe de Estado
deu início a mais atroz ditadura que devastou o país durante mais de sete anos
e que resultou na perseguição e desaparecimento de 30.000 pessoas, entre eles,
mais de 600 Trabalhadores da Educação.
A Junta Militar
realizou uma ação repressiva que coordenou ações com as demais ditaduras que
interromperam os processos democráticos nos países sul-americanos através do
Plano Condor. Além disso, contou com o apoio dos principais meios de
comunicação privados, de grupos influentes do poder civil e económico, do
Governo dos Estados Unidos e da passividade da comunidade internacional.
Socialmente, caracterizou-se pelo aumento da pobreza, que atingiu um terço da
população, quando nas décadas anteriores não ultrapassava os 10%.
Há mobilizações
massivas em todo o país contra a posição do governo de extrema direita de
Javier Milei sobre a ditadura civil-militar. A concentração em Buenos Aires, na
Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada, sede do governo uma das maiores dos 40
anos de democracia. Organizações de direitos humanos divulgaram um documento.
A porta voz das avós
da Plaza de Mayo, Estela de Carlotto, foi a primeira a discursar e mostrou-se
“muito entusiasmada” com o número de pessoas que aderiram à mobilização.
Ela esclareceu que o
projeto do Governo de alteração da Lei de Segurança Interna – incluindo as
tarefas policiais das Forças Armadas – “é contrário aos direitos humanos de
todos”.
“Uma coisa é estar com
governos que nos valorizam, que nos amam, que nos entendem e nos respeitam, e
outra agora com um governo um pouco estranho que veremos como acaba. A
mobilidade dos jovens é incrível, a vontade das pessoas de colaborar, de se
expressar, de sentir o momento que vivemos tão difícil e preocupante”, disse em
diálogo com o canal C5N.
“Continuamos
procurando nossos netos não importa quem caia. Porque quem roubou e deixou
passar um crime é criminoso. Não somos inimigos de ninguém, simplesmente quem
não entende o povo não tem condições de governar, por isso estamos um pouco
preocupados com o nosso país”, acrescentou a presidente das Abuelas.
O ganhador do Prêmio
Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, foi o segundo orador do evento central na
Plaza de Mayo. “Rejeitamos o negacionismo e a apologia do terrorismo de
Estado”, exclamou.
No final do seu
discurso, garantiu que “a dívida é com o povo e não com o FMI. Pátria sim,
colónia não”, e pediu para investigar o empréstimo multimilionário contraído
por Mauricio Macri durante a sua gestão presidencial.
El nobel de la Paz” destaco: “Ese dinero nunca llegó al pueblo. Volvemos a
denunciar la fuga de capitales del país. La deuda es con el pueblo y no con el
FMI. Patria sí, colonia no”,
Por fim, também
abordou a questão das Malvinas e observou que “o desprezo deste governo pela
soberania é sistemático”. “As Malvinas são argentinas! Continuaremos a exigir o
direito do povo à integração nacional, defendendo a nossa soberania contra a
ocupação britânica e a base militar da OTAN”, concluiu.
“Vemos com preocupação
o retorno de figuras representativas do mundo militar à vida política e aos
cargos de gestão”, exclamou Pérez Esquivel no palco central montado na Plaza de
Mayo. “Especialmente grave é que a liderança política das Forças Armadas é exercida
hoje, em posições-chave, por militares reformados. Este avanço militar merece
maior conhecimento e atenção pública”, adicionou.
Taty Almeida,
integrante da Linha Fundadora Mães da Praça de Maio, foi a terceira a falar:
“Temos 30 mil motivos para defender o Pátria!”
Neste contexto, pediu
que “defendamos os direitos humanos, a construção democrática e a Constituição
Nacional”, e garantiu que “Milei pede poderes absolutos para destruir o país e
obrigar os governadores a assinarem a aprovação da Lei Omnibus antes do Pacto
em Córdoba em 25 de maio”. “É uma extorsão e uma traição ao país. O governo
quer arrastar o país para uma ditadura de mercado”, frisou.
Apelou ainda à defesa da educação e da saúde
pública e “denunciamos o seu esvaziamento, bem como de todas as organizações
científicas e culturais”.
“Reafirmamos o nosso
compromisso com os direitos humanos que nos afetam diariamente: alimentação,
saúde, educação, habitação, cultura e trabalho. valores fundamentais dos
direitos humanos, da solidariedade e da proteção coletiva”, disse Almeida.
“Continuaremos
cuidando da democracia na Argentina e em toda a Pátria Grande, sempre, porque
quando o fazemos estamos prestando homenagem à memória daqueles que lutaram por
uma Pátria livre, justa e solidária; porque quando o fazemos exigimos que sejam
eliminadas as práticas do discurso de ódio e do negacionismo”, continuou.
E encerrou: “Queremos
um povo feliz e para isso tem que haver pão, paz, trabalho e liberdade”.
Almeida lançou também
fortes críticas à violência política que aumentou desde a chegada de Javier
Milei ao poder, apoiada no discurso de ódio, e apelou à libertação dos presos
políticos, incluindo Milagro Sala.
“Este governo
implementou um protocolo repressivo que visa impedir o exercício do legítimo
direito ao protesto social. Tal como fizeram no governo de Mauricio Macri e
Patricia Bullrich, a perseguição e difamação de opositores políticos e sociais
volta a ser uma prática diária. ”, afirmou o representante dsa Madres de Plaza
de Mayo.
E acrescentou: “As
dezenas de pessoas detidas em todo o país são uma expressão de intimidação como
política de Estado. Repudiamos a perseguição em Jujuy à população que luta
pelos seus direitos e em particular a que foi desencadeada contra Roque
Villegas, Lucía González e Nahuel Morandini e exigimos sua demissão imediata.”
“Este governo
implementou um protocolo repressivo que visa impedir o exercício do legítimo
direito ao protesto social. Tal como fizeram no governo de Mauricio Macri e
Patricia Bullrich, a perseguição e difamação de opositores políticos e sociais
volta a ser uma prática diária. ”, afirmou o representante da Madre de Plaza de
Mayo.
E acrescentou: “As
dezenas de pessoas detidas em todo o país são uma expressão de intimidação como
política de Estado. Repudiamos a perseguição em Jujuy à população que luta
pelos seus direitos e em particular a que foi desencadeada contra Roque
Villegas, Lucía González e Nahuel Morandini e exigimos sua demissão imediata.”
Ele também lembrou o
recente episódio de violência que teve como vítima um membro do Grupo
H.I.J.O.S.: “Nos solidarizamos com ela e exigimos que as autoridades
competentes investiguem e punam os responsáveis. no campo dos direitos humanos
ao longo de quarenta anos de democracia. Os mais básicos deles: a vida, a
integridade, a liberdade de expressão são ameaçadas e violadas.” “Nunca mais o
ódio, nunca mais a violência política!”, sublinhou.
Fonte: Esquerda
Diário/O Cafezinho
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