quinta-feira, 28 de março de 2024

O que faz o cérebro envelhecer mais rápido? Novo estudo indica fatores de risco

Um novo estudo, publicado nesta quarta-feira (27), mostrou quais são os fatores de risco genéticos e modificáveis que podem influenciar para o envelhecimento precoce do cérebro e, consequentemente, aumentar o risco para doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Publicado na revista científica Nature Commucations, o estudo analisou exames cerebrais de 40 mil participantes do Biobank, um banco de dados do Reino Unido, que tinham mais de 45 anos. Os pesquisadores também analisaram 161 fatores de risco para a demência e classificaram o seu impacto em uma área do cérebro mais suscetível para o envelhecimento precoce.

Em seguida, classificaram esses fatores modificáveis — ou seja, que podem ser alterados ao longo da vida — em 15 categorias:

“Sabemos que uma constelação de regiões do cérebro degenera mais cedo no envelhecimento e, neste novo estudo, mostramos que essas partes específicas do cérebro são mais vulneráveis ​​ao diabetes, às doenças relacionadas à poluição atmosférica cada vez mais um fator importante para a demência e o álcool, de todos os fatores de risco comuns para a demência, afirma Gwenaëlle Douaud, que liderou o estudo, em comunicado à imprensa.

De acordo com a pesquisadora, diversas alterações genéticas também influenciam nesta rede cerebral e estão relacionadas a mortes cardiovasculares, esquizofrenia, doenças de Alzheimer e Parkinson. Além disso, o estudo descobriu que dois antígenos de um grupo sanguíneo pouco conhecido, chamado antígeno XG, também é um fator de risco. “Essa foi uma descoberta totalmente nova e inesperada”, comentou.

Lloyd Elliott, coautor do estudo e professor da Universidade Simon Fraser, no Canadá, concorda: “Na verdade, duas das nossas sete descobertas genéticas estão localizadas nesta região específica que contém os genes do grupo sanguíneo XG, e essa região é altamente atípica porque é compartilhada pelos cromossomos sexuais X e Y. Isto é realmente bastante intrigante, pois não sabemos muito sobre estas partes do genoma; nosso trabalho mostra que há benefícios em explorar mais profundamente esta terra incógnita genética.”

Para os autores, o atual estudo esclarece alguns dos fatores de risco mais críticos para a demência e fornece novas informações que podem contribuir para a prevenção de doenças neurodegenerativas e estratégias futuras para intervenções específicas.

 

Ø  Reutilizar óleo de cozinha com frequência pode prejudicar saúde do cérebro

 

Reutilizar o óleo de cozinha para outras frituras é uma prática muito comum, tanto nas residências, quanto nos restaurantes e lanchonetes. No entanto, um novo estudo feito em ratos mostrou que esse hábito pode ser prejudicial para a saúde do cérebro, principalmente quando feito frequentemente.

A descoberta foi apresentada no Discover BMB 2024, encontro anual da American Society of Biochemistry and Molecular Biology, na segunda-feira (25), e será publicada no Journal of Biological Chemistry. O estudo mostrou que ratos que foram submetidos a dietas com óleos de cozinha reaquecidos exibiram níveis significativamente mais elevados de neurodegeneração em comparação com ratos que consumiram uma dieta padrão.

A pesquisa sugere que a neurodegeneração — ou seja, degeneração das células nervosas do cérebro — pode ocorrer devido à perturbação do eixo fígado-intestino-cérebro, que desempenha um papel importante na regulação de várias funções fisiológicas e cuja desregulação tem sido associada a distúrbios neurológicos.

“A fritura a altas temperaturas tem sido associada a vários distúrbios metabólicos, mas não houve investigações a longo prazo sobre a influência do consumo de óleo frito e os seus efeitos prejudiciais para a saúde”, afirma Kathiresan Shanmugam, professor associado da Universidade Central de Tamil Nadu em Thiruvarur, na Índia, e líder da equipe de pesquisa, em comunicado à imprensa.

Segundo Shanmugam, esse é o primeiro estudo a relatar que a utilização de óleo de fritura a longo prazo pode aumentar a neurodegeneração.

·        Como o estudo foi feito e quais foram as descobertas?

Reutilizar o óleo para fazer frituras pode remover os antioxidantes naturais e benéficos presentes no ingrediente. Além disso, o óleo reutilizado pode conter componentes nocivos à saúde, como gordura trans, acrilamida, peróxidos e compostos polares.

Os pesquisadores decidiram explorar os efeitos a longo prazo do óleo de fritura reutilizado. Eles, então, dividiram os ratos utilizados no estudo em cinco grupos, cada um recebendo apenas uma ração padrão ou uma ração com 0,1 mL (mililitro) de óleo de gergelim não aquecido, óleo de girassol não aquecido, óleo de gergelim reaquecido ou óleo de girassol reaquecido por dia, durante 30 dias. Os óleos reaquecidos simularam o óleo de fritura reutilizado.

Os ratos que consumiram óleo de gergelim ou de girassol reaquecidos apresentaram um aumento do estresse oxidativo e inflamação no fígado, em comparação com os outros grupos de roedores. Esses ratos também apresentaram danos significativos no cólon, que provocaram alterações nas endotoxinas e lipopolissacarídeos — toxinas liberadas por bactérias.

“Como resultado, o metabolismo lipídico do fígado foi significativamente alterado e o transporte do importante ácido graxo ômega-3 do cérebro, DHA, foi diminuído. Isso, por sua vez, resultou em neurodegeneração, que foi observada na histologia cerebral dos ratos que consumiram o óleo reaquecido, bem como de seus descendentes”, afirma Sugasini Dhavamani, pesquisador colaborador da Universidade de Illinois em Chicago, que apresentou o estudo no Discover BMB.

Mais estudos são necessários, mas os cientistas afirmam que a suplementação com ácidos graxos ômega-3 e nutracêuticos como a curcumina e orizanol pode ser útil para reduzir a inflamação do fígado e a neurodegeneração. Além disso, os pesquisadores ressaltam que são necessários estudos clínicos em humanos para avaliar os efeitos nocivos da ingestão de alimentos fritos, principalmente os que feitos com óleo reutilizado.

Como próximo passo, os pesquisadores pretendem estudar os efeitos do óleo de fritura em doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, bem como na ansiedadedepressão e neuroinflamação. Eles também gostariam de explorar mais a fundo a relação entre a microbiota intestinal e o cérebro para identificar novas formas de prevenir ou tratar a neurodegeneração e a neuroinflamação.

 

Ø  Alzheimer pode ser causado pelo acúmulo de gordura nas células do cérebro

 

As causas exatas do Alzheimer ainda estão sendo investigadas e discutidas pelos cientistas. As principais hipóteses incluem o acúmulo das proteínas beta-amiloides e de emaranhados de tau nas células do cérebro. No entanto, um novo estudo reforça uma outra possível causa: o acúmulo de gordura nas células cerebrais.

A presença dessas placas gordurosas no cérebro de pessoas que morreram de Alzheimer é algo conhecido desde a primeira vez que Alois Alzheimer deu nome à doença, no início do século XX. No entanto, ainda são poucos os estudos sobre essa possível causa.

Agora, uma pesquisa publicada na Nature Medicine, na quarta-feira (13), sugere que a doença pode ser causada pelo acúmulo de gotículas de gordura nas células do cérebro. A descoberta pode ajudar a desenvolver tratamentos mais eficazes para o Alzheimer.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Stanford University analisaram um gene chamado APOE, que codifica uma proteína que ajuda a transportar gordura para dentro e para fora das células. Existem diferentes variantes desse gene e o APOE4 traz o maior risco para o desenvolvimento de Alzheimer — apesar de o motivo para isso ainda não estar definido.

Os cientistas realizaram, então, uma técnica de sequenciamento de RNA unicelular para identificar quais proteínas estavam sendo produzidas em células. Esse experimento foi feito em amostras de tecidos cerebrais de pessoas que morreram devido ao Alzheimer e que apresentavam genes APOE4 ou genes APOE3.

Com isso, os pesquisadores descobriram que pessoas que possuíam a variante do gene APOE4 apresentavam células cerebrais com níveis elevados de uma determinada enzima que aumentava as gotículas de gordura nessas células.

Além disso, a equipe de cientistas aplicou proteína beta-amiloide nas células de pessoas vivas com a variante APOE4 ou APOE3. Isso fez com que as células cerebrais acumulassem gordura, principalmente no caso da variante APOE4.

A conclusão dos pesquisadores é que, no Alzheimer, o acúmulo de amiloide desencadeia o acúmulo de gordura, podendo levar, também, ao acúmulo de tau nos neurônios. Tudo isso leva à morte de neurônios, causando aos sintomas de Alzheimer, como perda de memória e confusão mental.

Mais estudos são necessários para reforçar a tese descoberta pelo atual estudo.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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