Golpe ou revolução: como guerra de versões
persiste 60 anos depois de tomada de poder pelos militares?
"O que houve e
continuará a haver neste momento, não só no espírito e no comportamento das
classes armadas, como na opinião pública nacional, é uma autêntica
revolução".
Esta frase faz parte
do primeiro parágrafo do Ato Institucional nº 1, o primeiro de uma série de
medidas impostas pela ditadura militar que se seguiu ao dia 31 de março de
1964. Militares e seus apoiadores, entre eles muitos civis, sustentavam que a
deposição do então presidente João Goulart havia sido, portanto, uma
"revolução" e não um mero golpe de Estado.
Para um outro grupo
significativo de pessoas, entre eles acadêmicos brasileiros e estrangeiros,
políticos e diversos setores da sociedade civil, parece não haver dúvida: o que
houve em 1964 foi um golpe de Estado.
O regime militar
começou após a deposição de um presidente eleito democraticamente e resultou na
implantação de uma ditadura militar responsável por violações de direitos
humanos como a tortura, morte e desaparecimento de dissidentes.
A Comissão Nacional da
Verdade (CNV) apurou violações cometidas durante a ditadura militar e
reconheceu a morte ou desaparecimento de 434 pessoas durante o período que foi
de 1964 a 1985, quando a democracia foi restabelecida no país.
Passados 60 anos,
porém, o debate em torno do termo a ser usado para designar o que aconteceu no
dia 31 de março parece estar tão vivo quanto no ano de 1964.
A BBC News Brasil
ouviu historiadores, linguistas e sociólogos sobre os critérios técnicos que
definem o que é um golpe ou uma revolução e os motivos pelos quais, seis
décadas depois, esse guerra de narrativas continua a mobilizar parte da opinião
pública no Brasil.
Eles afirmam que a
disputa sobre o termo a ser usado para designar o que aconteceu em 1964 é uma
batalha pela "memória" do país que ganhou nova força em meio ao
aumento da polarização política e que não há sinalização de que a polêmica vá
arrefecer nos próximos anos.
Também apontam que a
permanência desse debate é resultado do fato de que o Brasil não julgou ou
puniu integrantes do regime militar que cometeram crimes, ao contrário de
países como a Argentina e o Chile, o que poderia levar a uma posição mais
uniforme da sociedade brasileira sobre o episódio.
• Putsch, golpe e revoluções
O professor emérito de
Sociologia na Universidade de Cambridge, David Lane, se dedica, entre outros
assuntos, a estudar e classificar momentos de mudança política, como a que
ocorreu em 1964 no Brasil.
Ele desenvolveu uma
classificação com três principais formas de mudança política: putsch político;
golpe de Estado; e revolução. Antes de explicar os termos, ele faz uma
ressalva.
"Todos esses
acontecimentos são ilegais de alguma forma, uma vez que eles não são legítimos
de acordo com os termos e as normas da sociedade", disse o professor à BBC
News Brasil.
"Um putsch
significa simplesmente que um grupo de pessoas substitui outro grupo de forma
ilegal. Ele não tem ou tem poucas formas de participação popular e as intenções
do novo grupo são, simplesmente, mudar o governo que eles podem avaliar como
ineficiente ou corrupto", disse.
"A tentativa dos
líderes comunistas estabelecidos, nos últimos dias da União Soviética, de
derrubar o então líder Mikhail Gorbachev e as suas reformas é um exemplo de
putsch. Embora o putsch tentativa tenha falhado, ele acabou levando a um golpe
de estado eficaz, liderado por Boris Yeltsin, que, com outros líderes
regionais, desmembrou efetivamente a União Soviética", explicou Lane.
O professor também
explicou sua definição de golpe de Estado.
"Um golpe de
Estado envolve um grupo de elite ou contra-elite que quer renovar uma forma de
governo. O golpe quer trazer novos atores para a elite política, quer mudar
alguns dos parâmetros de governo [...], os golpes têm um apoio popular
relativamente pequeno", explicou Lane.
Finalmente, o
professor classificou o que é uma revolução.
"Uma revolução
acontece dentro do sistema político, mas tem um alto nível de participação
popular. Em outras palavras, grupos da população estão, em geral, em favor das
ações revolucionárias [...] E o objetivo de uma revolução não é apenas mudar o
governo, mas mudar a natureza da sociedade", detalhou o professor.
Lane explicou ainda
que as revoluções podem ser de dois tipos. A primeira é a revolução política,
que leva a mudanças apenas no sistema político. Um exemplo citado por ele foi a
chamada Revolução Americana, quando os Estados Unidos entraram em guerra com o
Reino Unido por sua independência e implantaram o regime republicano no país.
O segundo tipo de
revolução, explica o professor, é a revolução social. Neste tipo, ele explica,
não apenas o sistema político é trocado, mas aspectos mais profundos do
funcionamento da sociedade em que ela ocorre. A Revolução Russa foi um caso
assim, segundo Lane, porque não apenas pôs um fim à monarquia que governava o
país, mas implantou um modelo de sociedade totalmente novo: o socialismo.
Lane explicou à BBC
News Brasil que este debate é complexo porque, muitas vezes, esses três tipos
de mudança podem acontecer de forma alternada, ou seja: é possível que um
putsch leve a um golpe e que um golpe possa levar a algum tipo de revolução.
• E quanto ao Brasil?
Lane disse que não é
especialista no cenário político brasileiro, mas com base em sua classificação,
ele diz que o que houve no Brasil em 1964 pode ser enquadrado como um golpe de
Estado que pode ter levado a uma revolução política.
"Na minha
avaliação, vocês tiveram um sistema no qual houve um golpe de Estado de algum
tipo e, talvez, isso se moveu para uma revolução política", afirmou o
professor.
Lane explica que, em
sua avaliação, o que aconteceu no Brasil "certamente" não foi uma
revolução social, aquela que, segundo ele, traz mudanças profundas na sociedade
e tem amplo apoio da população.
"Certamente não
foi uma revolução social porque a natureza da propriedade [privada] e os
vínculos do Brasil com a ordem política mundial mudaram apenas marginalmente.
Eles não mudaram significativamente", disse o professor.
• A disputa dos significados
Os historiadores e
linguistas ouvidos pela BBC News Brasil apontaram para os motivos pelos quais o
debate sobre se o que houve em 31 de março foi um golpe ou revolução permanece
vivo.
O doutor em
Linguística e professor da Universidade do Estado e Minas Gerais (UEMG) Samuel
Ponsoni é co-autor de um artigo, junto com Tamires Bonani, sobre as narrativas
propagadas em torno do 31 de março de 1964.
Ele argumenta que as
pessoas formam seus discursos com base em suas vivências acumuladas e em suas
visões de mundo. Dessa forma, elas tendem a interpretar o mundo a partir dessas
"lentes".
Ponsoni explica que a
persistência do debate sobre se foi golpe ou revolução se deve à carga
semântica (significado) que os dois termos carregam.
De acordo com o
Dicionário Michaelis, revolução é o "movimento de revolta, súbito ou
generalizado, de caráter político e social, por meio do qual um número
significativo de pessoas procura conquistar, pela força, o governo de um país,
a fim de dar-lhe nova orientação".
Já um golpe de Estado,
por outro lado, é "o ato de se apoderar, pela força, do governo
estabelecido para implantar um novo sistema governamental, sem aprovação do
povo".
Para Ponsoni, quem
escolhe o termo golpe tem uma opinião negativa sobre o que aconteceu.
"Ao fazer essa
escolha, eu me posiciono sobre uma certa perspectiva político-ideológica no
mundo. Se eu identifico isto como um golpe, então (eu interpreto) que os
golpistas não respeitam os direitos do povo e depois participaram de um
conjunto de atrocidades políticas, torturas, desaparecimentos e mortes",
disse o professor.
Do outro lado, quem
defende que o que aconteceu foi uma revolução vai sustentar uma outra visão
sobre o assunto, diz Ponsoni.
"Os que dizem que
foi uma revolução vão dizer que ela veio para mudar a ordem vigente. Que
mudaram para salvar o Brasil de João Goulart. Eles dizem: 'por que não vamos
chamar aquilo de golpe? Porque eu e meu grupo salvamos o Brasil da perdição
comunista. Então, isso só pode ter sido uma revolução'", afirmou o
professor.
"Aqueles que
fizeram 1964 se chamam de revolucionários. Já os que estavam contrários a esse
movimento chamam esse movimento de golpista", disse à BBC News Brasil a
professora e historiadora Angela Maria Castro Gomes, co-autora do livro 1964: O
golpe que derrubou um presidente, pôs fim ao regime democrático e instituiu a
Ditadura Militar no Brasil.
Ponsoni afirmou que,
apesar de o debate existir, em sua opinião o que aconteceu em 1964 foi, sim, um
golpe.
"Ele (João
Goulart) era um presidente que foi eleito legitimamente e legalmente ocupava
aquele lugar".
• O papel do apoio popular
Um dos argumentos mais
usados por quem defende a ideia de que o que houve em 1964 foi uma revolução e
não um golpe é o de que a tomada de poder pelos militares teria amplo apoio de
setores da sociedade brasileira.
"Espero em Deus
corresponder às esperanças de meus compatriotas, nesta hora tão decisiva dos
destinos do Brasil, cumprindo plenamente os elevados objetivos do Movimento
vitorioso de abril, no qual se irmanaram o Povo inteiro e as Forças Armadas",
dizia um trecho do discurso do general Costa e Silva ao agradecer pela eleição
indireta que o levou à Presidência da República, em 11 de abril de 1964.
Historiadores
reconhecem que a deposição de Jango pelos militares teve, sim, apoio de
segmentos importantes da sociedade brasileira.
Um exemplo foi o apoio
de alguns dos principais grupos de mídia e empresariais da época, além de
manifestações populares que levaram milhares de pessoas às ruas contra o
governo do então presidente, como a Marcha da Família com Deus e pela
Liberdade. Ela foi realizada em São Paulo no dia 19 de março de 1964 e
estima-se que levou entre 500 mil e 800 mil pessoas às ruas.
Para os especialistas
consultados pela BBC News Brasil, esse apoio, no entanto, não seria suficiente
para categorizar a ação dos militares como uma revolução.
"Uma pesquisa do
Ibope feita entre 20 e 30 de março de 1964 avaliou a aprovação do governo João
Goulart em São Paulo e o governo era aprovado por 42% dos paulistanos. Isso era
mais que o dobro daqueles que o rejeitavam", afirma Murilo Cleto.
O professor argumenta
que também havia apoio popular às chamadas "reformas de base"
propostas por Goulart. Segundo os opositores do então presidente, reformas como
a agrária eram radicais e inspiradas no comunismo e que, por isso não deveriam
ser implementadas.
"Uma outra
pesquisa mostra que apenas 7% dos entrevistados de São Paulo consideravam essas
reformas desnecessárias, enquanto 79% as viam como necessárias, sendo que 40%
do total ainda diziam que elas eram urgentes. Outro levantamento, realizado em
várias capitais, assinalou 70% de apoio específico à reforma agrária",
disse o professor.
A historiadora Angela
Maria Castro Gomes segue pela mesma linha.
"Não se tratava
de um poder que estava estabelecido e que estava perdendo sua legitimidade de
uma forma muito forte. Da mesma forma que havia grupos que apoiaram os
golpistas de 1964, havia outros que apoiavam João Goulart. Se o golpe não
tivesse dado certo e João Goulart permanecesse no poder, muita gente iria para
a rua saudar este resultado", disse a professora.
Gomes cita dois
exemplos de como Jango tinha apoio popular à época. O primeiro é que, em 1961,
o vice-presidente era eleito por uma eleição direta e não como integrante da
chapa presidencial vitoriosa. Ou seja: ele chegou ao cargo com seus próprios
votos.
O segundo é que em
1963, a população votou em plebiscito para mudar o regime de governo de
parlamentarista para presidencialista, o que, na prática, conferia maiores
poderes a Goulart.
"Nós tínhamos um
presidente eleito duas vezes, mas não lhe foi dada a possibilidade de governar.
Ele foi tirado do poder. Num regime democrático, você faz oposição ao
presidente que está no poder [...] concorre às eleições, defende o seu projeto
político. Se vencer, você irá para o poder. Se perder, tem que reconhecer sua
derrota", disse.
"Isso é
golpe", avaliou a professora.
• A 'batalha' pela memória
Para Angela Castro
Gomes, a continuidade desse debate 60 anos depois é reflexo de uma espécie de
"batalha" pela memória sobre o que aconteceu em 31 de março de 1964.
"A sociedade está
sempre revendo seus processos anteriores numa espécie de criação de memória
sobre eles. E essa memória não é única e nem fechada. Ela está em
disputa", explicou.
Segundo ela,
diferentes grupos disputam a definição sobre o que aconteceu em 1964.
O historiador e
professor do Instituto Federal do Paraná (IFPR) Murilo Cleto estuda o fenômeno
das novas direitas no Brasil e defende a tese de que o ressurgimento do debate
sobre o que ocorreu em 31 de março de 1964 faz parte de um processo que ele
chama de "revisionismo ideológico".
Segundo ele, o
revisionismo ideológico ocorre quando uma pessoa ou um grupo delas reinterpreta
um fato do passado com base em seus interesses no presente ou no futuro.
Ele sustenta que o
revisionismo em torno do regime militar no Brasil coincide com o aumento da
presença dos militares na política brasileira.
Por isso, ele diz,
haveria mais pessoas neste momento defendendo a ideia de que o que houve em 31
de março foi uma revolução justificável e não um golpe de Estado.
"A gente vai
observar que crescem os revisionismos ideológicos do regime militar à medida
que cresce também a participação das Forças Armadas na política brasileira
[...] Até a gente chegar no auge que foi o governo Bolsonaro", disse
Cleto.
O ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) ganhou notoriedade no início de sua carreira política, entre
outros motivos, por defender a tomada de poder pelos militares em 1964.
Ele se recusava a
chamar o episódio de golpe e liberou as Forças Armadas a celebrarem o 31 de
março como um fato positivo.
O ex-vice-presidente
da República e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que é general
da reserva do Exército, também classificou o acontecimento como uma revolução.
Em texto publicado no jornal Correio Braziliense em 2023, ele defendeu a ação
dos militares.
"Somam-se ataques
às Forças Armadas desfechados nesta semana em mais um aniversário da Revolução
de 31 de março de 1964", dizia o texto.
Em 2018, o ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, disse que evita usar o termo
golpe ou revolução. Em um discurso, ele disse preferir usar a palavra
"movimento".
O presidente Lula, por
outro lado, que foi preso durante a ditadura militar, já usou o termo golpe
para se referir a 31 de março de 1964.
Neste ano, porém, seu
governo vetou manifestações promovidas pelos ministérios em tom crítico à
ditadura militar, em um movimento interpretado por analistas políticos como uma
forma de não gerar ruídos com os militares.
• O papel da crise política
Murilo Cleto também
disse acreditar que outro motivo por trás do reaquecimento da discussão em
torno de 1964 é a crise política vivida pelo país nos últimos 10 anos.
"Acho que 1964
voltou a ser uma questão porque o Brasil mergulhou na mais grave crise desde
que se instalou a Nova República (em 1985). Se você observar os protestos
contra o governo federal, sobretudo a partir de 2014 e mais ainda 2015, você
vai notar um número crescente de manifestações pela volta dos militares",
afirmou o professor.
Em 2013, milhares de
brasileiros foram às ruas em protestos em diversas cidades. Boa parte delas
protestava contra o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT).
A partir de 2014, o
governo da petista passou a ser alvo de acusações de corrupção e má-gestão que
culminaram em um processo de impeachment em 2016, quando ela foi afastada.
Dois anos depois, o
então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi preso por condenações da
Operação Lava Jato em meio ao processo eleitoral que, em outubro daquele ano,
resultaria na vitória de Jair Bolsonaro.
Lula teve
posteriormente sua condenação anulada pelo STF por entender que houve falhas na
condução dos processos contra o petista. Com a anulação, Lula recuperou voltou
a ser elegível e, em 2022, venceu Bolsonaro nas eleições presidenciais.
O resultado que foi
contestado por apoiadores do presidente em acampamentos diante de bases
militares e na invasão aos prédios dos Três Poderes em Brasília em 8 de janeiro
de 2023. Parte desses militantes defendia, entre outras pautas, uma intervenção
militar.
"Em momentos de
crise, é muito comum que as pessoas busquem soluções que são de ordem
institucional. As pessoas vão buscar no passado referências para elas
conseguirem projetar alguma coisa para o futuro que não está diante
delas", disse o professor.
• A falta de um "ajuste social"
Na avaliação dos
especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, o fato de o Brasil não ter julgado
os responsáveis pela ditadura militar a exemplo do que fizeram o Chile e a
Argentina é uma das razões pelas quais o debate sobre se foi golpe ou revolução
continua em alta.
Ao contrário de
argentinos e chilenos, o Brasil encerrou o período ditatorial implementando uma
lei de anistia que, na prática, impediu que agentes do Estado envolvidos em
violações de direitos humanos durante o regime militar fossem julgados por seus
crimes. A lei foi aprovada em 1979, ainda durante a ditadura.
Na Argentina, por
outro lado, generais e outros oficiais que participaram da ditadura que
governou o país entre 1976 e 1983 foram levados a julgamento e vários foram
condenados e presos.
"Lá na Argentina,
diferentemente daqui, houve julgamento de pessoas que cometeram crime de
tortura, por exemplo. Houve um enfrentamento social. O resultado é que Videla
foi pro banco dos réus. Você viu o Médici no banco dos réus?", indagou
Samuel Ponsoni em referência a um dos chefes da junta militar que governou a
Argentina, o general Jorge Videla, e ao o general Emílio Garrastazu Médici, que
comandou o Brasil entre 1969 e 1974, um dos períodos de maior repressão da
ditadura.
Videla foi condenado
pela justiça argentina à prisão perpétua por crimes cometidos durante a
ditadura no país. Médici não foi processado por seu envolvimento na ditadura
brasileira.
"Do ponto de
vista linguístico, isso cria uma dúvida sobre que palavras eu vou dar a esse
episódio se nada aconteceu e se houve uma impunidade. Não houve um ajuste
social", disse Ponsoni.
A historiadora Angela
Maria Castro Gomes concorda.
"Essas disputas
pela memória voltam porque várias questões não foram enfrentadas. Temos a lei
da anistia e também houve uma falta de acesso a documentos produzidos pela
ditadura. Esse período ainda não foi enfrentado pela sociedade civil de uma
forma aberta", disse.
Em meio a esse
contexto, o historiador Murilo Cleto disse acreditar que a guerra de narrativas
em torno dos termos "golpe" ou "revolução" tende a
continuar pelos próximos anos.
"Não vejo um
horizonte em que a discussão sobre se foi golpe ou revolução vai simplesmente
desaparecer da esfera pública num prazo curto de tempo porque não vejo que as
instituições do país assumiram o compromisso de resgatar uma memória crítica em
relação 1964", disse o professor.
Fonte: BBC News Brasil
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