Terrorismo se tornou uma forma de guerra
híbrida, afirma chefe da OTSC
Os ataques terroristas
são usados como arma de guerra híbrida para provocar discórdia interétnica,
disse à Sputnik o secretário-geral da Organização do Tratado de Segurança
Coletiva (OTSC), Imangali Tasmagambetov, comentando o ataque de 22 de março nos
arredores de Moscou.
"O terrorismo
adquire novas características e é utilizado como arma de guerra híbrida,
provocando um aumento do descontentamento com a atuação das autoridades, da
divisão civil, interétnica e interreligiosa", declarou Tasmagambetov.
Em particular, ele
lembrou que no recente ataque nas proximidades de Moscou, os terroristas não
entraram com ações judiciais, além disso, durante muito tempo ninguém assumiu a
responsabilidade pelo ataque.
Assim, destacou que
esse formato de ataques se assemelha cada vez mais a ações de sabotagem.
Um cínico ataque
terrorista ao Crocus City Hall era obviamente uma "operação sob bandeira
falsa", e tais atos instam os Estados-membros da OTSC uma tarefa de
desenvolver ferramentas efetivas contra esta ameaça. Ao mesmo tempo,
acrescentou Tasmagambetov, a comunidade internacional ainda não formulou uma
definição comum de terrorismo, o que complica a coordenação entre os países na
luta contra esta ameaça.
"As razões são
óbvias: vários atores internacionais usam o terrorismo para cumprir os seus
interesses geopolíticos", disse o chefe da OTSC.
No dia 22 de março, um
grupo de homens armados, vestidos com roupas camufladas, atiraram contra uma
multidão reunida na sala de concertos Crocus City Hall, localizada na cidade de
Krasnogorsk, na periferia noroeste de Moscou, poucos minutos antes de começar
um show da banda de rock russa Picnic.
O tiroteio foi seguido
de um incêndio que, segundo o Ministério para Situações de Emergência, afetou
uma área de quase 13 mil metros quadrados. Segundo os últimos dados oficiais, o
ataque terrorista deixou 139 mortos e cerca de 180 feridos.
Até o momento, 11
pessoas envolvidas no ataque foram presas, incluindo os quatro agressores que
abriram fogo contra a multidão no Crocus City Hall.
Segundo o Serviço
Federal de Segurança, após o ataque os terroristas tentaram fugir em direção à
fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. Kiev negou categoricamente o seu
envolvimento no ataque.
O presidente russo
Vladimir Putin declarou luto nacional no dia 24 de março pelas vítimas do
ataque, o mais sangrento em duas décadas na Rússia. Além disso, todos os
eventos de grande aglomeração de pessoas e entretenimento programados para os
próximos dias foram cancelados.
Muitos líderes
mundiais manifestaram solidariedade com o povo russo e condenaram o ataque nos
termos mais veementes.
¨ Ataque em Moscou 'não deve de forma alguma ser justificado e
muito menos silenciado', diz especialista
O "ataque
covarde" ocorrido no Crocus City Hall de Moscou em 22 de março não deve
ser justificado e muito menos silenciado pela comunidade internacional,
disseram à Sputnik o reitor da Universidade UTE do Equador, Ricardo Hidalgo
Ottolenghi, e o professor da UTE Fausto Freire.
"Da Universidade
UTE condenamos veementemente o covarde ataque terrorista cometido nos arredores
de Moscou. Este é um ato vil, produto de ódio e ressentimento, que de forma
alguma deve ser justificado e muito menos silenciado pela comunidade internacional",
declarou o professor.
Hidalgo Ottolenghi,
que recebeu a distinção de doutor honoris causa da Universidade Estatal do
Sudoeste da Rússia (UESOR) em 2023, afirmou que o slogan face ao terrorismo
deve ser claro: "rejeição total e punição dos culpados deste crime atroz
contra humanidade".
O doutor destacou que
a Universidade UTE se junta a esta condenação para evitar a desinformação e uma
série de boatos que partem de "poderes de fato" e que são motivados
por "líderes econômicos, políticos e intelectuais".
No ataque, considerado
um dos mais sangrentos contra a Rússia, cerca de 139 pessoas morreram e mais de
140 ficaram feridas, segundo números atualizados.
O professor Fausto
Freire, formado pela UESOR, na cidade de Kursk, e que trabalha na Universidade
UTE, falou em termos semelhantes em declarações à Agência Sputnik.
"Não há perdão
para os terroristas que acabaram com a vida de pessoas inocentes, incluindo
crianças", disse Freire, que expressou gratidão pela educação que recebeu
na Rússia e que lhe permitiu ensinar o conhecimento aprendido no país eurasiano
para dirigir o desenvolvimento da ciência no Equador.
O professor Freire
observou que esta tragédia está nos corações de muitas pessoas em todo o mundo
e afirmou que o povo russo não está sozinho.
No Equador, a
Embaixada da Federação da Rússia abriu durante três dias um livro de
condolências, no qual cidadãos e residentes equatorianos podem expressar seus
sentimentos sobre este evento terrorista.
No fim de semana,
ex-bolsistas equatorianos na Rússia, cidadãos e funcionários da missão
diplomática e seus familiares, além de amigos e parlamentares, compareceram à
sede da embaixada e colocaram flores e velas na entrada da missão diplomática
em Quito, ante a presença do embaixador Vladimir Sprinchan.
Entretanto, a
Assembleia Nacional do Equador e o governo do Equador expressaram em
declarações separadas o seu repúdio por este ataque.
¨ Ucrânia, EUA e Reino Unido estão por trás do atentado ao Crocus,
diz diretor do FSB russo
O diretor do Serviço
Federal de Segurança da Rússia (FSB, na sigla em russo), Aleksandr Bortnikov,
afirmou que a Ucrânia, os EUA e o Reino Unido estão envolvidos no ataque
terrorista ao teatro Crocus City Hall, que ocorreu em 22 de março.
"Achamos que é
assim. Pelo menos estamos falando sobre o fato de que temos. É uma informação
geral, mas eles têm muita experiência."
Ele ressaltou ainda
que os serviços secretos ucranianos contribuíram para organizar o atentado, que
foi preparado por islamistas radicais. Para Bortnikov, neste contexto o Serviço
de Segurança da Ucrânia deve ser reconhecido como organização terrorista.
Todavia, o mandante do
atentado terrorista no Crocus City Hall ainda não foi identificado. Os 11
suspeitos detidos estão sendo ativamente interrogados, o número de cúmplices
identificados vai aumentar. O FSB já sabe que a Ucrânia organizou treinamento
de terroristas no território do Oriente Médio.
Atentado ao Crocus
City Hall foi necessário aos serviços secretos ocidentais e à Ucrânia para
desestabilizar a situação e para criar pânico na sociedade na Rússia, acredita
o diretor do FSB.
Por sua vez, o
secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, tem certeza
da possibilidade de que a Ucrânia esteja envolvida no ataque terrorista ao
Crocus City Hall.
"Claro, a
Ucrânia", disse ele, respondendo à pergunta dos jornalistas se o Daesh
(organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) ou a
Ucrânia está por trás da tragédia.
O ataque ao Crocus
City Hall, localizado na cidade de Krasnogorsk, nos arredores de Moscou,
ocorreu na noite de sexta-feira (22), quando um grande número de pessoas se
preparava para assistir a um show da banda de rock russa Picnic.
Um correspondente da
Sputnik que testemunhou o ataque relatou que pelo menos três homens camuflados
invadiram o teatro, atirando nas pessoas à queima-roupa e jogando bombas
incendiárias.
O presidente russo,
Vladimir Putin, classificou o ataque terrorista contra o Crocus City Hall como
um elo entre as tentativas daqueles que lutam contra a Rússia, desde 2014, por
meio do regime de Kiev. Ele ressaltou que todos os quatro autores do ataque
terrorista foram capturados e presos, e que eles tentavam fugir em direção à
Ucrânia, onde uma "janela" de escape foi preparada para eles cruzarem
a fronteira para o lado ucraniano.
¨ Analista húngaro: responsabilidade do Daesh no ataque ao Crocus
City Hall é questionável
A responsabilidade do
Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países)
pelo ataque ao Crocus City Hall é questionável, porque os criminosos se
comportaram de forma atípica para os militantes da organização, não sendo
excluída a "operação sob falsa bandeira", disse especialista húngaro.
"Hoje, a este
respeito, vemos uma imagem que nos querem mostrar, não a realidade […]. Não
pode ser descartada a possibilidade da chamada 'operação sob falsa bandeira' –
isto é, quando os serviços de inteligência de um país contratam outro órgão ou
grupo para realizar algum tipo de ação", disse Jozsef Horvath, conselheiro
para a Política de Segurança do Centro Húngaro para os Direitos Fundamentais ao
jornal Magyar Nemzet.
Ele observou que até
agora o Daesh recrutava militantes "por crença, não por dinheiro".
"Também é interessante que os criminosos tenham fugido após a operação e
não agiram como homens-bomba", acrescentou o especialista, observando que
os terroristas não deixaram uma bandeira do Daesh, o que é estranho para os
atos terroristas dessa organização.
Segundo Horvath, o
fato de que "os americanos se distanciaram muito rapidamente" da
participação do ato também parece autoidentificativo. "Talvez até porque
eles possam temer que os ucranianos estejam envolvidos neste ato
terrorista", apontou ele.
O especialista
político húngaro Georg Spottle expressou a confiança de que os serviços
especiais russos em breve estabelecerão o cliente do crime e "darão um
grande golpe no país ou organização por trás dele".
O ataque ao Crocus
City Hall, localizado na cidade de Krasnogorsk, nos arredores de Moscou,
ocorreu na noite de sexta-feira (22), quando um grande número de pessoas se
preparava para assistir a um show da banda de rock russa Picnic. Segundo
autoridades russas, pelo menos 137 pessoas morreram no ataque e mais de 100
ficaram feridas.
¨ Atentado em Moscou mostrou união russa; atuação de Kiev é
possível, diz brasileiro que está no país
Na última sexta-feira,
22 de março, um atentado terrorista chocou o mundo ao ser executado na região
de Moscou. Homens armados abriram fogo na sala de concertos Crocus City Hall,
onde ocorreria um show do grupo Picnic, resultando na trágica morte de, ao menos,
182 pessoas.
O terrível episódio se
tornou o segundo maior ato terrorista na história da Rússia. As autoridades
russas detiveram 11 pessoas, incluindo quatro supostos autores do ataque,
capturados próximo à fronteira da Ucrânia.
O presidente, Vladimir
Putin, declarou que os terroristas estavam se dirigindo ao território
ucraniano, onde "uma janela de passagem lhes foi preparada".
Ele disse também que o
Kremlin está ciente de que a ação foi feita por radicais islâmicos, mas as
motivações e demais informações sobre a autoria seguem sob investigação.
Enquanto a tragédia
ocorria, a cerca de 20 quilômetros dali o conselheiro de Relações
Internacionais do Fórum Internacional dos Municípios BRICS+, Henrique
Domingues, estava na capital russa como observador das eleições presidenciais.
"Eu estava lá por
conta da missão de observação eleitoral, e a notícia do ataque chegou através
de amigos e diferentes canais de comunicação", disse em entrevista aos
jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho, do podcast Mundioka, da Sputnik Brasil.
"A covardia dos
terroristas foi algo realmente aterrorizante, chocante. Todo mundo aqui ficou
muito abalado, porque a forma como aconteceu foi contra o povo pacífico
russo", descreveu Domingues.
O brasileiro morador
de São Petersburgo relatou que, apesar do choque inicial, também havia um senso
de união e solidariedade entre os russos. "No dia seguinte, as pessoas se
levantaram e foram doar sangue. As filas quilométricas nos pontos de doação de
sangue para as vítimas são uma prova da resiliência do povo russo."
"O presidente
reagiu de maneira muito adequada, aguardando algumas horas para se pronunciar e
enfatizando a punição dos responsáveis pelo ataque", afirmou.
Quanto às especulações
sobre a autoria do atentado, Domingues, que também é organizador do Festival
Mundial da Juventude e observador do Referendo de Donbass, ressaltou a
necessidade de aguardar as investigações. "Embora haja indícios de
envolvimento do Estado Islâmico-Khorasan [EI-K, um ramo do Daesh, organização
terrorista proibida na Rússia e em vários outros países, que atua no
Afeganistão e no Paquistão] e possíveis conexões com o conflito na Ucrânia, é
fundamental aguardar os resultados das investigações antes de tirar conclusões
precipitadas."
"Se for
comprovada a participação ucraniana, pode haver uma retaliação mais contundente
por parte da Rússia, possivelmente mirando em centros de tomada de
decisão", opinou.
·
Autoria do atentado em Moscou
Amanda Marini,
pesquisadora em ciências militares da Escola de Guerra Naval (EGN), comenta que
o alerta emitido pela Embaixada americana no início do mês sinalizava um
indício sobre a movimentação de grupos terroristas na região asiática.
Sobre a autoria do
ataque, ela menciona que, embora o Daesh tenha reivindicado responsabilidade
por meio das redes sociais, o que foi aderido pelos Estados Unidos, vale
considerar outras possíveis linhas de investigação.
Para o historiador,
escritor e criador do canal Guerra Patriótica, João Cláudio Pitillo, foi
"muito conveniente empurrar esse problema para a conta do Estado
Islâmico".
"Você isenta
qualquer outro aliado estadunidense. Você isenta possíveis forças internas e
você coloca na conta de uma organização que, em tese, não teria legitimidade ou
não teria crédito para se defender."
Pitillo destacou a
importância de investigar a velocidade com que Washington atribuiu a culpa ao
Daesh.
"A velocidade e a
certeza com a qual os EUA afirmaram isso precisa ser investigada. Essa
afirmação é perigosa, porque ela traz os EUA também para a cena do crime,
porque como é que eles descobriram isso?", questionou.
Ele também levantou
questões sobre o alerta emitido pela Embaixada americana antes do atentado.
"É importante também que a Federação da Rússia esclareça esse comunicado
estadunidense, porque é muito suspeito os EUA fazerem um alerta desse no início
do mês e, para você fazer esse alerta, você tem que ter indícios."
Ele entende que é
preciso investigar todas as possibilidades, incluindo uma eventual ligação com
a Ucrânia — "Existem setores fascistizados da sociedade ucraniana que
cometeram e estão dispostos a cometerem as maiores barbaridades."
"O terrorismo tem
o interesse de te desestabilizar internamente. É uma ação política e
militar."
·
Histórico entre a Rússia e o Daesh
A pesquisadora Amanda
Marini ressaltou o papel da Rússia no combate ao grupo terrorista na Síria, bem
como as dinâmicas geopolíticas envolvidas nessa interação. "A Rússia luta
e sempre falou abertamente que estava na Síria para lutar contra o Estado
Islâmico-Khorasan. E nisso de a Rússia se posicionar, fez com que eles
passassem a ter grandes divergências com o EI-K."
Marini também aborda o
impacto geopolítico desse atentado e destaca a necessidade de compreender as
raízes e motivações por trás dos grupos terroristas, além de tomar medidas para
conter sua ascensão.
"É preciso a
gente olhar para todas as causas que levam os grupos terroristas a agir, a
chamar pessoas, a cortar o fornecimento de armas, o fornecimento de dinheiro, o
fornecimento de mídia. Não ficar propagando suas ideologias", ressalta
Marini.
Por fim, ela ressalta
as características de diferentes grupos no Oriente Médio, tais como o Hamas.
"Pode ter alguma coisa em comum em termos de ação, mídia, financiamento,
mas de maneira alguma a gente pode confundir a ação, atitudes, ideologias, o que
cada grupo quer fazer por trás e tem uma ambição para realizar."
Fonte: Sputnik Brasil
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