Carne processada: o que é, riscos e
impactos
Nas últimas décadas,
com a vida corrida das grandes cidades, a carne processada ganhou
espaço no cardápio da população. Muitas pessoas apreciam o sabor, a variedade e
a conveniência que esse tipo de carne pode oferecer. Mas tudo tem o seu lado ruim
e, neste caso, ele é bem extenso.
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1. O que são carnes processadas?
Segundo a história
antiga, o processamento de carne tem suas raízes na salga e na
defumação dos alimentos. Essa prática se iniciou séculos antes da prática da
refrigeração, amplamente disponível nos dias de hoje. O principal objetivo
desses processos era o de conservar as carnes por um período mais
longo. Desta forma, garantir o consumo em períodos de escassez de alimentos.
A carne
processada é um produto fresco (de carne bovina, suína, de
frango e de peru) alterado a partir do estado original. Logo, sendo submetido a
uma (ou mais) fase de transformação ou elaboração. Podendo ser moagem,
adição de ingredientes e aditivos, cozimento, entre outros processos.
O que muda a aparência, a textura e o sabor, aumenta a “vida de prateleira” da carne processada. Mas
também proporciona praticidade (uma das principais características procuradas
pelo consumidor na hora da compra). Além de outros aspectos tecnológicos que
visam aumentar a aceitação do consumidor.
Mas quais são
as carnes processadas? Os principais exemplos dessas carnes e seus
derivados presentes no mercado são:
- Carnes em peças
- Charque (carne seca)
- Presunto
- Mortadela
- Toucinho
- Carnes temperadas
- Salsichas
- Linguiças
- Salames
- Patês
- Carnes enlatadas
- Caldos de carnes concentrados
<<< 2. Como é
realizado o processamento?
Os tecidos animais,
principalmente carne de músculo e gordura, são os principais
ingredientes utilizados no processamento. Ocasionalmente outros tecidos animais
também são usados, tais como órgãos internos, peles e sangue ou ingredientes de
origem vegetal, segundo informações da FAO, braço da ONU que trata das questões
relacionadas à agricultura e à alimentação.
As transformações no
alimento são feitas por meio de tratamentos físicos, químicos e/ou biológicos.
Como exemplos, temos a:
- Moagem
- Mistura
- Cura
- Defumação
- Cozimento
- Fermentação
- Secagem
- Desidratação
O tipo de
processamento varia entre os produtos cárneos, sendo que quanto mais
processado o produto for, mais ele perde suas características nutricionais.
Outro ponto é que, mais ele aumenta os riscos de possíveis danos à saúde,
quando comparado a produtos in natura. A seguir, serão apresentados
os níveis de processamento que um produto pode sofrer.
>>>> Produtos
minimamente processados
Peças
de carne que não envolvam agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras e
outras substâncias, e são vendidas em açougues, supermercados ou em feiras
livres. Elas podem ser encontradas frescas, resfriadas ou congeladas. Englobam
as carnes bovinas, suínas, aves e pescados.
>>>> Produtos
processados
A carne
processada é fabricada pela indústria com a adição de sal, açúcar ou
de outras substâncias de uso culinário às carnes in natura para
torná-las duráveis e mais agradáveis. Nesse grupo estão
presente carne seca, bacon, sardinha e atum enlatados, entre
outros produtos cárneos.
>>>> Produtos
ultraprocessados
Alimentos
ultraprocessados são formulações industriais feitas inteira ou majoritariamente
de substâncias extraídas de alimentos, derivadas de constituintes de alimentos
ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e
carvão. Nesse grupo estão presentes hambúrgueres, principalmente confeccionados
com carne moída, extratos de carne e frango, peixes e frangos
empanados do tipo nuggets, salsichas e outros embutidos.
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3. Riscos à saúde
Durante
o processamento da carne, é necessário considerar que existem diversos
riscos que podem afetar a saúde do consumidor e a sua alimentação saudável. Por
isso, ao comprar um produto cárneo, verifique se ele apresenta o selo do órgão
fiscalizador oficial, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), e do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de
Origem Animal (Riispoa), que garante a segurança alimentar do produto. Alguns
exemplos são:
- Os perigos físicos, que podem ser causados pelos restos de
materiais indesejados (vidro, fragmentos de ossos, dentes de animais – no
caso da carne da cabeça de processamento, fragmentos metálicos,
como clipes de salsicha, lâminas de faca quebradas, agulhas, plásticos,
pedras).
- Os riscos biológicos, onde micro-organismos patogênicos
(destacando-se as bactérias e fungos) podem causar doenças e intoxicações
alimentares.
- Os perigos químicos, que são os contaminantes (metais
pesados, do PCB, solventes químicos, de limpeza e de desinfecção
compostos), os resíduos (medicamentos veterinários, aditivos alimentares,
pesticidas) e os aditivos alimentares que podem ser muito perigosos (nitrato, nitrito,
conservantes químicos).
Todos esses processos
são comuns aos alimentos industrializados, mas alguns são mais comuns quando se
fala de carne processada, principalmente os riscos físico e químico.
Nas carnes
processadas, há grande quantidade de fragmentos que não seriam mais
aproveitados pela indústria de carnes, contendo alta concentração de
gordura.
Como
a carne é perecível, ela precisa de substâncias que prolonguem sua
vida útil para ser comercializada e consumida antes de se estragar. Porém
compostos que são utilizados para dar essa sobrevida
às carnes são nitritos e nitratos, inseridos no processo de cura do item.
O problema é que, em
certas condições, o
nitrito e o nitrato podem formar nitrosaminas – compostos químicos
cancerígenos em animais. Isso ocorre justamente nos produtos à base
de carne fortemente cozidos ou fritos e que foram previamente curados
com nitrito ou nitrato. Novamente segundo a Iarc, nitritos e nitratos em
alimentos estão associados à incidência do aumento de câncer de estômago.
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4. Carne processada é cancerígena?
De acordo com a Iarc,
ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), sim, carnes processadas são
cancerígenas. Uma avaliação dos riscos do consumo de carne
vermelha e processada concluiu e classificou as carnes
processadas como carcinogênicas para humanos (grupo 1). Produtos como
tabaco, álcool e amianto estão localizados no mesmo grupo de risco de
desenvolver algum tipo de câncer.
As evidências são
suficientes para afirmar que o consumo desse tipo de alimento provoca câncer
colorretal. A ingestão diária de uma porção de 50 gramas de carne
processada aumenta o risco de câncer colorretal em 18%, segundo
especialistas da Iarc. Além disso, o risco aumenta de acordo com a quantidade
de carne consumida.
Estimativas recentes
feitas pelo Global Burden of Disease Project, uma organização
acadêmica de pesquisa independente, apontam que, por ano, cerca de 34 mil
mortes são causadas por câncer decorrente de dietas ricas em carne
processada.
<<<< Comprovação
Os especialistas ainda
não desvendaram totalmente como o risco de câncer é influenciado
pela carne processada e pela carne vermelha. Esta última foi
classificada no Grupo 2A – provavelmente carcinogênica para humanos. Contudo,
sabe-se que, durante o processamento, químicos carcinogênicos como os
N-nitrosos e hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos se formam.
No processo de
cozimento também são formadas aromáticas policíclicas, que estão presentes até
na poluição do ar. O
potencial carcinogênico de alguns desses químicos é comprovado e outros são
classificados como provavelmente cancerígenos. Confira respostas da Iarc sobre outras dúvidas comuns relacionadas
aos riscos da ingestão desses alimentos).
Para o Dr. Kurt
Straif, líder do Iarc Monographs Programme, a incidência
de câncer causada pelo consumo de carne processada é uma questão de
saúde pública. O diretor da organização, Christopher Wild, diz ainda que essas
descobertas indicam a necessidade de recomendações sobre a limitação do consumo
de carnes.
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5. Por que colocar nitrito na carne?
O nitrito inibe a
germinação do Clostridium botulinum e previne a formação de
toxinas nos produtos cárneos curados. Assim, evitando a intoxicação alimentar
por botulismo, que pode ser letal ou causar sequelas irreversíveis se não
diagnosticada e tratada rapidamente. Admite-se que a concentração mínima de nitrito necessária para inibir o C. botulinum seja
de 150 partes por milhão (ppm).
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6. Alternativas naturais ao curado
De acordo com o American Meat Institute, alguns consumidores preferem carnes que são curadas
usando nitrato natural e fontes de nitrito encontradas em extratos vegetais,
como aipo em pó. Estes produtos estão cada vez mais disponíveis nos
supermercados. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) exige
que nas embalagens destes produtos declare-se: “não curado”, e em uma fonte
menor na rotulagem contenha que “não há nitratos ou nitritos adicionados,
exceto para aqueles que ocorrem naturalmente no aipo em pó”.
Outras alternativas
aos salitres (sais
nitrato de sódio ou nitrato de potássio) são o sal
marinho e suco de beterraba.
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7. Impactos e aspectos ambientais
É importante
considerar que em todas as etapas do processamento da carne, os principais
aspectos e impactos ambientais resultantes dos processos são:
- O alto consumo de água
- A geração de efluentes líquidos com alta carga poluidora
- Principalmente orgânica
- Alto consumo de energia
No caso da produção
de carnes, as emissões
atmosféricas são exorbitantes. Além da geração de
resíduos sólidos e de ruídos, que são bastantes significativos.
Por todos esses
motivos, o recomendado é não consumir carne processada, preferindo uma dieta
vegetariana, que também evita o sofrimento animal.
Você pode começar aos poucos…
Fonte: eCycle
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