Obras do novo PAC promovem melhorias para
bairros da Cidade Baixa, em Salvador
A rotina dos moradores
da Rua Matias de Albuquerque, no bairro Uruguai, em Salvador, foi alterada.
Isso porque a Companhia de Desenvolvimento Urbano do estado (Conder) realiza
obras de micro e macrodrenagem na região. A intenção é acabar com os
alagamentos que eram registrados na localidade há mais de 50 anos. “É horrível!
Para sair é um negócio sério. Eu fico até com vergonha se vier uma visita...
Fica cheio. Tem gente aqui que já perdeu móveis”. O relato é de dona Tereza
Maria Moraes, que mora há 85 anos no local e já presenciou diversos vizinhos
terem prejuízo por conta de grande quantidade de água que invadia as casas.
As obras de micro e
macrodrenagem das bacias de Massaranduba, Boa Viagem e Bonfim vão alcançar oito
bairros da Cidade Baixa. Esta é a primeira intervenção do Plano de Aceleração
do Crescimento (PAC) na Bahia, cuja ordem foi assinada pelo governador Jerônimo
Rodrigues no último dia 5 de fevereiro. Os serviços são realizados pela Conder,
órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), e contam com o
aporte financeiro de R$ 82,5 milhões. “Vai acabar, de uma vez por todas, com os
alagamentos naquela região. Nós vamos dar não só a melhor qualidade de vida,
mas vamos urbanizar aquela região toda. Vamos trabalhar para atender quase 20%
da população da Península de Itapagipe. Nós teremos a oportunidade de
urbanizar, de criar pistas de cooper, parques infantis, lugares de lazer, ou
seja, várias situações que melhorarão definitivamente a vida de toda a
população”, pontuou José Trindade, presidente da Conder.
Como a rede antiga já
não atendia a demanda, está sendo feita a troca de tubulação, saindo dos atuais
600mm de diâmetro para 1050mm, visando dar mais vazão à água pluvial. Para
diminuir o impacto aos moradores, após a troca da tubulação, já é feita a cobertura
da área e consequente liberação do trânsito.
As intervenções vão
alcançar aproximadamente 190 mil moradores do Uruguai, Massaranduba, Roma,
Mares, Boa Viagem, Caminho de Areia, Vila Ruy Barbosa e Jardim Cruzeiro,
trazendo mais tranquilidade para essas pessoas. “Eu estou com a esperança que
vai ficar maravilhosa. Eu espero que sim, que vai ficar top, como dizem os
jovens, né? Eu moro aqui no bairro do Uruguai, mas a rua é bonita, é bem
tratada”.
A área de intervenção
abrange cerca de dois quilômetros quadrados, com macrodrenagem de canais e
microdrenagem em seis quilômetros. Serão feitas ainda a pavimentação de 48 mil
metros quadrados de vias. Trindade pede que os moradores tenham paciência, pois
os benefícios serão duradouros. “Acredite no governo do Estado da Bahia que
esse transtorno de anos e anos, que impediu muitas vezes as crianças e os
jovens irem para as escolas, porque as águas chegavam a bater na perna, aqueles
empresários que têm suas casas de comércio naquela região, que viam a água
invadindo, levando todos os seus produtos... O governo da Bahia agora, depois
de 30 meses de obra, levará uma solução definitiva para toda a região”.
·
Etapas
A execução está
dividida em quatro lotes. O primeiro abrange intervenções em ruas como Princesa
Isabel, Boa Vista e Marechal Teixeira Lott até a Jardim Castro Alves, com
previsão de conclusão para setembro de 2025. Já o lote dois, que abrange o trecho
da Rua Resende Costa até a Avenida Caminho de Areia, deve ser concluído até
fevereiro de 2026.
O terceiro lote
compreende ruas como Monsenhor Basílio Pereira, Barão de Cotegipe até a Rua
Fernando Alves, com previsão de conclusão até dezembro de 2024. O lote quatro
engloba execução independente de ruas específicas, incluindo trechos restantes
de redes em diferentes localidades, com previsão de conclusão para agosto de
2025.
A execução dos
Sistemas II e III envolve uma série de atividades detalhadas, incluindo a
canalização em galerias de concreto armado e o uso de tubos de polietileno de
alta densidade, com interligações de redes existentes e a construção de
dispositivos especiais, como bocas de lobo, poços de visita, caixas de reunião,
canaletas, sarjetas, caixas de inspeção, além da pavimentação das vias onde as
galerias serão implantadas, contribuindo para a urbanização da área.
·
Projeto Socioambiental
Está previsto um
adicional de quase R$ 3 milhões para projetos socioambientais, como
urbanização, criação de espaços de lazer comunitário, sistemas de esgotamento
sanitário e melhorias na sinalização viária. Os investimentos incluem a
formação, capacitação e atualização de mão-de-obra local, por meio de oficinas
profissionalizantes. Alex Lucas, morador da Rua Matias Albuquerque, foi
contratado para trabalhar como vigilante na obra. Segundo ele, além do
benefício da obra, tem o contrato para trabalhar. “Trabalhar na obra e dar mais
qualidade pra gente. Sou vigilante à noite. Tomo conta dos maquinários, dos
materiais que ficam aqui na obra”.
Um pré-cadastro dos
perfis profissionais dos moradores dos bairros envolvidos já está em fase de
elaboração, visando possíveis contratações. A antropóloga e técnica social da
Conder, Carolina Homem, destaca que a intenção é ampliar a sensação de pertencimento
da obra: “Essa contratação de moradores locais também faz um intermédio com a
comunidade e a gente inclui os moradores na obra. A comunidade passa a se
sentir pertencente a esse projeto que é tão importante para a Cidade Baixa”.
O Estado também irá
promover atividades culturais e esportivas. A equipe atuará na região por cerca
de 30 meses, contando com um escritório da Conder na Cidade Baixa.
·
Novo PAC
O novo PAC, lançado
nacionalmente em agosto do ano passado, contempla outras obras importantes na
Bahia, como a recuperação da BR-116 e a duplicação do trecho da BR-101, além
das barragens de Catolé, Baraúna e do Rio da Caixa. “A Bahia está sendo beneficiada
com esse grande investimento do PAC. Outras obras virão. O governo do
presidente Lula já destinou R$ 119 bilhões para as obras em toda a Bahia. Serão
intervenções no sistema de drenagem, obras de contenção de encostas, escolas e
hospitais. Obras que irão beneficiar a vida de milhões e milhões de baianos e
baianas”, concluiu Trindade.
Ø Supostas irregularidades em licitação do VLT põem mais uma obra
do governo Jerônimo sob suspeita
Supostas
irregularidades na licitação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Salvador
fizeram a Justiça suspender o processo licitatório do governo Jerônimo
Rodrigues (PT). A decisão judicial coloca em risco mais uma obra do petista,
que também enfrenta dificuldades para cumprir outras promessas, como a
instalação de câmeras nas fardas de policiais militares.
O juiz da 6ª Vara da
Fazenda Pública, Ruy Eduardo Almeida Britto, aceitou os argumentos apresentados
pelo vereador de Salvador, Sidninho (Podemos). O legislador municipal disse que
a licitação tinha “graves ilegalidades”. Uma delas é que o processo licitatório
estipulava que apenas três empresas poderiam participar do processo
licitatório. Outra suposta irregularidade é que havia critérios subjetivos para
definir a vencedora.
“É vislumbrável,
sobremaneira, na existência de critérios subjetivos para a contratação da
empresa vencedora do aludido procedimento licitatório, face vincular seus
requisitos a ‘grau de satisfação’ do plano de trabalho e da proposta. Com
efeito, a aludida previsão conferiu ao gestor público responsável uma
subjetividade, pois caberá a ele dizer, sem critérios ou fundamentação escrita,
qual a sua satisfação com a proposta apresentada, o que não é e nem pode ser
permitida pela legislação pública, cuja previsão, em princípio constitucional,
assegura a impessoalidade como fundamento basilar do ordenamento jurídico
brasileiro”, frisou o magistrado, em sua decisão.
O VLT é uma proposta
ainda do governo Rui Costa (PT) para substituir os trens do Subúrbio Ferroviário
de Salvador, que suspenderam as atividades em 13 de fevereiro de 2021. Desde
então, os moradores da localidade, que gastavam R$ 0,50 pelo serviço nos trens,
passaram a ter que utilizar o ônibus para se transportar, com passagem de R$
5,20.
Nesta segunda-feira
(25), Jerônimo Rodrigues não falou sobre as causas que levaram à suspensão da
licitação. O petista apenas atacou o vereador, que apontou as irregularidades
acatadas pela Justiça. Disse ainda que processo estava “tão bem explicado” que
não precisaria ser paralisado por decisão judicial. Já a Companhia de
Transportes do Estado da Bahia (CTB), que faz parte da Secretaria de
Desenvolvimento Urbano (Sedur), informou que não foi intimada da ordem judicial
e prometeu prestar todos os esclarecimentos necessários.
A licitação do VLT tem
enfrentado percalços. Em 2018, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) da Bahia
decidiu, por unanimidade, suspender a licitação para a construção do VLT. Os
conselheiros da Corte entenderam que havia "indícios de irregularidades".
No ano passado, o governo anunciou o rompimento do contrato com consórcio
Skyrail Bahia, formado pelas empresas BYD e Metrogreen, que faria a implantação
do VLT do Subúrbio de Salvador.
Fonte: Tribuna da
Bahia/Correio da Bahia
Nenhum comentário:
Postar um comentário