Saiba como a parentalidade positiva
contribui na formação da criança
Desde o momento que
pais e mães recebem a notícia da chegada de uma criança, desafios e escolhas se
alternam em cada nova etapa da infância até a vida adulta. De acordo com a
estratégia da parentalidade positiva, toda a interação, prática e conhecimento que
ocorrem ao longo dessa relação entre pais e filhos será definidora no futuro
dessa pessoa em desenvolvimento.
Na última quinta-feira
(21), a parentalidade positiva e o direito ao brincar viraram lei e uma
ferramenta a ser adotada, inclusive, em política pública para o enfrentamento à
violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente. A medida foi sancionada
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada, no Diário Oficial da
União.
• Estratégia
A psicóloga
especialista em desenvolvimento infantil, Elisa Altafim, explica que a
estratégia surgiu baseada em estudos científicos que comprovaram o impacto de
ações positivas ou negativas para o desenvolvimento infantil, na vida adulta.
Ou seja, quando as práticas parentais na relação com a criança são positivas ao
seu desenvolvimento, a criança tem mais chances de ter uma vida adulta
saudável, que no caso contrário.
“Quando a criança
vivencia situações adversas como punições físicas, ela pode desenvolver, no
futuro, problemas como câncer, obesidade, dificuldades cognitivas, depressão e
ansiedade, por exemplo.”
Partindo desse
entendimento, o fotógrafo e professor universitário Lourenço Cardoso desde
jovem decidiu que planejaria a paternidade e atuaria da forma mais positiva
possível para o desenvolvimento e formação dos filhos. Antropólogo de formação,
ele construiu conhecimento sobre o assunto e debateu com a companheira, Nara
Fagundes, como cuidariam e educariam as crianças. “Eu defini que abriria mão de
meus desejos em prol da formação deles”, relembra.
O casal teve dois
filhos, João Moreno, hoje com 12 anos, e Lia, com oito anos de idade, que,
segundo Lourenço, são educados com muito diálogo, manejo de comportamento que
levam à reflexão e livres de punição. “Na primeira infância do João ele teve
uma fase mais difícil que tivemos que apelar para o cantinho do pensamento, mas
sempre tivemos uma relação franca e racional, na qual eu explicava de forma
clara, com vocabulário robusto, e sem infantilizar a explicação. Com a Lia, não
foi necessário nem isso”, explica.
Para Lourenço,
reconhecer a criança como um ser humano capaz de compreender e participar de um
diálogo franco permite que ela possa se posicionar no mundo, mas também é uma
fase que precisa de estímulos como o que vem garantido pelo direito à
brincadeira.
“A infância precisa
ser reconhecida como um processo de formação e tirar o direito de uma criança à
brincadeira é tirar uma parte importante dessa formação, na qual ela se coloca
em um processo criativo que permite o autoconhecimento, permite que ela se construa”,
diz.
Essa autonomia para se
desenvolver, apoiada pelos suportes adequados, como a proteção e a segurança
que a mantém livre de violência, como punição física por exemplo, faz com que a
criança tenha fatores positivos de desenvolvimento. E são esses fatores que a
nova lei propõe que sejam utilizados como ferramenta nas políticas públicas.
Segundo Elisa, que é
uma das autoras da cartilha O Cuidado Integral e a Parentalidade Positiva na
Primeira Infância, produzida pelo Fundo das Nações Unidas para Infância
(Unicef), diferente do Lourenço, muitos pais não conseguem romper com o “ciclo
intergeracional de violência”, que se estabelece quando várias gerações
perpetuam a punição física, por exemplo.
Para ela, a nova lei,
além de enfatizar a necessidade de fortalecimento da parentalidade positiva,
também incentiva a criação de programas estruturados por municípios, estados e
pela União, possibilitem a articulação com as redes de assistência social e saúde
já existentes. “O ambiente público pode oferecer programas para notificar as
práticas negativas, que ainda ocorrem com as crianças e capacitação de
estratégias educativas, que não envolvam a violência, sem culpabilizar as
famílias e com oportunidade para reflexão sobre como foram cuidadas e educadas,
por exemplo”, conclui.
Fonte: IstoÉ
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