Guilherme
Cavalcanti: ONU - Como Lula se opôs a Trump ao defender multilateralismo e
convocar a "COP da verdade"
“Atentados
à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando a
regra”, discursou o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), na abertura da
80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York,
nesta terça-feira (23), minutos antes do microfone ser passado ao presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump. A crítica diz respeito às condições impostas
pelos norte-americanos aos demais países nos últimos meses, que inclui um
tarifaço, já em vigor, de 50% sobre as importações feitas do Brasil. Os
presidentes adotaram posturas e discursos opostos na reunião.
Na
ocasião, Lula ainda se dirigiu a chefes de estado de todo o mundo para defender
o reconhecimento do Estado da Palestina e do compromisso dos países com as
metas climáticas, destacando a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima, a COP30, em Belém, como a “COP da verdade”.
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Por que isso importa?
• Discurso de Lula pode reforçar a imagem
do Brasil no que diz respeito à resistência às imposições do governo dos
Estados Unidos aos demais países, bem como à política trumpista de
interferência em outras nações. Lula reforçou ainda o papel da União Europeia e
dos Brics na ocasião;
• Convocação à participação real na COP
pode reforçar compromisso por um pacto para evitar mudanças climáticas.
“Enquanto
o Brasil defendeu o multilateralismo ao apoiar as Nações Unidas, os Estados
Unidos atacaram a ONU dentro da ONU. Enquanto Lula fez a defesa do meio
ambiente, Trump atacou a ideia de aquecimento global e as energias renováveis”,
destacou o ex-embaixador Cesário Melantonio Neto, que afirma que a fala
brasileira coloca o país “do bom lado da história”.
Já para
o professor de política internacional e comparada da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) Dawisson Belém Lopes, o discurso pode ser “o mais
importante” da trajetória internacional de Lula. “O Brasil é entendido como um
caso de sucesso, de resistência aos desmandos de Donald Trump. […] Lula
capitalizou essa narrativa como estadista e como homem de Estado”, avaliou
Lopes. “Desde a primeira semana de governo, ele convive com a ameaça à ordem
democrática. E Lula construiu uma narrativa de legitimidade”.
O
diretor-executivo do Democracia em Xeque, Fabiano Garrido, avaliou que o
discurso foi “ao mesmo tempo, equilibrado e firme”, e que Lula, ao se
posicionar na ONU poucos dias após manifestações no Brasil e a condenação do
ex-presidente Jair Bolsonaro, reforçou a mensagem de que o Executivo tem
respaldo para sustentar a ordem democrática.
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O nome é Genocídio
No eixo
do conflito em Gaza, Lula voltou a usar a palavra que tem guiado sua diplomacia
nos últimos meses: genocídio. “Nenhuma situação é mais emblemática do uso
desproporcional e ilegal da força do que a da Palestina. Os atentados
terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo. Mas
nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza”, afirmou o
presidente brasileiro.
Para o
pesquisador do Grupo Ásia do Núcleo de Política e Relações Internacionais
(NUPRI) da Universidade de São Paulo (USP) João Chiarelli, a fala de Lula dá
continuidade ao que já vinha sendo dito pelo governo, cuja última declaração à
imprensa destacou que o atual governo israelense busca “exterminar o povo
palestino”.
“Lula
vem dando voz às atrocidades ocorridas em Gaza, com a expectativa que com a
maior visibilidade, a Comunidade Internacional possa tomar medidas legais para
constranger o governo de Benjamin Nethanyahu e assim demovê-lo das barbáries
cometidas pela sugestão contra o povo palestino”, avaliou Chiarelli, que também
é professor da Universidade Federal dos Pampas (Unipampa) e coordenador da
Oficina de China e Leste Asiático (Ofchila) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS).
“Foi na
linha da maioria dos países que compõem a comunidade internacional — que agora,
como a França, Inglaterra, Canadá, Austrália, Bélgica, Luxemburgo, Mônaco e
Malta, reconheceram o Estado Palestino. A única solução, como disse o
presidente [da França] Macron, é também a criação do Estado Palestino”,
complementou o diplomata aposentado Melantonio Neto.
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COP30 e o silêncio sobre o petróleo
Apesar
da proximidade da COP30, que será realizada em novembro, para o coordenador de
Política Internacional do Observatório do Clima, Claudio Angelo, a questão
climática apareceu em menor peso no discurso, o que refletiria a realidade
atual, em que o tema estaria recebendo menos prioridade.
“Evidentemente,
para um presidente de COP, para alguém que vai presidir uma COP daqui a 6
semanas, a gente esperava um pouco mais de visão, um pouco mais de liderança”,
afirmou Angelo, que destacou a ausência de menções ao petróleo: “Isso pode ser
ruim, porque Belém precisa entregar alguma coisa sobre combustíveis fósseis,
mas pode ter sido bom também, porque tudo que o Lula andou falando de petróleo
foi besteira”.
O
destaque ficou por conta da retomada da ideia de um Conselho de Clima da ONU,
ideia lançada por Lula em 2022. Para Angelo, trata-se de uma saída possível
para contornar o impasse do consenso que trava a Convenção do Clima, abrindo
espaço para decisões por voto em temas politicamente sensíveis, como a
transição para longe dos combustíveis fósseis.
“É uma
ideia que pode resolver situações políticas mais difíceis, já que a convenção
enfrenta cada vez mais dificuldades em entregar o que precisa”, disse o
coordenador.
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A “química” trumpista
Após o
governo Trump sancionar, em 22 de setembro, a esposa e a empresa dos filhos do
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o presidente
dos EUA fez um discurso em tom diferente do atual clima de tensão entre Brasil
e Estados Unidos. As sanções se devem à reação do presidente norte-americano ao
que classificou como restrições à liberdade de expressão, primeira tentativa de
intervenção na política brasileira devido ao julgamento da trama golpista de 8
de janeiro de 2023, que já levou à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Trump
alegou ter percebido uma “ótima química” com Lula, a quem descreveu como “um
cara muito agradável” no breve encontro entre os dois líderes de Estado entre
os discursos de ambos na ONU. “Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Na
verdade, concordamos que nos encontraríamos na semana que vem”, disse Trump.
“Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só
faço negócio com gente de quem eu gosto. Quando não gosto deles, eu não faço.
Quando eu não gosto, eu não gosto. Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima
química e isso é um bom sinal”.
No
discurso frente a chefes de estado, no entanto, Trump voltou a reforçar sua
visão de abusos do sistema jurídico, que chegou a classificar como “corrupto” e
disse que o Brasil não poderia “ir bem” se não estivesse associado aos Estados
Unidos.
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Mulheres da Amazônia cobram espaço nas negociações da
COP30. Por Cecilia Amorim
A COP30
está chegando. Belém tem se preparado para a Conferência do Clima com obras que
mudam a paisagem urbana e discursos que ecoam compromissos globais contra a
crise climática. O espaço será palco de grandes negociações diplomáticas, que
visam estabelecer metas de redução de carbono e planos para frear o aquecimento
global do planeta. Enquanto isso, mulheres indígenas, quilombolas e periféricas
travam uma batalha dupla: contra a crise climática, que já afeta seus
cotidianos, e pela inclusão genuína em espaços de poder que historicamente as
silenciaram.
Apesar
de serem as mais impactadas pela crise do clima e estarem na linha de frente
das ações de cuidado com o território, as mulheres ainda são minoria nos
espaços de decisão globais. Dados do Painel de Gênero da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) mostram que a presença feminina
nas delegações nacionais nas Conferências do Clima segue desigual: em média,
apenas 30% a 35% dos representantes são mulheres. O avanço rumo à paridade de
gênero tem sido lento. Entre 2008 e 2019, o número de mulheres como chefes de
delegação subiu de 12% para 27%. Já em 2022, na COP27, esse percentual chegou a
34% – um crescimento, mas ainda distante do equilíbrio.
Essa
desigualdade também se reflete nas posições de maior liderança. Em 28 edições
das COPs, apenas cinco mulheres chegaram à presidência do evento. Enquanto
países nórdicos e da União Europeia apresentam delegações mais próximas da
paridade, outras nações ainda mantêm uma participação majoritariamente
masculina. O contraste mostra como a representatividade das mulheres nos
processos de decisão climática ainda é um desafio, mesmo sendo elas as que
carregam de forma desproporcional os impactos da crise ambiental em suas
comunidades.
São
elas que, vivendo nas aldeias, nos quilombos, nas beiras dos rios e nas
periferias urbanas, sentem primeiro – e mais duramente – os impactos da crise
climática: calor extremo, chuvas destrutivas, ameaça à segurança alimentar.
Elas chegam à conferência não como simples espectadoras, mas como portadoras de
saberes ancestrais e soluções práticas, desafiando um sistema machista. Sua
luta revela o paradoxo central deste encontro global: como discutir o futuro da
Amazônia sem ouvir aquelas que sempre a mantiveram de pé?
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E a COP30 com isso?
• Apesar de estudos apontarem que mulheres
estão entre os grupos mais afetados pelas crises climáticas, elas são a minoria
das chefes de delegação envolvidas nas negociações da COP. Mulheres presidiram
o evento apenas 5 vezes.
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Marinette Tucano defende ecofeminismo, ancestralidade e resistência
Em
Belém, a contagem regressiva para a COP30 já trouxe mudanças na rotina da
cidade que se tornou um canteiro de obras. Mas, por trás das grandes
negociações diplomáticas e das metas globais, estão as vozes das mulheres da
Amazônia que carregam a urgência de serem ouvidas nas decisões que impactam
suas vidas. Entre elas, Marinete Tukano, liderança indígena, coordenadora da
União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), coloca em palavras
o que significa ser mulher e amazônida em um tempo de colapso climático.
“Nós,
mulheres, carregamos no corpo o território. Nossa luta é pela vida, pela
floresta e pela nossa existência enquanto povos”, resume Tukano. Para ela, a
ideia que conecta a natureza à figura feminina vai além da metáfora: está na
prática de cultivar a roça, pescar, proteger o rio, gerar e cuidar da vida.
Para a
liderança indígena, a COP é um espaço de visibilidade, mas também de exclusão.
Ela recorda as barreiras que as mulheres indígenas enfrentam para participar:
passaportes caros e burocráticos, dificuldades de credenciamento, o peso
financeiro das longas viagens e a falta de estrutura para mães que precisam
deixar seus filhos aos cuidados de terceiros.
“Quando
a gente consegue chegar nesses espaços, já foi uma batalha imensa. Muitas
desistem porque não têm como bancar essa logística. E isso limita quem pode
falar em nome da Amazônia”, explica. A organização está se preparando para
levar nove mulheres a Belém. Os altos custos de deslocamento na Amazônia são um
dos principais gargalos para uma participação maior no evento.
A
UMIAB, que coordena mulheres de diferentes povos amazônicos, vem se organizando
para garantir que as indígenas estejam na COP30. Para Tukano, a presença
feminina é vital, porque as mulheres são as primeiras a sentir os impactos das
mudanças climáticas em suas comunidades.
A
liderança explica que as mudanças climáticas não são mais uma ideia distante,
são vividas no dia a dia, nos rios que estão secando, nos peixes que estão
diminuindo, na agricultura que sofre com estiagens ou enchentes extremas. “A
segurança alimentar das comunidades está em risco. O que antes era fartura,
hoje é incerteza. Isso causa adoecimento físico e também mental”, relata.
As
mulheres, que tradicionalmente são responsáveis pela alimentação e pela saúde
das famílias, sentem primeiro as consequências. Muitas recorrem à venda de
artesanato nas cidades como estratégia de sobrevivência, mas enfrentam racismo,
falta de políticas públicas e invisibilidade. “Há mulheres indígenas morando
nas periferias de Belém que são esquecidas. Elas existem, resistem e também são
Amazônia”, afirma a líder indígena.
Um dos
pontos que a liderança pontua é sobre a pluralidade amazônica. “A Amazônia não
é só floresta. É rio, mar, cidade, periferia, quilombo, aldeias. É
afrodescendente e também indígena”, pontua. Essa visão amplia o debate sobre
clima, mostrando que o território amazônico é feito de diversidade de modos de
vida, todos ameaçados pela crise ambiental e pelo avanço de projetos
extrativistas. Por isso, os debates precisam considerar essa pluralidade.
A
preparação para a COP30, que reunirá milhares de pessoas em Belém, expõe tanto
os contrastes urbanos quanto os desafios de quem vem das comunidades. Para
Marinette, a conferência só terá sentido se abrir espaço real para essas vozes:
“Não basta usar a Amazônia como vitrine. É preciso escutar quem vive aqui,
principalmente as mulheres, que já estão na linha de frente da crise
climática”.
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“Não há justiça climática sem as mulheres quilombolas”: protagonismo ancestral
na COP30
Enquanto
o mundo discute metas e acordos para frear a emergência climática, um grupo de
mulheres quilombolas de diferentes regiões do Pará se articula para que suas
vozes, corpos e vivências estejam presentes na trigésima Conferência do Clima.
A participação das mulheres na COP30 está sendo organizada em parceria com
diversos movimentos sociais, com o objetivo de levar para um espaço de
discussão global o conhecimento ancestral de quem vive e protege a floresta.
A
estratégia passa pela criação de um estande coletivo, que funcionará como um
ponto de convergência e diálogo. Nesse espaço, elas realizarão sessões
colaborativas sobre gênero, direitos das mulheres, participação política,
social e econômica, sempre entrelaçando esses temas com as pautas específicas
dos povos quilombolas.
“O
objetivo é garantir visibilidade e fortalecer a voz das mulheres quilombolas,
colocando nossas experiências e lutas no centro das discussões sobre justiça
climática e direitos humanos”, explica Carlene Pristes, coordenadora de gênero
da Malungo, Coordenação das Associações Quilombolas do Pará, organização que
representa e defende os direitos de mais de 600 comunidades no estado.
A
iniciativa não é simbólica; é estratégica. Para Pristes, a presença dessas
mulheres em espaços de decisão climática é fundamental, pois elas são
detentoras de soluções e práticas ancestrais para enfrentar a crise.
“Somos
diretamente impactadas pela crise climática, mas, ao mesmo tempo, somos
guardiãs de práticas ancestrais de cuidado com o território e com a vida do
nosso povo. Nossos quilombos vivem na Amazônia, cuidam da floresta, dos rios e
da terra, e as mulheres têm um papel central nesse processo, tanto no trabalho
coletivo quanto na preservação dos saberes”, afirma.
A
articulação pretende levar uma comitiva de cem mulheres quilombolas à COP30. O
corpo dessas mulheres carrega a mensagem política de que a luta pela
preservação do planeta é indissociável da luta por justiça social, direitos
humanos e igualdade de gênero.
“Quando
as mulheres quilombolas ocupam esses espaços, não estamos falando só da defesa
do meio ambiente, mas também de justiça social, de direitos humanos e de
reconhecimento do nosso protagonismo político”, ressalta Pristes. “Estar na COP
significa dizer que a luta contra as mudanças climáticas precisa considerar as
vozes de quem está na linha de frente, de quem sente os efeitos no cotidiano, e
tem propostas reais para cuidar da terra de forma sustentável e justa.”
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“Quem conhece a Amazônia somos nós”: vozes periféricas alertam para exclusão na
COP30
Enquanto
o calor se intensifica e as chuvas castigam a cidade com mais força, nas áreas
urbanas, são as mulheres das periferias que primeiro sentem na pele os efeitos
da crise climática. “A impressão que a gente tem é que o nosso inverno foi mais
curto esse ano. É uma quentura que a gente sente o tempo todo”, relata Flávia
Ribeiro, jornalista, pesquisadora, ativista feminista negra uma das vozes que
emerge das quebradas amazônicas.
Quando
a chuva vem, não traz alívio, mas destelhamentos, enchentes e alagamentos. São
essas comunidades, com menos acesso a serviços públicos e recursos financeiros,
que mais são impactadas pela emergência climática, e também são as que têm
menos capacidade de se recuperar e as que menos recebem políticas públicas – e
isso tudo isso é reflexo do racismo ambiental.
Essas
vozes enfrentam barreiras históricas para ocupar espaços de decisão. Os
obstáculos são os mesmos de sempre: o cruzamento perverso do racismo, do
machismo e da LGBTfobia. “Essas mulheres são representadas em menores números,
e aquelas que conseguem ocupar esses espaços sofrem violências cotidianamente”,
denuncia a jornalista . “Elas são lembradas de que aquele espaço não é para
elas. É uma estrutura racista e machista que não é pensada para elas”.
O
apagamento é tão profundo que, mesmo em documentos oficiais elaborados na
região, o maior grupo demográfico da Amazônia – as pessoas que se declaram
negras – é invisibilizado. “Saiu o [documento da] Declaração de Belém e nele
não é citado em nenhum momento negro, negra, negritude, raça”, exemplifica a
pesquisadora. “O maior grupo demográfico foi simplesmente não citado. E o poder
de nomear é importante, porque se a gente não nomeia, a gente não consegue
fazer políticas públicas”.
A
Declaração de Belém é um documento escrito a partir da Cúpula da Amazônia que
ocorreu em 2023. Nos seus mais de cem parágrafos, detalha os desafios em
relação à proteção do território. Temas como desenvolvimento sustentável,
saúde, exploração ilegal de madeira e recursos minerais, ciência e tecnologia e
situação social das famílias que vivem na floresta, a proteção dos povos
indígenas e proteção do bioma, sempre tendo em mente a redução das
desigualdades e o combate à fome.
“Indígenas
foram citados quase 200 vezes. Não é uma crítica aos povos indígenas, eles
precisam estar lá. Mas negros e negras não são citados. As negras e negras que
estão nas periferias das cidades não são citados”, explica a pesquisadora.
A
crítica central é que a COP30 está sendo planejada por pessoas de fora da
realidade amazônica. “Quem vem planejar esse evento? São pessoas do sudeste, em
sua maioria brancas, que estão dizendo para a gente e para o mundo o que é a
Amazônia”, afirma a jornalista. “Há, nas entrelinhas do processo, um
colonialismo interno que trata as vozes amazônidas como inferiores e silencia
seus saberes”, lamenta.
São
justamente esses grupos historicamente excluídos que detêm o conhecimento
necessário para enfrentar a crise climática. “Nós conhecemos melhor os
problemas que estão acontecendo aqui e nós temos a solução”, defende Ribeiro.
“A gente tem que ser ouvida desde o planejamento, não ser um grupo convidado
para fazer uma foto. O Brasil e o mundo têm Amazônia, porque nós, amazônidas,
estamos aqui”.
Fonte: Agencia Pública

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