segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Vilarejo do Ceará vira 'território-fantasma' após expulsão de moradores por facções

Uma violenta disputa entre membros de facções criminosas transformou o distrito de Uiraponga, no interior do Ceará, em um "território-fantasma".

Há mais de dois meses, segundo moradores, o vilarejo, em Morada Nova, a 167 km de Fortaleza, deixou de ser uma comunidade onde viviam 300 famílias e ficou marcado por um êxodo forçado em massa. Casas foram abandonadas e comércios fechados. As ruas estão quase desertas.

A disputa é narrada em um relatório policial e descrita por um morador que conversou com o g1. A prefeitura reconheceu em decreto a escalada da violência, suspendeu atendimento em um posto de saúde e transferiu alunos. O governo do Estado diz que faz operações na região para conter a criminalidade. Para o especialista Raul Thé, a disputa de facções em Uiraponga "representa" o que ocorre ''por todo'' o Ceará e exige uma postura de resolução do problema. (leia mais abaixo)

O criminoso José Witals da Silva Nazário determinou a expulsão de moradores, segundo o governo do Estado. Márcio Jailton da Silva é cúmplice dele. Os dois guerreavam contra Gilberto de Oliveira Cazuza. Witals e Jailton estão presos. Ainda assim, a situação não se normalizou no vilarejo.

O decreto da prefeitura classificou a situação como "anormal e emergencial" no distrito. A medida autorizou o poder municipal a adotar ações administrativas urgentes e provisórias, para tentar garantir a continuidade da prestação dos serviços públicos à população.

A insegurança comprometeu o funcionamento da escola - cujos alunos foram temporariamente transferidos -, e do posto de saúde do local, que tive as atividades suspensas por um período.

<><> Rompimento e disputa

Por trás desse cenário de violência, pelo menos três criminosos aparecem como figuras principais na expulsão dos moradores do vilarejo. José Witals da Silva Nazário ("Playboy"), Márcio Jailton da Silva ("Piolho") e Gilberto de Oliveira Cazuza ("Mingau"). O último está foragido.

José Witals é apontado pela investigação como um dos chefes da facção Terceiro Comando Puro (TCP), que ordenou a expulsão dos moradores do local. Já Márcio Jailton, seria um dos comparsas que executava as ordens de Witals. Ele é investigado por oito assassinatos ocorridos no município.

Conforme o inquérito policial ao qual o g1 teve acesso, o conflito na região começou após José Witals sair da facção Guardiões do Estado (GDE), romper com seu antigo aliado Gilberto de Oliveira Cazuza e se aliar ao TCP.

Com isso, Witals "Playboy" iniciou uma campanha de extrema violência para tomar o controle territorial de Uiraponga, localidade historicamente dominada por Gilberto "Mingau", que está foragido.

"A atuação do grupo liderado por Witals não se limitou a ataques contra membros da facção rival, mas se voltou deliberadamente contra a população civil, utilizando a expulsão em massa e a imposição do medo como estratégia de domínio, em uma clara afronta à soberania do Estado e aos direitos fundamentais mais básicos dos cidadãos, sendo Márcio Jailton da Silva um de seus comparsas", diz um trecho do documento.

Ainda conforme as investigações, o grupo de Witals tinha organização e divisão de tarefas, com a existência de "soldados" responsáveis pelas execuções e ameaças diretas aos moradores do vilarejo.

Ê<><> xodo

Segundo um morador, que terá a identidade preservada, as ameaças dos criminosos começaram em abril deste ano. Mesmo assim, muitas famílias permaneceram no distrito.

"Antes da criminalidade, desses conflitos chegarem, era uma comunidade muito boa de se morar. Era uma comunidade muito ativa, com quadrilha junina, grupo de teatro, ações comunitárias para todos e festas. Podia ficar até tarde na rua, sem preocupação", disse.

Contudo, um confronto entre criminosos com trocas de tiros no vilarejo, na madrugada de 3 de julho, fez com que aqueles que já estavam amedrontados abandonassem de vez suas casas e buscassem abrigo na sede da cidade ou em outras localidades. O morador ouvido pelo g1 relatou que as famílias eram ameaçadas até de morte.

"As ameaças não aconteciam só de uma forma. Eles [criminosos] mandavam mensagens, ligavam para a pessoa ou mandavam recado dizendo para a família ir embora, para que não acontecessem coisas piores. Isso ocorria principalmente pelas redes sociais, com alguns perfis mandando mensagem para as pessoas, mandando ir embora da comunidade", relatou.

Além da questão da violência, os moradores do distrito ficaram desassistidos pelos serviços públicos, enfrentando dificuldades.

"Quando as primeiras pessoas começaram a ir embora, a primeira coisa que a gestão fez foi disponibilizar um caminhão de mudança e quem quisesse ir embora utilizava esse caminhão. Não teve um plano de tentar resolver a crise, não se teve nada, foi só esse caminhão. Isso desapontou ainda mais as pessoas, que ficaram com medo e se sentindo cada vez mais acuadas e sozinhas. Em menos de 15 dias a comunidade ficou praticamente vazia", disse o morador.

Atualmente, de acordo com o morador, a escola do distrito funciona em outro endereço, e o posto de saúde não funciona mais diariamente. Poucas famílias permaneceram no distrito.

"Hoje em dia só estão lá pessoas idosas e poucas famílias, que não tiveram condições de sair. Essas pessoas ficaram sem escola, sem posto de saúde, sem comércio. [...] Não se tem notícia de nenhum planejamento que possa melhorar a vida dessas pessoas, nenhum plano para que os moradores voltem para a comunidade. É visível que as pessoas saíram sem querer sair, elas querem voltar, mas têm medo da realidade que vão encontrar".

<><> Decreto da prefeitura

A prefeitura de Morada Nova não comenta a violência em Uiraponga, porém, no dia 1º de agosto, a administração municipal publicou um decreto reconhecendo "situação anormal e emergencial" no distrito, por prazo indeterminado.

Conforme o documento, assinado pela prefeita Naiara Carneiro Castro (PSB-CE), a atuação de facções criminosas, com ameaças generalizadas à população e abandono forçado de imóveis por diversas famílias, comprometeu a regularidade da prestação dos serviços básicos.

"Considerando que escolas, postos de saúde e outros equipamentos públicos interromperam suas atividades por falta de segurança, prejudicando o acesso da população a serviços essenciais. [...] Considerando ainda que a situação também compromete a regularidade de serviços básicos como limpeza pública, iluminação, coleta de resíduos, infraestrutura, fiscalização, transporte de resíduos e atendimento social, demandando ações imediatas de reorganização administrativa", diz um trecho do documento.

O decreto autoriza, entre outras medidas, a realocação temporária de alunos da rede municipal para outras unidades seguras, além da transferência dos atendimentos de saúde para unidades em funcionamento regular, com garantia de acesso da população afetada.

"Este decreto entra em vigor na data de sua publicação e permanecerá vigente enquanto perdurar a situação que compromete a segurança pública, a integridade da população e a continuidade dos serviços essenciais no território do Distrito de Uiraponga", segundo consta do decreto.

O g1 solicitou esclarecimentos à Prefeitura de Morada Nova sobre a situação do distrito de Uiraponga, incluindo o fornecimento dos caminhões de mudança, porém a pasta não respondeu até a publicação desta reportagem.

<><> Prisões

José Witals foi preso em 28 de julho deste ano, em um imóvel na cidade de São Paulo, onde estava escondido.

O criminoso, que já tinha uma extensa ficha criminal com três passagens por homicídio doloso, além de antecedentes por roubos, receptação e tráfico de drogas, foi localizado após troca de informações entre equipes da Polícia Civil do Ceará com apoio das forças de segurança de São Paulo.

Um dia depois da captura de Witals, os policiais também prenderam Márcio Jailton, em Morada Nova, durante o cumprimento de um mandado. No momento da captura, os agentes apreenderam um revólver municiado que estava escondido embaixo de um colchão.

Durante o depoimento, Márcio admitiu que comprou a arma para se defender, "tento em vista que ultimamente a região estava bastante perigosa". Ele já tem antecedentes por roubo e é investigado por homicídios.

<><> Mais procurados

A polícia ainda tenta localizar e prender outros envolvidos na escalada de violência em Uiraponga, entre eles Gilberto "Mingau", que figura na lista de mais procurados do Ceará. Ele é considerado um indivíduo de alta periculosidade.

Além de ser integrante de organização criminosa com atuação na região do Vale do Jaguaribe, tem antecedentes criminais por homicídio e tráfico de drogas.

Gilberto está com seis mandados de prisão em aberto. A polícia oferece uma recompensa de R$ 7 mil para informações que levem à localização do criminoso.

<><> Especialista defende 'combate estrutural'

Para Raul Thé, mestre em sociologia e membro do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Conflitualidade e Violência, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), situações como a de Uiraponga são uma representação do que já ocorre em outras regiões do estado.

“A situação do distrito é muito séria, mas ela é uma metáfora do que vem ocorrendo por todo o estado do Ceará. Disputas territoriais das facções e o policiamento abafando situação de risco social, mas atravessada por uma falta da utilização da inteligência policial para deixar o combate horizontal e passar a um combate vertical e estrutural”, disse Raul Thé.

Ainda conforme o sociólogo, é necessário que o estado mude a postura para deixar de ser "um expectador das ações criminosas" e assuma a posição para resolução do problema.

“É preciso, por outro lado, uma atuação preventiva, de inteligência e de garantia de seguridade, no caso de Uiraponga tanto do estado, com o aparato de ostensividade e de investigação, quanto do município de Morada Nova, equipando e dando segurança para os sujeitos que construíram suas vidas naquela localidade”, disse.

<><> O que diz o Estado

A Secretaria da Segurança Pública do Estado do Ceará informou que desde que tomou conhecimento das ameaças ocorridas no distrito de Uiraponga vem realizando ações para prender tanto os mandantes, quanto os executores dos crimes na região.

"Além do trabalho investigativo da Polícia Civil, equipes da Polícia Militar ocupam por tempo indeterminado a região e atuam realizando operações de saturação para reforçar a segurança da área", disse a Secretaria da Segurança.

Conforme a pasta, no dia 1º de setembro foi realizada uma operação para combater a atuação de grupos criminosos atuantes em Morada Nova e nos municípios de Mauriti, São João do Jaguaribe, Tabuleiro do Norte, Alto Santo e Limoeiro do Norte.

Durante a ofensiva, nomeada de operação “Regnum Fractus", foram cumpridos, ao todo, 11 mandados de prisão preventiva e 22 mandados de busca e apreensão domiciliar, que resultaram na apreensão de aparelhos celulares.

Ainda segundo a Secretaria, o policiamento na região é realizado diariamente em todos os distritos e na sede do município, com equipes do Policiamento Ostensivo Geral (POG), da Força Tática (FT) e equipes do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio).

Além disso, o distrito de Uiraponga conta com um posto do Comando Tático Rural (Cotar), que possui uma viatura de Força Tática atuando 24 horas por dia. "Os crimes na região são investigados pela Delegacia de Polícia Civil de Morada Nova", informou.

Já o Ministério Público do Ceará (MPCE), disse que desde julho acompanha o caso e, em articulação com as Forças de Segurança, atuou para implementar medidas de proteção da comunidade e de enfrentamento à situação, que resultaram em prisões de suspeitos, instalação de base da Polícia Militar no distrito e envio de tropas do Batalhão de Choque.

"O Ministério Público segue trabalhando em conjunto com a Defensoria Pública do Estado, as Polícias Civil e Militar e a Prefeitura para garantir a retomada da normalidade dos serviços públicos e a volta dos moradores, além da rigorosa investigação dos crimes registrados no local. O MP do Ceará reafirma o compromisso institucional com a defesa da ordem jurídica, da segurança pública e dos direitos fundamentais da população atingida", disse o MP em nota.

•        Ataque em escola de Sobral: polícia investiga tráfico de drogas como motivação do crime

A Polícia Civil do Ceará investiga se o tráfico de drogas foi o motivo que levou ao ataque na Escola Estadual Luiz Felipe, que terminou com dois alunos mortos e três feridos na última quinta-feira (25), em Sobral, no Ceará. Na manhã da sexta-feira (26), a Polícia prendeu o primeiro suspeito de participação no crime.

Conforme a Secretaria de Segurança Pública do Ceará (SSPDS), na bolsa de um dos alunos mortos foram encontradas embalagens, uma balança de precisão e uma quantidade de droga. À TV Verdes Mares, o delegado João Alberto afirmou que uma das testemunhas ouvidas também relatou que os dois estavam lá não só para comercializar como para consumir entorpecentes.

"Levando em consideração o momento em que esse homicídio foi praticado [quando eles estavam reunidos e com as drogas], a gente tem uma linha de investigação apontando que possa ter ligação entre o motivo do homicídio e a comercialização desse entorpecente", afirmou o delegado João Alberto. "E vale lembrar que toda venda de entorpecente, e isso eu não estou dizendo no Ceará, estou dizendo no Brasil todo, toda venda de entorpecente tem uma ligação com organizações que a gente tenta debelar todo dia: organizações criminosas"

O secretário de Segurança do Ceará, Roberto Sá, confirmou que o ataque foi uma execução premeditada. No entanto, ao ser questionado sobre a motivação, ele afirmou que só será possível determinar com o avanço das investigações.

Ainda conforme o delegado João Alberto, um dos adolescentes mortos foi atingido por 13 tiros, enquanto o outro foi atingido por três tiros. O investigador afirmou que os alvos dos criminosos eram os dois adolescentes mortos.

“Ou seja, essas duas pessoas, por questão de lógica, elas são realmente os alvos dos homicidas. As pessoas foram lá para matar essas duas, pelo que se tem até o momento. Então, a gente está trabalhando para identificar qual foi a motivação para poder fechar o caso”, complementou o delegado.

<><> Como foi o crime

O crime ocorreu na Escola Estadual Professor Luis Felipe, localizada no bairro Campo dos Velhos, perto do centro de Sobral, maior município da região norte do Ceará. A cidade é conhecida nacionalmente pelos bons resultados na educação.

O ataque ocorreu por volta de 9h30, quando os alunos estavam fora das salas, no intervalo das aulas. Imagens de câmeras de segurança, obtidas com exclusividade pela TV Verdes Mares, mostram o momento em que os dois atiradores chegam de moto em uma rua lateral à escola. Eles descem, vão até a lateral e atiram pela grade que separa o pátio da escola da rua. (veja o vídeo no topo da matéria)

Nas imagens, é possível ver que, imediatamente, um dos jovens cai após ser atingido, enquanto outros correm para longe. Os criminosos também deixam o local correndo e fogem na moto. Victor Guilherme Sousa de Aguiar e Luis Claudio Sousa Oliveira Filho, de 17 e 16 anos, respectivamente. Outros três estudantes, todos adolescentes, foram baleados e sobreviveram.

Victor Guilherme é um dos alunos que morreram baleados em escola na cidade de Sobral. — Foto: Mateus Ferreira/ SVM

Além dos dois estudantes mortos, os tiros deixaram três feridos. Dois deles receberam alta e um continua internado. O jovem que continua internado responde por ato infracional análogo a homicídio, roubo, porte ilegal de arma de fogo de calibre permitido e dano.

Um vídeo gravado por testemunhas mostra alunos correndo depois dos tiros. Testemunhas relataram ter visto alunos desmaiando e vomitando após o ataque . As aulas na escola foram suspensas, sem previsão de retorno. A Secretaria de Educação afirmou que, no retorno às aulas, os alunos vão receber suporte psicológico.

<><> Suspeito preso

Um homem de 29 anos foi preso em flagrante na manhã desta sexta-feira (26), no bairro Sumaré, por suspeita de envolvimento no ataque a tiros na Escola de Ensino Médio Luis Felipe, em Sobral. Um segundo suspeito está sendo procurado.

Em entrevista exclusiva à TV Verdes Mares, o delegado João Alberto informou que o suspeito preso seria o garupeiro da moto usada no crime. A identidade do indivíduo não foi divulgada, mas foi informado que ele estava com um mandado de prisão em aberto por um homicídio ocorrido em julho. A Polícia Civil afirmou que há pelo menos oito evidências que conectam o suspeito ao ataque.

O suspeito foi localizado após a polícia identificar o bairro de onde a moto usada no crime partiu, informou o delegado. A localização foi possível devido a peças do veículo encontradas no bairro. Com essa informação, os agentes localizaram a casa do suspeito de 29 anos.

Ao chegar ao endereço, o homem tentou fugir pulando o muro do quintal, mas foi capturado. O suspeito, que já possuía antecedentes por homicídio, roubo, associação criminosa e corrupção de menor, foi preso em flagrante no bairro Sumaré pelos dois homicídios ocorridos no dia anterior.

Duas mulheres, a companheira e irmã do suspeito preso, também foram conduzidas à Delegacia de Sobral para prestar esclarecimentos. As investigações seguem em andamento.

<><> Violência crescente no Ceará

Uma das hipóteses para o crime que matou os dois estudantes na escola em Sobral é o confronto entre facções, conforme apuração da TV Globo. Segundo o governador do estado, Elmano de Freitas, sete facções disputam o domínio por territórios onde eles podem monopolizar o tráfico de drogas e serviços como acesso à internet. Esses grupos criminosos são responsáveis por 90% dos assassinatos no estado, ainda de acordo com Elmano.

A guerra entre os bandos tornou o Ceará o estado com a maior taxa de homicídios dolosos por 100 mil habitantes em 2024, conforme Mapa da Segurança Pública, elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O número absoluto de homicídios dolosos teve um aumento de 9,85% no Ceará: era 2.893 em 2023 e subiu para 3.178 em 2024.

Além dos assassinatos, os criminosos tentam monopolizar serviços ofertados à população. Em uma onda de ataques coordenados, ocorridos entre fevereiro e março deste ano, criminosos depredaram e incendiaram provedores de internet e deixaram cidades sem conexão com a rede.

O Comando Vermelho foi a facção responsável pelo ataque aos provedores. Ela fez pelo menos 19 ataques, como corte de cabos de internet, incêndio de veículos e tiros contra as sedes das empresas, nas cidades Fortaleza, Caucaia, Caridade e São Gonçalo do Amarante.

Em outras regiões, os bandos cobram um "pedágio" para "autorizar" que comerciantes e vendedores informais mantenham seus serviços. Em agosto de 2025, um vendedor de churrasco foi assassinado após recusar a pagar a "taxa" de R$ 1.000 à facção. O valor anterior, que a vítima pagava mensalmente, era R$ 400.

 

Fonte: g1

 

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