Eduardo
Bolsonaro atormenta a direita e vira empecilho para eleição de 2026
A
atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos
limitou as opções da direita para as eleições de 2026 e passou a ser um grande
empecilho para caciques partidários. Em um momento em que o Congresso deixa
esfriar a discussão sobre uma anistia (ou dosimetria) por disputas políticas
internas e pressão popular, o filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro continua
a bradar que não aceitará qualquer acordo que não livre o pai da cadeia. O
clima político para um perdão amplo, no entanto, é inexistente. Tanto na Câmara
quanto no Senado, o que dizem os líderes partidários é que não há possibilidade
de um acordo que garanta a liberdade do ex-chefe do Executivo, condenado a 27
anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.
A
melhor saída para Bolsonaro, portanto, seria tentar diminuir sua pena, algo que
o relator do texto na Câmara, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), já disse
que pretende incluir no texto. Eduardo, no entanto, tem sustentado que o pai
não está em condições de decidir sobre o assunto. "A PGR me denuncia por
coação, mas quem verdadeiramente está sob coação é meu pai", publicou o
deputado em seu perfil no X na última quinta-feira.
As
pressões feitas por Eduardo sobre os presidentes da Câmara, Hugo Motta
(Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ameaçando-os
de sanções, também dificultaram a aprovação de qualquer texto sobre o assunto,
o que põe em risco meses de trabalho de parlamentares bolsonaristas.
As
ameaças de sanções aos chefes do Legislativo, que decidem sobre o avanço de
quaisquer pautas no Congresso, colocaram em xeque ainda a continuidade do
mandato do parlamentar. Na última semana, Motta impediu uma manobra do bloco da
minoria na Câmara para salvar o mandato do deputado por exceder o número de
faltas. Em outra frente, o Conselho de Ética abriu um processo por quebra de
decoro que pode também resultar em cassação. Alcolumbre, por sua vez, já havia
criticado o parlamentar no plenário do Senado, no dia 18.
A
inflexibilidade sobre a anistia, no entanto, não é o único problema criado por
Eduardo, na visão de caciques partidários da direita. O deputado já deixou
claro que, se seu pai não puder concorrer no próximo ano — cenário mais
provável —, ele será o candidato ao Planalto em 2026. A teimosia atrapalhou os
planos do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que, embora seja o
presidenciável que melhor pontua no campo da direita e da centro-direita, não
tem a bênção do clã Bolsonaro.
Em um
cenário sem Tarcísio, Gilberto Kassab, presidente do PSD, disse que considera
apoiar não só um, mas dois candidatos para o próximo ano. Ambos são filiados à
sigla que preside. "O PSD tem o seu rumo. Ou é com o governador Tarcísio,
ou com o governador Ratinho Júnior ou o Eduardo Leite. Isso é algo que está
pacificado dentro do partido e, portanto, vamos aguardar (a decisão do
Tarcísio)", afirmou a jornalistas nesta sexta-feira. Há, ainda, os
governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) no páreo.
Ambos já lançaram suas pré-candidaturas. Nenhuma, no entanto, tem apoio da
família Bolsonaro.
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Desunião
Nesta
sexta-feira, o ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI), um dos
principais defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro, cobrou uma união no
campo da direita. Sem citar diretamente Eduardo, disse que a falta de
entendimento pode entregar as eleições do próximo ano para os adversários.
"Já
está passando de todos os limites a falta de bom senso na direita, digo aqui a
centro-direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos, ou vamos
jogar fora uma eleição ganha outra vez. Por mais que tenhamos divergências, não
podemos ser cabo eleitoral de Lula, do PT e do PSol. Não podemos fazer isso com
o Brasil", escreveu.
O
blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo, que tem atuado com Eduardo nos Estados
Unidos, retrucou. "É verdade, Ciro. Concordo com a falta de bom senso.
Acredita que ainda tem meia dúzia que leva fé em acordos Caracu com o
establishment? Que tem velhaco que não entendeu que a crise diplomática com os
EUA só tem fim com anistia ampla, geral e irrestrita? É gente sem noção",
postou.
Na
tréplica, Ciro Nogueira insinuou que uma nova derrota da direita em 2026
significaria a permanência de Bolsonaro na prisão. "Acho uma crueldade
deixar um homem de bem e honesto, como Jair Bolsonaro, preso por muito mais
tempo, nas condições de saúde em que ele está, ameaçando a vida dele, caso a
oposição não vença as eleições do ano que vem", frisou. Não existe,
entretanto, uma forma legal de o ocupante do Planalto livrar diretamente o
ex-presidente da prisão. Isso porque o Supremo Tribunal Federal (STF) já
entendeu, em fevereiro deste ano, que não cabe anistia ou indulto a quem comete
crimes contra a democracia.
Com
perda de mandato mais próxima, Eduardo tem, ainda, outro problema pela frente:
corre o risco de ficar sem o apoio de interlocutores do presidente Donald
Trump. Os afagos do republicano a Lula na Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), na última terça-feira, mostraram que ele está disposto a
conversar com o Brasil, o que enfraqueceria a retórica bolsonarista.
• PL avalia impacto de ofensiva de Eduardo
Bolsonaro nos EUA e teme reação do STF
A
atuação de Eduardo Bolsonaro (PL) nos Estados Unidos tem provocado apreensão
entre integrantes do Partido Liberal, que enxergam risco de punições por parte
do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a sigla. O temor cresceu à medida que
o deputado intensificou a defesa de sanções internacionais contra autoridades
brasileiras.
De
acordo com a CNN Brasil, aliados avaliam que a ofensiva de Eduardo pode levar o
ministro Alexandre de Moraes a impor punições diretamente à legenda, o que
incluiria desde multas até restrições. A avaliação é de que uma eventual sanção
contra a sigla poderia afetar os cofres do partido e, por consequência,
comprometer a preparação do PL para as eleições de 2026.
No PL,
uma ala acredita que o apoio a Eduardo Bolsonaro pode gerar consequências
negativas para a legenda. Outra, em menor número, insiste em apoiar o deputado,
afirmando que é necessário reagir às decisões de Moraes.
Eduardo
Bolsonaro e o jornalista Paulo Figueiredo já foram denunciados pela
Procuradoria-Geral da República (PGR), acusados de usar contatos nos EUA para
tentar encerrar processos que investigam a suposta tentativa de golpe de Estado
envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
• Desorientação da extrema-direita
favorece a reeleição de Lula
A
extrema-direita brasileira vive um período de desorientação política que pode
favorecer a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.
Reportagem publicada pelo jornal O Globo mostra como as disputas internas entre
o clã Bolsonaro, aliados do Centrão e governadores de direita têm enfraquecido
o bloco oposicionista.
De um
lado, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) insiste que Jair Bolsonaro ou algum
membro da família deve ser o candidato ao Planalto. Com a indefinição do pai,
Eduardo passou a cogitar ele próprio disputar a Presidência, o que elevou a
tensão com partidos aliados. “Está passando de todos os limites a falta de bom
senso”, criticou o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP e entusiasta
da candidatura de Tarcísio de Freitas. Para ele, sem unidade, a direita corre o
risco de “jogar fora uma eleição ganha outra vez”.
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Recuo estratégico de Tarcísio
Alvo de
críticas pelo discurso radicalizado no 7 de Setembro e pelo desgaste do chamado
“tarifaço”, o governador Tarcísio de Freitas tem reduzido sua exposição
pública. Ele reafirmou o plano de concorrer à reeleição em São Paulo e, nos
bastidores, fala em “cansaço” com as pressões. Para assessores próximos, essa
postura é estratégica: ao evitar os embates nacionais, Tarcísio buscaria
preservar sua imagem enquanto deixa “as coisas correrem naturalmente”.
O
próprio governador, que visitará Jair Bolsonaro em Brasília, declarou
recentemente: “A gente vai apoiar o nome de consenso do grupo e a grande
liderança por direito continua sendo do presidente Bolsonaro. Estou com os pés
no chão”.
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Fragmentação e disputas
Enquanto
Tarcísio sinaliza recuo, Eduardo Bolsonaro radicaliza o discurso. Ele se reuniu
em Miami com aliados como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e mantém posição de
confronto, inclusive ao celebrar medidas protecionistas do governo Donald Trump
contra o Brasil. A postura gerou atritos com o presidente do PL, Valdemar Costa
Neto, que acusou Eduardo de querer “matar o pai de vez” ao forçar uma
candidatura própria.
Além
disso, a articulação de governadores como Romeu Zema (Novo), Ratinho Júnior
(PSD) e Ronaldo Caiado (União), que defendem união apenas em eventual segundo
turno, tem incomodado Eduardo, que vê na movimentação uma tentativa de
isolá-lo.
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Impactos para 2026
Para
líderes do Centrão, a falta de consenso enfraquece as chances da
extrema-direita diante de Lula. Enquanto Eduardo busca manter vivo o
bolsonarismo de confronto, Tarcísio recua e governadores testam seus nomes. A
fragmentação tende a favorecer o presidente, que deve disputar a reeleição em
um cenário de oposição desorganizada e conflituosa.
• Eduardo Bolsonaro acumula dívida de R$
13 mil por faltas na Câmara
O
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está sendo cobrado pela Câmara dos
Deputados por faltas injustificadas no mês de março. O valor da cobrança chega
a R$ 13,9 mil.
No mês
em questão, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu manter a estadia
nos Estados Unidos, onde permanece até o momento. Durante o período, foram
constatadas quatro faltas injustificadas pelo parlamentar. Pelas regras da
Casa, faltas sem justificativas podem ser descontadas do salário dos deputados.
Em
nota, a Câmara afirma que o processo de apuração do débito pelas faltas foi
instaurado em cumprimento ao acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU).
“Devido à insuficiência de saldo na folha de pagamento de março, instaurou-se
processo de cobrança administrativa individualizado. No dia 13 de agosto, foi
encaminhada a respectiva Guia de Recolhimento da União (GRU)”, informa a Casa.
Apesar
do documento ter sido recebido no gabinete de Eduardo por uma secretária
parlamentar, a Câmara afirma que ainda não houve quitação da dívida. Assim, o
nome do deputado poderá ser incluído no Cadastro Informativo de Créditos não
Quitados do Setor Público Federal (Cadin) e, posteriormente, o processo deve
ser enviado à Dívida Ativa da União (DAU).
O TCU
recomendou à Câmara, em agosto, a apuração de possíveis irregularidades no
financiamento de Eduardo Bolsonaro nos EUA. O processo foi aberto pelo também
deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que argumenta que Eduardo estaria
promovendo articulações políticas contra a soberania nacional brasileira. O
órgão quer saber se a viagem do deputado é custeada por recursos públicos.
O
Correio procurou a assessoria de Eduardo Bolsonaro para comentar o tema, mas
até o momento não houve resposta. Em caso de contato, essa reportagem será
atualizada.
Fonte:
Correio Braziliense

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