segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Eduardo Bolsonaro atormenta a direita e vira empecilho para eleição de 2026

A atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos limitou as opções da direita para as eleições de 2026 e passou a ser um grande empecilho para caciques partidários. Em um momento em que o Congresso deixa esfriar a discussão sobre uma anistia (ou dosimetria) por disputas políticas internas e pressão popular, o filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro continua a bradar que não aceitará qualquer acordo que não livre o pai da cadeia. O clima político para um perdão amplo, no entanto, é inexistente. Tanto na Câmara quanto no Senado, o que dizem os líderes partidários é que não há possibilidade de um acordo que garanta a liberdade do ex-chefe do Executivo, condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.

A melhor saída para Bolsonaro, portanto, seria tentar diminuir sua pena, algo que o relator do texto na Câmara, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), já disse que pretende incluir no texto. Eduardo, no entanto, tem sustentado que o pai não está em condições de decidir sobre o assunto. "A PGR me denuncia por coação, mas quem verdadeiramente está sob coação é meu pai", publicou o deputado em seu perfil no X na última quinta-feira.

As pressões feitas por Eduardo sobre os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ameaçando-os de sanções, também dificultaram a aprovação de qualquer texto sobre o assunto, o que põe em risco meses de trabalho de parlamentares bolsonaristas.

As ameaças de sanções aos chefes do Legislativo, que decidem sobre o avanço de quaisquer pautas no Congresso, colocaram em xeque ainda a continuidade do mandato do parlamentar. Na última semana, Motta impediu uma manobra do bloco da minoria na Câmara para salvar o mandato do deputado por exceder o número de faltas. Em outra frente, o Conselho de Ética abriu um processo por quebra de decoro que pode também resultar em cassação. Alcolumbre, por sua vez, já havia criticado o parlamentar no plenário do Senado, no dia 18.

A inflexibilidade sobre a anistia, no entanto, não é o único problema criado por Eduardo, na visão de caciques partidários da direita. O deputado já deixou claro que, se seu pai não puder concorrer no próximo ano — cenário mais provável —, ele será o candidato ao Planalto em 2026. A teimosia atrapalhou os planos do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que, embora seja o presidenciável que melhor pontua no campo da direita e da centro-direita, não tem a bênção do clã Bolsonaro.

Em um cenário sem Tarcísio, Gilberto Kassab, presidente do PSD, disse que considera apoiar não só um, mas dois candidatos para o próximo ano. Ambos são filiados à sigla que preside. "O PSD tem o seu rumo. Ou é com o governador Tarcísio, ou com o governador Ratinho Júnior ou o Eduardo Leite. Isso é algo que está pacificado dentro do partido e, portanto, vamos aguardar (a decisão do Tarcísio)", afirmou a jornalistas nesta sexta-feira. Há, ainda, os governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) no páreo. Ambos já lançaram suas pré-candidaturas. Nenhuma, no entanto, tem apoio da família Bolsonaro.

<><> Desunião

Nesta sexta-feira, o ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI), um dos principais defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro, cobrou uma união no campo da direita. Sem citar diretamente Eduardo, disse que a falta de entendimento pode entregar as eleições do próximo ano para os adversários.

"Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na direita, digo aqui a centro-direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos, ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez. Por mais que tenhamos divergências, não podemos ser cabo eleitoral de Lula, do PT e do PSol. Não podemos fazer isso com o Brasil", escreveu.

O blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo, que tem atuado com Eduardo nos Estados Unidos, retrucou. "É verdade, Ciro. Concordo com a falta de bom senso. Acredita que ainda tem meia dúzia que leva fé em acordos Caracu com o establishment? Que tem velhaco que não entendeu que a crise diplomática com os EUA só tem fim com anistia ampla, geral e irrestrita? É gente sem noção", postou.

Na tréplica, Ciro Nogueira insinuou que uma nova derrota da direita em 2026 significaria a permanência de Bolsonaro na prisão. "Acho uma crueldade deixar um homem de bem e honesto, como Jair Bolsonaro, preso por muito mais tempo, nas condições de saúde em que ele está, ameaçando a vida dele, caso a oposição não vença as eleições do ano que vem", frisou. Não existe, entretanto, uma forma legal de o ocupante do Planalto livrar diretamente o ex-presidente da prisão. Isso porque o Supremo Tribunal Federal (STF) já entendeu, em fevereiro deste ano, que não cabe anistia ou indulto a quem comete crimes contra a democracia.

Com perda de mandato mais próxima, Eduardo tem, ainda, outro problema pela frente: corre o risco de ficar sem o apoio de interlocutores do presidente Donald Trump. Os afagos do republicano a Lula na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na última terça-feira, mostraram que ele está disposto a conversar com o Brasil, o que enfraqueceria a retórica bolsonarista.

•        PL avalia impacto de ofensiva de Eduardo Bolsonaro nos EUA e teme reação do STF

A atuação de Eduardo Bolsonaro (PL) nos Estados Unidos tem provocado apreensão entre integrantes do Partido Liberal, que enxergam risco de punições por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a sigla. O temor cresceu à medida que o deputado intensificou a defesa de sanções internacionais contra autoridades brasileiras.

De acordo com a CNN Brasil, aliados avaliam que a ofensiva de Eduardo pode levar o ministro Alexandre de Moraes a impor punições diretamente à legenda, o que incluiria desde multas até restrições. A avaliação é de que uma eventual sanção contra a sigla poderia afetar os cofres do partido e, por consequência, comprometer a preparação do PL para as eleições de 2026.

No PL, uma ala acredita que o apoio a Eduardo Bolsonaro pode gerar consequências negativas para a legenda. Outra, em menor número, insiste em apoiar o deputado, afirmando que é necessário reagir às decisões de Moraes.

Eduardo Bolsonaro e o jornalista Paulo Figueiredo já foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), acusados de usar contatos nos EUA para tentar encerrar processos que investigam a suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

•        Desorientação da extrema-direita favorece a reeleição de Lula

A extrema-direita brasileira vive um período de desorientação política que pode favorecer a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. Reportagem publicada pelo jornal O Globo mostra como as disputas internas entre o clã Bolsonaro, aliados do Centrão e governadores de direita têm enfraquecido o bloco oposicionista.

De um lado, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) insiste que Jair Bolsonaro ou algum membro da família deve ser o candidato ao Planalto. Com a indefinição do pai, Eduardo passou a cogitar ele próprio disputar a Presidência, o que elevou a tensão com partidos aliados. “Está passando de todos os limites a falta de bom senso”, criticou o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP e entusiasta da candidatura de Tarcísio de Freitas. Para ele, sem unidade, a direita corre o risco de “jogar fora uma eleição ganha outra vez”.

<><> Recuo estratégico de Tarcísio

Alvo de críticas pelo discurso radicalizado no 7 de Setembro e pelo desgaste do chamado “tarifaço”, o governador Tarcísio de Freitas tem reduzido sua exposição pública. Ele reafirmou o plano de concorrer à reeleição em São Paulo e, nos bastidores, fala em “cansaço” com as pressões. Para assessores próximos, essa postura é estratégica: ao evitar os embates nacionais, Tarcísio buscaria preservar sua imagem enquanto deixa “as coisas correrem naturalmente”.

O próprio governador, que visitará Jair Bolsonaro em Brasília, declarou recentemente: “A gente vai apoiar o nome de consenso do grupo e a grande liderança por direito continua sendo do presidente Bolsonaro. Estou com os pés no chão”.

<><> Fragmentação e disputas

Enquanto Tarcísio sinaliza recuo, Eduardo Bolsonaro radicaliza o discurso. Ele se reuniu em Miami com aliados como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e mantém posição de confronto, inclusive ao celebrar medidas protecionistas do governo Donald Trump contra o Brasil. A postura gerou atritos com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que acusou Eduardo de querer “matar o pai de vez” ao forçar uma candidatura própria.

Além disso, a articulação de governadores como Romeu Zema (Novo), Ratinho Júnior (PSD) e Ronaldo Caiado (União), que defendem união apenas em eventual segundo turno, tem incomodado Eduardo, que vê na movimentação uma tentativa de isolá-lo.

<><> Impactos para 2026

Para líderes do Centrão, a falta de consenso enfraquece as chances da extrema-direita diante de Lula. Enquanto Eduardo busca manter vivo o bolsonarismo de confronto, Tarcísio recua e governadores testam seus nomes. A fragmentação tende a favorecer o presidente, que deve disputar a reeleição em um cenário de oposição desorganizada e conflituosa.

•        Eduardo Bolsonaro acumula dívida de R$ 13 mil por faltas na Câmara

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está sendo cobrado pela Câmara dos Deputados por faltas injustificadas no mês de março. O valor da cobrança chega a R$ 13,9 mil.

No mês em questão, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu manter a estadia nos Estados Unidos, onde permanece até o momento. Durante o período, foram constatadas quatro faltas injustificadas pelo parlamentar. Pelas regras da Casa, faltas sem justificativas podem ser descontadas do salário dos deputados.

Em nota, a Câmara afirma que o processo de apuração do débito pelas faltas foi instaurado em cumprimento ao acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU). “Devido à insuficiência de saldo na folha de pagamento de março, instaurou-se processo de cobrança administrativa individualizado. No dia 13 de agosto, foi encaminhada a respectiva Guia de Recolhimento da União (GRU)”, informa a Casa.

Apesar do documento ter sido recebido no gabinete de Eduardo por uma secretária parlamentar, a Câmara afirma que ainda não houve quitação da dívida. Assim, o nome do deputado poderá ser incluído no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin) e, posteriormente, o processo deve ser enviado à Dívida Ativa da União (DAU).

O TCU recomendou à Câmara, em agosto, a apuração de possíveis irregularidades no financiamento de Eduardo Bolsonaro nos EUA. O processo foi aberto pelo também deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que argumenta que Eduardo estaria promovendo articulações políticas contra a soberania nacional brasileira. O órgão quer saber se a viagem do deputado é custeada por recursos públicos.

O Correio procurou a assessoria de Eduardo Bolsonaro para comentar o tema, mas até o momento não houve resposta. Em caso de contato, essa reportagem será atualizada.

 

Fonte: Correio Braziliense

 

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