A
crise do Planserv, o poder de Loyola, a boquinha da ponte e o o ressentimento
do PSD
O
Planserv vive um novo momento crítico sob a nova direção. Tanto usuários dos
serviços quanto prestadores do plano dos servidores estaduais relatam diversos
problemas, que vão desde cortes de consultas e exames até aumento da burocracia
para o acesso a procedimentos básicos. Entre prestadores de serviço, há um
temor de que o "modelo falido da Unimed", que levou a uma crise
financeira no plano privado, provoque o mesmo destino no Planserv. Entre
servidores e usuários do plano, que voltaram a protestar na Assembleia
Legislativa nesta semana, o temor é que haja um colapso dos serviços.
<><>
Efeito rebote
Setores
governistas já foram informados da nova crise no Planserv, inclusive com um
aumento nas queixas de acesso a exames e consultas. Técnicos já alertaram que
isso pode causar um "efeito rebote" no plano, uma vez que pacientes
que poderiam ser tratados com medidas simples podem evoluir para quadros
graves, com internações em UTI, cirurgias de alto custo e tratamentos
prolongados. Ou seja: a economia de hoje pode resultar numa explosão de custos
amanhã.
• O poder de Loyola
O
secretário de Relações Institucionais do Estado, Adolpho Loyola (PT), vem
atraindo olhares mais atenciosos de caciques da base governista por sua atuação
cada vez mais expansiva no governo de Jerônimo Rodrigues (PT). Entre
parlamentares, reservadamente, Loyola é chamado de governador em exercício
diante do poder que tem acumulado. Em paralelo, o irmão dele, Davi Loyola, que
é secretário em Teixeira de Freitas, comanda praticamente todos os serviços do
Estado na cidade, segundo fontes que atuam na região, causando a revolta dos
aliados de Jerônimo no Extremo Sul. O que se comenta nos bastidores é que Davi
comanda a parte “empresarial” da família Loyola. Recentemente, inclusive, Davi
fez uma aquisição no ramo imobiliário que tem chamado a atenção em Teixeira de
Freitas. “Adolpho é braço político e Davi é braço financeiro”, disse
reservadamente uma fonte que acompanha a política no Extremo Sul.
<><>
Muito poder
Caciques
da base governista reclamam do “excesso de poder” de Adolpho. Alguns,
inclusive, chegaram a dizer em conversas recentes que o próprio governador
Jerônimo não faz ideia do tamanho do controle de seu auxiliar no governo. A
ingerência já chega a diversas áreas, como obras e comunicação, e muitas vezes
com interesses do próprio Loyola, segundo interlocutores.
• Boquinha da ponte
Por
falar em promessa, ela agora terá uma secretaria para chamar de sua. O
governador enviou à Assembleia Legislativa o projeto que cria a Secretaria
Especial da Ponte, com previsão de 33 cargos e um custo médio anual de R$ 5
milhões. Oficialmente, a pasta nasce com “perfil técnico”, mas nos corredores
da base governista a disputa já é intensa para saber quem vai abocanhar a nova
estrutura. A resenha na classe política é que a ponte continua sendo promessa,
mas a boquinha já é realidade.
<><>
Ponte, só que não
O
governador Jerônimo Rodrigues passou a mencionar, estrategicamente, uma
passarela provisória que será erguida na Baía de Todos-os-Santos, prevista no
projeto da Ponte Salvador-Itaparica, para transportar trabalhadores e
equipamentos do canteiro de obras. Trata-se de algo corriqueiro em grandes
intervenções, mas raramente acaba virando anúncio oficial de governo. Ao usar o
termo “ponte”, em vez de passarela, Jerônimo sugere uma ilusão conveniente:
quando a população começar a ver a tal estrutura no mar, poderá acreditar que
é, finalmente, a ponte definitiva, que foi prometida desde 2009 e adiada em
todos os governos petistas. Anunciar canteiro como se fosse obra pronta é o
mesmo que querer vender o trailer como se fosse o filme.
• Salvo-conduto
Integrantes
do PSD cogitam pedir um “salvo-conduto” à direção do partido para ficarem
desobrigados de apoiar a reeleição do governador Jerônimo Rodrigues em 2026. O
pedido nasce de um ressentimento que ainda sangra desde as eleições municipais
de 2024, quando lideranças do partido foram atropeladas pelo peso da mão do
governador, mesmo integrando a base. Prefeitos e caciques regionais acusam
Jerônimo de ter interferido em disputas locais e de ter contribuído para
derrotas amargas. A garantia, todavia, é de apoio integral à reeleição do
senador Angelo Coronel (PSD), que, inclusive, está ameaçado de ficar de fora da
chapa governista. Se a tendência ganhar corpo, muitos vão deixar Jerônimo pelo
caminho. A lógica entre eles é que gato escaldado tem medo de água quente. Quem
já foi ferido em 2024, não quer ver a cena se repetir em 2028.
• Renovação de araque
O
senador Jaques Wagner (PT) voltou a pregar nesta semana o seu
"mantra" da renovação na política e, também, no PT baiano. Conversa
muito bonita, mas completamente descolada da realidade. Primeiro, porque no
próprio PT da Bahia não há renovação dos quadros, tanto que o próprio Wagner
continua no comando do partido há tantos anos. Nacionalmente, o presidente Lula
comanda o PT desde sempre e segue sendo a única alternativa eleitoral do
partido, segundo seus próprios quadros se orgulham de dizer. É como diz aquela
velha máxima: a renovação é importante desde que não mexam em mim. Me deixe,
viu?!
• Perguntar não ofende
O mundo
da política baiana quer saber se o governador Jerônimo Rodrigues também vai
segurar a mão do vereador do PT de Santo Estêvão Ailton Leal, preso em uma
operação policial que investiga uma organização criminosa envolvida em crimes
como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Recentemente, vale lembrar,
Jerônimo disse que não tem "o costume de soltar a mão daqueles que
caminharam comigo", ao falar sobre três aliados dele que foram alvos de
uma operação da Polícia Federal.
• Pedalada
Um
decreto financeiro do Governo da Bahia que remanejou R$ 243 milhões do programa
Bolsa Presença para bancar obras e o abono extraordinário aos professores
acendeu o sinal amarelo entre os observadores da cena política. O Bolsa
Presença é um auxílio que atende mais de 300 mil famílias em situação de
vulnerabilidade, para garantir segurança alimentar, sob a condição de que os
estudantes estejam em sala de aula. Ao puxar recursos do programa para outra
finalidade, o governo caiu naquela máxima popular de descobrir um santo para
cobrir outro e mostrou que o cobertor, leia-se, o dinheiro no caixa do Estado
está curto. Além disso, há quem diga que tecnicamente que a manobra beira uma
pedalada, já que mexe em verba carimbada sem explicação convincente.
<><>
Cobertor curto
O
timing do governo não poderia ter sido pior. A pedalada aconteceu justamente na
semana em que o Anuário Brasileiro da Educação mostrou que a Bahia tem o
segundo maior índice de abandono escolar no ensino médio - faixa de competência
exclusiva da gestão estadual. E mais, o levantamento mostra que é preciso
ampliar os investimentos para conter esse fluxo de evasão, e não esvaziar o
cofre do principal programa que poderia ajudar nessa direção. O ponto mais
crítico é que o Bolsa Presença virou um caixa disponível para remendos
financeiros na engenharia contábil da administração tocada por um governador
que carrega o título de professor.
• Sem explicação
Após o
ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) denunciar uma obra inacabada em
Abaíra, o governo do estado foi rápido para responder. Neto, que participou de
uma agenda na cidade, apontou uma promessa de Jerônimo da campanha de 2022 para
a construção de uma estrada de 30 km ligando à localidade de Catolés. Só 1 km
da obra foi concluído. O governo correu para dizer que a intervenção atingiu
35% de execução e botou deputados para atacarem Neto, mas só esqueceu de
explicar por que a obra ainda não foi entregue. A ordem de serviço foi assinada
em junho do ano passado, com previsão de entrega no início de 2025. Inclusive,
no mês, o próprio governo divulgou que a obra estava com 40% de execução, mas
agora disse que está com 35%.
• Juiz que bloqueou R$ 183 mil da
Prefeitura de Salvador disse que secretária pode pagar doutorado do próprio
bolso
O
Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) concedeu liminar, no último dia 26, que
suspende o pagamento do doutorado da secretária municipal da Fazenda de
Salvador, Giovanna Guiotti Testa Victer, custeado pela Prefeitura. A decisão
cabe recurso.
Na
decisão, obtida pelo BNEWS, o juiz Glautemberg Bastos de Luna, da 15ª Vara da
Fazenda Pública, destacou que “a suspensão liminar não causará prejuízo
irreversível à beneficiária, que poderá custear o curso com recursos próprios,
preservando-se o erário até o julgamento de mérito”.
O
magistrado determinou ainda que “a imediata suspensão da execução do ato
administrativo que autorizou o custeio do doutorado profissional em
Administração Pública em favor da Secretária Municipal da Fazenda” e a
“paralisação da liberação de quaisquer valores relacionados ao processo
117.531/2025 e ao respectivo contrato ou convênio com a Fundação Getúlio Vargas
(FGV), até o julgamento definitivo desta ação”.
O
contrato de R$ 183,1 mil, firmado sem licitação por inexigibilidade e assinado
pela própria secretária, havia sido questionado pelos advogados Ivando Antunes
da Silva e Marcos da Silva Carrilho Rosa, que destacaram na ação pública a
contradição na alocação de recursos.
Segundo
os advogados, enquanto servidores efetivos, como agentes comunitários de saúde
e agentes de combate às endemias, aguardam pagamento de retroativos, um vultoso
recurso foi destinado a um benefício individual de agente não efetivo. Conforme
os cálculos apresentados à Justiça, o valor de R$ 183,1 mil seria suficiente
para pagar aproximadamente 152 servidores.
A
liminar atende, segundo o juiz, “ao interesse público na preservação dos
recursos municipais e na observância dos princípios constitucionais que regem a
administração pública”. O caso segue em tramitação no TJ-BA.
• Prefeitura de Salvador é investigada
pelo MPF por suspeita de superfaturamento em materiais escolares
O
Ministério Público Federal (MPF) abriu um procedimento preparatório para
investigar a Prefeitura de Salvador, sob gestão do prefeito Bruno Reis (União
Brasil), por suspeita de superfaturamento em materiais destinados à rede
municipal de educação.
Conforme
o BNews apurou, a investigação se concentra no pregão nº 024/2022, realizado
pela gestão municipal para a aquisição de projetores multimídia BenQ MX560
destinados às escolas da rede pública.
O caso
teve início a partir de uma Notícia de Fato, documento que reúne informações
preliminares encaminhadas ao MPF sobre possíveis irregularidades. O BNews
apurou que o pregão selecionou duas empresas pelo valor de quase R$ 7 milhões
(R$ 6.986.600,00).
A
investigação está sob responsabilidade do procurador da República Samir Cabus e
busca identificar se houve prejuízo aos cofres públicos na compra dos
equipamentos. Caso os indícios sejam confirmados, o procedimento pode resultar
na abertura de inquérito civil público e em medidas judiciais contra os
envolvidos.
O BNews
buscou a prefeitura para esclarecimentos. Em nota, a gestão municipal informou
que o processo de aquisição de projetores multimídia pela Secretaria Municipal
de Inovação e Tecnologia (SEMIT) foi conduzido de forma "totalmente legal,
transparente e em conformidade com a legislação vigente".
"O
valor contratado não contempla apenas o equipamento, mas também serviços
essenciais como instalação especializada, suportes de segurança (gaiolas
antifurto e cadeados), garantia estendida, logística e assistência técnica, o
que torna inviável comparações com preços de varejo. Vale ressaltar que neste
custo também está incluso a instalação em todas as unidades de ensino",
afirmou a prefeitura.
Ainda
segundo o município, o pregão eletrônico seguiu todos os trâmites legais, com
ampla publicidade e participação de fornecedores, sendo o contrato adjudicado à
empresa que apresentou o menor preço global. "Além disso, os valores estão
alinhados com atas de registros de preços de outros órgãos públicos, afastando
qualquer suspeita de superfaturamento", destaca.
• Denúncia aponta demissão de mais de 30
funcionários e fechamento de leitos de UTI em Hospital Municipal de Salvador
A
situação financeira do Hospital Municipal de Salvador atravessa um momento
complicado, segundo denúncias encaminhadas ao BNews. Entre as reclamações,
estariam demisões e fechamento de leitos.
De
acordo com a denúncia, mais de 30 funcionários já teriam sido desligados pela
unidade de saúde. Além disso, uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de
emergência, que contava com 20 leitos, também teria sido fechada.
O
motivo por trás da medida seria o não cumprimento, por parte da Prefeitura de
Salvador, no repasse de valores devidos. As reclamações apontam que a situação
estaria gerando uma crise dentro da unidade.
A
equipe de reportagem do BNews procurou a Santa Casa, responsável pela gestão do
Hospital Municipal de Salvador, que as medidas "fazem parte de uma rotina
de gestão responsável, que busca eficiência e continuidade do atendimento à
população".
"Dessa
forma, o hospital segue operando com normalidade, garantindo acolhimento
integral aos pacientes e fortalecendo sua contribuição para a saúde
pública", completou a Santa Casa por meio de nota.
A
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) também foi procurada pela reportagem do
BNews. Em nota, informou que os repasses à Santa Casa de Misericórdia da Bahia
vêm sendo realizados regularmente, mediante a devida prestação de contas.
A SMS
afirmou ainda que questionou a Santa
Casa sobre fechamento de leitos de UTI na unidade e que acompanha a situação,
podendo a entidade ser notificada, se necessário.
"Questionada
pela SMS na manhã desta segunda-feira (15/9), a Santa Casa reforçou que não
houve fechamento de nenhum leito de UTI no hospital, nem redução de quadro
técnico", diz um trecho da nota.
• Funcionários da prefeitura de Salvador
denunciam assédio moral dentro da secretaria; pasta nega
A
Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) de
Salvador é alvo de uma série de denúncias sobre assédio moral, entre outras
denúncias.
Os
casos estariam acontecendo com mais frequência no Recursos Humanos do CadUnico
de Salvador - instrumento do Governo Federal que identifica e caracteriza as
famílias de baixa renda e direciona para que o cidadão e sua família tenham
acesso a vários benefícios sociais e que é gerenciado pela pasta.
De
acordo com as denúncias, o secretário Júnior Magalhães estaria privilegiando os
servidores que são eleitores da mãe dele, Tonha Magalhães, a ex-prefeita de Candeias, cidade localizada na Região Metropolitana de Salvador. O grupo
teria privilégios como pode sair mais cedo e chegar atrasado
"Tem
um supervisor que não vale nada, dá em cima de todo mundo. Tem outra também que
humilha e oprime os cadastradores. Não posso me expor, mas é verdade. Eu pedi
demissão porque sofri assedio", disse um ex-servidor.
"Tirania
dentro da Secretaria SEMPRE. Eu não sei porque o prefeito está segurando
Junior. Os funcionários já estão desgastados com essa gestão", comentou
outro.
<><>
A Sempre nega as acusações
Em
nota, a Sempre diz que "não procedem as denúncias de assédio no setor do
Cadastro Único" e que a gestão de Júnior Magalhães à frente da pasta
"tem realizado esforços consistentes para ampliar e qualificar os serviços
do CadÚnico".
"A
Sempre reafirma seu compromisso com a ética, o respeito e a transparência no
ambiente de trabalho, colocando-se inteiramente à disposição para acolher, de
forma responsável, qualquer manifestação de seus colaboradores e
usuários", diz trecho da nota.
<><>
Confira a nota completa:
A
Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre)
esclarece que não procedem as denúncias de assédio no setor do Cadastro Único.
Desde o
início da gestão do secretário Júnior Magalhães, a Sempre tem realizado
esforços consistentes para ampliar e qualificar os serviços do CadÚnico. Entre
as principais ações estão a expansão da rede de atendimento, que hoje conta com
51 unidades em funcionamento, a ampliação do quadro de servidores, além da
realização de treinamentos contínuos. Essas medidas resultaram na eliminação
das filas e na melhoria expressiva da qualidade do atendimento à população.
A
Sempre reafirma seu compromisso com a ética, o respeito e a transparência no
ambiente de trabalho, colocando-se inteiramente à disposição para acolher, de
forma responsável, qualquer manifestação de seus colaboradores e usuários.
Fonte:
Correio/BNews

Nenhum comentário:
Postar um comentário