segunda-feira, 29 de setembro de 2025

A crise do Planserv, o poder de Loyola, a boquinha da ponte e o o ressentimento do PSD

O Planserv vive um novo momento crítico sob a nova direção. Tanto usuários dos serviços quanto prestadores do plano dos servidores estaduais relatam diversos problemas, que vão desde cortes de consultas e exames até aumento da burocracia para o acesso a procedimentos básicos. Entre prestadores de serviço, há um temor de que o "modelo falido da Unimed", que levou a uma crise financeira no plano privado, provoque o mesmo destino no Planserv. Entre servidores e usuários do plano, que voltaram a protestar na Assembleia Legislativa nesta semana, o temor é que haja um colapso dos serviços.

<><> Efeito rebote

Setores governistas já foram informados da nova crise no Planserv, inclusive com um aumento nas queixas de acesso a exames e consultas. Técnicos já alertaram que isso pode causar um "efeito rebote" no plano, uma vez que pacientes que poderiam ser tratados com medidas simples podem evoluir para quadros graves, com internações em UTI, cirurgias de alto custo e tratamentos prolongados. Ou seja: a economia de hoje pode resultar numa explosão de custos amanhã.

•        O poder de Loyola

O secretário de Relações Institucionais do Estado, Adolpho Loyola (PT), vem atraindo olhares mais atenciosos de caciques da base governista por sua atuação cada vez mais expansiva no governo de Jerônimo Rodrigues (PT). Entre parlamentares, reservadamente, Loyola é chamado de governador em exercício diante do poder que tem acumulado. Em paralelo, o irmão dele, Davi Loyola, que é secretário em Teixeira de Freitas, comanda praticamente todos os serviços do Estado na cidade, segundo fontes que atuam na região, causando a revolta dos aliados de Jerônimo no Extremo Sul. O que se comenta nos bastidores é que Davi comanda a parte “empresarial” da família Loyola. Recentemente, inclusive, Davi fez uma aquisição no ramo imobiliário que tem chamado a atenção em Teixeira de Freitas. “Adolpho é braço político e Davi é braço financeiro”, disse reservadamente uma fonte que acompanha a política no Extremo Sul.

<><> Muito poder

Caciques da base governista reclamam do “excesso de poder” de Adolpho. Alguns, inclusive, chegaram a dizer em conversas recentes que o próprio governador Jerônimo não faz ideia do tamanho do controle de seu auxiliar no governo. A ingerência já chega a diversas áreas, como obras e comunicação, e muitas vezes com interesses do próprio Loyola, segundo interlocutores.

•        Boquinha da ponte

Por falar em promessa, ela agora terá uma secretaria para chamar de sua. O governador enviou à Assembleia Legislativa o projeto que cria a Secretaria Especial da Ponte, com previsão de 33 cargos e um custo médio anual de R$ 5 milhões. Oficialmente, a pasta nasce com “perfil técnico”, mas nos corredores da base governista a disputa já é intensa para saber quem vai abocanhar a nova estrutura. A resenha na classe política é que a ponte continua sendo promessa, mas a boquinha já é realidade.

<><> Ponte, só que não

O governador Jerônimo Rodrigues passou a mencionar, estrategicamente, uma passarela provisória que será erguida na Baía de Todos-os-Santos, prevista no projeto da Ponte Salvador-Itaparica, para transportar trabalhadores e equipamentos do canteiro de obras. Trata-se de algo corriqueiro em grandes intervenções, mas raramente acaba virando anúncio oficial de governo. Ao usar o termo “ponte”, em vez de passarela, Jerônimo sugere uma ilusão conveniente: quando a população começar a ver a tal estrutura no mar, poderá acreditar que é, finalmente, a ponte definitiva, que foi prometida desde 2009 e adiada em todos os governos petistas. Anunciar canteiro como se fosse obra pronta é o mesmo que querer vender o trailer como se fosse o filme.

•        Salvo-conduto

Integrantes do PSD cogitam pedir um “salvo-conduto” à direção do partido para ficarem desobrigados de apoiar a reeleição do governador Jerônimo Rodrigues em 2026. O pedido nasce de um ressentimento que ainda sangra desde as eleições municipais de 2024, quando lideranças do partido foram atropeladas pelo peso da mão do governador, mesmo integrando a base. Prefeitos e caciques regionais acusam Jerônimo de ter interferido em disputas locais e de ter contribuído para derrotas amargas. A garantia, todavia, é de apoio integral à reeleição do senador Angelo Coronel (PSD), que, inclusive, está ameaçado de ficar de fora da chapa governista. Se a tendência ganhar corpo, muitos vão deixar Jerônimo pelo caminho. A lógica entre eles é que gato escaldado tem medo de água quente. Quem já foi ferido em 2024, não quer ver a cena se repetir em 2028.

•        Renovação de araque

O senador Jaques Wagner (PT) voltou a pregar nesta semana o seu "mantra" da renovação na política e, também, no PT baiano. Conversa muito bonita, mas completamente descolada da realidade. Primeiro, porque no próprio PT da Bahia não há renovação dos quadros, tanto que o próprio Wagner continua no comando do partido há tantos anos. Nacionalmente, o presidente Lula comanda o PT desde sempre e segue sendo a única alternativa eleitoral do partido, segundo seus próprios quadros se orgulham de dizer. É como diz aquela velha máxima: a renovação é importante desde que não mexam em mim. Me deixe, viu?!

•        Perguntar não ofende

O mundo da política baiana quer saber se o governador Jerônimo Rodrigues também vai segurar a mão do vereador do PT de Santo Estêvão Ailton Leal, preso em uma operação policial que investiga uma organização criminosa envolvida em crimes como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Recentemente, vale lembrar, Jerônimo disse que não tem "o costume de soltar a mão daqueles que caminharam comigo", ao falar sobre três aliados dele que foram alvos de uma operação da Polícia Federal.

•        Pedalada

Um decreto financeiro do Governo da Bahia que remanejou R$ 243 milhões do programa Bolsa Presença para bancar obras e o abono extraordinário aos professores acendeu o sinal amarelo entre os observadores da cena política. O Bolsa Presença é um auxílio que atende mais de 300 mil famílias em situação de vulnerabilidade, para garantir segurança alimentar, sob a condição de que os estudantes estejam em sala de aula. Ao puxar recursos do programa para outra finalidade, o governo caiu naquela máxima popular de descobrir um santo para cobrir outro e mostrou que o cobertor, leia-se, o dinheiro no caixa do Estado está curto. Além disso, há quem diga que tecnicamente que a manobra beira uma pedalada, já que mexe em verba carimbada sem explicação convincente.

<><> Cobertor curto

O timing do governo não poderia ter sido pior. A pedalada aconteceu justamente na semana em que o Anuário Brasileiro da Educação mostrou que a Bahia tem o segundo maior índice de abandono escolar no ensino médio - faixa de competência exclusiva da gestão estadual. E mais, o levantamento mostra que é preciso ampliar os investimentos para conter esse fluxo de evasão, e não esvaziar o cofre do principal programa que poderia ajudar nessa direção. O ponto mais crítico é que o Bolsa Presença virou um caixa disponível para remendos financeiros na engenharia contábil da administração tocada por um governador que carrega o título de professor.

•        Sem explicação

Após o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) denunciar uma obra inacabada em Abaíra, o governo do estado foi rápido para responder. Neto, que participou de uma agenda na cidade, apontou uma promessa de Jerônimo da campanha de 2022 para a construção de uma estrada de 30 km ligando à localidade de Catolés. Só 1 km da obra foi concluído. O governo correu para dizer que a intervenção atingiu 35% de execução e botou deputados para atacarem Neto, mas só esqueceu de explicar por que a obra ainda não foi entregue. A ordem de serviço foi assinada em junho do ano passado, com previsão de entrega no início de 2025. Inclusive, no mês, o próprio governo divulgou que a obra estava com 40% de execução, mas agora disse que está com 35%.

•        Juiz que bloqueou R$ 183 mil da Prefeitura de Salvador disse que secretária pode pagar doutorado do próprio bolso

O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) concedeu liminar, no último dia 26, que suspende o pagamento do doutorado da secretária municipal da Fazenda de Salvador, Giovanna Guiotti Testa Victer, custeado pela Prefeitura. A decisão cabe recurso.

Na decisão, obtida pelo BNEWS, o juiz Glautemberg Bastos de Luna, da 15ª Vara da Fazenda Pública, destacou que “a suspensão liminar não causará prejuízo irreversível à beneficiária, que poderá custear o curso com recursos próprios, preservando-se o erário até o julgamento de mérito”.

O magistrado determinou ainda que “a imediata suspensão da execução do ato administrativo que autorizou o custeio do doutorado profissional em Administração Pública em favor da Secretária Municipal da Fazenda” e a “paralisação da liberação de quaisquer valores relacionados ao processo 117.531/2025 e ao respectivo contrato ou convênio com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), até o julgamento definitivo desta ação”.

O contrato de R$ 183,1 mil, firmado sem licitação por inexigibilidade e assinado pela própria secretária, havia sido questionado pelos advogados Ivando Antunes da Silva e Marcos da Silva Carrilho Rosa, que destacaram na ação pública a contradição na alocação de recursos.

Segundo os advogados, enquanto servidores efetivos, como agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, aguardam pagamento de retroativos, um vultoso recurso foi destinado a um benefício individual de agente não efetivo. Conforme os cálculos apresentados à Justiça, o valor de R$ 183,1 mil seria suficiente para pagar aproximadamente 152 servidores.

A liminar atende, segundo o juiz, “ao interesse público na preservação dos recursos municipais e na observância dos princípios constitucionais que regem a administração pública”. O caso segue em tramitação no TJ-BA.

•        Prefeitura de Salvador é investigada pelo MPF por suspeita de superfaturamento em materiais escolares

O Ministério Público Federal (MPF) abriu um procedimento preparatório para investigar a Prefeitura de Salvador, sob gestão do prefeito Bruno Reis (União Brasil), por suspeita de superfaturamento em materiais destinados à rede municipal de educação.

Conforme o BNews apurou, a investigação se concentra no pregão nº 024/2022, realizado pela gestão municipal para a aquisição de projetores multimídia BenQ MX560 destinados às escolas da rede pública.

O caso teve início a partir de uma Notícia de Fato, documento que reúne informações preliminares encaminhadas ao MPF sobre possíveis irregularidades. O BNews apurou que o pregão selecionou duas empresas pelo valor de quase R$ 7 milhões (R$ 6.986.600,00).

A investigação está sob responsabilidade do procurador da República Samir Cabus e busca identificar se houve prejuízo aos cofres públicos na compra dos equipamentos. Caso os indícios sejam confirmados, o procedimento pode resultar na abertura de inquérito civil público e em medidas judiciais contra os envolvidos.

O BNews buscou a prefeitura para esclarecimentos. Em nota, a gestão municipal informou que o processo de aquisição de projetores multimídia pela Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (SEMIT) foi conduzido de forma "totalmente legal, transparente e em conformidade com a legislação vigente".

"O valor contratado não contempla apenas o equipamento, mas também serviços essenciais como instalação especializada, suportes de segurança (gaiolas antifurto e cadeados), garantia estendida, logística e assistência técnica, o que torna inviável comparações com preços de varejo. Vale ressaltar que neste custo também está incluso a instalação em todas as unidades de ensino", afirmou a prefeitura.

Ainda segundo o município, o pregão eletrônico seguiu todos os trâmites legais, com ampla publicidade e participação de fornecedores, sendo o contrato adjudicado à empresa que apresentou o menor preço global. "Além disso, os valores estão alinhados com atas de registros de preços de outros órgãos públicos, afastando qualquer suspeita de superfaturamento", destaca.

•        Denúncia aponta demissão de mais de 30 funcionários e fechamento de leitos de UTI em Hospital Municipal de Salvador

A situação financeira do Hospital Municipal de Salvador atravessa um momento complicado, segundo denúncias encaminhadas ao BNews. Entre as reclamações, estariam demisões e fechamento de leitos.

De acordo com a denúncia, mais de 30 funcionários já teriam sido desligados pela unidade de saúde. Além disso, uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de emergência, que contava com 20 leitos, também teria sido fechada.

O motivo por trás da medida seria o não cumprimento, por parte da Prefeitura de Salvador, no repasse de valores devidos. As reclamações apontam que a situação estaria gerando uma crise dentro da unidade.

A equipe de reportagem do BNews procurou a Santa Casa, responsável pela gestão do Hospital Municipal de Salvador, que as medidas "fazem parte de uma rotina de gestão responsável, que busca eficiência e continuidade do atendimento à população".

"Dessa forma, o hospital segue operando com normalidade, garantindo acolhimento integral aos pacientes e fortalecendo sua contribuição para a saúde pública", completou a Santa Casa por meio de nota.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) também foi procurada pela reportagem do BNews. Em nota, informou que os repasses à Santa Casa de Misericórdia da Bahia vêm sendo realizados regularmente, mediante a devida prestação de contas.

A SMS afirmou ainda que questionou  a Santa Casa sobre fechamento de leitos de UTI na unidade e que acompanha a situação, podendo a entidade ser notificada, se necessário.

"Questionada pela SMS na manhã desta segunda-feira (15/9), a Santa Casa reforçou que não houve fechamento de nenhum leito de UTI no hospital, nem redução de quadro técnico", diz um trecho da nota.

•        Funcionários da prefeitura de Salvador denunciam assédio moral dentro da secretaria; pasta nega

A Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) de Salvador é alvo de uma série de denúncias sobre assédio moral, entre outras denúncias.

Os casos estariam acontecendo com mais frequência no Recursos Humanos do CadUnico de Salvador - instrumento do Governo Federal que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda e direciona para que o cidadão e sua família tenham acesso a vários benefícios sociais e que é gerenciado pela pasta.

De acordo com as denúncias, o secretário Júnior Magalhães estaria privilegiando os servidores que são eleitores da mãe dele, Tonha Magalhães,  a ex-prefeita de Candeias, cidade localizada  na Região Metropolitana de Salvador. O grupo teria privilégios como pode sair mais cedo e chegar atrasado

"Tem um supervisor que não vale nada, dá em cima de todo mundo. Tem outra também que humilha e oprime os cadastradores. Não posso me expor, mas é verdade. Eu pedi demissão porque sofri assedio", disse um ex-servidor.

"Tirania dentro da Secretaria SEMPRE. Eu não sei porque o prefeito está segurando Junior. Os funcionários já estão desgastados com essa gestão", comentou outro.

<><> A Sempre nega as acusações

Em nota, a Sempre diz que "não procedem as denúncias de assédio no setor do Cadastro Único" e que a gestão de Júnior Magalhães à frente da pasta "tem realizado esforços consistentes para ampliar e qualificar os serviços do CadÚnico".

"A Sempre reafirma seu compromisso com a ética, o respeito e a transparência no ambiente de trabalho, colocando-se inteiramente à disposição para acolher, de forma responsável, qualquer manifestação de seus colaboradores e usuários", diz trecho da nota.

<><> Confira a nota completa:

A Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) esclarece que não procedem as denúncias de assédio no setor do Cadastro Único.

Desde o início da gestão do secretário Júnior Magalhães, a Sempre tem realizado esforços consistentes para ampliar e qualificar os serviços do CadÚnico. Entre as principais ações estão a expansão da rede de atendimento, que hoje conta com 51 unidades em funcionamento, a ampliação do quadro de servidores, além da realização de treinamentos contínuos. Essas medidas resultaram na eliminação das filas e na melhoria expressiva da qualidade do atendimento à população.

A Sempre reafirma seu compromisso com a ética, o respeito e a transparência no ambiente de trabalho, colocando-se inteiramente à disposição para acolher, de forma responsável, qualquer manifestação de seus colaboradores e usuários.

 

Fonte: Correio/BNews

 

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