terça-feira, 30 de setembro de 2025

Performance de Lula na ONU em defesa do Brasil desarma o império e desorienta a direita

O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU e o subsequente encontro com o presidente norte-americano, Donald Trump, marcaram um episódio diplomático de profundo significado. Ficou evidente que autoridade internacional se conquista com altivez e não com submissão — uma lição que repercutiu tanto no cenário global quanto na política interna, onde as posturas antinacionais se tornaram ainda mais expostas.

Da tribuna das Nações Unidas, Lula fez uma defesa contundente da soberania brasileira, criticando as sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos e a interferência em assuntos internos de países soberanos. Ao se referir ao julgamento de Jair Bolsonaro, declarou que “a agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável” e enviou um recado claro: “nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”. Com a mesma firmeza, denunciou o genocídio em curso em Gaza, posicionando o Brasil de forma corajosa ao lado do direito internacional e dos direitos humanos. A imprensa internacional destacou que Lula figura entre os poucos líderes mundiais que não se curvaram às medidas unilaterais do governo Trump, ressaltando a força moral de sua postura.

A reação de Trump foi reveladora. Após assistir a trechos do discurso de Lula, o presidente norte-americano fez elogios públicos inesperados, chamando o brasileiro de “cara muito legal” e destacando uma “excelente química” de “39 segundos” entre ambos. Mais do que uma gentileza protocolar, o gesto foi interpretado como sinal à sua equipe para reabrir o diálogo com o Brasil — a primeira sinalização positiva desde o início da crise diplomática. O fato de essa abertura ocorrer logo após Lula reafirmar seus princípios demonstra que foi justamente a firmeza brasileira que arrancou respeito. Ainda assim, todo cuidado é pouco diante de um personagem tão nefasto. Os EUA, sob comando de Trump, estão prestes a atacar a Venezuela, e o aceno a Lula pode ter sido uma manobra para neutralizar uma eventual reação do Brasil.

Enquanto Lula representava o país com dignidade no palco mundial, o bolsonarismo atuava em sentido oposto. O deputado Eduardo Bolsonaro tornou-se alvo de acusações de “traição à pátria” por articular junto ao governo Trump a imposição de sanções contra o Brasil. A Polícia Federal abriu processo administrativo disciplinar para investigar sua conduta. A ministra Gleisi Hoffmann defendeu a cassação do mandato por traição, e o presidente da Câmara, Hugo Motta, reforçou que servidores públicos não podem apoiar sanções estrangeiras contra o país — recado direto ao filho de Bolsonaro. Suas ações, em contraste absoluto com a conduta de Lula, buscavam aprofundar a crise diplomática em benefício de interesses sectários, deixando-o politicamente isolado diante do “potencial radioativo” de sua traição.

A performance de Lula na ONU e seus efeitos imediatos representam um momento de virada na política externa brasileira. O equilíbrio entre discurso intransigente em defesa da soberania e a habilidade de dialogar até com adversários revela uma diplomacia madura e eficaz. A direita bolsonarista, desorientada e neutralizada, viu ruir sua estratégia. E o caso de Eduardo Bolsonaro, agora tratado como assunto de polícia e ética, ficará registrado como exemplo histórico do que significa conspirar contra os interesses nacionais.

¨      Lula defende diálogo com Trump: 'É bom, desde que na lógica do ganha-ganha'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, em entrevista coletiva concedida ao final de sua agenda oficial na ONU, nesta quarta-feira (24/9), que está disposto a retomar o diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A notícia foi publicada pela Agência Gov. Lula destacou que uma eventual aproximação atende à vontade de ambos os povos e que o relacionamento bilateral deve ser pautado pelo princípio do "ganha-ganha".

Segundo o presidente brasileiro, não há restrições para a conversa entre os dois países, exceto em relação a temas fundamentais: “Quando tiver eleição nos Estados Unidos, eu não me meto. E quando tiver eleição no Brasil, ele não se mete”. Lula frisou que democracia e soberania não estão em negociação.

<><> A lógica do "ganha-ganha"

Lula defendeu que o diálogo entre Brasil e Estados Unidos traga benefícios concretos às duas nações. “No caso do Brasil, a gente não tem que perder, a gente tem que ganhar e também os outros têm que ganhar, porque tem que ser um acordo de ganha-ganha. Essa é a minha disposição e eu espero que seja a disposição dos Estados Unidos também, porque será bom, será bom para a nossa economia, para a nossa indústria, para o nosso comércio, para a nossa agricultura e para a relação das duas democracias mais importantes da América”, afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de discutir terras raras e minerais críticos, Lula ressaltou que o Brasil não pode repetir erros do passado: “O que a gente não quer é permitir que aconteça como aconteceu até agora com os minérios: a gente é só exportador, só exportador, só exportador e não faz o processo de industrialização dentro do Brasil”.

<><> O encontro inesperado e a “química”

Lula revelou ter sido surpreendido pelo encontro com Trump nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, após seu discurso de abertura. O presidente norte-americano, que falou em seguida, afirmou que havia surgido uma “química” entre os dois. Lula respondeu com bom humor: “Eu fui surpreendido, porque eu já estive ali outras vezes e não encontrei sempre com o presidente [dos Estados Unidos]... E eu acho que pintou uma química mesmo, eu acho”.

Antes das perguntas dos jornalistas, Lula fez uma breve exposição sobre sua agenda na ONU e voltou a defender que os países concentrem esforços na luta contra a fome e a pobreza. “Se todos os governantes do mundo colocarem o pobre dentro do orçamento, a gente acaba com a pobreza muito rapidamente”, disse, lembrando que, segundo a FAO, mais de 670 milhões de pessoas passam fome.

Ele também criticou os gastos militares excessivos: “Quando você vê as pessoas gastarem trilhões em armas, trilhões em guerras, a gente não tem explicação do comportamento dos humanos em tratar a própria espécie humana”.

<><> Relações comerciais e expectativas

Lula sublinhou que a qualidade das informações é essencial para que Trump compreenda a realidade do comércio bilateral: “Eu não sei quem foi que disse para o presidente Trump que ele tinha um déficit comercial com o Brasil. Ele teve um superávit em 15 anos de 410 bilhões de dólares”.

Entre janeiro e agosto de 2025, o Brasil exportou US$ 26,6 bilhões para os Estados Unidos, um aumento de 1,66% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as importações chegaram a US$ 30 bilhões, alta de 11,44%. Somente em 2024, os EUA registraram superávit de quase US$ 30 bilhões no comércio com o Brasil.

O presidente concluiu a coletiva enfatizando a importância de um diálogo franco: “Estou muito otimista, porque eu acredito muito na relação humana. Acho que tudo pode ser resolvido quando duas pessoas conversam. Eu acredito muito no poder de convencimento das palavras”.

¨      “Entre China e Estados Unidos, Lula vai defender o interesse nacional", diz Walfrido Warde

Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o advogado Walfrido Warde, presidente do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), que é um dos principais think-tanks do Brasil, e integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável do governo Lula, analisou o lugar do Brasil na disputa geopolítica entre as grandes potências, logo após a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

Warde afirmou que o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva atua com pragmatismo entre os dois polos estratégicos, preservando sua autonomia decisória. Ao tratar do novo ambiente de diálogo com Washington e da centralidade de Pequim para a economia brasileira, ele foi taxativo: “No embate de interesses entre americanos e chineses, devem prevalecer o interesse brasileiro e eu tenho certeza absoluta de que o presidente Lula assim fará”.

O jurista contrastou as visões de mundo do presidente Lula e de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos. Segundo ele, Lula expressa a defesa do multilateralismo, da soberania dos povos e do respeito ao direito internacional, ao passo que Trump dá voz a segmentos que se ressentem da perda de protagonismo americano: “Trump não pode ser menosprezado na sua maneira de exprimir uma visão de mundo que tem aderência no coração de muita gente”. 

Ao descrever a estatura internacional do líder brasileiro, Warde destacou a sua capacidade de representar valores civilizatórios: “O presidente Lula é a quintessência, talvez o último bastião, o último político do Ocidente que empolga ao expressar essas ideias”.

Ao avaliar a recente reaproximação entre Brasília e Washington, após gestos de Trump em relação a Lula durante a Assembleia Geral da ONU, Warde sustentou que o eixo das relações deve ser de benefício mútuo, sem submissão, e que essa dinâmica também envia sinais claros a Pequim: “Se os americanos perseguem interesses americanos, nós, brasileiros, prosseguiremos interesses dos brasileiros”. Para ele, a disputa por influência na América Latina pode ser positiva se o Brasil souber negociar contrapartidas concretas em comércio, investimentos e tecnologia.

<>< Parcerias entre Brasil e China

O advogado também examinou as consequências econômicas da Operação Lava Jato, que desorganizou o setor de infraestrutura e abriu espaço a competidores estrangeiros. Na leitura de Warde, o episódio inseriu-se em uma lógica de guerra comercial que não produziu, para os Estados Unidos, os efeitos pretendidos: “Na verdade, como é de fato, o FCPA (legislação americana que investigou corrupção em outros países) já nasce como instrumento de guerra comercial”. Diante do estrago, ele vê nas parcerias entre construtoras brasileiras e grupos chineses uma ponte para a recuperação de competências e empregos.

Em temas estratégicos, Warde propôs que o país deixe de ser mero exportador de matérias-primas e passe a capturar valor em cadeias industriais de alta tecnologia. Ao falar de terras raras, defendeu política industrial e tecnológica consistente para verticalizar produção e inovação. E, sobre a corrida global por capacidade computacional, apontou que a instalação de data centers deve vir acompanhada de exigências: “Não podemos ser meros armazenadores de dados das potências. Precisamos exigir transferência de tecnologia”.

No setor automotivo, Warde ponderou que a transição tecnológica ainda está em disputa, com diferentes rotas energéticas em avaliação. Por isso, além de atrair fábricas e P&D, o Brasil deve condicionar acesso ao mercado a compromissos robustos de produção local e inovação, mantendo margem de manobra para decidir entre eletrificação por bateria, hidrogênio e biocombustíveis avançados, conforme maturidade tecnológica e custo ambiental.

<><> Cooperação no campo militar

Warde também abordou defesa e soberania em um contexto de rearmamento global, observando que parcerias, inclusive com a China, podem fortalecer a capacidade brasileira, desde que orientadas pelo interesse nacional. Para ele, treinar e equipar as Forças Armadas é função de Estado e precisa estar apartada de polarizações circunstanciais.

Ao destacar o papel do IREE, Warde lembrou que o think tank foi concebido para “pensar e defender políticas públicas”, promovendo debate plural sobre segurança, geopolítica e desenvolvimento, com participação de diplomatas, militares, juristas, economistas e lideranças civis. Sua atuação no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo Lula reforça essa agenda: Warde foi reconduzido por decreto presidencial ao colegiado, com mandato até março de 2027, o que valoriza sua contribuição institucional e o papel do IREE no diálogo entre Estado e sociedade.

No plano político, Warde sugeriu que a superação das divisões internas é condição para um projeto nacional robusto. Em tom conciliador, destacou a liderança histórica de Lula e a importância de superar preconceitos e ressentimentos: “A fala do presidente Lula empolga e atinge o coração das pessoas no mundo todo, e esse homem é brasileiro e presidente do Brasil. Isso deve ser valorizado por todos”.

¨      Nesta semana, encontro com Trump favorece Lula, IR amplia ofensiva e Centrão fica no “cá te espero”

Nesta semana, as atenções se voltam para a conversa entre os presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o americano, Donald Trump. A expectativa é que, em algum momento, esse diálogo abra caminho para um novo acordo tarifário entre os dois países e para o relaxamento de sanções contra autoridades do Brasil. O formato remoto reduz o risco de um eventual constrangimento de Trump a Lula — e, caso ocorra, tende a favorecer o presidente brasileiro como parte desrespeitada. Entretanto, um mal-estar é considerado improvável se o lobby da empresa JBS foi mesmo determinante para o distensionamento entre Washington e Brasília.

Se algum alívio nas sanções ao Brasil for obtido já neste primeiro encontro, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode se sentir confortável em adotar postura semelhante em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Um relaxamento nas sobretaxas, por sua vez, deve beneficiar a valorização da Bolsa e do real frente ao dólar, criando condições para o crescimento de um clima mais otimista no país, em convergência com a — por ora — tendência baixista dos juros a partir do início do ano que vem, na esteira da recuperação estável da popularidade de Lula. Cientistas políticos, contudo, recomendam cautela quanto à expectativa de resultados imediatos.

COM IR, LULA DEVE AMPLIAR OFENSIVA

No cenário doméstico, o Palácio do Planalto e o PT vão mobilizar a opinião pública pela aprovação da reforma do Imposto de Renda (IR), agenda "picanha e cerveja" prioritária do governo Lula e apoiada por cerca de 70% da população. O zeitgeist no Executivo é de que “a dosimetria que interessa é a tributação dos super-ricos”, em sintonia com manifestações populares e pesquisas recentes. Esses levantamentos indicaram que o lulismo conseguiu se reapropriar do sentimento antissistema latente na sociedade e ampliar sua posição no eleitorado de centro e de classe média, explorando sua face outsider — ou de alternância efetiva de poder no país, ainda que no exercício do governo.

Para evitar novo desgaste, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, confirmou a votação da reforma do IR para quarta-feira, rejeitando qualquer vinculação com o “PL da Dosimetria”, rebranding da anistia. A ameaça do relator, deputado Paulo Pereira da Silva, de que, sem apoio do PT, a versão ampla pode conquistar o aval do Centrão soa como mais um pretexto para que o bloco compartilhe com o Planalto o ônus da dosimetria e o bônus político da reforma do IR, depois do revés da "PEC da Blindagem".

ANISTIA COM CENTRÃO ENFRAQUECIDO

Na atual correlação de forças — com o Centrão em xeque e poder restrito à Câmara — nem mesmo uma proposta de redução de penas que beneficie Bolsonaro teria vida fácil no Senado, o que tornaria qualquer tentativa de aprovar um texto mais radical apenas um gesto de demarcação política. No entanto, a combinação entre o aumento da faixa de isenção total do IR de R$ 5 mil para R$ 7 mil, proposto em emenda do relator de "Paulinho da Força", e um substitutivo do PL garantindo anistia ampla, capaz de agradar ao expressivo eleitorado de direita, é vista com potencial para tirar do corner a aliança Centrão-bolsonarismo — mesmo que a blitzkrieg não prospere no Senado nem no STF.

Paralelamente, cresce a pressão de setores de centro e direita para que o deputado Eduardo Bolsonaro aceite um pacto que manteria o pai inelegível, porém em prisão domiciliar — solução que o próprio ex-presidente estaria disposto a aceitar, ajudando a viabilizar a candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Nesse contexto se inserem a suposta desistência de Tarcísio de disputar a Presidência em 2026, as notícias que apontam Ratinho Jr. como plano B do Centrão, o possível adiamento da votação do “PL da Dosimetria” para depois desta semana e o avanço do processo que pode levar à cassação de Eduardo. Os movimentos do deputado, entretanto, indicam que ele está mirando o futuro da direita ideológica e cultural.

UM PALCO ARMADO

Uma eventual capitulação do clã Bolsonaro poderia ser interpretada como derrota por sua base mais fiel, abrindo espaço para novas lideranças. Essa mesma base foi a que manteve apoio irrestrito ao ex-presidente durante a pandemia de Covid-19, sendo vista como garantia de que um nome indicado por ele chegaria ao segundo turno.

Todavia, Tarcísio visitará Bolsonaro e, embora negue a intenção, o palco está preparado para um anúncio que pode reanimar o establishment político e econômico — mas também favorecer um ambiente mais positivo para a conversa Lula-Trump. Assim, a tendência neste início de semana é novamente favorável ao Planalto, que também vem acumulando os pontos das operações contra lavagem de dinheiro do crime organizado na economia formal — como na Faria Lima, que atingem o coração dessas máfias sem disparar tiros e martirizar comunidades.

 

Fonte: Brasil 247

 

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