Performance
de Lula na ONU em defesa do Brasil desarma o império e desorienta a direita
O
discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU e o
subsequente encontro com o presidente norte-americano, Donald Trump, marcaram
um episódio diplomático de profundo significado. Ficou evidente que autoridade
internacional se conquista com altivez e não com submissão — uma lição que
repercutiu tanto no cenário global quanto na política interna, onde as posturas
antinacionais se tornaram ainda mais expostas.
Da
tribuna das Nações Unidas, Lula fez uma defesa contundente da soberania
brasileira, criticando as sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos e a
interferência em assuntos internos de países soberanos. Ao se referir ao
julgamento de Jair Bolsonaro, declarou que “a agressão contra a independência
do Poder Judiciário é inaceitável” e enviou um recado claro: “nossa democracia
e nossa soberania são inegociáveis”. Com a mesma firmeza, denunciou o genocídio
em curso em Gaza, posicionando o Brasil de forma corajosa ao lado do direito
internacional e dos direitos humanos. A imprensa internacional destacou que
Lula figura entre os poucos líderes mundiais que não se curvaram às medidas
unilaterais do governo Trump, ressaltando a força moral de sua postura.
A
reação de Trump foi reveladora. Após assistir a trechos do discurso de Lula, o
presidente norte-americano fez elogios públicos inesperados, chamando o
brasileiro de “cara muito legal” e destacando uma “excelente química” de “39
segundos” entre ambos. Mais do que uma gentileza protocolar, o gesto foi
interpretado como sinal à sua equipe para reabrir o diálogo com o Brasil — a
primeira sinalização positiva desde o início da crise diplomática. O fato de
essa abertura ocorrer logo após Lula reafirmar seus princípios demonstra que
foi justamente a firmeza brasileira que arrancou respeito. Ainda assim, todo
cuidado é pouco diante de um personagem tão nefasto. Os EUA, sob comando de
Trump, estão prestes a atacar a Venezuela, e o aceno a Lula pode ter sido uma manobra
para neutralizar uma eventual reação do Brasil.
Enquanto
Lula representava o país com dignidade no palco mundial, o bolsonarismo atuava
em sentido oposto. O deputado Eduardo Bolsonaro tornou-se alvo de acusações de
“traição à pátria” por articular junto ao governo Trump a imposição de sanções
contra o Brasil. A Polícia Federal abriu processo administrativo disciplinar
para investigar sua conduta. A ministra Gleisi Hoffmann defendeu a cassação do
mandato por traição, e o presidente da Câmara, Hugo Motta, reforçou que
servidores públicos não podem apoiar sanções estrangeiras contra o país —
recado direto ao filho de Bolsonaro. Suas ações, em contraste absoluto com a
conduta de Lula, buscavam aprofundar a crise diplomática em benefício de
interesses sectários, deixando-o politicamente isolado diante do “potencial
radioativo” de sua traição.
A
performance de Lula na ONU e seus efeitos imediatos representam um momento de
virada na política externa brasileira. O equilíbrio entre discurso
intransigente em defesa da soberania e a habilidade de dialogar até com
adversários revela uma diplomacia madura e eficaz. A direita bolsonarista,
desorientada e neutralizada, viu ruir sua estratégia. E o caso de Eduardo
Bolsonaro, agora tratado como assunto de polícia e ética, ficará registrado
como exemplo histórico do que significa conspirar contra os interesses
nacionais.
¨ Lula defende diálogo
com Trump: 'É bom, desde que na lógica do ganha-ganha'
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, em entrevista coletiva
concedida ao final de sua agenda oficial na ONU, nesta quarta-feira (24/9), que
está disposto a retomar o diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump. A notícia foi publicada pela Agência Gov. Lula destacou que uma
eventual aproximação atende à vontade de ambos os povos e que o relacionamento
bilateral deve ser pautado pelo princípio do "ganha-ganha".
Segundo
o presidente brasileiro, não há restrições para a conversa entre os dois
países, exceto em relação a temas fundamentais: “Quando tiver eleição nos
Estados Unidos, eu não me meto. E quando tiver eleição no Brasil, ele não se
mete”. Lula frisou que democracia e soberania não estão em negociação.
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A lógica do "ganha-ganha"
Lula
defendeu que o diálogo entre Brasil e Estados Unidos traga benefícios concretos
às duas nações. “No caso do Brasil, a gente não tem que perder, a gente tem que
ganhar e também os outros têm que ganhar, porque tem que ser um acordo de
ganha-ganha. Essa é a minha disposição e eu espero que seja a disposição dos
Estados Unidos também, porque será bom, será bom para a nossa economia, para a
nossa indústria, para o nosso comércio, para a nossa agricultura e para a
relação das duas democracias mais importantes da América”, afirmou.
Questionado
sobre a possibilidade de discutir terras raras e minerais críticos, Lula
ressaltou que o Brasil não pode repetir erros do passado: “O que a gente não
quer é permitir que aconteça como aconteceu até agora com os minérios: a gente
é só exportador, só exportador, só exportador e não faz o processo de
industrialização dentro do Brasil”.
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O encontro inesperado e a “química”
Lula
revelou ter sido surpreendido pelo encontro com Trump nos bastidores da
Assembleia Geral da ONU, após seu discurso de abertura. O presidente
norte-americano, que falou em seguida, afirmou que havia surgido uma “química”
entre os dois. Lula respondeu com bom humor: “Eu fui surpreendido, porque eu já
estive ali outras vezes e não encontrei sempre com o presidente [dos Estados
Unidos]... E eu acho que pintou uma química mesmo, eu acho”.
Antes
das perguntas dos jornalistas, Lula fez uma breve exposição sobre sua agenda na
ONU e voltou a defender que os países concentrem esforços na luta contra a fome
e a pobreza. “Se todos os governantes do mundo colocarem o pobre dentro do
orçamento, a gente acaba com a pobreza muito rapidamente”, disse, lembrando
que, segundo a FAO, mais de 670 milhões de pessoas passam fome.
Ele
também criticou os gastos militares excessivos: “Quando você vê as pessoas
gastarem trilhões em armas, trilhões em guerras, a gente não tem explicação do
comportamento dos humanos em tratar a própria espécie humana”.
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Relações comerciais e expectativas
Lula
sublinhou que a qualidade das informações é essencial para que Trump compreenda
a realidade do comércio bilateral: “Eu não sei quem foi que disse para o
presidente Trump que ele tinha um déficit comercial com o Brasil. Ele teve um
superávit em 15 anos de 410 bilhões de dólares”.
Entre
janeiro e agosto de 2025, o Brasil exportou US$ 26,6 bilhões para os Estados
Unidos, um aumento de 1,66% em relação ao mesmo período do ano anterior,
enquanto as importações chegaram a US$ 30 bilhões, alta de 11,44%. Somente em
2024, os EUA registraram superávit de quase US$ 30 bilhões no comércio com o
Brasil.
O
presidente concluiu a coletiva enfatizando a importância de um diálogo franco:
“Estou muito otimista, porque eu acredito muito na relação humana. Acho que
tudo pode ser resolvido quando duas pessoas conversam. Eu acredito muito no
poder de convencimento das palavras”.
¨ “Entre China e
Estados Unidos, Lula vai defender o interesse nacional", diz Walfrido
Warde
Em
entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o advogado Walfrido
Warde, presidente do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa
(IREE), que é um dos principais think-tanks do Brasil, e integrante do Conselho
de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável do governo Lula, analisou o
lugar do Brasil na disputa geopolítica entre as grandes potências, logo após a
Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Warde
afirmou que o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva atua com pragmatismo entre os
dois polos estratégicos, preservando sua autonomia decisória. Ao tratar do novo
ambiente de diálogo com Washington e da centralidade de Pequim para a economia
brasileira, ele foi taxativo: “No embate de interesses entre americanos e
chineses, devem prevalecer o interesse brasileiro e eu tenho certeza absoluta
de que o presidente Lula assim fará”.
O
jurista contrastou as visões de mundo do presidente Lula e de Donald Trump,
atual presidente dos Estados Unidos. Segundo ele, Lula expressa a defesa do
multilateralismo, da soberania dos povos e do respeito ao direito
internacional, ao passo que Trump dá voz a segmentos que se ressentem da perda
de protagonismo americano: “Trump não pode ser menosprezado na sua maneira de
exprimir uma visão de mundo que tem aderência no coração de muita gente”.
Ao
descrever a estatura internacional do líder brasileiro, Warde destacou a sua
capacidade de representar valores civilizatórios: “O presidente Lula é a
quintessência, talvez o último bastião, o último político do Ocidente que
empolga ao expressar essas ideias”.
Ao
avaliar a recente reaproximação entre Brasília e Washington, após gestos de
Trump em relação a Lula durante a Assembleia Geral da ONU, Warde sustentou que
o eixo das relações deve ser de benefício mútuo, sem submissão, e que essa
dinâmica também envia sinais claros a Pequim: “Se os americanos perseguem
interesses americanos, nós, brasileiros, prosseguiremos interesses dos
brasileiros”. Para ele, a disputa por influência na América Latina pode ser
positiva se o Brasil souber negociar contrapartidas concretas em comércio,
investimentos e tecnologia.
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Parcerias entre Brasil e China
O
advogado também examinou as consequências econômicas da Operação Lava Jato, que
desorganizou o setor de infraestrutura e abriu espaço a competidores
estrangeiros. Na leitura de Warde, o episódio inseriu-se em uma lógica de
guerra comercial que não produziu, para os Estados Unidos, os efeitos
pretendidos: “Na verdade, como é de fato, o FCPA (legislação americana que
investigou corrupção em outros países) já nasce como instrumento de guerra
comercial”. Diante do estrago, ele vê nas parcerias entre construtoras
brasileiras e grupos chineses uma ponte para a recuperação de competências e
empregos.
Em
temas estratégicos, Warde propôs que o país deixe de ser mero exportador de
matérias-primas e passe a capturar valor em cadeias industriais de alta
tecnologia. Ao falar de terras raras, defendeu política industrial e
tecnológica consistente para verticalizar produção e inovação. E, sobre a
corrida global por capacidade computacional, apontou que a instalação de data
centers deve vir acompanhada de exigências: “Não podemos ser meros
armazenadores de dados das potências. Precisamos exigir transferência de tecnologia”.
No
setor automotivo, Warde ponderou que a transição tecnológica ainda está em
disputa, com diferentes rotas energéticas em avaliação. Por isso, além de
atrair fábricas e P&D, o Brasil deve condicionar acesso ao mercado a
compromissos robustos de produção local e inovação, mantendo margem de manobra
para decidir entre eletrificação por bateria, hidrogênio e biocombustíveis
avançados, conforme maturidade tecnológica e custo ambiental.
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Cooperação no campo militar
Warde
também abordou defesa e soberania em um contexto de rearmamento global,
observando que parcerias, inclusive com a China, podem fortalecer a capacidade
brasileira, desde que orientadas pelo interesse nacional. Para ele, treinar e
equipar as Forças Armadas é função de Estado e precisa estar apartada de
polarizações circunstanciais.
Ao
destacar o papel do IREE, Warde lembrou que o think tank foi concebido para
“pensar e defender políticas públicas”, promovendo debate plural sobre
segurança, geopolítica e desenvolvimento, com participação de diplomatas,
militares, juristas, economistas e lideranças civis. Sua atuação no Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social do governo Lula reforça essa agenda: Warde
foi reconduzido por decreto presidencial ao colegiado, com mandato até março de
2027, o que valoriza sua contribuição institucional e o papel do IREE no
diálogo entre Estado e sociedade.
No
plano político, Warde sugeriu que a superação das divisões internas é condição
para um projeto nacional robusto. Em tom conciliador, destacou a liderança
histórica de Lula e a importância de superar preconceitos e ressentimentos: “A
fala do presidente Lula empolga e atinge o coração das pessoas no mundo todo, e
esse homem é brasileiro e presidente do Brasil. Isso deve ser valorizado por
todos”.
¨ Nesta semana,
encontro com Trump favorece Lula, IR amplia ofensiva e Centrão fica no “cá te
espero”
Nesta
semana, as atenções se voltam para a conversa entre os presidentes brasileiro,
Luiz Inácio Lula da Silva, e o americano, Donald Trump. A expectativa é que, em
algum momento, esse diálogo abra caminho para um novo acordo tarifário entre os
dois países e para o relaxamento de sanções contra autoridades do Brasil. O
formato remoto reduz o risco de um eventual constrangimento de Trump a Lula —
e, caso ocorra, tende a favorecer o presidente brasileiro como parte
desrespeitada. Entretanto, um mal-estar é considerado improvável se o lobby da
empresa JBS foi mesmo determinante para o distensionamento entre Washington e
Brasília.
Se
algum alívio nas sanções ao Brasil for obtido já neste primeiro encontro, o
Supremo Tribunal Federal (STF) pode se sentir confortável em adotar postura
semelhante em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Um relaxamento nas
sobretaxas, por sua vez, deve beneficiar a valorização da Bolsa e do real
frente ao dólar, criando condições para o crescimento de um clima mais otimista
no país, em convergência com a — por ora — tendência baixista dos juros a
partir do início do ano que vem, na esteira da recuperação estável da
popularidade de Lula. Cientistas políticos, contudo, recomendam cautela quanto
à expectativa de resultados imediatos.
COM
IR, LULA DEVE AMPLIAR OFENSIVA
No
cenário doméstico, o Palácio do Planalto e o PT vão mobilizar a opinião pública
pela aprovação da reforma do Imposto de Renda (IR), agenda "picanha e
cerveja" prioritária do governo Lula e apoiada por cerca de 70% da
população. O zeitgeist no Executivo é de que “a dosimetria que interessa é a
tributação dos super-ricos”, em sintonia com manifestações populares e
pesquisas recentes. Esses levantamentos indicaram que o lulismo conseguiu se
reapropriar do sentimento antissistema latente na sociedade e ampliar sua
posição no eleitorado de centro e de classe média, explorando sua face outsider
— ou de alternância efetiva de poder no país, ainda que no exercício do
governo.
Para
evitar novo desgaste, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta,
confirmou a votação da reforma do IR para quarta-feira, rejeitando qualquer
vinculação com o “PL da Dosimetria”, rebranding da anistia. A ameaça do
relator, deputado Paulo Pereira da Silva, de que, sem apoio do PT, a versão
ampla pode conquistar o aval do Centrão soa como mais um pretexto para que o
bloco compartilhe com o Planalto o ônus da dosimetria e o bônus político da
reforma do IR, depois do revés da "PEC da Blindagem".
ANISTIA
COM CENTRÃO ENFRAQUECIDO
Na
atual correlação de forças — com o Centrão em xeque e poder restrito à Câmara —
nem mesmo uma proposta de redução de penas que beneficie Bolsonaro teria vida
fácil no Senado, o que tornaria qualquer tentativa de aprovar um texto mais
radical apenas um gesto de demarcação política. No entanto, a combinação entre
o aumento da faixa de isenção total do IR de R$ 5 mil para R$ 7 mil, proposto
em emenda do relator de "Paulinho da Força", e um substitutivo do PL
garantindo anistia ampla, capaz de agradar ao expressivo eleitorado de direita,
é vista com potencial para tirar do corner a aliança Centrão-bolsonarismo —
mesmo que a blitzkrieg não prospere no Senado nem no STF.
Paralelamente,
cresce a pressão de setores de centro e direita para que o deputado Eduardo
Bolsonaro aceite um pacto que manteria o pai inelegível, porém em prisão
domiciliar — solução que o próprio ex-presidente estaria disposto a aceitar,
ajudando a viabilizar a candidatura presidencial do governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas. Nesse contexto se inserem a suposta desistência de
Tarcísio de disputar a Presidência em 2026, as notícias que apontam Ratinho Jr.
como plano B do Centrão, o possível adiamento da votação do “PL da Dosimetria”
para depois desta semana e o avanço do processo que pode levar à cassação de
Eduardo. Os movimentos do deputado, entretanto, indicam que ele está mirando o
futuro da direita ideológica e cultural.
UM
PALCO ARMADO
Uma
eventual capitulação do clã Bolsonaro poderia ser interpretada como derrota por
sua base mais fiel, abrindo espaço para novas lideranças. Essa mesma base foi a
que manteve apoio irrestrito ao ex-presidente durante a pandemia de Covid-19,
sendo vista como garantia de que um nome indicado por ele chegaria ao segundo
turno.
Todavia,
Tarcísio visitará Bolsonaro e, embora negue a intenção, o palco está preparado
para um anúncio que pode reanimar o establishment político e econômico — mas
também favorecer um ambiente mais positivo para a conversa Lula-Trump. Assim, a
tendência neste início de semana é novamente favorável ao Planalto, que também
vem acumulando os pontos das operações contra lavagem de dinheiro do crime
organizado na economia formal — como na Faria Lima, que atingem o coração
dessas máfias sem disparar tiros e martirizar comunidades.
Fonte:
Brasil 247

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