quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Por que a mobilidade deve ser essencial na sua rotina de atividades físicas

Antes do seu próximo treino físico, você pode fazer alguns alongamentos estáticos, achando que está preparando os músculos e as articulações. No entanto, embora esses alongamentos possam melhorar sua flexibilidade, talvez você precise fazer mais pela sua mobilidade. 

Ao contrário da flexibilidade, que diz respeito principalmente ao alongamento dos músculos, a mobilidade refere-se à movimentação eficiente das articulações em toda a amplitude de movimento. Por exemplo, se você pratica um esporte reativo, como basquete ou tênis, pode rapidamente alcançar uma bola ou mudar de direção caso tenha uma boa mobilidade. 

“Ter mobilidade nas articulações permitirá que você gire e se mova sem forçar os músculos ou irritar a articulação”, explica Samantha Smith, professora assistente de ortopedia clínica e reabilitação na Yale School of Medicine, nos Estados Unidos.

Em uma revisão sistemática de 2024 publicada no Journal of Sports Sciences, os pesquisadores examinaram 22 estudos sobre várias técnicas de mobilidade, incluindo as práticas de Yoga, Pilates, alongamento dinâmico e dança. A revisão constatou que 20 desses estudos relataram que a incorporação do trabalho de mobilidade pode melhorar significativamente o desempenho atlético. 

Mas o trabalho de mobilidade não é apenas para atletas. Ele desempenha um papel fundamental na saúde geral de uma pessoa, melhorando a eficiência e a agilidade dos movimentos e reduzindo o risco de lesões durante as atividades físicas.

<><> Qual é a diferença entre o trabalho de mobilidade e o alongamento? 

Durante as sessões de alongamento estático, você mantém uma determinada posição por um determinado período de tempo, normalmente em torno de 30 segundos. Com esses tipos de movimentos, você visa à flexibilidade dos músculos, diz Smith. 

No entanto, a mobilidade torna-se fundamental em situações em que a ênfase está no movimento da articulação dentro de faixas específicas, como em esportes que exigem mudanças rápidas de direção ou profundidade de movimento (por exemplo: basquete, levantamento de peso e tênis).

Os exercícios de mobilidade aumentam a produção de líquido sinovial, o que reduz o atrito e o desgaste nas articulações. Isso aumenta a eficiência do movimento, permitindo maior agilidade e precisão. 

Além disso, o trabalho de mobilidade aumenta a elasticidade dos músculos e do tecido conjuntivo, reduz o risco de distensões e entorses ao melhorar a absorção de força e aumenta a coordenação neuromuscular, garantindo a ativação ideal dos músculos. 

Ele também pode contribuir significativamente para o bem-estar psicológico. Vários estudos demonstram que, ao se concentrar nos movimentos das articulações e no envolvimento dos músculos, os indivíduos podem desenvolver uma propriocepção aprimorada, ou seja, o senso de posição do corpo no espaço. Essa maior consciência pode melhorar a postura, a coordenação e o controle geral do corpo.

Em alguns casos, o excesso de alongamento estático pode prejudicar sua mobilidade. “Se você fizer mais de 60 segundos de alongamento estático, sem combiná-lo com nenhuma atividade dinâmica, poderá ter prejuízos [atléticos] que variam de 3% a 7%”, afirma David Behm, professor pesquisador da Memorial University of Newfoundland, no Canadá.

Mesmo que essas pequenas quedas não sejam significativas para você, elas são uma forte indicação de que o alongamento estático sozinho não é o segredo para uma preparação adequada. Em sua pesquisa, Behm descobriu que uma quantidade adequada de alongamento estático (cerca de 30 segundos por alongamento) combinada com alongamento dinâmico e movimentos ativos elimina essas quedas de desempenho. 

<><> Como você deve incorporar o trabalho de mobilidade em seu treinamento? 

A mobilidade é necessária para as tarefas diárias, como subir escadas ou sentar-se em uma cadeira, e é por isso que Behm sugere que o trabalho de mobilidade faça parte de sua rotina diária de exercícios. No entanto, se isso não for possível, ele diz que o objetivo é fazer pelo menos três sessões semanais curtas.

Na revisão sistemática de 2024 da qual Behm é coautor, os pesquisadores enfatizaram a importância da consistência sobre o volume. “O treinamento regular de mobilidade com um mínimo de duas a três vezes por semana parece ser mais importante do que o volume por sessão”, escreveram. 

Esses movimentos não precisam ser complicados. Pense em um corredor dando saltos exagerados antes de correr ou em um nadador fazendo círculos com os braços. Cada exercício se concentra em mover as articulações em uma amplitude de movimento específica. 

Se você não souber o que fazer, Smith recomenda perguntar a si mesmo: Que tipo de movimentos eu provavelmente farei? Onde preciso estar sem restrições em meus movimentos? Quais são as exigências do meu esporte específico? Essas perguntas podem ajudar a orientar os exercícios de amplitude de movimento que você deseja priorizar. 

A integração de exercícios de mobilidade nas rotinas diárias nem sempre exige sessões de treino dedicadas. Faça pequenos intervalos durante o dia para realizar exercícios simples de mobilidade. Isso pode incluir o alongamento do pescoço, dos ombros e dos pulsos se você trabalha em uma mesa, ou ficar em pé e fazer balanços suaves das pernas ou rotações do quadril.

<><> O treinamento de resistência é um trabalho de mobilidade? 

Você pode estar fazendo trabalho de mobilidade sem nem mesmo perceber. Uma revisão sistemática e meta-análise de 2023 publicada na revista científica Sports Medicine descobriu que determinados métodos de treinamento de resistência, como pesos livres, trabalho com faixas elásticas e Pilates, podem aumentar sua amplitude de movimento. 

“Quando você pensa em treinamento de resistência ou treinamento com pesos, é realmente como um alongamento dinâmico com uma carga”, explica Behm.

Essa pesquisa também influenciou os hábitos de Behm. Nos últimos 50 anos, ele conta que fazia alongamentos diligentemente antes de seus treinos com pesos. Era o que ele sempre presumiu que tinha de fazer. Embora enfatize a importância de se aquecer adequadamente antes de levantar pesos pesados, ele observa que o treinamento de resistência por si só pode ser suficiente se o objetivo for melhorar a amplitude de movimento.

“Você não precisa passar 15 minutos se alongando antes de levantar pesos”, diz ele. Isso não significa que o alongamento não seja importante; ele pode ser menos crítico, dependendo de suas metas e prioridades de treinamento.

 

¨      Caminhar pelo quarteirão é bom para a saúde – e por um motivo surpreendente

Já está mais do que comprovado que o simples ato de caminhar diariamente faz muito bem à saúde e é um antídoto para o sedentarismo a quase todas as pessoas, independentemente da idade e da quantidade de exercícios físicos que faz semanalmente. 

Segundo a revista científica British Journal of Sports Medicine, a prática de caminhar de 9 a 10 mil passos diários reduz o risco de morte em mais de 1/3. Também diminui o risco de doenças cardiovasculares em pelo menos 20%, como reforça um artigo de National Geographic sobre o tema, intitulado “A sua caminhada diária precisa ter 10 mil passos? Veja o que a ciência diz”. “Mesmo aumentos menores no número diário de passos mostraram benefício à saúde”, informam os pesquisadores após um estudo da realizado com mais de 72 mil pessoas.

Já de acordo com o American Council of Exercise (organização global sem fins lucrativos que trabalha para melhorar os níveis de atividade física) mesmo o ato de caminhar em volta do quarteirão, no próprio bairro, já beneficia o corpo – e faz dessa atividade a mais acessível para cuidar da saúde.

A seguir, confira o que diz a entidade médica sobre praticar esse exercício bem perto de casa, caminhando pelo quarteirão.  

 

¨      Os benefícios de fazer uma caminhada no quarteirão

“De baixo risco e fácil de começar, a caminhada deve ser incentivada por causa de seus vários benefícios à saúde, que incluem redução da pressão arterial e melhora da saúde mental”, reforça a ACE sobre o tema. 

A entidade explica que a caminhada pelo bairro também ajuda a conectar as pessoas com seus vizinhos e a própria comunidade. “Só nos Estados Unidos, mais de um quinto dos adultos diz que frequentemente ou sempre se sente solitário ou isolado dos outros. Ao incentivar as pessoas a caminharem em suas vizinhanças, elas encontram mais oportunidades de se envolverem com os membros de suas comunidades, obtendo assim benefícios sociais e de saúde”, informa a ACE. 

Ainda segundo dados do órgão norte-americano, pesquisas apontam para a importância de “bairros que podem ser percorridos a pé” e da “caminhada como um meio de restaurar as conexões sociais”.

Em tempos nos quais diversos serviços de saúde mundo afora indicam que há uma “epidemia de solidão” entre as pessoas adultas, a ACE defende que a caminhada pelo quarteirão acompanhado de um vizinho ou membro da comunidade traz vantagens adicionais semelhantes às de um “amigo do fitness”, ou seja, o famoso “colega de academia”. “Ambos proporcionam um benefício social, bem como um fator de responsabilidade, o que aumenta a probabilidade de que a atividade física seja mantida e continuada”.

 

¨      5 ideias para criar uma rotina de caminhada, segundo os especialistas

Quando se trata de maneiras simples de cuidar da saúde do corpo e da mente de forma acessível, a caminhada é uma atividade imbatível. Isso porque os benefícios de caminhar são enormes e todas as pessoas podem usufruir dos resultados positivos ao incluir a caminhada em seu dia a dia. Você não precisa se matricular em uma academia ou ter um treinador a sua disposição. Não é necessário nem um local específico para praticar essa atividade física

O necessário, segundo especialistas médicos, é organização e disciplina para andar com periodicidade e, assim, criar uma rotina de caminhada. Desta forma será possível usufruir de benefícios que vão desde prevenir doenças cardíacas e diabetes até pressão alta e, ainda, evitar câncer, melhorar a imunidade e muito mais. 

Caminhar cerca de 30 minutos diariamente já pode trazer todos os tipos de benefícios à saúde, como informa a instituição Arthritis Foundation norte-americana e também um artigo publicado no site da Universidade de Harvard.  

Jovem, adulto, idoso… Sempre é tempo de levantar da cadeira, colocar um tênis e sair andando por aí. Mas há cuidados e uma certa organização que vale a pena estar atento. Confira, a seguir, cinco ideias para te ajudar a criar uma rotina de caminhada e deixar o sedentarismo de lado de forma simples. Sua saúde vai te agradecer! 

1. Escolha o tênis ideal para sua caminhada

A Mayo Clinic, uma organização sem fins lucrativos de serviços médicos e pesquisas médico-hospitalares dos Estados Unidos, indica alguns itens essenciais para começar a caminhar periodicamente. E escolher o tênis certo para o seu pé antes de caminhar é o passo inicial. 

Escolha um tênis com suporte adequado para o arco do pé, que proporcione um calcanhar firme e tenha solas grossas e flexíveis ao mesmo tempo para amortecer os pés e absorver os impactos ao andar. Caso tenha algum problema nos pés ou nos dedos mais especificamente, marque uma consulta com um ortopedista antes de iniciar a prática de caminhada. 

2. Organize um plano para caminhar pouco a pouco 

Caso você esteja sem fazer exercícios físicos há um tempo, começar aos poucos é o ideal – até seu corpo se familiarizar à atividade. Inicie sua rotina de caminhada com apenas 10 minutos andando e vá aumentando o tempo ao longo dos dias/semanas. 

A American Heart Association dos Estados Unidos, em parceria com a Boston University, publicou no site da universidade um plano de seis semanas de caminhada quase diária e que começa com 10 minutos desse exercício, aumentando até 30 minutos ou mais. 

O importante aqui, segundo os especialistas, é criar uma frequência de cerca de cinco dias na semana e seguí-la para obter os benefícios da caminhada.

É possível começar com 10 a 15 minutos nas duas primeiras semanas, como indica o plano da Boston University, e ir incluindo mais 5 minutos a partir da terceira semana, até chegar aos 30 minutos ou mais na sexta semana e, quem sabe, partir para caminhadas de 1 hora. 

Caso você já faça outras atividades físicas e seja uma pessoa ativa, caminhar de 45 minutos a 1 hora diariamente pode ser o ideal para a sua rotina de caminhada – de acordo também com seu tempo disponível. 

3. Use roupas confortáveis para caminhar

Use roupas confortáveis e equipamentos apropriados para o tipo de clima do local onde você vai andar, como camadas ou roupas térmicas se estiver mais frio, por exemplo. Ou roupas bem leves e com tecidos que absorvem o suor, caso esteja em locais quentes. Peças com proteção solar podem ser indicadas para andar sob o sol. 

Para caminhar ao ar livre e à noite, o recomendado é usar cores vivas ou roupas refletivas; também se indica levar uma lanterna para ter visibilidade do caminho. 

Já durante o dia, use sempre protetor solar, boné ou viseira, e óculos de sol. A Mayo Clinic também observa que algumas pessoas gostam de usar um rastreador de atividade em relógios, aplicativos de caminhada ou pedômetro. Esses recursos podem ser úteis para monitorar seu tempo, distância, frequência cardíaca e calorias.

4. Escolha bem o local onde caminhar

Seja em ruas e avenidas, parques, praças, praias, no campo ou até em uma esteira: escolha seu percurso com cuidado. Se for caminhar ao ar livre, evite locais que tenham as calçadas rachadas, buracos, galhos baixos, lama ou gramados irregulares.

Se for andar na rua, é melhor ocupar as calçadas, e se tiver que andar no meio da rua, prefira aquelas com limites definidos de velocidade que sejam mais baixos. Certifique-se de que os motoristas possam vê-lo enquanto pratica a atividade. Caminhar em parques ou em uma orla de praia são opções mais seguras.

5. Foco e postura ao caminhar

Já a American Heart Association atenta para a importância de ter foco ao caminhar, para evitar distrações e possíveis lesões ou quedas. Ao andar, não fique batendo papo com algum colega de caminhada e mantenha a cabeça erguida (nada de ficar no celular mandando mensagens ou checando redes sociais!). 

Ao caminhar, é importante manter o abdômen contraído e os ombros relaxados, balançando os braços naturalmente. Não carregue objetos pesados nas mãos e nem bolsa de um ombro só, pois eles podem causar estresse extra nos cotovelos e ombros – se for preciso, use uma pochete ou mochila. Mantenha uma passada confortável e natural. 

Você pode começar sua caminhada mais devagar e ir aumentando a intensidade do ritmo da passada, terminando mais lentamente e alongando as pernas ao final, como indica a Mayo Clinic. 

 

Fonte: National Geographic Brasil

 

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