'Me sugeriram sair
com alguém para conseguir comida': quem são os brasileiros que ainda passam
fome
Na tarde da mesma
segunda-feira em que o governo brasileiro lançou a ideia de uma aliança global
contra a fome e a pobreza, durante a cúpula do G20 no
Rio de Janeiro,
Carina não tinha o que jantar. Passava da metade do mês e ela já tinha usado
todos os R$ 750 que recebe do Bolsa Família com os gastos
básicos da filha, Luana, que acabou de passar pelo primeiro ano de vida —
leite, fraldas, lenço umedecido e remédios após uma cirurgia. As duas também
tinham comido toda a cesta básica doada por um projeto social em Jardim Germânia,
no extremo sul da cidade de São
Paulo.
Elas vivem ali há cerca de cinco meses, desde que chegaram de Pernambuco.
Então, Carina
recorreu ao primeiro lugar que veio à cabeça: uma pequena Assembleia de Deus cujo panfleto
havia pegado, por pena do rapaz que os entregava em um ponto de ônibus, dias
antes. "Cheguei lá totalmente desesperada. Não por mim, que já fiquei
muitos dias sem comer, mas para que a menina não ficasse com fome, porque só
tinha um resto de leite", conta Carina, que teve seu nome real e o da
filha preservados nesta reportagem.
Carina, uma mulher
parda que cria sua filha sozinha, tem o perfil das milhões de pessoas que ainda
passam fome no Brasil. No mesmo ano em que o país chegou ao menor nível de
pobreza da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em 2023, 3,2 milhões de domicílios — 4,1% do total — ainda enfrentavam
a insegurança alimentar grave. Isso significa que 8,93 milhões de brasileiros
estão nessa situação.
São pessoas que têm
muito pouca quantidade de comida na despensa e uma variedade exígua de
alimentos disponíveis, às vezes ficando até um dia sem comer.
Em outras palavras,
são os brasileiros que ainda passam fome.
Os índices de
insegurança alimentar melhoraram no Brasil nas últimas décadas. Mas, quando
levada em conta também suas formas leve e moderada, quase um terço dos
domicílios brasileiros (27,6%) ainda sofre com a redução na quantidade e a
variedade de alimentos. Isso representa na prática 21,6 milhões de casas, ou
60,3 milhões de brasileiros.
Entrevistados
atribuem o avanço recente a projetos governamentais como o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). "Reduzimos
muito o problema", afirma Rosana Salles-Costa, professora da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Rede Brasileira de Pesquisa em
Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). “Mas precisamos
reduzir mais, até voltar àquele cenário de 2014, quando saímos do Mapa Mundial
da Fome.”
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Mães
solo negras
Há um "perfil
específico" daqueles que são mais vulneráveis à insegurança alimentar,
aponta Rodrigo Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania, rede fundada no
início dos anos 1990 com objetivo de combater a fome. “São, sobretudo, mulheres pretas, mães de crianças
de até 10 anos de idade. Boa parte delas estão cuidando desses filhos
sozinhas”, afirma.
A descrição
coincide com a da advogada Léa Vidigal, que acabou de lançar o
livro Direito Econômico e Soberania Alimentar (LiberArs, 2024). “Mães
são mais impactadas por dois motivos: porque mulheres já são o
arrimo de boa parte das famílias brasileiras e, segundo, porque os filhos
dependem totalmente delas para viver”, analisa.
Carina, por
exemplo, chegou sozinha com sua filha em São Paulo em junho. Foi uma espécie de
volta para casa. Ela conta que passou boa parte da sua vida em um orfanato na
região metropolitana de São Paulo, depois que uma
tia descobriu que, ainda criança, ela era abusada sexualmente pelo pai.
Nesse período, ela
estudou, mas não conseguiu terminar o ensino fundamental. Quando saiu da
instituição, anos depois, morou com a mãe até se juntar com um pernambucano que
havia conhecido em um açougue. Ela se mudou para a cidade-natal dele. "Aquela
foi a melhor época da minha vida, até tudo desmoronar...", lamenta Carina.
As agressões do
companheiro, desempregado, começaram na mesma época em que ela engravidou. A
situação foi piorando até o dia em que, já com a filha no colo, ele tomou uma
faca na cozinha para matá-las, segundo relata Carina. Foi quando ela se mudou
para a capital paulista. Vizinhos a ajudaram a erguer o barraco de restos de
madeira onde ela vive hoje — à beira de um córrego sujo e do tamanho de um
quarto onde cabe basicamente a cama de casal.
Carina já trabalhou
com eventos, foi atendente e balconista. Porém, no momento, não tem nenhum
trabalho em vista.
Um dia antes de
conversar com a reportagem, a jovem conta que um vizinho seu no Jardim Germânia
havia dado uma alternativa para ela conseguir algum dinheiro e comprar comida:
“Sair com alguém". A proposta a deixou indignada. “Eu não vou fazer isso”,
respondeu mais para si mesma do que para os outros, em voz alta, para emendar:
“Porque sei que eu e a minha filha vamos sair dessa situação um dia”.
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'Vez
ou outra, vamos dormir sem nada na barriga, choro até dormir'
Também no Jardim
Germânia, outra mãe sofre, junto com a família, com a insegurança alimentar. Mariana
da Mota, de 27 anos, vive em um barraco improvisado com a mãe, diarista em
várias casas, e com os dois filhos: Elis Eloá, de quase 2, e Fernando Lucas, de
5.
O orçamento
doméstico não ultrapassa R$ 2,5 mil. A maior parte vem do que Mariana recebe
das faxinas, e o restante chega pelo Bolsa Família, já potencializado
pelos adicionais das duas crianças (R$ 150 para cada uma). Elas ainda recebem
uma cesta mensal do Instituto Josephina Bakhita. Mariana não sabe do paradeiro
do ex-companheiro, apesar de manter contato com a família dele, que vive no
bairro.
Ela, que não
terminou o ensino fundamental, planeja esperar os filhos se fixarem na escola
para então voltar a procurar emprego — antes de engravidar, ela trabalhava
limpando obras recém-terminadas. “O dinheiro do governo paga tudo deles”, diz
ela, apontando para os filhos. “Com o resto a gente paga o aluguel, as contas e
faz o mercado. Passar fome a gente [ela e a mãe] não passa, mas tem um dia ou
outro, sim, que a gente tem que fazer do almoço nossa janta. Por necessidade”,
conta.
Mas a situação na
casa de Mariana às vezes fica pior, dependendo do período do mês. “Vez ou
outra, vamos dormir sem ter nada na barriga mesmo. Eu choro até conseguir
dormir”.
O líder comunitário
Rogério Albino, diante dessa e outras situações que testemunha no Jardim
Germânia, cita o verso de uma música do grupo Racionais MCs: "Um coração
ferido por metro quadrado".
Ele media doações
de alimentos que vêm de projetos governamentais e grandes organizações, como a
Ação da Cidadania, atravessa pequenos institutos comunitários e termina nas
casas de pessoas como Carina e Mariana.
O Jardim Germânia
reflete o quadro da insegurança alimentar no Brasil de 2022 para cá. “Na
pandemia, a gente ajudava quase 600 famílias com uma cesta básica por mês, mas
não era suficiente”, conta Marisa Munção, que lidera o Instituto Josephina
Bakhita. "Todo dia vinha alguém aqui pedir mais um quilo de arroz, um
pacote de macarrão. Era desesperador... Hoje, são cerca de 350. E a gente
continua recebendo, todo dia, alguém aqui pedindo um quilo de alguma coisa.”
Pelas contas dela,
um pacote com arroz, feijão, óleo, sal, farinha e macarrão dura, em média, dez
dias em um lar com pelo menos três pessoas. A conta não fecha para muitas
famílias.
Especialistas
ouvidos pela BBC News Brasil apontam que, além de mães solo negras, o
contingente de brasileiros em insegurança alimentar ainda inclui idosos empobrecidos,
mesmo que beneficiários de políticas de assistência social, muita gente que
vive no campo e, de forma mais óbvia, quem está em situação de rua. Mas por que
ainda tem gente experimentando esse tipo de restrição alimentar no Brasil,
mesmo com programas governamentais e doações vindas de organizações?
·
Dos
custos urbanos ao desmatamento
Na leitura de Laura Müller
Machado,
professora de gestão pública no Insper que desenhou um projeto de inclusão
produtiva para quem vive na extrema miséria, a fome que persiste no Brasil se
explica de várias formas. Uma delas envolve os altos custos de se
viver em centros urbanos. “Nesses casos”, aponta ela enquanto ouve sobre as
histórias de Carina e Mariana, “dá para notar que o aluguel pressiona muito o
orçamento. A insegurança vem também por causa de um recurso que está sendo
usado para bancar uma moradia precária.”
O barraco de
Mariana custa R$ 500 por mês. O de Carina, R$ 200.
Em outra periferia,
em Belém do Pará, a comida no prato da catadora de papelão Cleonice Jardim, de
42 anos, depende do volume de material coletado e de obras trabalhadas pelo
esposo. "Tem mês que nada dá certo e a gente passa fome mesmo. Fome
brava!”, afirma, salientando a palavra.
A catadora é
natural de Novo Repartimento, a quase 450 km de distância de Belém.
Ela migrou primeiro
para Tailândia, cidade paraense com 108 mil habitantes que fica mais próxima do
mar. Em 2019, mudou-se para a capital e hoje vive no imenso bairro do Guamá. Neste
percurso, sempre enfrentou algum grau de insegurança alimentar, dependendo do
período da vida. "Lá [em Novo Repartimento] a gente plantava o que comia,
né? Era pobre, mas a comida estava garantida. Aqui, é mais difícil",
aponta a catadora, que tem o ensino fundamental incompleto.
Essa não é uma
história trivial, explica Marco Antônio Lima, da Universidade do Estado do Pará
(Uepa). "Muitas populações rurais perderam o estoque natural de alimentos
do qual viviam", afirma Lima. "Ou por causa da pobreza mesmo, que faz
com que elas migrem para cidades médias e grandes do Estado, ou pelo problema
do desmatamento, que destrói o ambiente de onde elas tiravam o sustento e, da
mesma forma, estimula essa migração", prossegue. "Quem fica no campo,
está comendo mal pelo fator ambiental, e quem saiu de
lá, segue na pobreza urbana."
Segundo dados do
governo federal, 5,5% dos domicílios localizados em áreas rurais estavam em
insegurança alimentar grave em 2023. Em áreas urbanas, essa proporção é de
3,9%. O resultado desse processo é perverso — e faminto. "Porque quando
elas chegam em cidades como Parauapebas [a 600 km de Belém], por exemplo, não
acham um trabalho facilmente”, segue o professor. "Além da baixa
qualificação, as atividades que elas oferecem são muito mal remuneradas. E
disso para um quadro de fome é muito rápido."
Rodrigo Afonso, da
Ação da Cidadania, endossa o diagnóstico sobre as cidades, destacando a
situação do Sudeste. Ele aponta que a fome não é mais um fenômeno tão
regionalizado, como foi em meados dos anos 1990 no Norte e Nordeste. Pelos dados
do IBGE, os maiores percentuais de domicílios vivendo em alguma insegurança
alimentar ainda está nessas regiões (23,7% e 23,9%, respectivamente).
Entretanto, o número absoluto de pessoas com alguma insegurança alimentar é
maior no Sudeste, que é mais populoso. "Muita gente de áreas rurais ainda
migra para capitais como São Paulo ou Rio de Janeiro e enfrenta dificuldades
nessas cidades. Se fosse para regionalizar a análise, é nas grandes periferias
do Sudeste, principalmente, que está o desafio mais complexo de tirar gente da
fome hoje", prossegue Afonso, reforçando o problema dos custos de vida
altos.
Laura Machado cobra
também que o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), do governo
federal, seja mais eficiente em encontrar pessoas passando fome. Rodrigo Afonso
reforça a importância de que órgãos como esse façam uma busca ativa por pessoas
vulneráveis.
A catadora
Cleonice, por exemplo, nunca acreditou que pudesse se beneficiar do Bolsa
Família, já que teria dificuldade de comprovar a renda, que é instável. Por
isso, nunca nem tentou entrar no programa. Entretanto, o Cadastro Único
(CadÚnico), que é a primeira etapa para acessar auxílios governamentais como
esse, aceita a declaração de renda mesmo que seja via trabalho informal. "A
complexidade é que muitas pessoas não conhecem seus direitos — porque seria até
fácil que, se elas tivessem esse conhecimento, acessassem programas como o
Bolsa Família", afirma Afonso. "Sem contar aquelas que estão tão
isoladas socialmente que não conseguem chegar até esses mecanismos, como quem
está em situação de rua. É aí que essa busca ativa se torna importante."
Há em torno de 300
mil brasileiros vivendo em situação de rua atualmente, segundo o Observatório
Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Só em São Paulo, o observatório
conta 80 mil — enquanto a Prefeitura da capital paulista contabiliza 32 mil. Mas
essas pessoas não figuram nos dados do IBGE, cuja pesquisa foca, justamente, em
domicílios.
Rosana
Salles-Costa, que coordenou o Mapa da Fome do Rio de Janeiro, afirma que, para
esta população, há abordagens específicas. “A estratégia não é dar dinheiro
[como no Bolsa Família], mas criar equipamentos públicos direcionados, como
cozinhas comunitárias, restaurantes populares, algum acolhimento que resolva a
questão [insegurança alimentar] de forma imediata”, afirma Salles-Costa.
Ela destaca também
o papel importante da assistência social em entender cada caso e eventualmente
procurar as famílias dessas pessoas.
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Soberania
alimentar
Especialistas
afirmam que a discussão e as políticas públicas relativas à insegurança alimentar
devem envolver não só o acesso à comida, mas à alimentação
saudável.
“Na verdade, quando a pessoa que estava sem nada consegue algum dinheiro, corre
para comprar alimento, mas não algo que supra suas necessidades mais básicas.
Ela compra salgadinho,
refrigerante,
etc.", afirma a advogada Léa Vidigal, que estudou insegurança alimentar
durante seu doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Ela argumenta que a
fome não se resolve apenas pela oferta de renda, pressuposto do Bolsa Família, mas também pelo
acesso das pessoas à comida de qualidade — que, no país, é muito desigual.
É um salto da
segurança de comer para a soberania — a possibilidade de fazer escolhas — sobre
a própria alimentação. “O que garantiria que ninguém estivesse em insegurança
alimentar não é apenas dar alimentação a todo mundo, mas dar acesso a comida
suficiente, além de minimamente saudável e adequada às exigências
nutricionistas básicas”, diz Vidigal. Por outro lado, isso também é caro, e nem
reajustes nos programas existentes resolveriam, sozinhos, o entrave.
O Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calcula que,
para que uma casa com quatro pessoas atravesse um mês inteiro arcando com seus
custos básicos, o salário mínimo brasileiro deveria ser de cerca de R$ 6,7 mil,
ou quase cinco vezes maior do que o piso atual (R$ 1.412). É por isso que, para
Vidigal, o Bolsa Família é insuficiente: "Ele é maravilhoso, mas não pode
ser o único instrumento de promoção da nossa segurança alimentar".
Ela destaca a
importância de outros programas, como o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). "Um alimenta
muitas crianças fora de casa, e faz isso com qualidade, e o outro, o PAA, ajuda
a melhorar os preços regionalmente incluindo produtores rurais no mesmo processo",
diz a especialista. Entretanto, ela alerta que os recursos para o PNAE não
estão subindo o suficiente para acompanhar a inflação dos alimentos.
Em 2024, o
orçamento do governo federal destinou R$ 5,7 bilhões para o programa — mas,
segundo cálculo do Observatório da Alimentação Escolar, da Universidade de
Brasília (UnB), se a inflação fosse levada em conta, esse montante deveria ser
de R$ 9,9 bilhões. A advogada também critica o baixo orçamento destinado ao PAA
— cerca de R$ 1 bi em 2023 — e mudanças no seu funcionamento. "Perdeu
muito a eficácia quando as modalidades deles foram alteradas, principalmente o
nivelamento dos preços em relação ao mercado. O programa foi criado justamente
para mudar a lógica de que grandes compradores conseguem jogar o valor da
produção para baixo", diz Vidigal.
O Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pelo PNAE, disse que os valores
per capita do programa foram reajustados em maio de 2023. "O aumento
chegou a até 39%, recuperando o poder de compra perdido entre fevereiro de 2017
e dezembro de 2022", disse o órgão.
O FNDE destacou
ainda que a oferta da alimentação escolar é uma obrigação dos Estados e
municípios, cabendo ao governo federal a assistência técnica e financeira.
"As regras
para o repasse dos recursos federais são objetivas e seguem rigorosamente o que
está estabelecido na legislação do PNAE, não permitindo alterações sem
autorizações legislativas específicas", acrescentou.
Já o Ministério do
Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS),
responsável pelo PAA, não estabeleceu ainda possíveis aumentos no orçamento do
programa nos próximos anos. A pasta destacou as várias iniciativas do PAA que
vão além da própria doação de alimentos, como o financiamento das Cozinhas Solidárias,
a compra de comida para comunidades indígenas e quilombolas e a aquisição de
leite para famílias do semiárido. "Em seus 20 anos de existência, o PAA
executou R$ 18,6 bilhões (em valores nominais), comprando 2,38 milhões de
toneladas de alimentos adquiridos da Agricultura Familiar, que foram doados a
mais de 194 mil entidades socioassistenciais", escreveu a assessoria de
imprensa do ministério.
Também responsável
pelo Bolsa Família, o MDS afirmou que faz a busca ativa de possíveis
beneficiários do programa e a averiguação rotineira de cadastros já
incluídos.De acordo com a pasta, de março a dezembro de 2023, 2,86 milhões de
famílias foram incluídas no Bolsa Família dessa forma, e entre janeiro e
outubro de 2024, 1,82 milhão.
Fonte: BBC News
Brasil
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