Súplica
de Eduardo Bolsonaro para o pai ir aos EUA pode esconder plano de fuga
A novela repetitiva e
enjoativa do pedido
desesperado de devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro ganhou um novo capítulo neste domingo (12). Antes de qualquer
coisa, é necessário esclarecer que o antigo ocupante do Palácio do Planalto de
extrema direita não é autoridade pública brasileira, não tem mandato algum
atualmente, é indiciado pela Polícia Federal por crimes gravíssimos e tem
histórico de enfrentamento às ordens da Justiça. Trocando em miúdos, não tem
nada o que fazer nos EUA, sejam visitar o Mickey nos parques da Disney ou
acompanhar posse de chefe de Estado estrangeiro.
Dito isso, seu filho
Eduardo, que é deputado federal, conhecido por ser uma figura irascível que
transborda ódio e violência verbal por todos os poros, um verdadeiro selvagem
nas relações interpessoais e política, resolveu fazer um apelo em vídeo nas
últimas horas, em tom comportado e educadíssimo, suplicando pela devolução do
documento de viagem, chegando ao patético papel de dizer que espera que “Deus
ilumine a mente das autoridades brasileiras”.
Eduardo adora mostrar
seu “prestígio” com Trump e outros desajustados extremistas de todo o mundo. A
família também tem a comunicação digital sua principal arma, fazendo de
qualquer fato, cena ou vídeo um elemento devastador que costumeiramente
catalisa apoios, gerando engajamento às pautas bizarras e desumanas que
abraçam. Claro, o sinistro ex-presidente golpista ao lado de Trump, dentro da
Casa Branca ou de qualquer outro local icônico de Washington, seria importante
para o setor ultrarreacionário comandado por eles. Só que esse bom-mocismo todo
pode esconder outra coisa.
Na súplica direcionada
ao STF, embora sem mencionar o tribunal ou o ministro Alexandre de Moraes, que
está com o caso, Eduardo diz que “Bolsonaro já foi aos EUA e voltou”, em
referência à fuga covarde de fim de mandato, quando seus cupinchas tentaram o
golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, e cita também a viagem do pai para a
posse de Javier Milei, na Argentina, em 10 de dezembro de 2023. Ele fecha o
apelo dizendo que o comparecimento do chefe do clã à posse de Trump “não faz
mal a ninguém”.
Pura bravata e as
coisas neste momento são muito diferentes dos primeiros e últimos dias de 2023,
quando ele foi à Flórida e a Buenos Aires.
A apresentação da
denúncia contra Jair Bolsonaro por parte da Procuradoria-Geral da República,
que na prática o tornará réu pelos crimes de tentativa de golpe de Estado,
abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa,
deve acontecer ainda este mês, ou no máximo até o começo de fevereiro. Para a
imensa maioria dos juristas brasileiros, além de outras figuras afeitas ao
mundo do direito e dos julgamentos em tribunais, sua condenação à cadeia é
praticamente certa. Nove em cada dez especialistas no assunto creem que até o
fim do ano seu endereço será numa cadeia qualquer do país.
Com Trump efetivado no
cargo e com o sucesso de outras figuras que foram se enfiar nos EUA fugindo da
Justiça brasileira, e que conseguiram lá permanecer sem risco de extradição, as
chances de Bolsonaro se estabelecer nos EUA e, de lá, tornar-se uma espécie de
espírito zombeteiro infernizando a vida nacional com suas escatologias
incendiárias, é imensa. Ele estaria total e absolutamente a salvo, pronto para
conduzir a extrema direita brasileira de forma remota, até porque se permanecer
no Brasil seguirá inelegível e provavelmente preso.
O ministro Alexandre de
Moraes pediu mais “provas” de que o convite feito por Trump a Bolsonaro é real, já que os
endereços encaminhados no processo de onde teria partido tal “convocação” a
Washington eram de e-mails esquisitíssimo, que poderiam até revelar
uma fraude. Mas, se de fato o filho apresentar um convite de verdade e oficial,
o STF ainda assim deve manter total atenção e não manifestar qualquer
possibilidade de devolução do passaporte do ex-presidente, tendo em vista que a
hipótese da fuga é quase certa.
Jamais devemos esquecer
que, em pleno carnaval do ano passado, quando uma forte onda de boatos apontava
para a decretação de sua prisão preventiva, Bolsonaro foi se esconder com
travesseiro e tudo na embaixada da Hungria em Brasília, com a óbvia intenção de
deixar a Justiça brasileira a ver navios. É um fato, não uma possibilidade:
Jair Bolsonaro está desesperado para fugir.
¨ Chances
de Moraes reaver passaporte a Bolsonaro são nulas, dizem aliados
A possibilidade do
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, liberar
o passaporte para
que Jair Bolsonaro (PL)
possa ir à posse do presidente americana Donald
Trump é considerada nula por alguns aliados do
ex-presidente.
A cerimônia será no
próximo dia 20 em Washington,
nos Estados Unidos.
A coluna de Malu Gaspar, no Globo,
conversou com alguns deles reservadamente:
“As chances são nulas.
Não há fatos novos e Moraes já negou o pedido para Bolsonaro ir a Israel
(convite do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para visitar o país, no ano
passado). Negou exatamente um pedido similar com os mesmos argumentos”, afirmou
um integrante do PL.
Outro foi ainda mais
pessimista e ainda fez piada: “Sem chance. É mais fácil o Sargento García
prender o Zorro.”
Bolsonaro afirmou
através de sua defesa, ao fazer o pedido ao STF, que o fato dele ir a um evento
dessa “magnitude histórica” deixa claro a importância do diálogo “entre líderes
globais e reveste-se de singular importância no contexto das relações
bilaterais Brasil-Estados Unidos”. Ele disse ainda que sua viagem “não
acarretará qualquer risco ou prejuízo às investigações em curso”.
<><>
Terceiro pedido
Bolsonaro já pediu
outras duas vezes a liberação do seu passaporte, que foi apreendido em
fevereiro do ano passado por conta das tramas golpistas para tentar impedir a
posse de Lula, e todas foram negadas.
Bolsonaro entrou com
recurso em outubro para obter o documento de volta, mas o pedido foi negado por
unanimidade pela Primeira Turma do STF, que reúne os ministros Flávio
Dino, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Luiz Fux.
Todas as decisões de
Moraes que envolvem bolsonaristas envolvidos em atos golpistas foram
referendadas pela Primeira Turma de forma unânime.
“O desenrolar dos fatos
já demonstrou a possibilidade de tentativa de evasão dos investigados, intento
que pode ser reforçado a partir da ciência do aprofundamento das investigações
que vêm sendo realizadas”, afirmou Moraes na ocasião.
Bolsonaro foi indiciado
pela Polícia Federal (PF) por
tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de
direito e organização criminosa. Os crimes juntos podem somar pena que
pode chegar a 28 anos de prisão.
<><> O convite
Bolsonaro foi convidado
por Trump para participar da celebração após a posse no Capitólio, como
publicamos no blog na última quarta-feira.
O convite para que
Bolsonaro participe da posse de Trump foi feito por e-mail e enviado ao
deputado estadual Eduardo Bolsonaro (PL) pelo diretor-executivo do comitê de
posse, Richard Walters.
“Em nome do
presidente-eleito Trump, gostaria de convidar o presidente Bolsonaro para a
cerimônia de posse do presidente-eleito Trump e do vice-presidente eleito
[J.D.] Vance”, diz o convite.
Moraes mandou no último
sábado, que a defesa de Bolsonaro comprove o convite para a posse do presidente
eleito americano.
Segundo o ministro do
STF, o pedido da defesa de Bolsonaro só anexou uma mensagem enviada por e-mail
ao deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, com um remetente
desconhecido e não identificado (“ info@t47inaugural.com
info@t47inaugural.com”). O convite não informa o horário ou a programação do
evento.
¨ Convite
fake?
O ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), questionou neste sábado (11) a autenticidade do suposto
convite apresentado pela defesa de Jair Bolsonaro para
justificar sua presença na posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald
Trump, marcada para 20 de janeiro, em Washington.
Investigado no inquérito que apura a tentativa de golpe no Brasil e com o
passaporte retido desde 2024, Bolsonaro
está proibido de sair do país.
A principal
justificativa para a exigência de Moraes é a fragilidade do documento
apresentado: um e-mail supostamente enviado ao deputado Eduardo Bolsonaro
(PL-SP), filho do ex-presidente, de
um endereço genérico e não institucional do comitê inaugural americano.
Segundo Moraes, a mensagem “não veio devidamente instruída com os documentos
necessários” e carece de detalhes essenciais, como o horário e a programação
oficial do evento.
<><> O que é necessário para comprovar o
convite?
De acordo com a decisão
do ministro, apenas um documento oficial que comprove a inclusão de Bolsonaro
na lista de convidados da cerimônia, em uma posição de destaque e condizente
com a alegação de que o ex-presidente participará do evento em caráter oficial,
poderá justificar a liberação de seu passaporte.
O e-mail apresentado
pela defesa, de rementente "info@t47inaugural.com",
não diferenciaria Bolsonaro de qualquer pessoa que tenha preenchido um
formulário no site oficial do comitê organizador da posse.
O site
t47inaugural.com, associado ao comitê de posse de Trump, permite que qualquer interessado se inscreva
para receber um convite genérico à cerimônia. Este tipo de
convite, no entanto, não garante acesso a áreas restritas ou proximidade com os
organizadores. Em testes feitos por jornalistas, o mesmo endereço de e-mail foi
usado para enviar convites genéricos a qualquer cadastro preenchido no site,
bastando inserir um nome fictício e esperar pelo retorno.
Ainda assim, a defesa de Bolsonaro insiste que
o convite foi pessoalmente enviado por Trump, conforme afirmou
Eduardo Bolsonaro em vídeo publicado nas redes sociais: “Foi o Trump que
analisou, foi assessorado, fez uma reunião e decidiu: ‘Chamem, convidem o Jair
Messias Bolsonaro’.”
As declarações, no
entanto, esbarram no fato de que o comitê não utiliza comunicações
personalizadas, algo incompatível com o status que o ex-presidente busca
atribuir ao convite.
<><> Por que o e-mail não basta?
Para Moraes, o e-mail
apresentado é insuficiente para comprovar a relevância institucional do
convite. A necessidade de um documento oficial vai além da mera formalidade:
envolve garantir que a saída do país por Bolsonaro, investigado e com
restrições legais, não seja baseada em pretextos frágeis.
Fabio Wajngarten,
ex-assessor e advogado próximo ao ex-presidente, afirmou que a defesa cumprirá
as exigências do STF e apresentará “toda a competente documentação”.
Entretanto, caso não consigam provar o convite oficial, Bolsonaro pode
enfrentar um impasse jurídico para viajar.
Caso a defesa de
Bolsonaro apresente os documentos exigidos por Moraes, o ministro pedirá uma
manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) antes de decidir se
autoriza ou não o ex-presidente a viajar para a posse de Trump.
<><> O passaporte de Bolsonaro
O passaporte de Jair
Bolsonaro foi apreendido em 2024 por determinação do ministro Alexandre de
Moraes no âmbito da operação Tempus Veritatis, parte da investigação que
apura tentativa de golpe de Estado no Brasil.
A Primeira Turma do
Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou em outubro do ano passado a decisão
individual de Moraes, relator do caso que, além de determinar a apreensão do
passaporte do ex-presidente, o proibiu de ter contato com outros investigados
do inquérito da trama golpista.
¨ O Escândalo do Convite Apócrifo. Por Petronio
Portella Filho
O Ministro
Alexandre de Moraes divulgou o print do e-mail que teria sido recebido por
Eduardo Bolsonaro com o “convite” a seu pai para a posse de Donald Trump, que
irá se realizar em 20 de janeiro.
O advogado do Mito
anexou tal “convite” a um requerimento ao Supremo pedindo a devolução do
passaporte do ex-presidente para a viagem.
Parte superior do
formulário
Parte inferior do
formulário
Algumas
observações sobre o “convite”:
1) o nome do futuro
presidente e vice estão incompletos, só Trump e Vance. Quando morei nos EUA,
notei que todos lá se apresentam em eventos sociais com nome e sobrenome,
exceto as garçonetes. O autor do convite tratou o presidente-eleito e o vice
como garçonetes.
2) o nome do
“convidado de honra” está incompleto e incorreto. Ele se chama Jair Messias
Bolsonaro, não “Presidente Bolsonaro”.
3) o convite
faculta ao homenageado levar mais uma pessoa de sua escolha, um convidado extra
cujo nome sequer foi mencionado. A segurança da Casa Branca autorizaria um
político brasileiro a levar um convidado surpresa na posse de um presidente que
sofreu atentado quatro meses atrás?
4) info@t47inaugural.com, o e-mail do
remetente, não tem gov no nome, logo não é do governo americano. Trata-se
quando muito de um site de informações que distribui convites simbólicos para
eventos abertos ao público.
5) se o
convite foi uma deferência especial a Jair Bolsonaro, como afirma o filho, ele
deveria ter sido entregue, impresso, pela embaixada dos EUA no endereço do
homenageado, ou no gabinete do deputado Bolsonaro, que fica a 5 minutos da
embaixada.
6) o texto do
convite é lacônico, apenas seis linhas, e contém várias lacunas. Não há
referência a nenhum horário, local, documentos, ritual de apresentação, ou o
nome de algum organizador ou membro do cerimonial.
7) enfim, o
“convite oficial” tem redação e formatação de nível ginasial e não contém
nenhuma assinatura ou carimbo. Ele é escandalosamente apócrifo.
Das duas uma.
Ou o convite é fake ou a Casa Branca virou a Casa da Mãe Joana.
Acredito na
primeira hipótese. Tudo leva a crer que o pedido de liberação do passaporte,
baseado num convite pessoal inexistente, era parte de um plano de fuga para o
exterior. Podem ter tentado enganar o Supremo Tribunal Federal com uma
falsificação grosseira. Isso não deveria ser investigado pela Polícia Federal?
Causa
perplexidade que órgãos da grande imprensa brasileira, diante de falsificação
tão escandalosa, tenham noticiado o evento, não com indignação, mas aparentando
falsa neutralidade.
Na verdade, vários
jornais e sites de notícias concederam amplo espaço para que o deputado federal
Eduardo Bolsonaro espalhe mentiras para os leitores e dirija ameaças ao
Ministro Alexandre de Moraes.
¨ Com
passaporte retido, Bolsonaro planeja ser representado por Michelle e filhos na
posse de Trump
Sem muitas esperanças de
conseguir a liberação do passaporte a tempo de comparecer à cerimônia de posse
do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro (PL)
montou um plano B. Segundo aliados próximos ouvidos pelo jornal O Globo, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL),
juntamente com seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e o senador
Flávio Bolsonaro (PL), deverão representar o ex-mandatário no evento.
Conforme a tradição de
convidados para a posse de Trump, Bolsonaro teria direito de levar uma pessoa,
e Michelle foi escolhida para esta função, mesmo que a presença do
ex-mandatário seja impossibilitada. Flávio e Eduardo também teriam sido
convidados para o jantar posterior à cerimônia na Casa Branca, evento que
Michelle também deve comparecer. A presença do clã Bolsonaro é vista como
estratégica para reforçar uma aproximação com o governo Trump e fortalecer
laços com a extrema direita e a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT)
Enquanto isso, a situação
jurídica de Bolsonaro segue incerta. O ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), Alexandre de Moraes, é quem decide se autoriza a viagem do
ex-mandatário. Na semana passada, Moraes pediu que a defesa de Bolsonaro
enviasse a comprovação do convite à posse, o que deve ser feito ainda nesta
segunda-feira (13). No entanto, a expectativa é de que o ministro mantenha sua
postura, que já impediu outras viagens, como a de Bolsonaro a Israel, em 2023,
para uma reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Apesar de as chances de um
desfecho favorável parecerem pequenas, aliados de Bolsonaro trabalham para que
a ausência de Bolsonaro na posse de Trump seja usada politicamente. Eles
acreditam que uma foto de Trump com o clã Bolsonaro, sem a presença do
ex-mandatário, poderia reforçar a tese de perseguição judicial, uma narrativa
que Bolsonaro e seus aliados têm explorado.
Desde a apreensão do
passaporte por parte da Polícia Federal, em fevereiro do ano passado, devido às
suspeitas e indícios de seu envolvimento em suposto plano de golpe de Estado,
Bolsonaro tem tentado obter a devolução do documento. Aliados que mantêm bom
relacionamento com Moraes chegaram a buscar o auxílio do ex-presidente Michel
Temer (MDB), responsável pela indicação de Moraes ao STF, mas até agora, os
pedidos não surtiram efeito. No entanto, a estratégia continua, com a esperança
de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem
bom trânsito com o ministro, possa interceder para reverter algumas das
restrições impostas.
Fonte:
Fórum/Jornal GGN/Brasil 247
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