terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Súplica de Eduardo Bolsonaro para o pai ir aos EUA pode esconder plano de fuga

A novela repetitiva e enjoativa do pedido desesperado de devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro ganhou um novo capítulo neste domingo (12). Antes de qualquer coisa, é necessário esclarecer que o antigo ocupante do Palácio do Planalto de extrema direita não é autoridade pública brasileira, não tem mandato algum atualmente, é indiciado pela Polícia Federal por crimes gravíssimos e tem histórico de enfrentamento às ordens da Justiça. Trocando em miúdos, não tem nada o que fazer nos EUA, sejam visitar o Mickey nos parques da Disney ou acompanhar posse de chefe de Estado estrangeiro.

Dito isso, seu filho Eduardo, que é deputado federal, conhecido por ser uma figura irascível que transborda ódio e violência verbal por todos os poros, um verdadeiro selvagem nas relações interpessoais e política, resolveu fazer um apelo em vídeo nas últimas horas, em tom comportado e educadíssimo, suplicando pela devolução do documento de viagem, chegando ao patético papel de dizer que espera que “Deus ilumine a mente das autoridades brasileiras”.

Eduardo adora mostrar seu “prestígio” com Trump e outros desajustados extremistas de todo o mundo. A família também tem a comunicação digital sua principal arma, fazendo de qualquer fato, cena ou vídeo um elemento devastador que costumeiramente catalisa apoios, gerando engajamento às pautas bizarras e desumanas que abraçam. Claro, o sinistro ex-presidente golpista ao lado de Trump, dentro da Casa Branca ou de qualquer outro local icônico de Washington, seria importante para o setor ultrarreacionário comandado por eles. Só que esse bom-mocismo todo pode esconder outra coisa.

Na súplica direcionada ao STF, embora sem mencionar o tribunal ou o ministro Alexandre de Moraes, que está com o caso, Eduardo diz que “Bolsonaro já foi aos EUA e voltou”, em referência à fuga covarde de fim de mandato, quando seus cupinchas tentaram o golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, e cita também a viagem do pai para a posse de Javier Milei, na Argentina, em 10 de dezembro de 2023. Ele fecha o apelo dizendo que o comparecimento do chefe do clã à posse de Trump “não faz mal a ninguém”.

Pura bravata e as coisas neste momento são muito diferentes dos primeiros e últimos dias de 2023, quando ele foi à Flórida e a Buenos Aires.

A apresentação da denúncia contra Jair Bolsonaro por parte da Procuradoria-Geral da República, que na prática o tornará réu pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, deve acontecer ainda este mês, ou no máximo até o começo de fevereiro. Para a imensa maioria dos juristas brasileiros, além de outras figuras afeitas ao mundo do direito e dos julgamentos em tribunais, sua condenação à cadeia é praticamente certa. Nove em cada dez especialistas no assunto creem que até o fim do ano seu endereço será numa cadeia qualquer do país.

Com Trump efetivado no cargo e com o sucesso de outras figuras que foram se enfiar nos EUA fugindo da Justiça brasileira, e que conseguiram lá permanecer sem risco de extradição, as chances de Bolsonaro se estabelecer nos EUA e, de lá, tornar-se uma espécie de espírito zombeteiro infernizando a vida nacional com suas escatologias incendiárias, é imensa. Ele estaria total e absolutamente a salvo, pronto para conduzir a extrema direita brasileira de forma remota, até porque se permanecer no Brasil seguirá inelegível e provavelmente preso.

O ministro Alexandre de Moraes pediu mais “provas” de que o convite feito por Trump a Bolsonaro é real, já que os endereços encaminhados no processo de onde teria partido tal “convocação” a Washington eram de e-mails esquisitíssimo, que poderiam até revelar uma fraude. Mas, se de fato o filho apresentar um convite de verdade e oficial, o STF ainda assim deve manter total atenção e não manifestar qualquer possibilidade de devolução do passaporte do ex-presidente, tendo em vista que a hipótese da fuga é quase certa.

Jamais devemos esquecer que, em pleno carnaval do ano passado, quando uma forte onda de boatos apontava para a decretação de sua prisão preventiva, Bolsonaro foi se esconder com travesseiro e tudo na embaixada da Hungria em Brasília, com a óbvia intenção de deixar a Justiça brasileira a ver navios. É um fato, não uma possibilidade: Jair Bolsonaro está desesperado para fugir.

¨      Chances de Moraes reaver passaporte a Bolsonaro são nulas, dizem aliados

A possibilidade do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)Alexandre de Moraes, liberar o passaporte para que Jair Bolsonaro (PL) possa ir à posse do presidente americana Donald Trump é considerada nula por alguns aliados do ex-presidente.

A cerimônia será no próximo dia 20 em Washington, nos Estados Unidos.

A coluna de Malu Gaspar, no Globo, conversou com alguns deles reservadamente:

“As chances são nulas. Não há fatos novos e Moraes já negou o pedido para Bolsonaro ir a Israel (convite do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para visitar o país, no ano passado). Negou exatamente um pedido similar com os mesmos argumentos”, afirmou um integrante do PL.

Outro foi ainda mais pessimista e ainda fez piada: “Sem chance. É mais fácil o Sargento García prender o Zorro.”

Bolsonaro afirmou através de sua defesa, ao fazer o pedido ao STF, que o fato dele ir a um evento dessa “magnitude histórica” deixa claro a importância do diálogo “entre líderes globais e reveste-se de singular importância no contexto das relações bilaterais Brasil-Estados Unidos”. Ele disse ainda que sua viagem “não acarretará qualquer risco ou prejuízo às investigações em curso”.

<><> Terceiro pedido

Bolsonaro já pediu outras duas vezes a liberação do seu passaporte, que foi apreendido em fevereiro do ano passado por conta das tramas golpistas para tentar impedir a posse de Lula, e todas foram negadas.

Bolsonaro entrou com recurso em outubro para obter o documento de volta, mas o pedido foi negado por unanimidade pela Primeira Turma do STF, que reúne os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Luiz Fux.

Todas as decisões de Moraes que envolvem bolsonaristas envolvidos em atos golpistas foram referendadas pela Primeira Turma de forma unânime.

“O desenrolar dos fatos já demonstrou a possibilidade de tentativa de evasão dos investigados, intento que pode ser reforçado a partir da ciência do aprofundamento das investigações que vêm sendo realizadas”, afirmou Moraes na ocasião.

Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Os crimes juntos podem somar pena que pode chegar a 28 anos de prisão.

<><>  O convite

Bolsonaro foi convidado por Trump para participar da celebração após a posse no Capitólio, como publicamos no blog na última quarta-feira.

O convite para que Bolsonaro participe da posse de Trump foi feito por e-mail e enviado ao deputado estadual Eduardo Bolsonaro (PL) pelo diretor-executivo do comitê de posse, Richard Walters.

“Em nome do presidente-eleito Trump, gostaria de convidar o presidente Bolsonaro para a cerimônia de posse do presidente-eleito Trump e do vice-presidente eleito [J.D.] Vance”, diz o convite.

Moraes mandou no último sábado, que a defesa de Bolsonaro comprove o convite para a posse do presidente eleito americano.

Segundo o ministro do STF, o pedido da defesa de Bolsonaro só anexou uma mensagem enviada por e-mail ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, com um remetente desconhecido e não identificado (“ info@t47inaugural.com info@t47inaugural.com”). O convite não informa o horário ou a programação do evento.

¨      Convite fake?

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), questionou neste sábado (11) a autenticidade do suposto convite apresentado pela defesa de Jair Bolsonaro para justificar sua presença na posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para 20 de janeiro, em Washington. Investigado no inquérito que apura a tentativa de golpe no Brasil e com o passaporte retido desde 2024, Bolsonaro está proibido de sair do país

A principal justificativa para a exigência de Moraes é a fragilidade do documento apresentado: um e-mail supostamente enviado ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, de um endereço genérico e não institucional do comitê inaugural americano. Segundo Moraes, a mensagem “não veio devidamente instruída com os documentos necessários” e carece de detalhes essenciais, como o horário e a programação oficial do evento.

<><> O que é necessário para comprovar o convite?

De acordo com a decisão do ministro, apenas um documento oficial que comprove a inclusão de Bolsonaro na lista de convidados da cerimônia, em uma posição de destaque e condizente com a alegação de que o ex-presidente participará do evento em caráter oficial, poderá justificar a liberação de seu passaporte.

O e-mail apresentado pela defesa, de rementente "info@t47inaugural.com", não diferenciaria Bolsonaro de qualquer pessoa que tenha preenchido um formulário no site oficial do comitê organizador da posse.

O site t47inaugural.com, associado ao comitê de posse de Trump, permite que qualquer interessado se inscreva para receber um convite genérico à cerimônia. Este tipo de convite, no entanto, não garante acesso a áreas restritas ou proximidade com os organizadores. Em testes feitos por jornalistas, o mesmo endereço de e-mail foi usado para enviar convites genéricos a qualquer cadastro preenchido no site, bastando inserir um nome fictício e esperar pelo retorno.

Ainda assim, a defesa de Bolsonaro insiste que o convite foi pessoalmente enviado por Trump, conforme afirmou Eduardo Bolsonaro em vídeo publicado nas redes sociais: “Foi o Trump que analisou, foi assessorado, fez uma reunião e decidiu: ‘Chamem, convidem o Jair Messias Bolsonaro’.”

As declarações, no entanto, esbarram no fato de que o comitê não utiliza comunicações personalizadas, algo incompatível com o status que o ex-presidente busca atribuir ao convite.

<><> Por que o e-mail não basta?

Para Moraes, o e-mail apresentado é insuficiente para comprovar a relevância institucional do convite. A necessidade de um documento oficial vai além da mera formalidade: envolve garantir que a saída do país por Bolsonaro, investigado e com restrições legais, não seja baseada em pretextos frágeis.

Fabio Wajngarten, ex-assessor e advogado próximo ao ex-presidente, afirmou que a defesa cumprirá as exigências do STF e apresentará “toda a competente documentação”. Entretanto, caso não consigam provar o convite oficial, Bolsonaro pode enfrentar um impasse jurídico para viajar.

Caso a defesa de Bolsonaro apresente os documentos exigidos por Moraes, o ministro pedirá uma manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) antes de decidir se autoriza ou não o ex-presidente a viajar para a posse de Trump. 

<><> O passaporte de Bolsonaro

O passaporte de Jair Bolsonaro foi apreendido em 2024 por determinação do ministro Alexandre de Moraes no âmbito da operação Tempus Veritatis, parte da investigação que apura tentativa de golpe de Estado no Brasil. 

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou em outubro do ano passado a decisão individual de Moraes, relator do caso que, além de determinar a apreensão do passaporte do ex-presidente, o proibiu de ter contato com outros investigados do inquérito da trama golpista. 

 

¨      O Escândalo do Convite Apócrifo. Por Petronio Portella Filho

O Ministro Alexandre de Moraes divulgou o print do e-mail que teria sido recebido por Eduardo Bolsonaro com o “convite” a seu pai para a posse de Donald Trump, que irá se realizar em 20 de janeiro. 

O advogado do Mito anexou tal “convite” a um requerimento ao Supremo pedindo a devolução do passaporte do ex-presidente para a viagem. 

Parte superior do formulário

Parte inferior do formulário

 Algumas observações sobre o “convite”: 

1) o nome do futuro presidente e vice estão incompletos, só Trump e Vance. Quando morei nos EUA, notei que todos lá se apresentam em eventos sociais com nome e sobrenome, exceto as garçonetes. O autor do convite tratou o presidente-eleito e o vice como garçonetes.

2) o nome do “convidado de honra” está incompleto e incorreto. Ele se chama Jair Messias Bolsonaro, não “Presidente Bolsonaro”. 

 3) o convite faculta ao homenageado levar mais uma pessoa de sua escolha, um convidado extra cujo nome sequer foi mencionado. A segurança da Casa Branca autorizaria um político brasileiro a levar um convidado surpresa na posse de um presidente que sofreu atentado quatro meses atrás? 

 4) info@t47inaugural.com, o e-mail do remetente, não tem gov no nome, logo não é do governo americano. Trata-se quando muito de um site de informações que distribui convites simbólicos para eventos abertos ao público. 

 5) se o convite foi uma deferência especial a Jair Bolsonaro, como afirma o filho, ele deveria ter sido entregue, impresso, pela embaixada dos EUA no endereço do homenageado, ou no gabinete do deputado Bolsonaro, que fica a 5 minutos da embaixada. 

 6) o texto do convite é lacônico, apenas seis linhas, e contém várias lacunas. Não há referência a nenhum horário, local, documentos, ritual de apresentação, ou o nome de algum organizador ou membro do cerimonial. 

 7) enfim, o “convite oficial” tem redação e formatação de nível ginasial e não contém nenhuma assinatura ou carimbo. Ele é escandalosamente apócrifo.

 Das duas uma. Ou o convite é fake ou a Casa Branca virou a Casa da Mãe Joana. 

 Acredito na primeira hipótese. Tudo leva a crer que o pedido de liberação do passaporte, baseado num convite pessoal inexistente, era parte de um plano de fuga para o exterior. Podem ter tentado enganar o Supremo Tribunal Federal com uma falsificação grosseira. Isso não deveria ser investigado pela Polícia Federal? 

 Causa perplexidade que órgãos da grande imprensa brasileira, diante de falsificação tão escandalosa, tenham noticiado o evento, não com indignação, mas aparentando falsa neutralidade. 

Na verdade, vários jornais e sites de notícias concederam amplo espaço para que o deputado federal Eduardo Bolsonaro espalhe mentiras para os leitores e dirija ameaças ao Ministro Alexandre de Moraes. 

¨      Com passaporte retido, Bolsonaro planeja ser representado por Michelle e filhos na posse de Trump

Sem muitas esperanças de conseguir a liberação do passaporte a tempo de comparecer à cerimônia de posse do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro  (PL) montou um plano B. Segundo aliados próximos ouvidos pelo jornal O Globo, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL), juntamente com seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e o senador Flávio Bolsonaro (PL), deverão representar o ex-mandatário no evento.

Conforme a tradição de convidados para a posse de Trump, Bolsonaro teria direito de levar uma pessoa, e Michelle foi escolhida para esta função, mesmo que a presença do ex-mandatário seja impossibilitada. Flávio e Eduardo também teriam sido convidados para o jantar posterior à cerimônia na Casa Branca, evento que Michelle também deve comparecer. A presença do clã Bolsonaro é vista como estratégica para reforçar uma aproximação com o governo Trump e fortalecer laços com a extrema direita e a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Enquanto isso, a situação jurídica de Bolsonaro segue incerta. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, é quem decide se autoriza a viagem do ex-mandatário. Na semana passada, Moraes pediu que a defesa de Bolsonaro enviasse a comprovação do convite à posse, o que deve ser feito ainda nesta segunda-feira (13). No entanto, a expectativa é de que o ministro mantenha sua postura, que já impediu outras viagens, como a de Bolsonaro a Israel, em 2023, para uma reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. 

Apesar de as chances de um desfecho favorável parecerem pequenas, aliados de Bolsonaro trabalham para que a ausência de Bolsonaro na posse de Trump seja usada politicamente. Eles acreditam que uma foto de Trump com o clã Bolsonaro, sem a presença do ex-mandatário, poderia reforçar a tese de perseguição judicial, uma narrativa que Bolsonaro e seus aliados têm explorado.

Desde a apreensão do passaporte por parte da Polícia Federal, em fevereiro do ano passado, devido às suspeitas e indícios de seu envolvimento em suposto plano de golpe de Estado, Bolsonaro tem tentado obter a devolução do documento. Aliados que mantêm bom relacionamento com Moraes chegaram a buscar o auxílio do ex-presidente Michel Temer (MDB), responsável pela indicação de Moraes ao STF, mas até agora, os pedidos não surtiram efeito. No entanto, a estratégia continua, com a esperança de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem bom trânsito com o ministro, possa interceder para reverter algumas das restrições impostas.

 

Fonte: Fórum/Jornal GGN/Brasil 247

 

Nenhum comentário: