Musk faz
campanha para ultradireita na Alemanha em live no X
O bilionário Elon Musk realizou nesta quinta-feira (09/01) uma transmissão ao vivo em sua
plataforma de mídia social X ao lado da líder do
partido ultradireitista Alternativa
para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, candidata à
chefia de governo nas eleições gerais de 23 de fevereiro.
O envolvimento de Musk nas
eleições alemãs gera preocupações em toda a
Europa, também em relação a uma possível interferência do proprietário do X,
Tesla e SpaceX no processo eleitoral. Após apoiar Donald
Trump nas eleições americanas e abrir negociações
para financiar populistas no Reino Unido, Musk voltou suas atenções para a
próxima eleição federal alemã, afirmando repetidas vezes que "só a AfD pode salvar a Alemanha" – frase repetida por ele na live desta quinta-feira.
O apoio foi celebrado e
reproduzido inúmeras vezes pelos líderes do partido, que é rotineiramente
acusado de abrigar neonazistas e que tem vários diretórios estaduais
monitorados de perto por serviços de inteligência por suspeita de afronta
aos valores constitucionais.
Há poucos dias,
Musk publicou um artigo de opinião no jornal alemão Welt am Sonntag afirmando que a AfD
seria a "última centelha de esperança" para a Alemanha. Ele alegou
que o país, sob o governo do chanceler de centro-esquerda Olaf Scholz, estaria "oscilando à beira do colapso econômico e cultural".
Em dezembro, Musk chamou Scholz de "tolo incompetente" e disse
que o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, era um "tirano
antidemocrático".
<><> Críticas a
Merkel
Na transmissão ao vivo,
acompanhada por mais de 200 mil perfis no X, Musk e Weidel trataram de uma
série de temas controversos. Na primeira parte da conversa, ambos discutiram a
política energética alemã. A ultradireitista se referiu à
ex-chanceler Angela Merkel como
"a primeira chanceler verde da Alemanha", aparentemente em referência
aos seus esforços em prol das energias renováveis, um movimento que começou
muito antes do mandato de Merkel. A ex-chanceler pertence ao partido
conservador tradicional União Democrata Cristã (CDU).
Weidel criticou o fato de a
Alemanha ter se afastado da energia nuclear e investido em energia solar e eólica, e disse que a
dependência alemã do gás natural russo foi evidenciada em meio à invasão da Ucrânia, criticando o
uso temporário do carvão para cobrir as lacunas energéticas. Weidel, porém,
omitiu que seu partido – tido como pró-Rússia – defende
justamente as usinas de carvão e o reabastecimento da Alemanha com gás russo,
ao lado da retomada da energia nuclear.
A líder da AfD alegou que
Merkel "arruinou" o país, principalmente devido à sua atuação
durante a crise migratória de 2015, quando centenas de milhares de migrantes chegaram ao país, fugindo de
guerras e da pobreza em países como Síria, Afeganistão e Iraque. A
dupla também abordou tópicos como a baixa avaliação dos alunos alemães nos estudos
internacionais como o Pisa, com Weidel alegando que a
queda nas notas alemãs pode ser atribuída a fatores como as "questões de gênero socialistas" que estariam tomando tempo demais durante as aulas.
<><> Hitler
"comunista"?
Em certo ponto, Musk fez
alusão ao passado nazista da Alemanha e pediu que Weidel comentasse sobre a associação comumente
feita entre a AfD e a extrema direita. Ela se queixou do tratamento
público dedicado ao seu partido na mídia tradicional alemã e disse que a
alternativa "libertária" representada pela AfD foi injustamente
rotulada como sendo de extrema direita, embora haja inúmeros fatores que
permitam essa interpretação.
Weidel também alegou
falsamente que o próprio Adolf
Hitler não era de direita, e sim de esquerda, e que
a prova disso seria o fato de regime nazista identificar sua ideologia como
"nacional-socialismo", reavivando uma tese que já foi amplamente debatida e refutada por
especialistas, inclusive no Brasil, de que o nazismo seria de
esquerda. Apontando para as políticas econômicas e para os gastos pesados do
regime nazista, enquanto rearmava a Alemanha e a preparava para a guerra com
quase toda a Europa, Weidel argumentou que a palavra que definia Hitler e os
nazistas era "socialista", e não "nacional".
No entanto, o próprio Hitler
afirmou à época que queria resgatar o termo "socialismo" da forma
como era empregado pelos marxistas que, segundo disse, mancharam o que poderia
ter sido uma base viável de política econômica de Estado. Durante o nazismo,
comunistas e socialistas foram sistematicamente perseguidos e reprimidos. Parte
da propaganda nazista se baseava na antagonização com o "mal vermelho"
representado pelo comunismo, cujas pontas de lança seriam os judeus e
soviéticos.
<><> Antissemitismo
Musk e Weidel se disseram
preocupados com o aumento do antissemitismo, sinalizando um contraste com
algumas atitudes anteriores do bilionário. Em 2023, ele endossou uma postagem
no X que alegava falsamente que membros da comunidade judaica estavam alimentando o ódio
contra os brancos. A mensagem também se referia a uma teoria da
conspiração que argumenta que os judeus apoiaram a chegada da população não
branca aos países ocidentais – teoria apoiada pelo homem que atacou uma
sinagoga em Pittsburg em 2018 e matou 11 pessoas. "Você disse a pura
verdade", respondeu Musk ao usuário na época. No entanto, ao discutir o
conflito Hamas-Israel, Musk citou o provérbio que diz "olho por olho deixa
um homem cego", e Weidel concordou, numa crítica à ação militar de Israel
na Faixa de Gaza.
<><>
UE monitora abusos nas redes
A conversa de Musk e Weidel
foi acompanhada de perto pela Comissão Europeia, que acusou o X
de violar a Lei de Serviços Digitais (DSA, na sigla
em inglês) do bloco. A regulamentação foi criada para controlar as
atividades das plataformas de mídia social e proteger usuários da internet de
danos online. Autoridades da Comissão dizem que Musk tem o direito de expressar
suas opiniões, mas ressaltam que a DSA foi criada para conter
os riscos de que as plataformas sejam utilizadas para amplificar conteúdo
ilegal, incluindo discurso de ódio ou desinformação relacionada a eleições. Também ressaltam que a plataforma não pode ser usada para favorecer um
partido em detrimento de outro na campanha, conferindo-lhe uma vantagem
indevida na corrida eleitoral.
Atualmente, uma equipe
de até 150 funcionários da entidade investiga se o X age em conformidade com as
leis europeias. Eles possuem poderes investigativos de longo alcance que
lhes permitem visitar os escritórios do X, solicitar acesso ao seu algoritmo e
monitorar correspondências internas. Na live com Musk, Weidel chamou a DSA de
"ridícula" e acusou o conjunto de leis de "censurar a liberdade
de expressão".
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Musk amplia influência na Europa
As incursões de Musk na
política geram alarme em toda a Europa. Além de endossar a AfD, Musk exigiu a
libertação do extremista anti-islâmico do Reino Unido Tommy Robinson, chamou o
primeiro-ministro britânico Keir Starmer de tirano
maligno e disse que ele deveria estar na prisão. Na Polônia, há preocupações
de que Musk possa usar sua influência para interferir na eleição presidencial
do país, em maio.
<><> AfD em
segundo lugar nas pesquisas
A AfD vem ganhando
popularidade nos últimos anos, com as pesquisas de opinião mostrando que o
partido já é o segundo mais popular do país atrás apenas da CDU, à medida em
que a ultradireita tem deixado de ser tabu na Europa. Os democratas cristãos
são os favoritos para vencer a eleição, com 31% de apoio, segundo as últimas
pesquisas. A AfD, por sua vez, teria 20% das intenções de voto, à frente de
outras legendas tradicionais, como Partido Social-Democrata (SPD) de Olaf Scholz e os Verdes. É improvável, porém, que o
partido integre qualquer coalizão de governo, dada a aversão dos partidos
tradicionais alemães à AfD em razão da experiência traumática do país com o
nazismo. O apoio à AfD cresceu como resultado do descontentamento com o governo
liderado por Olaf Scholz. Sua popularidade também reflete uma frustração cada
vez maior com a economia alemã e o envolvimento do país na União
Europeia, na Otan e na guerra na
Ucrânia.
¨ Apoio de
Musk beneficia AfD, segundo maioria dos alemães
O apoio do bilionário Elon Musk à Alternativa para a Alemanha (AfD) contribuiu para a vantagem do partido de ultradireita nas
intenções de voto, às vésperas da eleição legislativa antecipada de 23 de
fevereiro, indicou uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (08/01). Na
pesquisa do instituto YouGov, encomendada pela agência de notícias DPA, 59% dos
participantes declararam que as opiniões de Musk beneficiaram a AfD, enquanto
para apenas 4% o efeito teria sido contrário. Para 24% não houve qualquer
impacto, e 13% se declararam indecisos. Com uma margem de erro de mais ou menos
2,07 pontos percentuais, a pesquisa realizada entre 3 e 6 de janeiro na
Alemanha contou com 2.246 participantes maiores de 18 anos. Consultor de
confiança e importante apoiador político do presidente americano eleito, Donald
Trump, Musk provocou polêmica ao declarar apoio à AfD em sua plataforma X e, em
seguida, num artigo de opinião para o
jornal alemão Die Welt.
<><> Maioria
duvida de discernimento político de Musk
Por outro lado, a pesquisa
do YouGov também sugere que não muitos esperam que os comentários de Musk em
sua própria plataforma afetem significativamente as próximas campanhas
eleitorais na Alemanha: para apenas 27% dos entrevistados essa influência seria
grande ou muito grande, enquanto para 50% ela seria mínima, e para 13%, nula. Uma
maioria de 68% questionou a capacidade do magnata da tecnologia de julgar a
situação política alemã, enquanto 21% o consideraram apto a tal. Do total, 63%
são a favor de uma regulamentação pelo menos parcial das redes sociais, a fim
de evitar interferências na política interna. Entre os eleitores da AfD, a
maioria (58%) é contra a medida.
Musk não é o único
conservador americano poderoso a se imiscuir recentemente nas próximas eleições
alemãs, em favor do partido de ultradireita: o vice de Trump, JD Vance afirmou,
falsamente que "a AfD é mais popular nas regiões alemãs que foram mais
resistentes aos nazistas".
¨ Scholz
critica comentários "erráticos" de Musk e apoio à AfD
O chanceler federal
alemão, Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD),
criticou em uma entrevista publicada neste sábado (04/01) os comentários
recentes feitos pelo empresário Elon Musk sobre ele e o presidente alemão, bem como seu apoio ao partido de
ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD). Homem mais rico do mundo, dono da Tesla, da SpaceX e da
rede social X, Musk foi também o maior doador da campanha de Donald
Trump e se posiciona para ter grande influência
sobre o governo do novo presidente americano, que toma posse em 20 de janeiro.
Em dezembro, Musk chamou
Scholz de "tolo incompetente", disse que o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, era um
"tirano antidemocrático", e publicou um artigo de opinião no jornal
alemão Welt am Sonntag afirmando
que a AfD seria a "última centelha de esperança" para a Alemanha, que
realiza eleições antecipadas em 23 de fevereiro. Indagado, Scholz disse à revista que, "tudo está ocorrendo de
acordo com os desejos de nossos cidadãos, e não com os comentários erráticos de
um bilionário americano", e que era importante "manter a calma"
antes das eleições. "O presidente alemão não é um tirano antidemocrático e
a Alemanha é uma democracia forte e estável – não importa o que o sr. Musk
diga", afirmou Scholz.
<><> Apoio à AfD
preocupa
O chanceler federal alemão
considera que o apoio público de Musk à AfD era "muito mais problemático
do que esses insultos". A AfD, que
está em segundo lugar nas pesquisas atrás dos conservadores da União
Democrática Cristã (CDU), "defende laços mais estreitos com a Rússia de
Putin e quer enfraquecer os laços transatlânticos", disse Scholz. Questionado
se ele também gostaria de debater com Musk, Scholz disse: "Não acho que
seja necessário procurar os favores do sr. Musk. Deixarei isso para os
outros".
<><> Interesses
comerciais
O chanceler federal lembrou
que já havia se encontrado com Musk uma vez, em março de 2022, na inauguração
da fábrica da Tesla no estado alemão de Brandemburgo "em um momento
em que o diretório local da AfD estava protestando contra isso".
Naquele ano, Musk fez um pedido pessoal a Scholz em uma ligação telefônica
sobre os planos do governo federal alemão de subsidiar estações de recarga
elétrica em todo o país. A Tesla opera seu próprio sistema de estações de
recarga na Alemanha.
<><> Habeck fala
em "ataque frontal à democracia"
O vice-chanceler federal
alemão, Robert Habeck, do Partido Verde, usou palavras mais incisivas para
Musk. "Tire as mãos de nossa democracia, Sr. Musk!", disse à revista
alemã Der Spiegel quando
perguntado se Musk era uma ameaça para a Alemanha. Ele também criticou o apoio
declarado de Musk à AfD. Habeck disse que o bilionário está fazendo tudo o que
pode para promover seus próprios interesses. "A combinação de imensa
riqueza, controle sobre informações e redes, o uso de inteligência artificial e
a vontade de ignorar regras é um ataque frontal à nossa democracia",
afirmou na entrevista, publicada na sexta-feira.Ele ainda descreveu o recente
artigo de Musk endossando a AfD como "horrível" e alertou que suas
tentativas de influenciar a política alemã não devem ser subestimadas. "O
homem mais rico do mundo, dono de uma das plataformas de comunicação mais
poderosas, apoia abertamente um partido que é parcialmente de extrema direita. Não devemos cometer o erro de ignorar isso", disse.
<><> Bilionário
e a política europeia
A Alemanha não é o único
alvo de Musk na Europa, onde muitos governos já estão lutando contra a ascensão
da ultradireita. O bilionário também pediu a destituição do primeiro-ministro
britânico, Keir Starmer, e solicitou a libertação
do agitador extremista britânico Tommy Robinson. Em dezembro, Musk conversou
com o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, um
ultranacionalista crítico da União Europeia (UE) e próximo do presidente
russo, Vladimir Putin, chamou a UE de
antidemocrática e classificou como ditadores os juízes que anularam a eleição presidencial da Romênia em meio a suspeitas de interferência russa. Musk também é um
apoiador entusiasmado da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, a líder mais
direitista do país desde 1945.
¨ A complexa
relação entre Elon Musk e a ultradireita alemã
Os planos do bilionário
americano Elon Musk de expandir
sua Tesla Gigafactory em Grünheide, nos arredores de Berlim, à custa de 100
hectares da floresta local, atrai uma gama excepcionalmente ampla de opositores, os quais nem
sempre se entendem entre si.
Entre as ressalvas à
colossal fábrica de automóveis está seu alto consumo de água e a ameaça de
poluição que representa. Cerca de 100 manifestantes ocuparam o bosque que a
montadora quer comprar, no estado de Brandemburgo, construindo casas de árvore
entre os pinheiros e formando uma minicomunidade em apenas duas semanas.
Dizeres como "Elon, Eloff" adornam o local.
Unido sob o slogan
"Parem a Tesla", esse eclético coletivo de ambientalistas conta
basicamente com o apoio dos habitantes de Grünheide, que doam comida ao
acampamento e até colocam suas casas à disposição para os ativistas tomarem uma
chuveirada e lavarem as roupas.
Menos bem-vinda é a Alternativa
para a Alemanha (AfD), embora o partido populista de direita seja o
único do parlamento estadual de Brandemburgo que se opõe à expansão. O
porta-voz da Grünheide Bürgerinitiative, Steffen Schorcht, que representa a oposição
local aos planos de Musk, se incomoda por sua organização ser às vezes
publicamente associada à sigla extremista.
"Somos uma aliança
muito ampla de associações de proteção ambiental, ativistas do clima, políticos
locais, cientistas da Universidade Técnica de Berlim e empresas, mas desde o
início somos confrontados com a acusação de ser pelo menos próximos à AfD.
Claro que isso é um disparate total: nós nos distanciamos desde sempre, quem
trabalha conosco vem principalmente dos movimentos verde e de esquerda."
<><> Antipatia
mútua entre ambientalistas e AfD
Schorcht acusa a AfD de
cinicamente explorar a situação política do estado, cuja coalizão de governo
centrista – formada pelo Partido Social-Democrata (SPD), a União Democrata
Cristã (CDU) e o Partido Verde – saudou o potencial impulso econômico de uma
fábrica da Tesla, mas também se preocupa com a impopularidade do projeto entre
os residentes.
"A AfD está sempre
entrando nas polêmicas", comenta Schorcht. "A gente notou,
conversando com outras iniciativas que, onde há problemas, ela sempre tenta
adotar uma posição que agrada à maioria e renda votos. Nós colocamos as nossas
questões no mundo, e se a AfD tenta se apoderar de algumas delas, então que
seja. Não é algo que a gente possa mudar."
A ativista Max, do
acampamento de Grünheide, se horroriza com a ideia de qualquer tipo de
associação: "Não somos do mesmo lado que a AfD em nenhum aspecto. A sigla
é um partido muito à direita, extremamente transfóbico, homofóbico, sexista,
racista. Não estamos alinhados com ela de maneira alguma."
A antipatia é mútua. Por seu
lado Kathi Muxel, representante da AfD no parlamento estadual e natural de
Grünheide, descarta os ocupadores da floresta como "manifestantes
nômades", ou seja, não locais: "Não estou segura de que eu goste de
ver a bandeira do [movimento descentralizado de esquerda] Antifa hasteada ali,
e 'Fora capitalismo' ou sei lá o quê. Não é a nossa linha, não queremos uma
situação radical aqui."
<><> "Como
é que o Musk vai saber o que acontece na Alemanha?"
A AfD encontrou um jeito de
encaixar a questão da Tesla em sua narrativa anti-imigração favorita, alegando
que muitos dos 12 mil operários da fábrica vêm das vizinhas Berlim e
Polônia, portanto os supostos benefícios econômicos não fluiriam para a comunidade
local. Além disso, a legenda costuma apresentar os carros elétricos como parte
de uma transição energética "ideológica", a que se opõe.
E, no entanto, Musk já
expressou antes simpatia pela AfD e seus posicionamentos. Em outubro de 2023, o
empresário usou sua rede social X (ex-Twitter) para
disseminar acusações não verificadas de que os líderes do partido teriam sido vítimas de
"tentativas de assassinato".
Em setembro ele havia
republicado a postagem: "Vamos torcer para a AfD ganhar as eleições",
segundo a qual as iniciativas para financiar o resgate de migrantes do Mar
Mediterrâneo seriam "subvencionadas pelo governo alemão".
Naturalmente os populistas adoraram a interferência.
A deputada Muxel também
hesita em condenar o próprio bilionário: "Não somos contra a Tesla em si,
somos contra a locação. A responsabilidade de onde Elon Musk constrói uma
fábrica não é dele, ela cabe aos políticos. Como é que, lá dos Estados Unidos,
ele pode saber como são as circunstâncias aqui? Não acho que ele possa."
Todas as organizações
reunidas em Grünheide se distanciaram de um ato de sabotagem ocorrido
no início de março, quando a associação de extrema esquerda intitulada
Vulkangruppe ateou fogo a uma torre de eletricidade, a poucos quilômetros de
distância. O incêndio cortou o abastecimento de energia da fábrica, assim como
de algumas centenas de casas próximas, forçando a suspensão da produção por uma
semana.
<><> Ponto para
os ativistas: Tesla recua
Embora o atentado tenha
arrefecido o apoio local ao acampamento florestal, a ativista Max assegura que
o clima permanece positivo. O heterogêneo grupo de protesto negou ter tido
qualquer conhecimento, afirmando, em comunicado: "Há diversos atores que
estão resistindo de seu próprio modo à exploração e destruição por essa
companhia. O que me motiva é a frustração", explica Max. "Crescer em
meio à crise climática e ver todos os prazos sendo adiados, um atrás do outro,
todas essas medidas para proteger o nosso meio ambiente não sendo tomadas. E
tenho a sensação de não saber mais o que fazer, além usar o meu corpo físico
para tentar proteger a água aqui e a floresta sobre ela."
A situação toda agitou uma
casa de marimbondos no conselho municipal de Grünheide, encarregado de decidir
se autoriza a ampliação – embora no fim das contas o governo estadual e até
mesmo federal possam intervir. O prefeito Arne Christiani, político
independente no cargo há mais de 20 anos, pode em breve ser deposto pelo resto do
conselho. Ele é a favor da ampliação da Tesla Gigafactory, embora uma consulta
não vinculativa em fevereiro tenha indicado que mais de 60% da população local
é contra. A despeito de todas as dissensões entre os diversos oponentes do
megaprojeto de Musk, os protestos parecem ter logrado efeito. Num encontro do
conselho municipal, em meados de março, Christiani anunciou que a multinacional
revisara seus planos, reduzindo para 47 hectares o desmatamento da floresta, em
vez dos 100 originais.
Fonte: DW Brasil
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